The Bakery escrita por melisica


Capítulo 17
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Tá vendo? Foi só eu colocar a fic em hiato para as ideias voltarem...
Enfim, se demorei me desculpem viu?
Beijos!



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(Frank POV) 

Abri os olhos lentamente, num movimento automático para acostumar minha vista à claridade, mas não foi necessário. A cabine continuava imersa na confortável e agradável meia-luz e poucos ruídos eram ouvidos. Supus que eu não tivesse dormido muito mais do que três horas, pois quando olhei para a pequena tela que indicava o trajeto a ser percorrido pela aeronave, não passava da uma da manhã. As linhas tracejadas acompanhadas de um desenho de um avião na ponta indicavam que estávamos cruzando o oceano atlântico naquele momento. 

Tive uma súbita vontade de abrir a janela e ver as águas do oceano atlântico mesmo sabendo que naquele horário, eu não poderia enxergar quase nada devido a escuridão, eu só enxergaria quilômetros e mais quilômetros de mar negro. Foi no momento em que me debrucei sobre a poltrona que percebi que Gerard não estava sentado ao meu lado. Franzi minha testa em confusão e relaxei no assento ao lembrar-me de que ele podia ter ido somente ao banheiro. 

Ah sim, ele foi mesmo ao banheiro. 

Passaram-se uns cinco minutos e nada de Gerard aparecer. Procurei com os olhos a pequena entrada que a aeronave possuía e fitei o pequeno espaço que abrigava os banheiros dianteiros esperando que ele saísse de alguns deles, mas nada acontecia. Olhei para o lado tentando distrair minha mente de tal agonia e desnecessária preocupação e percebi que a garota loira não estava mais sentada em sua poltrona e que seus pais dormiam tão profundamente, que quase babavam. 

Minha cabeça, talvez para me preocupar mais, armou uma série cenas envolvendo a ida demorada ao banheiro, Gerard e a garota loira. Senti meu sangue ferver e a raiva subir a cabeça. Se Gerard pensava que eu era um idiota que caía nessa conversinha de ir viajar para Itália para ficarmos "oito dias sozinhos, eu e você" e depois me traía com uma qualquer num banheiro de avião enquanto eu estava dormindo, ele estava muito enganado. Cerrei meus punhos e trinquei o maxilar de ódio. Acho que se de meus olhos saíssem faíscas, eu teria incendiado por completo aquele avião. Em menos de um minuto, a garota apareceu arrumando os cabelos excessivamente loiros e rindo silenciosamente. Antes dela perceber que eu estava acordado, deitei minha cabeça novamente no encosto e fechei os olhos. Depois dela se sentar, abri minimamente meu olho esquerdo e fiquei espiando Gerard sair do mesmo lugar arrumando a manga de sua camisa com uma expressão animada. Então realmente minhas suposições estavam certas, ele me traíra. O cara que estava me levando para uma semana muito "romântica" na Itália acabara de me trair com uma garota fútil num banheiro de avião, grande aventura Sr. Way. 

Ele se sentou ao meu lado silenciosamente e eu continuei inerte, querendo saber até que ponto sua falsidade e cara de pau chegariam. Gerard escorregou sua mão pela minha perna e ficou acariciando a área lentamente. Saber que ele tocara a pele - ok, sabemos que se tocavam mais coisas - daquela garota e depois me tocava desprentesiosamente me fez sentir nojo. Nojo dele, nojo de dela e mais ainda, nojo de mim por ter me entregado de corpo, coração, mente e alma a ele. Sentia seus dedos descerem e subirem pela minha coxa e de repente de meus olhos brotaram lágrimas quentes e fui obrigado a me levantar de súbito e sair correndo para o banheiro chorar. Tranquei-me no cubículo e deixei que minhas lágrimas rolassem sem pudor. Elas desceram violentamente e em grande quantidade. Aqueceram a pele de meu rosto o manchando de... Raiva? Não era esse sentimento que eu sentia no momento, era um sentimento mais... Depressivo. Eu estava magoado, sentira que meu coração havia sido amassado, rasgado, pisoteado e jogado no lixo por Gerard. Por Deus, traição era horrível, uma dor estranguladora no peito. Não havia explicações para uma traição, creio que quando ocorre uma, a pessoa que trai já não se sente mais satisfeito amorosa ou sexualmente e tem que satisfazer sua tensão sexual com outra pessoa, mas uma coisa é isso acontecer num relacionamento de anos, já sem fogo, já sem paixão. Agora, eu e Gerard mal havíamos começado alguma coisa e já havíamos chegado nesse nível, o de traição? Será que ele não se satisfizera com a nossa única noite de sexo? Ah claro! ÚNICA noite de sexo. Devo ser mesmo um estúpido completo por ter pensado que eu, um garoto totalmente inexperiente e idiota nesses assuntos, conseguiria fazer Gerard totalmente satisfeito. Claro que eu acredito que num relacionamento o lance não é só sexual, há sentimentos, amor, carinho, respeito, admiração... Mas o sexo é tão importante quanto o amor, é impossível negar. Sexo é uma necessidade biológica do corpo humano, que foi distorcida com o passar dos séculos. Sexo não era nada mais do que um meio de reprodução, um meio de multiplicar e manter a espécie. Se diversos animais na natureza faziam isso, porque os humanos tornaram esse ato tão mais... Sujo? Isso mesmo, sujo. Sexo era uma ponte de prazer e satisfação nos humanos, era tanto um momento delicioso quanto uma fraqueza. Por que os humanos tornaram sexo algo de contato, de pele? O objetivo real do sexo não é esse, e seja lá quem o criou - Deus ou o Big Ben -, o plano inicial não era originalmente esse, não era fazer do sexo, meio de multiplicação da espécie, uma fonte de prazer e pecado humano. Pelos séculos, deixaram que o sexo se tornasse algo carnal. 

A mente poderia se negar, se enganar até o fim, mas o corpo não. A carne é fraca e responde aos estímulos, por mais que eles sejam procedentes da pessoa que você mais odeia. Imagine aquele cara no colégio que você odeia porque ele acha sua amiga mais bonita do que você. Pensou? Agora se imagine ao lado dele, ele acariciando sua pele febril, dizendo que você é a garota mais linda que ele já viu - o que provavelmente é uma grande mentira, pois garotos preferem mulheres, aquelas que saem em revistas masculinas -, mas mesmo assim, tenho certeza de que se o clima, as palavras e as carícias certas rolassem vocês transariam. E não negue você se sentiria extremamente poderosa, se acharia desejada, achando que ele realmente te acha maravilhosa. Mas apenas por um pequeno momento. 

Apenas um.

Quando vocês dormissem ou sei lá, quando cada um fosse para seu lado, não importa, você tomaria consciência do que eu estou falando. Você perceberia que ele só quis brincar com você por não ter nada melhor disponível, ou pior, por não ter nada melhor para fazer. Ou então ele seria um filha da puta maior ainda e quisesse apenas testar capacidade de sedução, provocação dele. Saber por quanto tempo uma mulher consegue resistir às investidas dele. Sabe, nós homens adoramos conquistar. Sim, é bom saber que nosso toques podem surtir um efeito devastador nos outros, tirando seu sono, sua paz, despertando um desejo infernal, que consome e consome até ser saciado com... Sexo. Ah, vamos combinar, todo mundo sabe que amor acaba em sexo, atração acaba em sexo, você acaba em sexo. Claro, você foi feita pelo prazer de seu querido papai dentro da sua mamãe. Oh, e imaginar isso é nojento, eu sei. Estou começando a sentir náuseas com isso, mas voltando ao ponto. O garoto transou com você, ele cumpriu o objetivo mais primário de seu sistema biológico: reproduzir. Claro que não, vocês usaram camisinha - espero -, mas você entendeu o que eu quis dizer. Então, você começaria a chorar se sentiria a pessoa mais babaca e idiota do mundo por ter se deixado enganar e de se levar tão facilmente. Mas é aí que meu discurso volta para o foco principal: sexo.

Eu devia ter desconfiado antes, mas se Gerard namorava uma garota antes, a tal da Lyn - sim, me lembro como de fosse ontem quando eu estava no quarto dele e ele ligou para ele -, isso o colocava automaticamente na categoria de um homem bissexual. É quase uma hipocrisia dizer que transar com um homem ou uma mulher é a mesma coisa. Literalmente e muito rudemente - acho que soando até um pouco sem educação - falando, são dois buracos no qual o homem penetra e faz aqueles desgraçados e deliciosos movimentos de vai-e-vem. 
Falando num ponto mais machista essa situação, transar com uma mulher coloca os homens num pedestal, já que ela assume uma posição totalmente submissa. Já com gays era diferente, você pode - poder não implica realmente em ter todo o controle da situação - escolher ser o "ativo" ou o "passivo" da relação, isso depende muito de como você reage com seu parceiro. Se ele for mais agressivo e você aceitar, pronto, com certeza ele via em você uma mulher oculta, totalmente submissa e que acataria todas sua ordens como se ele fosse seu mestre. Mas não era com todos os homens assim, haviam casais que eram diferentes. É interessante saber quem cede primeiro, quem inconscientemente, fica com o papel "inferior". Não, isso não é nenhum preconceito com vocês garotas, só digo inferior porque a maioria dos homens acham isso e para que entendam o quero dizer, mas é divertido saber quem domina e quem é dominado numa relação homossexual. 

Bom, era eu o dominado. 

Eu odiava aceitar o fato, mas eu deixara Gerard achar que eu seria seu submisso, que aceitaria tudo que ele fazia de cabeça baixa, como um cachorrinho com medo do dono durão. Mas há coisas que ele não sabe de mim, que não conhece. Ah, qual é? Eu sou de escorpião, o signo mais frio e vingativo do zodíaco - sim, andei pesquisando sobre isso desde a conversa que eu tive com Gerard no mercado - e que pelo o que li, pode desprezar como ninguém. 

Sim, eu podia. 

E eu faria. 

Mas voltando, eu nunca fiquei com garotas, então realmente não sei qual a sensação de ter seios pressionados contra seu peito, ou ainda brincar com o clitóris de uma, ter a sensação da delicadeza e da fragilidade das mulheres, já que homens na maioria das vezes são impulsivos, brutos. Talvez um dia eu experimentasse ficar com uma garota, já que meninas querendo ficar comigo não eram exatamente um grande problema. Tudo bem, eu sou muito convencido por trás dessa minha timidez. E qual o problema de eu me achar bonito? Eu não sou narcisista ou algo do tipo, eu só me acho bonito e pronto. Eu gosto do meu corpo, das minhas feições, dos meus olhos, da minha boca, do meu cabelo - embora eu travasse algumas batalhas com ele em domingos de manhã -, eu gosto de mim e sou confiante. O problema era que Gerard Way havia levado minha autoconfiança e meu coração com ele. Eu já não me achava tão atraente quanto antes, achava que meu desempenho sexual não fosse dos melhores e por mais que doesse e soasse ridículo, por um momento naquele minúsculo banheiro de avião, eu quis ter um par de seios e cabelos compridos e loiros. Mas eu sabia que era coisa de pele, contato, tesão. O meu lance com Gerard, o cara que acabou de machucar meu orgulho, e pior do que isso, meu coração, era muito maior. Infinitamente maior. Eu o amava. 

Não, não quero me fazer de vítima, até porque quando você decide aceitar que está amando, você está se sujeitando a ser magoado, a ser exposto, a ser ferido sem dó. O que passava pela minha mente era a ousadia dele. Como ele pudera fazer comigo aquilo enquanto eu dormia? Aquilo era covardia, medo, diversão, falta de empatia. Deve ser um passatempo bem divertido brincar com os sentimentos dos outros como se fossem fantoches, prontos para serem movidos por suas próprias mãos, sobre seu total controle, sobre sua mente, sua manipulação. Imagina como deve ser excitante a ideia de transar num banheiro de avião com seu namorado e seus pais dormindo em poltronas próximas. Deve ser realmente uma grande descarga de adrenalina no corpo, algo difícil de resistir.

Mas não impossível. 

Então a tristeza se transformou em frieza. 

A frieza mostrou outra face, a indiferença. 

Se era isso que Gerard queria, ele teria. Teríamos diversão, no sentido mais sexual da palavra. Vou colocar tudo que anos de imaginação sexual fértil criaram em prática e brincar um pouco com os sentimentos dele, com sua cabeça. Sim, essa mesmo que você pensou a cabeça de baixo. Depois de tudo, eu diria "tchau" e que foi tudo sexo casual, um sexo casual que passara dos limites devo admitir, mas mesmo assim, eu mostraria a ele que eu não me importava que eu também podia mexer com ele. Eu brincaria só um pouco. Ou não. 

Ah, eu me divertiria muito, disso eu tinha certeza.

Olhei-me no espelho e encarei meu reflexo por alguns segundos. Muito irônica a minha situação, eu estava num vôo para a Itália com o cara que eu amo e ele simplesmente me trai enquanto eu durmo. Mas eu tinha de aceitar, eu daria a volta por cima. E daria a volta com muito, mas muito estilo. Arrumei meu cabelo com as pontas dos dedos e joguei água no rosto, mas milagrosamente, as desgraçadas das lágrimas insistiam em visitar meus olhos. E o pior, queriam dar um tour pelo meu rosto e descobrir o mundo que havia fora de meu corpo. 

Voltei para o meu assento enxugando algumas gotas que insistiam em cair com as costas de minha mão e sentei-me quieto do lado dele. Gerard voltara a ler seu livro concentrado, ou então, fingia muito bem fazê-lo. Quando me remexi na poltrona e virei meu rosto para o lado esquerdo, a garota me sorriu de lado. Achei o cúmulo da falta de senso e com ódio, voltei a ouvir música ignorando tudo e todos. Acho que adormeci. 

Horas depois, senti ser cutucado no braço e resmungando baixo, enterrei meu rosto em meu ombro. Depositaram uma série de carinhos na minha nuca que me fez arrepiar. Como eu odiava ser um adolescente com os hormônios à flor da pele! Abri os olhos sem nenhum cuidado e logo de cara, encarei uma claridade excessiva, que machucaram minha visão no mesmo instante. Pudera, havíamos pousado em Lisboa, nossa escala e nosso aeroporto de conexão. A maioria dos passageiros continuavam sentados e alguns poucos se levantavam. Gerard tirava as nossas mochilas do bagageiro e checava se eu já tinha acordado. Quando ele me sorriu e sibilou um "bom dia" para mim, minha vontade era de xingá-lo de todos os palavrões que eu conhecia e conseguia me lembrar, esganá-lo com minhas próprias mãos e permanecer naquele avião e voltar para Jersey, mas não o fiz. Eu queria que sua própria consciência o castigasse - consciência: leia-se eu - e não respondi seu cumprimento. 

Levantei rapidamente e recolhi todos os meus pertences sem me pronunciar. Os coloquei no bolso da mochila enquanto Gerard a segurava na mão e depois a colocou nas costas. Antes de nos afastarmos das poltronas, ouvi uma voz feminina sussurrar um "até mais" e eu pude sentir meu sangue ferver novamente. Fechei meus olhos fortemente e inspirei calmamente, esperando que minha boca não soltasse palavras indevidas sem minha permissão. Segui caminhando para a saída da aeronave, sempre à frente e calado com um Gerard grudento e chato colado a mim. 

Chegamos no fim do corredor e logo me apresentei para a conexão sozinho ao funcionário da companhia aérea. Gerard me olhou confuso pela minha ação e então seguimos o rapaz que indicava que seguíssemos por um longo corredor e fôssemos direto ao portão treze para pegarmos outra aeronave com destino final a Roma. Assim que ficamos a sós no meio daquele enorme corredor, Way envolveu seus dedos em volta de meu pulso.

- O que aconteceu com você? - ele franziu a testa, mas que pergunta mais infame! - Por que não me esperou e disse que eu estava com você?

- Nada amor. - sorri meigamente. Tá legal, agora eu já estava ficando com certeza sobre a influência do signo em meu comportamento - Eu só queria adiantar as coisas. 

Ele assentiu confuso e me seguiu calado. Olhei para as passagens em minhas mãos e chequei o horário de nossa decolagem: ainda faltavam trinta minutos. Eu poderia brincar com ele, fazê-lo sentir em dobro o que eu sentia: pura decepção. Mas para ele, eu havia preparado um novo adjetivo, e esse era precisamente frustração. Não se assustem com esse meu lado perverso, pervertido, ele sempre esteve dentro de mim, adormecido, escondido atrás daquela máscara de garoto tímido e envergonhado. Oh, máscaras, acabei de ter uma ideia incrível... Mas voltando ao foco, esse meu outro eu era realmente algo novo para mim, mas não deixava de ser muito excitante, meu outro eu havia esperado tantos anos para ser cutucado e despertado... Mas era culpa minha se fora Gerard que o havia acordado? 

Definitivamente não. 

Quando passamos por uma pequena porta cinza e azul, notei que era minha chance. Olhei para uma pequena placa ao lado da tal porta e então vi aquele homenzinho azul sem rosto, mas ao mesmo tempo tão universal parado. Era engraçado como a sociedade designara azul para os homens e rosa para as mulheres. Por quê? Qual o problema de o do homem ser rosa? Mas voltando a real situação: banheiro masculino no meio daquele nada que aparece sem explicação vestiu como uma luva o meu desejo. Num movimento brusco, puxei Gerard que estava distraído, absorto em pensamentos quaisquer - e que fique muito claro, que eu não tinha a mínima atenção em saber quais eram - pelo pulso e empurrando a porta com o pé, entramos no local que estava deserto. Perfeito. 

Tirei a mochila de suas costas e rapidamente a joguei no chão. Agarrei-me na gola de sua camisa e puxei sua nuca para mim, fazendo com que nossas testas as tocassem. Puxei seus cabelos com força, quase os arrancando - não que eu fosse fazer isso - e ele deixou um gemido escapar por entre seus lábios. Hm, então era isso? Gerard Way gosta de violência? Assim seria, meu mestre. Sem delongas, levei meus lábios aos dele, colando-os e logo forçando minha língua contra eles, que estavam fechados. Não fui delicado, porque Gerard não queria delicadeza, fora ele mesmo que pisara em meu coração sem nenhuma piedade. E do mesmo modo que agi, ele partiu seus lábios e me correspondeu, com a mesma intensidade que eu, deixando-se envolver-se pateticamente. Se eu fosse idiota, diria que Gerard Way estava perdidamente apaixonado por Frank Iero. 

Mas eu não era idiota. 

Já que havia sido eu a tomar iniciativa, continuei com tal postura, empurrando ele para um box e o prendendo contra a parede de plástico. Colei com tanta força nossos corpos que até cheguei a me espantar. Gerard envolveu com seus braços minha cintura e me puxou para mais perto dele, fazendo-me colocar minhas pernas entre as dele. Quando já estávamos sem ar, apenas separamos minimamente os lábios, deixando que nossos narizes ainda de tocassem. Enquanto tomávamos fôlego para um novo beijo, arranhei sua nuca novamente e sem aviso, levantei meu joelho e comecei a roçar em seu membro já desperto. Ele se contorceu e apertou com tanta força minha cintura que seus dedos ficaram marcados em vermelho em minha pele. 

- Você gosta disso amor? - sussurrei ao pé de seu ouvido enquanto forçava ainda mais meu joelho contra a área latejante dele. 

- Aham... - foi o que ele conseguiu dizer entre as pequenas arfadas que dava.

- Sabe, estamos num banheiro... - comecei - Eu queria tanto ter feito isso no banheiro do avião com você. Deve ser uma adrenalina incrível saber que podem nos descobrir. - sorri travesso. 

Gerard parou de respirar por alguns segundos, seus músculos enrijeceram e seus olhos se arregalaram levemente. Ele ficou parado por um instante, como uma criança quando é descoberta quando faz uma arte e é flagrada com "a boca na botija". Ele olhou nos meus olhos buscando algo, talvez uma ponta de verdade, mas meus olhos só mostravam sarcasmo. Oh sim, ele havia simplesmente se denunciado. 

- O que foi Gee? - perguntei forjando preocupação - Falei algo errado? 

- N-não. - ele negou com a cabeça. Filho da puta!

Voltei a beijá-lo, mas ele só voltou a me corresponder de verdade depois de cinco segundos. Pude sentir meu corpo esquentar e me puni mentalmente, inutilmente. Por mais que Gerard tivesse feito aquilo comigo, meu corpo ainda desejava, e muito, o dele. Oh carne fraca! 

Desci os beijos para o pescoço dele, mordendo e lambendo a sua pele branca com avidez. Minhas unhas escorregavam por suas costas de leve, apenas atiçando-o enquanto eu continuava com a tortura em seu membro. Ele gemia baixinho a cada toque mais forte e me incentivava a brincar mais com seus cinco sentidos. Eu estimulava sua visão fazendo as expressões mais pornográficas que conseguia, estimulava seu tato com carícias, seu paladar com minha língua, sua audição com gemidos e palavras obscenas e seu olfato com meu perfume que praticamente o entorpecia. 

- Hm Frank... - ele mais gemeu do que falou meu nome - Por que você está assim? 

- Assim como? - indaguei descolando nossos lábios e fazendo a minha melhor voz inocente, pressionando meu corpo contra o dele, fazendo que um atrito incrível acontecesse em ambos baixos ventres e eu pudesse sentir a ereção que já se forma a nele. 

Ele sequer respondeu. Apertou minha cintura novamente, com uma intensidade quase sobrenatural em busca de alguma maneira de descontar sua tensão. Então ele me puxou para sua boca de novo e meu corpo inteiro pareceu derreter em uma onda de calor. Ele não me deu tempo para pensar, para reagir. No momento em que nossas bocas entraram em contato, seus lábios começaram aquela dança perigosa, sensual. Não havia palavra melhor para definir o beijo de Gee. Lábios irracionalmente deliciosos, ansiosos, porém saboreando perfeitamente cada segundo. Ele beijava com muita força, mas não apressadamente. O ritmo dele não fora o desesperado como o que eu havia dado na primeira vez que entramos no box. Não, embora um pouco daquele desespero prevalecesse, dessa vez Gee parecia estar tentando provar um ponto. Ele me beijava como se tentasse me marcar como ainda sendo dele. E Deus, eu era. Naquele momento eu era. Gee era capaz de apagar cada pensamento que eu tinha quando me pegava desse jeito. Eu me sentia entorpecido. Só o que existia no meu mundo era ele.

No meu mundo. 

Ele. 

Ele que magoara meu coração absurda e impiedosamente. Meu corpo o desejava tanto quanto ele, mas minha mente me fez agir de acordo com o que eu planejara no avião. Gerard insinuava quase que abertamente que queria realmente transar comigo naquele boxe, mas minha razão me impediu antes que o fizéssemos. Dei-lhe mais um breve selinho e parei de massagear a área recebendo um gemido de reprovação. Ele me encarava confuso e ao mesmo tempo bravo, um misto dos dois. 

- Você quer sentir prazer Gee? - sussurrei em seu ouvido e ele grunhiu concordando exasperado, levando suas mãos para perto do zíper de minha calça com urgência - Você tem vinte minutos, amor... 

- Isso é o suficiente. - ele disse entre os constates ganidos que saíam de seus lábios entreabertos. 

- Eu sei... - falei fazendo a voz mais sensual que consegui, porém, para mim era ridícula - Gerard, essa é sua mão. - levantei seu braço e coloquei sua mão esquerda em frente ao seu rosto - Mão, esse é Gerard, seu dono. Se divirtam em vinte minutos.

Ele cerrou os olhos e travou a mandíbula. Seus olhos eram puro fogo e eu tinha certeza de que se ele pudesse, faria dezenas de queimaduras em mim ou colocaria aquele em chamas o local no qual ainda estávamos. Dei meu melhor sorriso cínico a ele e comecei a desamassar minha roupa. Arrumei meu cabelo com os dedos e destranquei a porta da cabine. Antes de sair, fiz uma parada dramática, virei-me para ficar de frente a ele e depositei um selinho em seus lábios. 

- Se você acha que pode me fazer de trouxa, está muito enganado querido. 


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