Four Seasons escrita por Karol Oliveira


Capítulo 8
Capitulo VIII - Sem medo de amar




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Naquela manhã, ao levantar, não encontrei o Kei sentado a mesa para o café, como de costume, mas preferi não perguntar nada. Ja na escola, era visivel o meu total desanimo pra tudo. 

- Ei Yukari...o que aconteceu ? È por causa do tal do Keisuke né...? - Serio, a Ayako deiva se tornar detetive.

- ... tá tão na cara assim? - Respondi, debruçada sobre minhha carteira, sem nem me virar pra olhar pra ela.

- Pode acreditar.- Ela respondeu. Vai me conta, o que aconteceu? Vocês brigaram ?

- Quem me dera se fosse isso viu. Eu sou uma boba mesmo, uma covarde, é isso que eu sou. - Expliquei pra ela tudo o que tinha acontecido ontem, desde de a hora da briga com o Suji até a declaração do Kei.

Quando terminei de falar, ela me olhou de forma carinhosa, amiga, como se compreendesse o que estava acontecendo. Até que eu comecei a me lembrar dela, Tomoko-Chan. A pessoa que me fez prometer a mim mesma, que nunca iria me apaixonar por ninguem. E essa lembrança do passado me persegue até hoje, quase quatro anos depois. 

~*
...

Estavamos na sétima serie, além da Ayako, havia também uma outra pessoa importante na minha vida, uma amiga especial, chamada Tomoko. Nós tres eramos como as tres patetas, loucas, sempre andando juntas, aonde quer que fossemos. Entretanto, tudo mudou.

- Aya-Chan ! Ohayo ! Cadê a Tomoko? Ela ainda nao chegou ? - Perguntei.

- Bom dia Yukari...Ah que nada, acho que a Tomoko deve ta com o namorado, ela nao faz outra coisa agora. 

- Não gosto daquele cara. 

O nome dele era Yoshi e cursava o segundo ano. A nossa amiga conheceu ele numa festa organizada pela escola, desde de entao ela se trasnsformou. Não podiamos falar nada que criticasse o queridinho dela, dizia até que estavamos com inveja. Imagina, ele podia ser até bonito, mas não era sujeito de se confiar, sempre calado, nao falava nada da vida, e quase nao vinha a escola, não sei como ainda não tinha sido expulso.

Ai, teve uma epoca em que ela começou a faltar a escola, dias, que foram se transformando em semanas, e logo, não a viamos a um mês. Decidimos então ir a casa dela, saber o que estava acontecendo. 

- O quê? Ela se mudou? - Quando chegamos lá, não havia ninguem, e apenas uma visinha parecia saber o que estava acontecendo. 

- Sinto muito meninas, ja faz quase uma semana. Foram sem dizer nada. - dizia a velha senhora. - Tome, a Tomoko pediu pra entregar isso a vocês. Ela falou que quando lessem a carta, entenderiam tudo.

- Obrigada, descupe-nos o incômodo. - Ayako disse, pegando o envelope. 

Começamos a caminhar, sem entender nada. 

- Eu não acredito nisso. Que tipo de amiga ela é ? Ir embora sem dizer nada...Tomoko sua idiota ! 

- Calma Yukari...vamos ver o que ela deixou pra nós. - Ela aquele envelope e abriu a carta com cuidado, parecia escrita com pressa, num pedaço de papel qualquer. 



Queridas Yuu e Aya-Chan,

Desculpa ter ido sem falar nada, mas foi preciso. Ai, eu nem sei com contar isso mas...só o que tenho a dizer é que devia ter confiado em vocês. Eu preferi confiar no meu amor e me iludi. O Yoshi não era a pessoa que eu imaginava ser, todos tinham razão, como me sinto idiota de lembrar das vezes em que fui alertada. Eu me decpcionei muito, mas isso não é nada comparada ao vinha passado nas ultimas semanas. 

Sinto ter que partir sem me despedir, não posso explicar com mais detalhes, não tenho tempo, o que posso dizer é que viver em Tókyo já não é mais possivel, se eu continuar aqui, não sei o que poderá acontecer . Tudo aconteceu de repente, daqui pra frente, tudo vai mudar.  

Não sei o que o destino me reserva,mas vou recomeçar minha minha e tentar ser feliz apesar de tudo. Talvez um dia eu volte a ve-las, ou talves isso seja um adeus mesmo. Vou me lembrar para sempre dos momentos que passamos juntas, das bobagens que falavamos, das brincadeiras, eu sei que a nossa amizade é pra sempre, sei disso desde de o dia em que nos conhecemos. Nunca as esquecerei, espero que não me esqueçam também. 
  Sua eterna amiga,
  Tomoko-Chan 



   
Quando terminamos de ler, tudo ficou claro. Estávamos nós segurando para não começar a chorar ali no meio da rua. 

- Idiota...por que ela fez isso? Por que não contou o que estava acontecendo? Eu continuo não entendendo nada ! - Disse.

- Ela devia estar sofrendo muito...Tomoko amava esse lugar, ela não ia simplismente fugir daqui se o motivo não fosse muito sério. - Respondeu Ayako, que estava tentando parecer forte, mas eu sabia que por dentro ela estava tão chocada com a carta quanto eu. 

- Tomoko-Chan...do jeito que as coisas andavam ultimamente, eu sabia que isso ia acabar acontecendo,mas...espero que ela seja feliz...- Decidi não segurar mais as lágrimas, durante oito anos, fomos amigas, não ! Mais que isso, durante oito anos nós fomos irmãs. Agora, parecia tão cruel acreditar que uma de nós havia indo embora, talvez para sempre. 

Nos dias que se passaram, se tornou mais dificil olhar para a carteira vazia na sala de aula, agora que sabiamos que ela nunca mais voltaria. O pior era ouvir os boatos a respeito dela, e com o tempo, até eu e Ayako passamos a ser olhadas de forma diferente pelas outras alunas, por termos sido tão amigas que uma garota que "abandonou a escola".

A oitava série foi o pior ano da minha vida escolar, ja não bastasse a ausência da Tomoko, Aya-Chan também começou a ter relacionamentos amorosos frustrados, uma vez ate quase parou de falar comigo, só pra agradar um garoto do segundo ano. 
e pouco a pouco eu fui reafirmando a certeza de que amar era uma das piores coisas que podiam acontecer a uma pessoa. E assim, eu me fechei em um mundo solitário, criando um "escudo" sobre o meu coração, tentando não sofrer.

~*

Lembrar da Tomoko trouxe a tona um turbilhão de emoções que estavam guardadas a muitos anos.

- Yukari-Chan, eu não acredito que você esta com medo de gostar do Kei. Olha, eu não conheço ele direito, mas você é minha amiga, em quem confio, e muito. Não é por que passamos por todas essas coisas no passado, que você pode achar que todos são iguais ao imbecil do Yoshi. 

-È Aya-Chan...eu sei mas...

- Pense nisso ta legal, ou você vai acabar perdendo uma oportunidade unica de mudar essa sua opinião sobre o amor.

Nem prestei atenção nas aulas seguintes, a unica coisa que via diante de meus olhos era ele, Keisuke. E sua imagem sempre se transformava na do Yoshi. Por mais que tentasse dizer para mim mesma que eles eram pessoas completamente diferentes, parecia impossivel. 

- Senhorita Higurashi...

- "Kei...por que você tinha que aparecer na minha vida, tudo estava indo bem até eu te conhecer."

- Senhorita Higurashi ! - O professor repitiu pela segunda vez, estava tão destraida que nem o ouvi chamar meu nome. 

- Ah, eu...

- Da proxima vez que quiser ficar sonhando acordada durante a minha aula, avise com antecedência para que eu lhe reserve um lugar no corredor tudo bem?

- Me...me desculpe professor. Isso...isso não irá se repitir. - Repondi sem jeito, a sala inteira riu, menos a Aya-Chan, que sabia o motivo da minha distração. 

- Assim espero Higurashi. Vamos leia o texto da pagina 114 do livro. 

- Claro professor...

Definitivamente, eu não devia ter saido da cama hoje de manhã. Na hora da saida, como de custume, acompanhei Ayako até o local onde sua mãe costumava estacionar o carro. 

- Ei Yukari-Chan,quer uma carona ? Minha mãe vai passar na sua casa para comprar umas ervas medicinais com seu pai, minha mãe passar na casa de uma amiga na sua rua, se quiser agente te deixa lá.

- Eu bem...- Fiquei meio receosa em aceitar. Talvez o Kei viesse me buscar. Ou talvez ainda estive muito bravo comigo pelo que fiz ontem. - Tudo bem, eu aceito a carona.

- Legal ! - Ayako quase pulou de alegria, pra nós duas, qualquer segundo a mais que pasassemos juntas, era valioso.

... 

A senhora Shibuia me deixou a meio quarteirão do templo, e segui o resto do percurso a pé. Fiquei feliz por chegar mais cedo, precisava tanto falar com ele. Entrei apressada em casa, e estranhei o fato de minha mãe me olhar assustada, como se eu não devesse estar ali.

- Ué...chegaram tão rápido? Onde está o Kei? - Mas era justamente o que eu ia perguntar. 

- Kei...como assim ? Eu vim de carona com a mãe da Ayako, pensei que ele estivesse aqui.

- Eu não acredito.- MInha mãe pos a mão na testa, coisa que só fazia quando algo de muito ruim acontecia, ou estava prestes a acontecer. - Keisuke saiu faz alguns minutos para de buscar, como ele faz todos os dias. 

- Essa não...- Larguei minha mochila no chão e começei a correr desesperadamente em direção ao colégio. Eu nunca imaginei que fosse me buscar, depois de tudo que eu fiz. 

" Eu te amoYukari-Chan...muito."

Ass palavras dele ecoaram na minha mente. "Eu te amo". Percebi que era tão importante pra ele, aponto de minha segurança estar acima de qualquer coisa. Ele queria estar sempre do meu lado, mesmo sem a certeza de que seu sentimento era correspondido. Seria esse...o verdadeiro amor?

Desta vez, não via a imagem de Yoshi se contrapondo a dele. A única coisa que vi foi aquele garoto bobo, carinhoso e sempre com um sorriso no rosto, aquele sorriso que me conquistou. 

Cheguei a escola quase na metade do tempo de costume. E como esperava, ele ainda estava lá, olhando fixamente para o portão de entrada, de onde eu podia sair a qualquer momento. Aproximei-me devagar, sem dizer nada, era uma mistura de sentimentos tão intensa que queria sorrir por encontra-lo, e chorar, implorando que me perdoasse por ter sido tão idiota.

Estávamos a uns dez metros de distância, ele, com sua incrível audição, ouviu meus passos e se virou para ver quem era. Quando nossos olhares se encontraram, meu mundo parou. Apezar do barulho e corre corre das pessoas em nossa volta parecia não ter a menor importância.

- KEI !! - Corri e o abracei com força, sussurrando mil desculpas, implorando para que nunca me deixasse e não sabia se estava chorando de alegria, ou de tristeza. - Me perdoa ... por favor...Perdoa-me Kei...

- Yuu...o que aconteceu ? Vamos não chore, sabe que não gosto de te ver chorando...- Ergui um pouco a cabeça para olha-lo diretamente, e ele acariciou meu rosto limpando minhas lágrimas. 

- Não quero que vá embora...por favor...não me deixa sozinha, eu sei que fui uma idiota te deixando pra trás, depois das coisas lindas que me disse e...depois daquele beijo...- Minha face ficou levemente avermelhada. 

- Então é isso? Boba...eu nunca ia te deixar, isso nem passou pela minha cabeça. Quando você saiu correndo, fiquei um pouco chateado confesso, mas o que podia fazer ? Já estava apaixonado, voltar para o meu mundo nada adiantaria, se meu coração permanecesse pra sempre nessa era. 

- Eu também te amo Kei...Também te amo ! - Falei firmemente. Dizer aquelas palavras foi mais fácil do que eu imaginei que seria. Keisuke sorriu, de forma encantadora. - Eu sei que devia ter dito antes, não queria te fazer sofrer mas...

Não terminei a frase, tive meus protestos calados . Novamente nossos lábios se encontraram, mas desta vez, foi diferente. Agora tinha a certeza de que tomara a decisão certa, não tinha mais medo, e a única coisa que queria, era me entregar aquele novo sentimento. Retribui o beijo, ele me abraçou com força, como que quisesse me proteger de todos os perigos do mundo.

- Vamos para casa...Yukari-Chan? -

- Uhum...- Respondi, sorrindo. Começamos a caminhar sem pressa de mãos dadas, em uma cena semelhante a de um filme, o nosso filme .Para nós, nada importava, apenas a felicidade de termos um ao outro. 

Estranhamente, não senti mais medo de gostar do Keisuke. Eu não tinha mais medo de amar. O Kei me fez ver o amor de um jeito diferente, e apartir daquele dia, minha vida começava a mudar, e todo momento que passava ao lado dele, se tornava unico.

...




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