Four Seasons escrita por Karol Oliveira


Capítulo 7
Capítulo 7 Capitulo VII - O desejo das folhas de outono e o primeiro beijo de Yukari.




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No dia seguinte, eu reafirmei minha certeza de que meu pai era o maior contador de lorotas do mundo. Antes de ir para a aula, todos da casa estávamos tentando arranjar uma desculpa esfarrapada para dar aos meus professores, por ter faltado as aulas dois últimos dias. Enfim, depois de muita discussão, eis o bilhete que eu levaria para a escola :

Bom dia,
Minha filha Yukari não pode comparecer as aulas de ontem e anteontem por motivos importantes. O gato da família morreu afogado e a nossa garotinha era muito apegada a ele, ficando em depressão profunda. Peço que passe a ela o conteúdo perdido para que possa estudar em casa e desculpem-nos o transtorno.

  Sr e Sra Higurashi

- Acha mesmo que eles vão acreditar nisso ai? - perguntei. - Nos nem temos um gato.

- Exatamente minha filha, nos não temos por que nosso amado bichano morreu engasgado lembra ? - As vezes eu tenho a impressão que até ele acredita nas mentiras que conta.

- Não tinha sido "afogado" pai ? 

- Que seja . Vamos, você está atrasada para a escola. 

Minha mãe não gosta muito que eu fique pedindo para o meu pai arranjar desculpas para mim. Ela diz que "Mentir é errado e devemos sempre assumir nossos erros e "nós não devemos nos aproveitar da imaginação fértil do seu pai". Mas perante a atual situação, a opção "contar a verdade" fora de cogitação.

...

Aquele dia passou mais rápido do que eu esperava. Ainda sinto vontade de rir quando lembro da cara dos meus professores quando eu mostrava o bilhete do meu pai. Depois que as aulas acabaram, eu estava apenas sentada na calçada conversando com a minha amiga Ayako, a mãe dela vir buscar ela.

- Quer dizer que o seu namorado decidiu ir morar definitivamente na sua casa ?

- Aya-Chan, ele não é meu namorado, é apenas um amigo. Só isso. - Respondi.

- Amigo ? Conta outra Yukari, até as amebas do aquário do seu pai sabem que você gosta dele. - Primeiro, eu já disse que não gosto daquele garoto. Segundo, como ela descobriu que meu pai cria amebas ? Seria Ayako Shibuia algum tipo de espiã ultra-hiper secreta ? Eu hein...

Biii Biii
Um carro vermelho cheio de flores brancas estacionou na nossa frente, buzinando alto. Não tive duvidas, era a mãe da Aya-Chan. Nunca vi ser humano mais apaixonado por flores que nem ela, chegava a assustar. 

- Tenho que ir. Agente se vê amanhã. 

Acenei para o carro e me levantei, geralmente o Kei vem me buscar, mas hoje ele parece ter se distraido com algo pelo caminho. 

Da ultima vez que isso aconteceu, fiquei meia hora esperando ele, e acabei indo embora sozinha. No meio do caminho parei em frente a uma doceria, e lá estava ele, olhando vidrado para todas as guloseimas da vitrine. Resultado: Além de chegar em casa tarde, ainda tive que pagar um pedaço de torta pro infeliz.

Fiquei esperando mais alguns minutos, e por fim, acabei me levantando e começei a caminhar na direção da minha casa, quando ouvi alguem me chamando
.
- Ei, Yukari. - Gelei. Quem seria ? A essa altura a escola já esta quase vasia, são poucos os alunos que ficam horas acampando na frente do colegio depois do fim das aulas, mas eu tive a impressão de conhecer aquela voz. 

Virei para tras rapidamente ao sentir alguem puxar meu braço rapidamente. Eu sabia que conhecia o dono daquela voz. Era o Suji, da minha sala. E não estava sozinho, tinha dois dos amigos loucos com ele. 

- Vocês...o que querem de mim ? 

- Calma, agente só quer te convidar pra uma festinha. - Disse um outro garoto, rindo.

- Festinha ? - Perguntei - Ta bom...desculpa mas eu não sou o tipo de garota que você ta procurando. Posso ir embora agora ?

Eu estava assustada é verdade. Suji e sua "gangue" são conhecidos por serem os piores alunos de todo terceiro ano. Apesar de geralmente serem apenas meninos baderneiros e imãs de confusão, eles podem ser realmente perigosos quando querem.
Tentei sair dali, mas o idiota segurou meu braço com mais força. 

Não teve jeito, agi sem pensar e mordi com força a mão dele, acho que se tivesse demorado um pouquinho mais, sairia até sangue. Ele me empurou pra tras com força e teria caido no chão se os outros dois não me segurassem. 

- Maldita...- Fechei os olhos desesperada. Meu coração estava quase saindo pela boca e eu tremia muito. 

- Soltem ela, agora ! - Alguem disse se aproximando.

Em uma fração de segundos, fui jogada no chão com força e ouvi passos rapidos. Me levantei para olhar o que havia acontecido. 

- K-kei...? - Foi um momento estranho, não sabia se sorria e corria para abraça-lo, ou se gritava para que fugisse dali. 

- Ora, ora...o namoradinho dela chegou hein ? - Suji disse, rindo. - Agora as coisas vão ficar mais divertidas...

- Kei...vamos embora, isso tá ficando perigoso...- Sussurrei. Senti que aquelas palavras o perturbaram.

- Quieta Yukari, eu não vou fugir. Eu ja fugi no passado, e pago até hoje o preço por isso. 

Corri para perto dele , agora estando ali, estranhamente me sentia mais segura.Suji sorria de maneira que o fazia parecer um psicopata ou coisa pior. A cada passo que ele dava vindo em nossa direção, eu ficava mais assustada. 

 Então, algo que eu não esperava aconteceu e antes daquele idiota acertar um tapa em meu rosto, provavelmente para provocar, o meu salvador segurou o punho dele com força e lhe acertou um soco no estomago, ele voou para trás.

- Da próxima vez, você vai pensar duas vezes antes de mexer com a minha Yukari, fui claro. - Ele fez questão de dar muita ênfase a palavra "minha", me fazendo corar e continuou, me olhando de forma carinhosa. - Você...está bem ,Yuu-Chan ? 

Apenas acenti com a cabeça e sorri. 

E assim, depois daquele ato heróico, apenas nos viramos em direção a minha casa, sem dizer uma só palavra. A partir daquele dia, eu passaria a enxergar aquele garoto de uma forma muito especial, não apenas como um simples amigo, mas como alguém que arriscaria a vida pra me proteger.

... 
Mais tarde.

Eu definitivamente não entendo o que está acontecendo comigo. Por que eu quero tanto assim estar sempre ao lado dele ? Desde quando nos tornamos tão proximos aponto de não sermos capazes de imaginar nossa vida se não pudermos estar sempre juntos ? Acho...acho que é desde de o dia em que nos conhecemos. 

Yukari Higurashi, admita, você está apaixonada por ele. 

O outono estava quase no fim e logo o inverno chegaria. Minha maior diversão desde de pequena sempre foi juntar as folhas que caiam das arvores nesta época formando uma enorme montanha vermelha e amarela, e me jogar sobre ela. E desta vez não estava sendo diferente.Após ver o Kei varrendo o jardim a pedido de meu pai, não pensei duas vezes, e após atravessar o terreno como uma criança alegre aos risos, cai de costas sobre aquele amontoado de folhas e galhos. 

- Que foi ? - perguntei. Ele me olhou de forma assustada e ao mesmo tempo divertida. 

- Sabia que eu demorei meia hora pra arrumar tudo isso ? 

- Ah é ? Que ironico, e eu não demorei nem 5 pra dessarrumar... - Brinquei, puxando pela mão pra baixo, derrubando-o.

Ele fez uma cara emburrada, e começamos a rir de nos mesmos, estavamos parecendo duas crianças. Suspirei, e ficamos olhando o céu em silêncio por alguns instantes, estava limpo, sem nenhuma nuvem, e apesar do sol estar brilhando, fazia muito frio. 



- Vem comigo. - Keisuke disse, se levantando e me guiando até a Goshimboku, a arvore sagrada e depois me olhou, com um sorriso encantador apontando para o galho mais alto. - Vamos subir.

- Ficou maluco, é muito alto, eu...- Nem tive tempo de terminar a frase, quando dei por mim, o vi na metade do caminho até o topo. - Você vem ? Ou está com medo ?

- Não estou com medo, só acho que não é certo. 

Desisti de tentar argurmentar , de que ia adiantar, eu sabia que não ouviria meus protestos, e começei a longa escalada. Quando cheguei lá, fiquei maravilhada com o que vi.

- È...é... lindo. Como sabia que dava pra ver o por -do -sol daqui ? - Perguntei.

- Esqueceu que essa arvore centenaria ja existia no meu tempo Yuu-Chan ? Apenas a paisagem é diferente, no meu mundo não existem essas montanhas cinza. - Depois de uma breve pausa, continuou. - Não é incrivel? È como se todas as nossas preocupacões parecessem tão vagas, tão sem sentido, diante de tal imagem.


- Ei Kei... 

- Hum...?

- Tem uma coisa, que eu queria te falar a muito tempo, mas nunca tive coragem, bem... - Falei, completamente sem jeito. Aquele era o momento perfeito para falar tudo que vinha sentindo nos ultimos dias.

- Pode falar.

- ... Deixa pra lá, não era nada. - Na tentativa de faze-lo esquecer, fiquei balançando as mão com uma cara de idiota. - Ah, olha...

Apontei para uma nuvem com um formato engraçado, e começamos a brincar de procurar formas naquelas montanhas de algodão. Até que mirei meus olhos em uma, estava tão proxima, como se quisesse nos tocar, ela se parecia com um...
coração...

Ficamos extremamente corados, por que raios de conhecidencia, havia uma nuvem com uma formato tão sugestivo justamente naquele momento ? 

Com os rostos tão proximos, podiamos ouvir a respiração um do outro. Tentei dizer algo, mas fui interrompida por um "sshhi". E sem dizer nada, ele deixou seus labios tocarem os meus. 

Metade de mim achava que tudo não passava de ilusão e implorava para que eu não caisse nas garras perigosas do amor, masquem eu estava querendo enganar, a outra metade queria retribuir aquele beijo, e pouco a pouco me deixei tomar por um sentimento até então desconhecido. Eu estava amando.

Fechei os olhos e deixei o vento bater em meu rosto, numa sensação mágica, era como se o mundo tivesse feito só pra nós dois. Um momento de silencio se fez entre nos dois, olhei para cima e me lembrei de uma das milhares de superstições que meu pai faz questão de manter em minha familia a anos.

Estendi a mão para pegar uma folha que caida solitaria da imença árvore Deus. 

- Sabe , quando eu era criança, me disseram que se você pegar uma folha de outono antes dela tocar o chão e fizer um desejo, ele se realiza. - Falei. 

- E funciona ? - Ele perguntou.

- Isso eu não sei...por que não esperimenta ? Talvez funcione. 

- Não precisa Yuu... - Ele parou, e me deixou curiosa, todas as pessoas tem como um de seus principais objetivos na vida ter a oportunidades de realizar um desejo, nem que seja só um. - Eu nunca acreditei nessas coisas, cresci sozinho, acreditanto que tudo que eu quisesse na vida teria de conseguir com o meu esforço. 
- Kei...

- Alem do mais, depois de tudo que aconteceu hoje, que mais eu poderia desejar ? Nunca estive tão feliz em toda a minha vida.

- Bom, se é assim...eu vou desejar por você ! - Segurei a folhinha em minhas mãos com mais força e disse - Eu desejo...hum, vamos ver...ja sei ! Que o Kei continue sendo o que é hoje e que ele aprenda a varrer o jardim antes que meu pai o espulse de casa por danificar o solo sagrado do templo. 

- Nossa...- Ele disse visivelmente impressionado. Até a que... - Hei ! Quem disse que eu não sei varrer aquele jardim ? E seu pai me expulsaria de casa só por causa disso ? 

- To brincando, estressadinho - Ri. Aqueles momentos estavam sendo os mais especiais da minha vida, nem percebi que a lua ja começava a aparecer no ceu 
Me afastei um pouco para olha-lo nos olhos, e sorri, como nunca sorrira antes. Pensei que aquela era a emoção mais forte que ja havia sentido, mal sabia que nos segundos seguintes, eu ouviria palavras que ficariam marcadas para sempre.

- Eu te amoYukari-Chan...muito. - Senti que meu coração fosse sair pela a boca, primeiro aquele beijo roubado, agora uma declaração ? Ainda bem que não tenho nenhum problema cardiaco. - Olha, eu sei que foi tudo derrepente mas é que...depois do que aconteceu hoje, eu tive novamente a certeza de quanto você é importante pra mim. Não importa o que você diga, só não aguento guardar esse sentimento sem te contar.

 - Kei...eu...eu... - Meu rosto parecia um tomate de tão vermelho, e não conseguia nem falar direito, o que dizer ? Minha vontade era de dizer que também o amava, mas diante daquela situação, eu fiquei muda, não sabia o que dizer. Era tudo tão confuso, como se depois da magia do momento ter passado, a ficha tivesse caido, e a metade de mim que tentava se manter racional tomou conta dos meus atos. - ...desculpa...

Desci daquela árvore chorando, acho que como nunca chorara antes na minha vida. Ele nada disse, não tentou me impedir ou coisa parecida,, nunca queria forçar ninguem a fazer algo que não quisesse, não iria me obrigar a ficar ali, se aquela não era a minha vontade, pelo menos nao naquele momento. Esse era o jeito do Keisuke, jeito que eu tanto admirava, e, mesmo sem admitir, amava.

 Entrei em casa calada, sem me virar nenhum instante, e atravessei a sala de cabeça baixa e me tranquei no quarto. Esitei um pouco em olhar pela janela, pois sabia que ele ainda estava lá. E realmente estava certa, daquela regiao, dava pra ver claramente todo o jardim, e ao longe, junto a silhueta da goshinbuku, estava a unica pessoa que eu não queria ver naquele momento. 

 - Por que tem que ser assim ? Kei...por que não posso simplismente dizer que também te amo ? - A essa altura, eu tentava conter as lagrimas, o que parecia não adiantar muito. 

Parecia ironico, que aquele escudo protetor que criei para me proteger do amor, tentanto não sofrer, estava causando a maior dor que eu ja podia ter sentido. Me joguei na cama e adormeci rapido, ainda com o rosto molhado de lágrimas.

... 


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