Juntos na Vida e na Morte escrita por Guardian


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Desculpem se o último cap não teve lemon, mas é que eu não sei se conseguiria escrever direito, então achei melhor deixar sem^^
Espero que gostem desse capítulo



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   Era como se nunca tivessem se separado, como se aqueles quatro anos não tivessem existido. Poderia parecer que haviam voltado ao tempo do orfanato se não fosse o novo vício de Matt e a cicatriz que agora preenchia o rosto de Mello. Em todos aqueles anos, Matt não procurara só por Mello, também se manteve informado sobre o caso Kira, porque, afinal, podia conter alguma pista do loiro. Tudo se resumia em Mello, sempre se resumiu.. Enfim, agora os dois trabalhavam juntos no caso, e Matt ficou bastante impressionado com algumas informações que Mello compartilhou com ele. Já tinha descoberto sobre o caderno que matava, mas shinigames? Além do mais, Mello na máfia? Não podia dizer que se surpreendia com isso.

   - Como foi? - o ruivo perguntou quando o loiro adentrou no apartamento, com o rosto encoberto pelo capuz de seu casaco preto.

   Mello tirou o casaco e se jogou no sofá, segurando uma foto - Peguei minha foto de volta - deu um sorrisinho - E aproveitei para dar uma dica para o pirralho.

   Matt estranhou " Mello ajudou Near? ". Pegou a foto do loiro; era uma foto da época do orfanato, quando ainda não havia nada maculando aquele rosto. " Uma competição; Mello está novamente competindo com Near, e desta vez a maior de todas: capturar Kira ".

   - E como ele está? - perguntou só para provocar o outro.

   Mello não gostou nem um pouco daquela pergunta - Por que quer saber sobre ele?! - perguntou raivoso.

   - Huh... Tá com ciúmes? - perguntou divertido.

   Mello corou um pouco e estava pronto para chamá-lo de idiota, quando Matt o beijou. Isso vinha acontecendo muito ultimamente. Apesar de tudo, do caso Kira, das queimaduras de Mello, eles se sentiam bem, como há muito não acontecia. Pena que não poderia durar para sempre.

- x -

   O Natal estava se aproximando; Matt e Mello estavam ansiosos para que chegasse logo. Não poderiam dar uma festa, nem sair distribuindo presentes aos pobres, e não o fariam mesmo se pudessem, mas era o primeiro Natal deles, o primeiro em que estavam verdadeiramente juntos. Nunca ligaram muito para essa data, mas de repente ela pareceu se tornar tão importante e necessária, que não poderiam ignorá-la. Provavelmente a causa desse súbito espírito natalino era o mais recente plano de Mello para pegar Kira; era um plano arriscado, muito arriscado. Os dois sabiam que havia pouca chance de sucesso e uma enorme chance de morrerem na tentativa, mas foi o melhor plano que Mello pôde pensar, e Matt com certeza o acompanharia.

   - Você que fez tudo isso? - perguntou Mello surpreso, ao olhar para a mesa, toda arrumada com a comida para a ceia. Era simples, mas parecia delicioso.

   - Eu me esforcei - Matt respondeu dando de ombros.

   - Desde quando você cozinha?

   Matt acendeu um cigarro - Eu tive de me virar nesses anos, e diferente de alguns, eu não sobrevivo só de chocolate.

   Mello se adiantou e arrancou o cigarro da boca de Matt, apagando-o na pia - Quer parar com isso?

   Matt acendeu outro cigarro - Dependendo de como o plano seguir, eu não vou precisar me preocupar com câncer de pulmão mesmo.

    - Pára de brincar com isso! - irritou-se Mello, arrancando novamente o cigarro do outro. 

    - Você nunca se importou em se arriscar, sua cicatriz prova isso.

   Matt colocou um terceiro cigarro na boca e estava prestes a acendê-lo quando Mello respondeu em voz baixa, envergonhado - Mas você não estava durante a explosão.

   Matt largou o cigarro e o isqueiro e abraçou o loiro ternamente. Mello não se importava em se arriscar, mas não queria arrastar Matt junto - Mello - o ruivo sussurrou -, nós ficamos juntos quase que a vida toda, então se morrermos com esse plano, morreremos juntos.

   Mello não disse nada, apenas ficou lá, abraçado ao outro, como se nada mais existisse. Matt por fim se afastou um pouco, o suficiente para Mello ver seu sorriso - Vamos comer?

   - Tem certeza de que não está envenenado? - brincou Mello, se recompondo.

   - Não garanto nada - Matt riu.

   A comida estava deliciosa; Mello se surpreendeu com as habilidades culinárias de Matt. Matt se divertiu com a surpresa do outro. Depois de comer, os dois sentaram no chão.

   - Agora vamos aos presentes! - Matt exclamou animado.

   Ele entregou primeiro. Mello abriu a caixa de embrulho azul e exclamou baixo - Matt...

   - Gostou? Você perdeu durante a explosão, não foi? Eu sabia que era importante para você, então fui lá procurar.

   - Eu... Eu... - o loiro não sabia o que dizer. Tirou o crucifixo preto da caixa e colocou no pescoço, onde sempre ficava até a explosão. Matt voltara àquele lugar, que ameaçava desabar a qualquer momento, só para procurar seu crucifixo? Estava limpo e restaurado, e com uma corrente nova também.

   - É, eu acho que gostou - Matt sorriu.

   - Obrigado - disse por fim.

   - E então? - os olhos de Matt brilhavam de expectativa. Mello riu " Ele parece uma criança ".

   - Aqui - o loiro entregou uma caixa para ele, menor do que a do crucifixo.

   - Você não está sendo contraditório? - brincou Matt, mas ele adorou. Era um isqueiro, prateado e sofisticado, e tinha uma inscrição no canto superior: M&M.

   - É uma promessa. Se a gente sair vivo disso, você vai parar de fumar. De uma forma ou de outra, esse será seu último isqueiro.

   Matt pulou por sobre Mello, abraçando-o e caindo no chão junto a ele - Eu adorei!

   Eles ficaram assim, deitados no chão, abraçados por um longo tempo. Tecnicamente, aquele havia sido o primeiro Natal deles, e de certa forma, sabiam que seria o último.

- x - 

   - Está tudo pronto? - perguntou Mello.

   - Tudo pronto - Matt respondeu enquanto colocava seu colete. 

   - Ótimo, então vamos - Mello abriu a porta do apartamento.

   Matt empurrou a porta, fechando-a antes que Mello saísse, e o puxou para si, colando seus corpos e beijando de sua boca ao seu pescoço e voltando.

   - Matt... Não é hora... - disse com dificuldade, mas foi interrompido pela boca do outro novamente na dele.

   - É a melhor hora - disse baixo, mas parou. Mello tinha razão, tinham que ir.

   - Eu te amo - Mello o abraçou forte antes de se afastarem.

   Matt sorriu - Eu sei - e o beijou uma última vez - Eu também.

   Saíram do prédio e cada um foi para um lado, Matt em seu Mustang vermelho e Mello em sua moto.

   Aquela foi a última vez que se viram.

-x-

   Matt conseguia sentir o isqueiro prateado em seu bolso conforme caía. Estranhamente, ele tinha mais consciência do peso do objeto do que do ardor e da dor que as balas causavam ao penetrar em seu corpo.

-x-

   Mello mostrara seu rosto àquela mulher, e isso foi um erro. Teve pouco tempo, mas em seus últimos 40s de vida, ao sentir que acabaria tendo o mesmo fim de L, morto pelo Death Note, o único pensamento que preencheu sua mente foi Matt. Ele havia morrido, tinha visto no miniaparelho de TV do caminhão. Mas agora, Mello estava indo também. O coração dele parou, o caminhão bateu e logo depois veio o incêndio. Mas mesmo com as chamas, o crucifixo preto continuou intacto.

-x-

   Sabiam desde o começo que poderiam morrer, e agora que a hora realmente chegou, não se importaram. Morreram. Em locais diferentes, de maneiras diferentes, mas juntos.


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Notas finais do capítulo

Ah, acabou...
Eu não sei se o crucifixo de Mello tem algum significado, mas eu não sabia o que fazer o Matt dar pra ele, então ficou isso mesmo.
Gostaram? Espero que sim. Obrigada por lerem e acompanharem minha história, eu me sinto realizada*.*
Bjos^^