Amor se Escreve com Sangue escrita por Marry Black, grupo_FCC


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Assim que liberarem eu apago o capitulo "SITE", mas vale lembrar que o site continha ativo ok?

manuscritos.no.comunidades.net



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POV Lucy

Aos poucos a inconsciência foi me deixando e meus membros, bem como meus olhos começaram a me obedecer e a se movimentar. Assim que minha visão ficou focada, olhei ao redor tentando entender onde eu estava, era um quarto branco com um sofá no canto, um barulho irritante de água gotejante próximo a mim. Segui meu olhar para o barulho apenas para encontrar um soro ligado a mim. Só então percebi que minhas vestes tinham sumido e no lugar eu vestia uma camiseta crua, típica de hospital.

-Ah não... – resmunguei incrédula que eu estava realmente em um hospital. Eu estava na cidade a menos de uma semana, pelo amor de Deus! Talvez meus batimentos tivessem se alterado, ou quem sabe a enfermeira percebeu minha agitação porque não tardou a um homem moreno e com um corpo ligeiramente musculoso, trajando um jaleco de médico adentrar no quarto.

-Boa tarde, senhorita; sou o Dr. Frank, responsável pela senhorita no momento. – Ele se aproximou e avaliou minhas pupilas e minha pressão.

-O que houve? – perguntei enquanto tentava me lembrar como diabos eu havia ido parar em um hospital.

-Um de nossos médicos estava fazendo uma caminhada pela floresta com seus filhos quando encontraram-na em um rio próximo. Você não portava documentos nem nada do tipo, por conta disso não tivemos a quem avisar quando ele a trouxe para cá. – Ele se aproximou de uma mesa próxima e pegou dali uma pedra azul, pedra a qual imediatamente, a mesma pedra que tanto havia me fascinado na beira do rio. Fashs do que havia acontecido naquela tarde invadiram minha mente, deixando-me tonta. Eu quase morri por causa de uma pedra?

-A senhorita teve muita sorte, se eles tivessem te encontrado um pouco mais tarde, ou não tivessem prestado-lhe os devidos primeiros socorros certamente que a senhorita não estaria aqui. – Aquele mundo de informações me deixava enjoada. Como eu pude ser tão estúpida? – Preciso que me diga o nome de algum parente próximo para que eu possa avisá-lo. – O médico pediu um breve momento depois.

Ainda um pouco desorientada por conta de tantas informações, fitei-o meio aturdida. – Eu... Eu não tenho ninguém. – respondi simplesmente. – Minha família está morta, - vendo que ele iria indagar minha idade completei. – Tenho dezessete anos, mas sou emancipada.

Ele ponderou por um instante. – Qual seu nome senhorita? – talvez para colocar algum dado no prontuário, ou quem sabe para se certificar que eu realmente era órfã e emancipada, quem poderia verdadeiramente saber?

-Lucy Clivart. – respondi sem muito animo. – Quando poderei sair daqui?

-A senhoria engoliu muita água e quase teve hipotermia, mas aparentemente, está tudo sobre controle. Creio que assim que lhe prescrever algumas recomendações e a senhorita cuidar da papelada estará liberada. – Assenti e o médico se virou para sair.

-Sr. Frank? – chamei-o novamente.

Ele se virou, sorrindo paciente comigo. – Sim, Lucy?

-Será que eu poderia falar com o médico que me salvou? Eu gostaria de poder agradecê-lo. – expliquei. Era o mínimo que eu poderia fazer depois de tamanha confusão.

-Eu sinto muito, Lucy, mas ele já encerrou seu expediente por hoje. Mas podes retornar outro dia para agradecê-lo, tenho certeza que ele ficará muito contente. Carlisle – Meu corpo se arrepiou ao ouvir aquele nome. Eu definitivamente precisava parar de querer viver a vida dos personagens de livros. - parecia muito preocupado com você.

Fiquei um pouco desapontada, queria saber quem fora a pessoa que se preocupara em garantir minha vida. Assenti murmurando um “obrigada” qualquer.  Assim que o médico me deixou sozinha me levantei da cama retirando o soro de meu braço, eu só queria ir embora dali o quanto antes e que se danassem o que os outros diriam.

Encontrei minhas roupas no armário e me troquei. Me aproximei da mesa de canto e abri meu prontuário, ali estava as recomendações que o médico tinha escrito juntamente com minha liberação, provavelmente sua intenção era me liberar assim que o soro acabasse; é, não iria rolar. Peguei tudo e segui para a recepção.

(...)

Dois dias tinham se passado desde o incidente desastroso da pedra no rio. Estranhamente, aquela pedra, que quase me custou a vida, me fascinara e eu acabei por a colocar em um cordão em meu pescoço, talvez fosse algo que eu pudesse me apegar, sei lá. Eu ainda não havia conseguido agradecer Dr. Carlisle por ter salvo minha vida, no dia em que sai do hospital não fiz nada além de tomar um bom banho comer alguma coisa e dormir novamente. No dia seguinte, eu tinha planos para ir até o hospital, mas antes disso fui até a escola finalmente efetuar minha matricula, ato que me custou quase que todo meu dia.

Hoje era meu primeiro dia de aula. Eu não tinha intenção de fazer amigos ou chamar a atenção, eu não tinha mais paciência e até mesmo animo para algo assim, tudo que eu queria era apenas terminar de vez esse colegial, afinal, eles eram meu ultimo compromisso com meus pais. Mais tarde quem sabe eu não conseguisse passar no hospital, Deus queira que eu consiga, não queria que o Dr. Carlisle achasse que eu não me importei com sua atitude nobre.

Segui por entre os corredores da escola sem me preocupar com os olhares curiosos dos demais alunos, como eu já imaginava, qualquer coisa nova em uma cidade pequena era mais uma nova atração de circo. Eu tinha certeza que seria um longo dia.

Nas primeiras aulas, precisei passar pelo constrangimento de ser apresentada em frente a toda sala ato que quase me fez repensar duas vezes se eu iria para outra aula após o intervalo, mas eu sabia que não teria muitas escolhas. Já aborrecida, resolvi seguir para o banheiro ao invés de me juntar aos demais alunos do refeitório, talvez lavar o resto e reforçar a maquiagem me fizessem melhor que um prato de comida. Eu só queria sossego.

Para minha sorte o banheiro estava vazio, coloquei minhas coisas em cima da pia e abri a torneira, molhei minhas mãos com cuidado, quanto tempo mais eu viveria uma rotina sem sentido?

Lentamente, passei a mão úmida em minha face, refrescando minha pele e minha alma. Eu precisa ter paciência, tudo iria melhorar, ou ao menos, era o quem as pessoas de Florence me falaram no enterro. Foi então que uma jovem de cabelos longos, levemente encaracolados, loiro-acinzentados, um corpo esbelto e atraente, sem exageros; adentrou no banheiro, aos prantos, totalmente descomposta e, provavelmente nem percebendo minha presença ali, adentrou em um dos boxes do banheiro e sentou-se em cima do tampo da privada.

Fiquei levemente paralisada, o que poderia ter acontecido para ela chorar daquela maneira no banheiro da escola? Seriam problemas com o namorado? Teria ela sido alvo de alguma fofoca maldosa? Por mais que essas fossem as hipóteses mais obvias, algo dentro de mim gritava que o problema era muito mais sério que isso, e – meu corpo tremeu internamente – era algo relacionado a família.

Eu não deveria me meter, eu sabia que não, mas era mais forte que eu, e antes mesmo que eu me desse conta, eu estava frente a garota, ajoelhada, oferecendo-lhe um lenço. Percebi que foi apenas naquele instante que ela me notara, levemente assustada com minha atitude.

-Um sorriso é mais agradável do que as lágrimas. – sussurrei sorrindo ternamente, porque eu confortava aquela garota? Ela retribuiu meu sorriso.

Seus olhos finalmente encontraram os meus causando-me choque. Eram dourados. Algo que eu nunca antes tinha visto. Como poderiam...? Eram intensos. Poderosos. E ao mesmo tempo, cobertos de uma inocência de uma criança pequena; chocando-me.

Delicadamente, ela pegou o lenço e secou suas lágrimas. – Obrigada. – sussurrou ela.

Sorri levemente e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. – Existe algo que eu possa fazer para te ajudar? – perguntei, deixando-a a vontade para se abrir ou não comigo, afinal, eu era apenas uma estranha.

Ela suspirou e apertou o lenço em suas mãos, seus olhos recaíram sobre seu colo. – Eu queria que meus pais me entendessem, sabe? – Suspirou ela. – Parece que eu falo outra língua, eles me sufocam! Me tratam como se eu fosse uma criança.

Então eu estava certa, era um problema familiar, mas porque ela estava chorando agora, no meio do período escolar? Seus pais teriam vindo até a escola falar com o diretor ou algo do tipo? Por mais que eu não acreditasse muito nisso, era a única explicação lógica que eu via. Eu sabia que não deveria me envolver, principalmente por se tratar de um problema familiar, questão a qual eu definitivamente não tinha estrutura psicológica para lhe dar; mas eu não podia evitar, era mais forte que eu, era como se de alguma maneira, eu já conhecesse aquela garota, algo nela, não sei, ela me parecia terrivelmente familiar, embora eu não tivesse a mínima idéia de onde poderia conhecê-la.

Meu peito se apartou ao ouvi-la falar que era mal compreendida pelos pais, como eu conhecia bem aquela situação, tantas brigas, tantas lágrimas... Como eu era tola, como eu sentia falta de ser mal compreendida, de ser tratada como criança, ou apenas de ter alguém que pudesse me compreender mal ou me tratar com infantilidade.

Fechei meus olhos brevemente, degustando da dor que atingia-me com força, aquela vida não mais me pertencia, e com terror, eu percebi que não adiantava o quanto eu mudasse de vida, eu nunca conseguiria fugir daquela sensação de vazio.

-Talvez seus pais apenas estejam tentando protegê-la. – Declarei com uma voz meio quebradiça, meu intimo tentava inutilmente juntar os cacos da minha alma que a muito se quebrara. – Tente ser paciente com eles, converse com eles antes de julgá-los.

-Eles não escutam! – declarou ela. – Eles acham que sabem o que eu passo, entendem o que eu sinto e não me dão espaço para falar. – A garota estava começando a se alterar. – Isso é tão... Frustrante! Não sei o que fazer.

Sorri tristemente. – Ainda sim são seus pais, eles te amam, e se você pedir, eles irão te ouvir. Seu olhar se ergueu e encontrou o meu. Pude ver dentro de seus olhos que ela começa a compreender o que eu dizia. Isso era um bom sinal. – Todos temos desentendimentos com nossos pais. – Todos que ainda tem a chance de ter – Você não é a primeira, nem será a ultima, a vida é assim. Agora lave o rosto, sorria e se acalme, quando você chegar em casa você pensa no que fazer.

Levantei-me e ajudei-a a levantar. – No momento certo, você vai fazer a coisa certa. – Garanti sorrindo. Ela também sorriu, agradecida.

-Obrigada. – Assenti em concordância e peguei minhas coisas. A garota ficaria bem, eu sabia que sim, mas eu precisava me re-estruturar antes de voltar para a aula. – Espere. – pediu ela quando eu estava na porta. Virei-me para ela.

-Sim?

-Nem sei seu nome. – Pediu ela educadamente. – Acho que nem mesmo nunca a vi por aqui. Você é aluna nova, não é?

Sorri educadamente e assenti. – Sou Lucy Clivart, foi um prazer conhecê-la. – disse polidamente; eu sabia que deveria perguntar seu nome também, era assim que as amizades começavam. Mas eu não queria amizades. Eu não queria mais me envolver com ninguém. – Nos vemos por aí. – declarei por fim e sai, desesperada por um pouco de ar. Eu me sentia sufocada por meus sentimentos. Torturada por meus fantasmas. Tudo parecia rodar. O ar parecia escasso e algo parecia queimar meus olhos, fazendo com que lágrimas se formassem em minhas orbitas, ameaçando virem a tona.

Essa dor nunca teria fim.


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Notas finais do capítulo

OH MY GOD.
Essa menina é quem eu penso que é? O que vocês acham?
Até o proximo!



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