Se antes os lindos olhos verdes do Jason já estavam arregalados, agora eu me surpreendia que eles não tivessem saltados nas orbitas. Se a situação não fosse tao grave eu estaria rolando no chão de tanto rir da sua expressão.

Ele bem lentamente se levantou do tronco caído e foi chegando mais perto. Mais perto. Ele levantou a mão. Chegou mais perto e olhou no fundo dos meus olhos.

“É você Lee?” perguntou ele inseguro. Como eu não falava, só assenti.

Ele chegou mais perto e pousou sua mão na minha cabeça, afagando os meus pêlos. Fechei os olhos.

“Você não fala?” perguntou ele, e eu lancei um olhar do tipo acorda né Jason e revirei os olhos.

Ele riu. Era incrível, ele me conhecia tão bem que por um olhar entendeu o que eu quis dizer.

“Ok! Não custa sonhar!” ri baixo e balancei a cabeça. Jason.

“Você pode se transformar de volta ou só a noite?” perguntou ele, agora divertido. Revirei os olhos de novo.

“Brincadeira.” disse meu anjo, ainda afagando meus pêlos. Olhei para cima e assenti de novo, me virei para a floresta, pegando com os dentes o que sobrou da minha roupa. Fui para a mata e me transformei de novo. Coloquei minha roupa e sai de trás das arvores na minha forma humana.

“Hey!” disse Jason animado tentando me animar, porque eu estava esperando pela rejeição e pelos gritos e acusações.

“Não fica assim gata!”

Silêncio.

“O que foi?” perguntou ele vindo e me abraçando. Será que ele não entendeu? Era uma loba! Enorme!

“Esperando você gritar, sair correndo e desmaiar.” disse sinceramente.

“Eu não vou fazer isso!”

“E por que não?”

“Por que, isso vai parecer loucura, mas mesmo quando eu te via na forma de loba, eu ainda conseguia ver a minha Leah... e não importa o que você seja, eu sempre vou amar você!”

“Eu amo você!” disse dando um beijo na boca do meu anjo.

“E eu consigo superar o fato que minha namorada é uma loba linda gigante cinza!”

“Consegue?” perguntei na duvida.

“É! Mas não sei se consigo superar o fato que minha namorada é maior que eu!”

“Relaxa!” disse beijando-o de novo sentada no seu colo, no tronco caído. “Eu só fico maior que você na minha forma de lobo.”

“Eu sei.”

E foi assim: descontraidamente que eu contei tudo para ele.

“Vampiros? Tipo, de verdade? Como Conde Drácula?”

“Sim. Vampiros, de verdade. Mas Conde Drácula é feio e muito mau vestido para ser comparado com os que eu conheço... pelo menos a maioria.”completei me lembrando dos Romenos e dos Volturi.

“Caramba! Que demais!”e então ele começou a fazer milhares de perguntas e mais milhares de perguntas.

“Como eles são?”

“Eles são legais, jovens de aparência porque não envelhecem mas são todos velhos. Bebem sangue de animal porque são diferentes, mais... humanos... mas só em relação ao pensamento. Entende?”

“Sim. Mas como eles se alimentam?”

“Se alimentam de sangue de animal, porque tem um respeito enorme pela vida humana. O que faz com que nós possamos coexistir de bem...”

“Porque os dois caçam animais?”

“Porque nenhum dos dois caçam humanos.”

Continuei as explicações parando em alguns pontos para tirar duvidas.

“Como é sua matilha?” Perguntou ele depois de algum tempo.

“Bem, nós somos cinco: Jacob, o afa, eu, a segunda em comando, Seth, Quil e Embry que eu não sei que posições que ocupam. Somos uma família. E tem a matilha do Sam: Sam, o alfa, Jared, Paul, Collin e Brady, mas tem mais que eu não sei o nome e mais outros que viraram lobos recentemente...” disse.

“O que foi?” perguntei, ele estava com uma cara de alguém que sabe de mais coisa.

“O que que aconteceu? Sua expressão mudou quando falou de Sam. Parecia receosa.”

Ok, ele me conhecia demais e entre nós não precisava existir segredos então contei tudo. Tudo mesmo, desde o inicio até o meu motivo para partir de La Push. Ele era um ótimo ouvinte, não interrompeu e parecia interessado no que eu estava falando. Ele só falou no final.

“Bem, eu sinto muito por todo esse seu sofrimento... acho que deveria sentir raiva dele por tê-la feito sofrer, mas na verdade eu sou grato.”

Eu não estava conseguindo entender nada. “Não entendi!” Fato!

“Quando ele a deixou ele me deu a oportunidade de ter você para mim. Uma oportunidade que eu já agarrei com unhas e dentes e que eu prometo não largar. Eu vou te amar para sempre Leah!” e me deu um beijo, sua palavras me deixaram tontas e seu beijo só deixou meu mundo oscilando mais ainda.

Continuamos conversando, eu lhe contando tudo, os segredos, banalidades e regras, e quando eu vi já estava anoitecendo.

“Ok. Você trouxe lanterna?”perguntou ele observando a rapidez que o dia passou e a noite nos cercando deixando a floresta invisível a olhos humanos.

“Não. Na verdade achava que você não ficaria comigo por tanto tempo.”

“Tudo bem, cairemos muito, mas podemos tentar.” disse ele, mas não parecia muito certo de si. Revirei os olhos.

“Na verdade, eu tenho uma outra ideia para a viajem de volta.”

“Explique.”

“Eu sou bem grande não acha?”

“Vai ser legal!” disse ele com um sorriso divertido no rosto.

Revirei os olhos. Não era para ele ficar com medo?

“Vou trocar de forma...” disse e fui para o mesmo arbusto de antes.

“Leah... posso perguntar uma coisa?”

“Claro!”

“Porque você, tem que se esconder?”

“Eu estou sem roupa intima e acho que não seria ético ficar nua na sua frente.”mesmo de longe o ouvi suspirar.

“Tá, né? Porque você ficou só de calcinha e sutiã aquela hora?Tortura?”

“Eu não queria transformar minha roupa em tiras.”

“E porque você não fez que nem agora? Foi para de trás do arbusto, sua roupa intima seria preservada.”

“Eu queria que você visse que era real. Eu sabia que se fosse para de trás do arbusto, talvez você não acreditasse que era eu.”

“Tá! E porque você não queria sua roupa virasse tiras?”

“Se eu tivesse que correr atrás de você, eu não queria que fosse nem na forma de lobo nem pelada.” disse tirando minhas roupas e ouvindo seu riso. Me transformei.

“Leah?” Ouvi pensamentos na minha cabeça. Que não eram meus.

“Quil?”

“Caramba. Quanto tempo.”

“Para de ser dramático Quil, a gente se encontrou no casamento do Jacob”

“Eu sei, mas eu não tinha você na minha cabeça há muito tempo!”

“Verdade!”

“Leah... porque sua mente está tão...doce?... Oh meu Deus, você sofreu Imprinting!!!!” o Quil na minha cabeça estava superfeliz, sorrindo de orelha a orelha. Adiantava desmentir? Eu queria desmentir? Não. Eu queria espalhar, compartilhar essa felicidade que eu estava sentindo. Eu podia dá-la - seria capaz de dar felicidade para o mundo inteiro e ela não chegaria nem na metade.

“Nossa Leah! Você está TÃO diferente, mesmo depois do casamento do Jacob você já mudou muito!”

“É o que o amor faz com as pessoas.” disse para ele. Ele estava vendo o filme da minha vida passando na minha cabeça.

“Fico feliz por tudo ter dado certo para você!”

“Eu também! Como está a Claire?”

Imagens de uma garotinha de uns 13 anos preencheram a minha cabeça, ela era bonita, tinha cabelo cacheado depois do ombro, o rosto já familiar porem com toques de moça, seu corpo também de moça.

“Como vocês estão?”

“Bem. Ela está na escola, mas a idade e os moleques do colégio estam

me deixando com cabelos brancos a mais!”

Ri do desespero eminente do Quil.

“Mas tirando isso está tudo bem, ela ainda não me vê daquela forma mas eu sei que um dia ela vai me notar... É o que eu espero.”

“Ela vai. Você só precisa de calma! Depois do Jason, eu aprendi que tudo tem seu tempo.”

“É ele? Que está ai?”

“Sim. É ele. Você tem sorte de Claire já estar dentro desse mundo sobrenatural.” Eu pensei, lhe mostrando tudo que eu havia passado nessa tarde. No final do filme, na minha cabeça tinha um Quil rolando de rir das minhas precauções e da cara do Jason na hora da minha transformação. É aquela cara não tinha mesmo preço.

“É verdade, pelo menos Claire sabe o que eu sou e eu não terei de contar nada para ela, além do medo dela não me aceitar.”

“É. O medo é a pior parte.”

“Mas parece que deu tudo certo para você né? E eu estou atrapalhando...”

“Quil?” Dessa vez foi Claire que irrompeu na cabeça de Quil, ele estava no quintal da casa da Emily e Claire apareceu no jardim, procurando pelo seu melhor amigo. Ela parecia ter sentido a presença dele, por mais que Quil não percebesse eles já eram extremamente interligados.

Quil saiu da sombra que o permitia ficar invisível no escuro e Claire veio correndo em direção ao grande lobo cor de chocolate.

“Quil! Eu senti a sua falta!”

“Eu também meu anjo.” Mesmo sabendo que Claire não podia ouvir Quil respondeu.

“Acho melhor eu ir embora, Jason está me esperando...”

“Tchau Lee.”

“Tchau Quil!”

Senti Quil se metamorfosear e o perdi da minha cabeça. Era hora de voltar para minha vida.

Sai de trás dos arbustos com minhas roupas amarradas na minha tira de couro. Jason estava lá, sentado no tronco, me esperando.

“Hey Lee! Pronta?”

Revirei meus olhos para ele e fui me aproximando. Ele passou a mão no meu pelô de novo, fazendo cafuné.

Abaixei as minhas patas dianteiras e ele subiu no meu ombro.

“Uau. É alto aqui de cima.” Ri com as suas palavras.

“Ok. Estou bem.”

Comecei a andar. Ele estava realmente bem.

“Algo me parece errado. Não era para ser o homem a carregar a donzela?!”

Revirei os olhos para o amor da minha vida e continuei andando.

“Suas viagens são sempre tão tediosas assim?” ele estava me provocando. Coitado. Lancei um olhar desafiador para ele antes de me atirar floresta a dentro.

O caminho foi emocionante, para ele é claro. Ele se divertiu demais e eu me divertia com o divertimento dele. Chegamos lá embaixo sãos e salvos, fui para de trás do arbusto de novo para me vestir e depois fomos para casa de carro.

“Adorei o passeio amor.” disse ele já no carro, perto de casa, dando um beijo.

“Eu também, amor!” disse retribuindo o beijo. Estava dirigindo o carro e não podia me empolgar, ele estava com a mão na minha coxa com os nossos dedos entrelaçados ouvindo e cantando musica, agora muito mais relaxada.

“Chegamos.” eu disse após um viagem tranquila e feliz de volta para casa. Para os pais deles a gente tinha ido ao cinema.

“Nada a ver. Depois de hoje você tem que entrar e jantar conosco.” disse ele pegando a minha mão. “Não é mãe?”

A Sra. Conner tinha aparecido seguido de seu marido. Jason jogou essa bomba para mim, sabendo que eu não iria recusar tendo plateia. Ele era um trapaceiro e tanto.

“Com certeza. Entre e jante conosco querida.”

“Se eu não for incomodar...”

“Claro que não querida.” dessa vez foi o Sr. Conner que respondeu.

“Tudo bem então.” eu disse e entramos.

Passamos um ótimo jantar, conversando banalidades e rindo de tudo, mas já estava na minha hora.

“Muito obrigada pelo jantar Srs. Conner mas eu realmente tenho que ir.”

Depois de muitos 'agora não', 'está cedo' e blá-blá-blá, Jason foi me levar até o carro.

“Obrigado pelo dia de hoje Leah. Por confiar em mim o suficiente para dizer tudo o que me disse hoje. Pelo passeio de volta na sua garupa.”

“De nada. Eu que agradeço por ter me aceitado de forma tão natural, eu não sei o que seria de mim se você não tivesse entendido.”

“Tudo bem, mas como eu disse, eu amo você e nada vai mudar isso.”

“Eu também amo você Jason!” eu disse do fundo do me coração recém renascido, e inicie um beijo caloroso.

“E saiba que eu sou MUITO mais rápida do que você imagina.” disse separando nossos lábios de forma provocante.

“Claro, claro. A gente poderia apostar uma corrida depois, né? Eu na minha BMW e você na sua forma animal.”

“Para mim está ótimo. Valendo o que?”

“Na hora a gente descobre.” disse ele e sorriu de forma travessa antes de me beijar apaixonadamente.

“Tchau Gato!” disse depois de terminar o beijo.

“Tchau Gata... ou melhor Loba.” Ele disse e abriu a porta do meu carro para mim.

Eu entrei no carro rindo e fui para casa.

Cumprimentei o porteiro e entrei no meu apartamento. Tomei banho, e sentei no sofá afim de assistir alguma coisa engraçada.

A luzinha do meu telefone estava piscando, alguém havia deixado recado.

“Oi Leah, sou eu a Nessie, estou representando toda a minha família te intimando para você vir passar o Natal aqui em casa. Tia Alice disse que você vem com alguém e eu estou curiosa. Liga para mim quando chegar em casa não importa a hora tá, tchau.”

A voz de Nessie saiu do aparelho e eu ouvi todo o recado, logo depois olhei no relógio e como não estava tarde realizei o pedido da minha amiga.

“Alô?” a voz rouca do outro lado da linha não era a da Nessie.

“Jacob?”

“Sim, oi Leah!”

“Oi Jake, sua mulher tá aí?”

“Tá sim, espera aí!”

'Nessie, Leah retornou a ligação!” Foi o que deu para ouvir do outro lado da linha.

Meio segundo depois Nessie já estava tomando o lugar do marido e falando comigo.

“Oi Lee!Obrigada por ligar de volta.”

“De nada. Eu recebi o seu convite...”

“Convite não, intimação.”

“É, intimação. E estou ligando para perguntar o que aconteceu com a Baixinha...

“Pois é, ela está arrumando as coisas para o Natal e convidou todo mundo, e Seth perguntou para ela se você iria ficar chateada se Sam e a família viesse também, porque Emily teve o bebe e Embry é o padrinho e Imprinting da garotinha e como ele ia passar o Natal aqui... ele queria chamar Sam. Mas Alice disse que você ia ficar bem e iria surpreender todos nós, foi então que eu perguntei se viria sozinha e a Tia Alice disse que não...”

“Uau! A Fadinha é boa mesmo!”

“Conte TUDO!”

“Não, é surpresa. Só no Natal.”

“Então você vem!”

“É, eu acho que sim!”

“Tudo bem, nós vemos em breve.”

“Tchau Nessie.”

“Tchau Lee, Jake está te mandando um abraço.”

“Dê outro para ele. Tchau!”

A linha ficou muda.

E eu fui dormir, afinal depois da tempestade sempre tem calmaria.