Eu Gosto de Você escrita por Kitty


Capítulo 3
Capítulo 3




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1

Ueda e ele não eram os melhores amigos de toda a agência, mas se davam bem, apesar dos rumores de haver brigas entre eles. Na época de tais boatos, eles chegaram a brincar sobre isso no Shounen Club e, ainda assim, teve pessoas que continuaram acreditando que eles se odiavam. Por isso, tiveram até mesmo que escrever cartas melosas um para o outro para melhorar a imagens deles diante do público.

Poderia ser ele a nutrir algum sentimento além da amizade e coleguismo profissional por ele? Pensou seriamente sobre a questão por um minuto.
   
– Ryo-chan... Preparei este bolo com todo meu amor para você!

Ueda olhou para baixo, piscou algumas vezes, e, então, voltou seus olhos para Ryo e sorriu, com a cabeça levemente inclinada e fazendo o sinal de vitória. Usava um vestido rosa com um avental branco por cima.

Ueda havia ficado mais bonito com os cabelos tingidos de vermelho e depois que deixou aquela postura de “quero ser Gackt” de lado. Havia ficado com um rosto mais delicado, algo que o fez ser considerado de vez pelas fãs do KAT-TUN como integrante do time feminino. As fãs são estranhas, Ryo pensou consigo mesmo.

Ei... Pera! E porque EU estou pensando nessas coisas? Que diabos foi isso de Ueda fazendo um bolo pra mim??

Esfregou seus cabelos com força para afastar tais idéias.

– Não há nada de errado comigo! Aquele imbecil ficaria bem em roupa de mulher porque ele tem um rosto de garota e ponto final! De vestido, qualquer um confundiria, oras! Eu não sinto nada diferente, nem quero vê-lo vestido assim! E se ele vier com um bolo, eu enfio na fuça dele!

    Ryo deixou o set de filmagem de Orhtros no Inu e seguiu até o seu carro. Antes de entrar, parou um instante, seu celular estava tocando. Era uma mensagem de Okura.

    Ryo!!! O que está fazendo? Está muito ocupado? Preciso falar com você, tem um tempo livre hoje à noite? Diz que sim! Eu realmente preciso falar com você!

    Franziu a testa. O que teria acontecido de tão urgente para ele o chamar assim, de última hora? Deve ter acontecido algo, ele presumiu, pois, assim como não era de falar muito, Okura não escreveria uma mensagem tão longa. O silêncio e a serenidade que emanavam do amigo era o que Ryo mais apreciava nele, principalmente quando passava muito tempo com Bakanishi.

    Ok. Te vejo aonde depois das 21h?

    Aguardou alguns minutos até chegar a resposta.

    Em casa. Porque tão tarde?

    Um sorriso sarcástico em Ryo.

    Queria que eu fosse correndo? Não sou seu cachorro. Eu trabalho.

    Não, mas poderia ser meu animal de estimação. O que acha?

    – Do que esse desgraçado tá falando? – riu alto e fechou o celular. Não daria a honra de uma resposta a Okura.

    Entrou no carro, ainda se divertindo com a brincadeira, quando uma idéia lhe ocorreu e o paralisou quando estava prestes a ligar o veículo.

    Okura era o único que estava de folga naquele dia. Mas esteve na agência.

    – Okura?! Será possível que... Ele??? Por mim???? Não, não pode ser! – sacudiu a mão e riu –... Mas tem que ser alguém... Se for ele...

    Ryo ficou sério.

    2
   
    Junnosuke olhou para trás e franziu a testa. Pessoas desconhecidas andavam pelas ruas em direção às suas obrigações. Algo havia chamado a sua atenção, mas ele não sabia dizer o que exatamente. Sacudiu os ombros e voltou a caminhar. 

    Aproveitou um intervalo nos ensaios daquela manhã para comprar um chá gelado com gengibre que vendia em uma loja de conveniências próximas à agência. Não havia sabor igual! E, por se tratar de uma bebida antiga, não era fácil de se encontrar em qualquer mercado. Junno considerava uma sorte grande que houvesse naquela loja tão perto da empresa.

    Junno sempre foi uma pessoa de encontrar a felicidade em pequenas coisas. Isso era o segredo do seu sorriso nunca sair de seus lábios. Por ser assim, ele acreditava que não existiam motivos para não sorrir.

    Ah! Aquela sensação esquisita de novo!

    Tinha a impressão de que alguém o seguia. Parou e olhou para trás. Pessoas desconhecidas continuavam a caminhar em direção às suas obrigações e, entre elas, uma pessoa usando uma japona longa, apesar de ser verão, cor bege, que lembrava ao estereótipo de detetive. Essa pessoa usava também um chapéu largo, marrom, que lhe escondia parte do rosto. Os cabelos, cumpridos e cheios, saiam como uma cascata de caracóis por baixo do chapéu. Para completar o visual, uma calça jeans larga e botas de camurça.

    – Jin? – Junno inclinou o rosto em dúvida.

    A pessoa ficou tensa, sacudiu a mão e deu às costas, partindo na direção contrária com muita velocidade. Junno piscou os olhos.

    – Parecia muito com o Jin. – comentou consigo mesmo e voltou a andar, esquecendo-se desse incidente pouco depois.

    3

    Ryo andava distraído pelos corredores da Johnnys e mal notava os cumprimentos dos outros funcionários. Pensava seriamente se o dono das declarações anônimas pudesse ser Okura.

    Não... A segunda carta tinha linhas demais pra ser ele.

    – Eu tenho que parar de pensar nisso, que droga!

    Por que o sorriso do amigo lhe veio à mente? Porque pensava em seu olhar gentil... Certo, por vezes era um olhar repleto de malícia, mas isso não acabava sendo atraente também??

    – AhhH! No que eu estou pensando?! – berrou, assustando alguns kouhais que caminhavam no corredor.

    Ele correu em direção ao camarim, precisava se esconder, mas, para seu desespero, ali estava Ueda, sentado numa poltrona. O garoto que via fadas lhe olhou com curiosidade, inclinando o rosto levemente...

    Por que ele tem esses trejeitos tão femininos se tem os braços definidos pelo boxe??? Ele devia ser mais másculo... KAT-TUN não é o grupo viril da Johnnys depois de TOKYO??

    – O que aconteceu, Ryo? Você parece que viu um fantasma...
    – Talvez eu tenha visto uma fada... – ironizou – O que faz no camarim dos outros??
    – Ah, quanta educação! Eu tenho pena da sua futura namorada!
    –... Tem certeza de que não deseja ser ela? – ele semicerrou os olhos.
    – Do que está falando? – ele riu.
    – Você não devia ter ficado indignado com isso? Ueda, você é estranho!
    – Ah, claro. Bem, isso não importa agora.
    –... Porque você continua sendo tão maduro? – ele reclamou, com um bico.
    – O normal não é as pessoas continuarem a amadurecer? Regredir não seria um problema?
    – Bem, que seja! O que quer?
    – Vim falar com você sobre o bolo...

    Então Ryo entrou em pânico. Bolo! Bolo!! Porque lhe veio a imagem de Ueda usando apenas avental na cabeça?

    – Isso não é coisa que homem deveria se preocupar!!! – ele respondeu rápido – Seja mais viril!!
    –... Mas como poderia não ser um homem a se preocupar se nesta agência mal temos mulheres? Você está bem? Está suando? Está com febre?

    Ele se levantou com a intenção de medir a temperatura do rapaz, mas Ryo se esquivou e correu para o outro lado, aproximando-se da poltrona que antes era ocupado por Ueda. O integrante do KAT-TUN estranhou aquela atitude.

    – Além disso, eu... Eu não gosto de bolo!
    – Não gosta?
    – Não!
– Nem de bolo de chocolate?
– Detesto!
– De morango?
– Não suporto!
– Nozes?
– Repudio com todas as minhas forças!
– E de...
    – Nada, nem um tipo, sou totalmente contra bolos, principalmente bolo feito por outros homens! Isso jamais me conquistaria!!!

    Ueda ficou mudo. E Ryo perguntou se teria visto um pouco de decepção em seu rosto... Ou teria sido sua imaginação? O que se passa dentro da cabeça daquele rapaz de rosto pálido? Por que Ueda tinha que ser tão morto-vivo a ponto de parecer que ele não está pensando em nada? Que droga, por que ele não diz nada?

Por fim, Ueda sacudiu os ombros.

    – Melhor, vai sobrar mais...  O Kame estava perguntando qual o peso do bolo que deveríamos comprar para o Maru e o Uchi e também me pediu para recolher o dinheiro de todos que aceitaram fazer uma festa surpresa pra eles. O Jin disse que você tinha aceitado... E aí, o que você acha? Dois bolos de seis quilos?
    – Eh?????????
    – Ryo... Você bebeu durante o serviço? – ele estreitou os olhos – Ou está andando demais com o Jin? Por que está fazendo essa cara de idiota?
    – Eu só... Era disso que estava falando? O niver do Uchi e do Maru? – ele respirou mais aliviado.
    – Do que mais poderia ser, afinal?
    – Há, há, há... É verdade não é? Além disso, você não faria um bolo pra mim, não é?
    – Hein?
    – Ah! E idiota é a sua mãe por ter casado com seu pai imbecil e tiveram um filho retardado como você, baka!!!!
    – Então... Vai dar o dinheiro ou não vai?
   
    Ryo continuou a resmungar e a proclamar palavrões contra o outro, mas, ainda assim, ele pegou sua carteira no bolso e deu uma quantia considerável ao amigo, que agradeceu e preferiu sair de lá o mais rápido possível.

Sozinho novamente, Ryo sentiu seus ombros relaxarem. Ah... Estava vivendo com muita tensão desde que encontrou aquela maldita carta... Seus dias sempre tão tranqüilos, com ele sendo o causador da tormenta alheia e não o alvo pareciam tão distantes...

4

Junno cutucou Kamenashi, que escutava seu mp3 durante mais um intervalo nos ensaios. O caçula logo se virou para atender o chamado e ficou curioso com a cara aflita do rapaz.

– O que foi Junno... Aconteceu alguma coisa?
– Kame... Eu acho que... – ele gemeu – Ai, Kame-chan!
– O que foi?? Você está me deixando preocupado! – Kame retirou os fones de uma vez e se sentou direito diante de Junno. – Qual é o problema?
– Né, Kame... Eu estou assustado.
– Eh?? Por que?
– Acho que estou sendo... Perseguido!

Kame piscou os olhos e depois os alargou, surpreso.

– Como assim?
– Alguém me seguiu durante o caminho até aqui. Pensei que era só imaginação minha, mas... Eu encontrei este chapéu no vestiário.

Kamenashi olhou para o acessório. Conhecia aquele chapéu. De onde? Droga, porque sua memória tinha que falhar logo agora? Mas não tinha problemas, sabia que conseguiria se lembrar mais tarde. Agora, o objetivo era acalmar Junno.

– A pessoa que me seguia usava esse chapéu. Ela está aqui na agência!
– Fique calmo, Junno. Primeiro, você tem certeza de que não era ninguém daqui? Pode ser que, como vocês estavam vindo para o mesmo lugar, tenha dado a impressão de que ela te seguia.
– Mas porque ela estava disfarçada, Kame?
– Disfarçada?
– Sim... Ela estava usando esse chapéu, ocultando o rosto, e aqueles casacos de detetive, sabe?
– Pode ser uma Yarakashi?*
– Kame... Não me assusta mais!! – Junno se assustou ao lembrar-se de um incidente em que lançaram um objeto cortante na direção de Kamenashi.
– Mas só pode ser alguém obcecado por você!! – Kame disse, acreditando ter resolvido o mistério.
– Não pode ser só um admirador secreto? Que ficou incrivelmente apaixonado pela minha beleza? – o tom de voz de Junno estava baixo, quase uma súplica.

Kame lhe olhou torto.

– Junno... Yukan Club acabou faz tempo, pare de agir como Bido.

Junno sacudiu os ombros.

– Em todo o caso, o que eu devo fazer?

A essa pergunta, Kame sorriu.

– Não se preocupe, Junno. Vamos pegar esse criminoso! – disse, animadamente, batendo no ombro do amigo.
– Mas Kame, a gente nem sabe mesmo se é um criminoso... – ele murmurou, mas não foi ouvido.
– Por enquanto, tente não ficar sozinho! Vou pensar em algo! – Kame disse, usando uma de suas expressões que o tornavam “kakkoi”** na frente das câmeras.
– Kame... Você tá me dando mais medo que o meu perseguidor...

Junno, novamente, foi ignorado.

5

Jin sentiu um arrepiou e não conseguiu segurar o espirro.

– Que calafrio... Será que vai acontecer alguma coisa comigo?! Alguém está falando mal de mim!***

Yamapi, com quem Jin conversava no corredor, próximo à sala de ensaios, comentou:

– Cuide-se, Bakanishi. Você pega gripe demais.
– Não tenho culpado se sou tão popular. Inclusive entre os vírus! – e ele balançou as sobrancelhas, tirando vantagem.
– Baka, o que você está dizendo?  - Yamapi desceu a mão na cabeça do mais velho.  – Como pode dizer tantas asneiras?
– Mas é por isso que você me ama? Não é? – Jin sorriu e se jogou sobre o amigo, em um abraço sufocante.

    Pi sentiu dor e fez uma careta quando suas costas encontraram a parede.

    – Itteee... Saí de cima, Bakanishi!!

    O barulho de uma porta corrediça.

    – O ensaio vai recomeçar... Akanishi!

    Surpreendentemente, Yamapi notou que Jin parou de fazer força. Na verdade, ele parecia tenso e congelado sobre si. Pouco depois, ele se afastou com um grande impulso para trás e, então, Yamapi pode ver a razão de tudo aquilo. Parado com os braços cruzados, com a língua preenchendo sua bochecha, Kamenashi fuzilava Jin com o olhar.

    – Não é o que você está pensando! – Jin logo disse, mas parou e franziu a testa, dizendo em seguida: – Droga, agora eu pareci culpado! Kame, espera!

    Jin correu atrás do pequeno. Yamapi balançou a cabeça.

    – É desse jeito que eles esperam manter o namoro em segredo? – murmurou consigo mesmo, indignado.

    6

– O que o Tacchon quer? Será que pode ser ele o meu admirador secreto? Será que aquele desgraçado ousou se empolgar com a coreografia de Torn? Eu sabia que tinha sido péssima idéia ele ficar atrás de mim na coreografia... Nas próximas vezes, EU fico atrás dele. – Ryo parou e refletiu – Não! Eu não vou dançar com esse cretino NUNCA mais, me recuso, nunca, nunca, nunca mais!

Estacionou o carro na frente do prédio em que Okura morava, mas hesitou em descer.

– Devo ligar e desmarcar? – refletiu com o volante. – Não, não posso fugir desse jeito! Não posso ser covarde a esse ponto! Tenho que enfrentar e acabar com isso de uma vez! É isso! Você é um homem, Nishikido Ryo. Não se esqueça disso... Mas o Okura é quem deveria se lembrar disso, oras!! Farei esse se lembrar disso! – Ryo abriu a porta e estava com uma perna para fora quando algo lhe ocorreu –... Mas... E se ele quiser mesmo que eu seja um homem?! – voltou para o carro e fechou a porta. – Eu vou embora.

E, como se fosse um aviso, seu celular tocou. Era Okura.

– Então, Ryo? Vai subir o não vai? Faz cinco minutos que seu carro está parado na frente de casa.

Cretino.

– Estou subindo.
– Ótimo. Mal posso esperar.

Ryo ouviu o som seco do telefone sendo desligado. Encarou-se no retrovisor. Seu semblante era preocupado.

7

Ele exibiu um sorriso safado quando viu Ryo diante de si.

Porque tem que sorrir dessa forma?

Ryo entrou olhando desconfiado, mas Okura continuava sorrindo como se nada percebesse. O mais velho retirou seus tênis, acomodou-os na sapateira que ficava ao lado da porta e se dirgiu para o sofá. Antes que alcançasse o seu objetivo, sentiu as mãos de Okura em suas costas.

­– É um pouco diferente, mas acho que vai servir...

Os olhos de Ryo se alargaram quando as mãos de Okura começaram a percorrer suas costas e, depois, tatearem seu peito. Pulou agitado para a frente, escapando daquelas carícias.

– O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?

O sorriso de Okura não esmoreceu.

– Ryo-kun... Tire a sua blusa. Assim vai ficar melhor.
– Eh??? - ele engoliu em seco. Nunca pensei que o Tachon fosse tão direto!!
– Vamos, eu te ajudo! – ele se aproximou, com as mãos esticadas em direção aos botões da camisa de Ryo.

Ryo, com espanto, viu que seu amigo estava realmente tirando a sua roupa. O choque congelou seus movimentos e, por um momento, ele perdeu a voz. Olhava assustado para Okura, o qual, por sua vez, mantinha um sorriso de canto em seus lábios.



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Notas finais do capítulo

*Yarakashi: Fãs extremas que, segundo relatos na internet, já atacaram o Kamenashi em algumas ocasiões para “defender” Akanishi. Não sei até que ponto isso é verdade, mas já li traduções em que o Jin pedia para que as Yarakashi seguissem as regras dos fã-clubes.
** Kakkoi: Termo usado para designar um homem muito legal, atraente. Galã.
*** Alguém espirrar do nada é sinal de que alguém está falando dessa pessoa. Tipo a nossa “orelha vermelha”.



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