Eu Gosto de Você escrita por Kitty


Capítulo 2
Capítulo 2




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1

    Na segunda manhã após pedir ajuda de seus amigos, Ryo acordou mais cedo que o costume. Seu despertador ainda não havia tocado, mas ele estava com os olhos bem abertos, fitando o negrume do seu quarto. Do lado de fora, o Sol ainda não tinha amanhecido, por isso a luz natural não era forte o suficiente para clarear alguma coisa pelas brechas da janela. Ele, porém, nem ao menos prestou atenção para isso. Estava distraído, pensando em quem poderia ser a pessoa que estava apaixonada por ele.

    – Baka! Por que eu estou pensando tanto nisso afinal? O problema é dessa pessoa, é ela quem tem que estar preocupada com isso e não eu... Ah! Isso só pode ser coisa do Yoko! Descobri! É isso! Ele está tirando uma com a minha cara, aquele maldito!

    Aliviado com a conclusão que encontrou, Ryo se levantou e foi tomar banho. Tinha uma gravação no começo da manhã, precisava se arrumar.

    2

    Chegou nos estúdios com outro humor. Encontrou com Takki no camarim, eles teriam uma cena juntos naquele dia para o dorama Orthros no Inu. Cumprimentou o amigo, que logo lhe disse:

    – Tenho uma boa notícia. – disse, sorridente – Sei que dos Kanjani 8, apenas Okura teve o dia livre ontem, mas, mesmo assim, parece que ele esteve na agência verificando seus compromissos. E, no período das 11h às 15h, os outros estavam trabalhando ou na companhia de outras pessoas.

    Aquela era uma desagradável notícia. Não era um joguinho de Yokoyama, afinal de contas.

    – Eh? Como você descobriu isso tão rápido?
    – Liguei para o assessor de vocês. – ele respondeu de uma forma tranqüila demais.
    –... Eu poderia ter feito isso.
    – Sim, poderia. – Tackey se ajeitou no sofá e olhou sério para o amigo. – E, na verdade, para o prático Nishikido Ryo que eu conheço, essa teria sido a sua primeira reação.  Ryo me diga... O que está acontecendo de verdade?

    Sentiu-se nervoso. Aquela havia sido uma simples pergunta, mas, Ryo sentia-se como se estivesse sendo encostado contra a parede.
   
    – Eu só não pensei nisso! – virou-se de costas e colocou sua bolsa na mesa, tentando agir naturalmente. Ao mesmo tempo, fazia a mesma pergunta mentalmente. O que está acontecendo comigo? Por que me sinto tenso com este assunto?

    Embora não pudesse ver, sentia os olhos penetrantes de Tackey cravados em suas costas. Sabia que o senpai o analisava dos pés a cabeça. Qualquer movimento em falso poderia revelar ao mais velho que...

    O que?

    – Com licença. – um funcionário da equipe entrou timidamente – Takizawa-san, Nishikido-san, se estiverem prontos, podemos pedir à maquiagem que venham arrumá-los?
    – Sim, eu só vou me trocar. – respondeu Ryo com alguma pressa.

    Do sofá, Tackey apenas observou aquele rosto moreno mover seu maxilar de forma ansiosa. Riu de leve.

    3

    Jogou suas costas contra a parede do set de gravação. Estava em um corredor próximo ao camarim. Aproveitou que estavam filmando uma cena de Tackey com Asami e se refugiou ali, um canto que estava mais isolado. Abriu a garrafa de água e tomou um longo gole.

    Sozinho, aquele assunto voltou a incomodá-lo. Por que estava tão agitado sobre isso, afinal? Ele nem ao menos sabia quem era a pessoa. Além do mais, como havia pesando de manhã, o misterioso romântico é quem deveria estar se preparando para receber um fora e...

    Dar um fora em um de seus amigos. Sim, era isso o que o afligia. Não gostava da idéia de ter que perder a amizade com qualquer um dos suspeitos apenas porque ele estava confundindo o relacionamento entre eles.

    – Sim, é isso. – murmurou. Em seguida, riu mais alto – Só pode ser isso...

    E, então, rápido como um relâmpago, um pensamento.

    E se a pessoa for...

    O rosto de Nishikido endureceu e ele sentiu que sua boca havia ficado seca. Tomou mais água. Mordeu seu lábio. Notou vagamente que sua respiração estava um pouco mais rápida.

    – Eu darei um fora. Não importa quem seja. – tentou soar decidido.

    4

    No camarim do KAT-TUN, Koki olhou de soslaio para Jin, verificando que ele ainda o encarava com os olhos semicerrados. Tamborilou os dedos na mesa, tentando se controlar, mas não conseguiu. Colocou o seu melhor sorriso, fechou o mangá que lia, e se virou para no amigo.

    – Que foi, Jin?
    – Nada. Está nervoso, Koki? – ele perguntou com a voz irritantemente mansa e com um leve tom acusador.
    – Por que eu estaria?
    – Não sei, me diga você... Não tem feito nada obscuro, tem?
    – Do que você está falando?
    – Onde você estava entre às 11 da manhã e às 15 horas da tarde de ontem?
    – Ehhh? Por que eu tenho que responder isso?
    – Ahá, não quer responder! – Jin apontou o dedo acusadoramente no peito de Koki.
    – Paciência. Minha mãe sempre me disse para ser paciente. – Koki olhou para o céu e respirou fundo – Ok. Eu tirei fotos com o Kazuya para a Popolo da próxima edição. Depois eu fui até o pet shop para comprar ração e um brinquedo novo para a Sakura.
    – Tem como provar?
    – Eu estou com o recibo do pet shop! – disse, abrindo a carteira e jogando o papel para Jin. – Como vê, paguei com o cartão de crédito, logo, não pode ter sido outra pessoa, certo?
    – Você tem tudo bem pensado, hein, Koki? Um bom álibi!
    – Mas que diabos, Jin, o que você quer realmente saber?
    – Bem, até que horas você ficou lá no pet?
    – Acho que era 12h30... Fui comer com o Yokoyama em um restaurante italiano aqui perto, ele tinha uma entrevista logo depois... Ficamos lá menos de uma hora...
    – Um restaurante italiano?
    – Quer a nota do pagamento também?
    – Não, eu quero saber porque não me convidaram? – fez bico – Amo comida italiana!

    Os depoimentos batem. Takki disse que já eliminou o Yoko da lista e que ele teria dito mesmo que tinha ido comer com o Koki. E o Kazu confirma a sessão de fotos. Não pode ser o Koki! Ainda preciso verificar com o Maru, o Junno e o Ueda.

    Jin nem ao menos esperou uma resposta para a sua própria pergunta. Deu às costas sem se importar com a expressão confusa, e zangada, de Koki. O rapper, ficando para trás, apenas sacudiu a cabeça.

    – Esse cara está cada vez mais abusando da tequila...

    5

    Nakamaru, diante do espelho do vestiário, julgava-se que, se não era um dos Johnnys mais bonitos, também não era de se jogar fora. Tinha a sua beleza e tinha a sua qualidade. Quatro anos após o debut, o KAT-TUN estava em uma boa fase. Faziam sucesso, ele estava apresentando o Shounen Club com o Koyama. Em suma, sua vida profissional estava cada vez mais sólida. Em sua vida particular, também não tinha o que reclamar. Era uma boa pessoa, não estava envolvido com drogas, nunca roubou, matou, nunca deixou de pagar uma dívida sequer. Sua ficha criminal estava totalmente limpa. Sendo assim... O que justificava ele te que conhecer e agüentar Akanishi Jin? Por que recebia esse castigo?

    Jin levantou a sobrancelha quando Maru o olhou e em seguida viu o amigo olhar para cima, como se estivesse rezando. Segurou o riso.

    – E então, Maru, eu duvido que você consiga cantar a minha parte em Real Face!
– Por que duvida? Não tentei cantar durante a tour de Break the Records? Foi um desastre!
– Então eu duvido que você cante a parte do Kazu... Digo, do Kame!
– Então continue duvidando, eu não quero e não vou fazer isso, que droga, Jin! Me deixa em paz! Não tem mais ninguém para perturbar?
– Até tenho, mas você é mais engraçado!
–... Sincero, sincero demais. – semicerrou os olhos, encarando Jin – Você não tem trabalho para fazer?
– Tenho hora livre até depois do almoço!
– O que está fazendo aqui tão cedo, então, baka?
– Estava com saudades de você, Maru! – Jin abriu os braços, como se estivesse mostrando algo incrível ao amigo.
–... Eu realmente não mereço escutar isso.
– Vamos, Maru, faz tempo que eu não te vejo! Ontem, por exemplo, das 11h às 15h eu não te vi, o que você fez nesse horário?
– Por que  nesse horário em específico?!
– Ahá, não quer responder!!
 – Por que eu não responderia?

Jin vestiu novamente sua pose de investigador.

– Talvez, estivesse fazendo algo suspeito?

Jin se aproximou do rosto de Maru e ele, impaciente, bufou. Isso não afastou Bakanishi, pelo contrário, o fez se aproximar ainda mais para olhar atentamente a expressão do amigo.

– Responda, Maru... Se tiver corgem.
– Jin... Você andou vendo muitos filmes de uma só vez?? Você sempre fica mais retardado quando insiste em assistir filme o dia todo... – ele reclamou, mas sabia que só tinha um jeito de se ver livre de Jin, e era fazendo o que o amigo queria – Bem, deixa eu pensar... Gravei um CM na Torre de Tóquio às 10h30... Cheguei aqui na agência por volta de 13h e já saí com o Koyama para gravar o Shounen Club... A gravação durou até as 17h... Satisfeito?
– Tem como provar?
– Confirme com a portaria, se você duvida.

Jin o encarou novamente por mais alguns minutos.

– Não, eu acredito em você! – Jin exibiu um sorriso falso.
– Isso me comove. Obrigado. Pode me deixar em paz, agora?
– Claro, por que não pediu isso antes?

O olhar assassino de Maru fez Jin interromper as batidinhas no ombro dele e sair do vestiário o mais rápido possível.

6

Eu sei que você não tolera esse tipo de relacionamento. Somos homens. Não podemos nos apaixonar, é o que você deve estar pensando, né Ryo? Eu te conheço. Mas... Simplesmente... Não consigo mais esconder. Ainda que seja pelo anonimato, ainda que seja para que você nunca saiba quem sou eu... Ainda assim, acho que devo te dizer ao menos que existe alguém que gosta muito de você.

Aposto que torceu o nariz e achou isso extremamente brega, não foi? Imagino o seu rosto neste momento. Sei exatamente sua reação.

Não fique bravo comigo. Eu só... Gosto muito de você.

Era uma pessoa atrevida. Sim, era. O suficiente para julgar que o conhecia muito bem e até ousou afirmar qual seriam as suas reações e... Ryo bateu a porta do armário quando notou que estava com nariz torcido pelo reflexo do espelho que ele tinha pendurado na porta.

Irritante. Quem era essa pessoa irritante?

7

Quando chegou em casa, viu que tinha mensagens em sua secretaria eletrônica. As colocou para tocar. Tinha um recado de sua mãe, outra do assessor de imprensa do grupo Kanjani 8 avisando que os compromissos dele no grupo foram reagendados por conta do dorama que estava gravando e, finalmente, uma de Jin.

– Ryo! Já posso te assegurar com certeza de que no KAT-TUN, o Koki e o Maru não cometeram o crime! Sim, crime! Apaixonar-se por você é um crime que deveria ter pena de morte, é sério! Há, há, há... Não me olhe assim, é brincadeira! Enfim... Nisso, já eliminamos quatro suspeitos. Koki, Maru, eu e o... Kame. Espero que você não esteja mais cogitando ele. Não está, certo? Só para garantir... Você já deixou ele de lado, certo?

Ryo sacudiu a cabeça. Jin devia ter batido a cabeça quando nasceu, só podia.

– Em todo caso, ainda falarei com o Junno e com o Ueda. Don’t worry, vamos pegar o culpado. See ya... Bye bye!

Nesse caso... Só haviam oito suspeitos? Os cinco integrantes do News, mais Okura, Junno e Ueda.

Ueda.

Ryo estreitou os olhos. Em sua mente, lembrava-se do olhar sem expressão daquele rapaz.

Ficou sério.


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