“Gotham tornou-se uma cidade limpa, com os últimos chefões e mafiosos planejando fugir antes que sejam tirados de circulação. É nesse contexto que o Coringa retorna, colocando a perder praticamente tudo pelo que Batman lutou ao longo dos anos”.

Quase todo o terceiro capítulo, com o Coringa visitando um antigo colega da máfia, foi baseado no filme em desenho Batman: Máscara do Fantasma, de 1993. Rupert Thorne é um dos clássicos chefões do crime de Gotham nas HQs. Em Batman: A Série Animada, ele foi colocado como responsável pela transformação do promotor público Harvey Dent no vilão Duas-Caras, ao invés de outro mafioso, Sal Maroni. Numa das primeiras versões do roteiro do filme Batman, os pais de Bruce Wayne teriam sido assassinados por Joe Chill a mando de Thorne, que estava concorrendo para a prefeitura de Gotham contra Thomas Wayne.

No diálogo que ocorre é citado Carmine Falcone, outro manda-chuva do crime na cidade e que apareceu em Batman Begins.

O Coringa surge quando Thorne e seus capangas pretendem encerrar suas operações e abandonar Gotham antes que o Batman os pegue. O fato de Rupert ser morto pelo Coringa é de certa forma uma referência ao assassinato do chefão Carl Grissom também pelo palhaço no filme de 1989. Nele, o psicopata banhado pelos produtos químicos se apoderou de todo o império de Grissom depois de tirá-lo do caminho. Na fanfic, o Coringa retorna a Gotham sem nenhum recurso e mata Thorne para também obter homens e dinheiro com os quais poderá botar seus planos em ação.

A idéia da bala ácida veio através de dois conceitos: o primeiro é que o Coringa é um psicopata sem limites, muitas vezes aniquilando seus adversários da forma mais grotesca possível. O segundo: quase sempre a morte grotesca vem por meio de um objeto ou artefato aparentemente inofensivo, como uma carta de baralho ou um brinquedo. No caso, utilizei uma suposta bala de hortelã.

Com Thorne fora de cena, o Coringa pode iniciar sua ascensão de volta ao topo do cenário do crime em Gotham City, assim como no filme Batman.

A chegada de Bruce à Inglaterra mostra o começo de seu conflito psicológico com o que é um novo mundo para si, um lugar desconhecido que pode ou não lhe trazer a almejada felicidade. O carro dirigido pelo motorista Tommy, um Rolls Royce, é uma referência ao veículo que outrora era sempre guiado pelo mordomo Alfred, transportando o patrão Wayne aos locais que precisava ir.

Tommy diz que ouviu falar que o Batman voa e suga o sangue dos criminosos. Dois habituais mitos associados à figura do herói, devido à atmosfera de medo que ele provoca combatendo o crime.

A cena seguinte com o Coringa na frente de um computador, curiosamente escrita logo após uma exibição de Batman O Retorno pela Rede Globo em 11 de novembro de 2006, é uma recriação modernizada da cena de Batman em que ele está recortando fotos em seu esconderijo. A frase pronunciada pelo vilão quando vê uma foto da psiquiatra Harleen Quinzel, “Parem os servidores!”, é uma atualização do “Parem as prensas!” exclamado por ele no filme original ao contemplar pela primeira vez a imagem de Vicky Vale. E, assim como fizera com ela, o psicopata começa os preparativos para “fisgar seu peixe”, prometendo uma visita ao Arkham.

Logo depois vemos Bruce Wayne chegando finalmente ao Condado de Castlewood. Eu particularmente adoro escrever cenas tendo como cenário o pôr-do-sol, ainda mais quando possuem carga dramática. Mais incertezas do personagem e uma breve contextualização histórica do lugar. O capítulo termina com uma agradável descrição da mansão e seus arredores, a emocionante primeira aparição de Wilfred Pennyworth e um momento de inigualável reconforto para o protagonista.

Continua...