“O confronto derradeiro, intenso e sanguinário. Revelações, fúria, prantos. O melhor final que pude escrever para esta história com a qual tanto me apeguei”.

Batman segue preso ao helicóptero do Coringa pronto para a luta final entre os dois. Seu ímpeto quanto a dessa vez não haver reféns nem sobreviventes (está disposto a matar o Coringa) compõe mais uma referência a “O Cavaleiro das Trevas”. A diferença é que na HQ, no último momento, o justiceiro não tem coragem de assassinar o psicopata.

A aeronave pousa e Batman segue seu inimigo para dentro de uma fábrica abandonada, local que achei ser o cenário perfeito para o duelo. Pela descrição do ambiente, quis denotar que tudo ali remetia a abandono e desgaste.

Tem palco em seguida a cena mais comovente do conto, na minha opinião: Batman encontra o cadáver frio e pálido da noiva Elizabeth, esfaqueada quase cem vezes pelo Coringa. Mesmo sabendo que é inútil, Bruce tenta desesperadamente acordá-la, porém o vilão conseguiu arrancar de seu rival aquilo que lhe era mais precioso. Assimilando a realidade amarga como fel, o vigilante grita o nome da amada aos prantos, e depois berra pelo Coringa, chamando-o para a luta.

O diálogo que se segue é muito estimado por mim. Mesmo não sendo muito extenso, acredito que consegui transmitir bem o ódio mútuo entre os dois homens. Acusações, indignação, culminando na revelação máxima feita pelo Coringa...

Um flash-back mostra, para grande surpresa de Bruce, que Jack Napier tinha um motivo prévio para matar seus pais, ao invés de ser somente um ato de crueldade durante um assalto: décadas antes, o médico Thomas Wayne se recusou a atender a irmã de Jack, que estava prestes a perder um bebê, para ironicamente participar da festa de aniversário do pequeno Bruce, deixando o trabalho para seu assistente Foster que, inexperiente, infelizmente não pôde salvar mãe nem filho.

Durante meses Napier planejou sua vingança, aliando-se ao meliante Joe Chill (no filme de 1989, sempre enxerguei aquele outro bandido que acompanha Jack no flash-back como sendo Joe Chill, assassino dos pais de Bruce nos quadrinhos) para emboscar o casal Wayne num assalto minuciosamente planejado, na verdade um pretexto para Jack poder matar Thomas. Assim descrevi com detalhes o flash-back de Bruce em Batman, atentando até para o nome do cinema e do filme em exibição, além das falas e movimentos. Creio ter ficado bom, e com a revelação do verdadeiro motivo de Napier ter baleado Thomas e Martha, todo o trecho ganhou um novo contexto e significado. Espero ter evidenciado isso ao leitor.

Meu grande objetivo, com isso, foi jogar usando o conceito de “quem criou quem” lançado no filme de 1989. Para Bruce, Napier tinha primeiro criado o Batman quando matou seus pais e anos depois Batman criou o Coringa quando derrubou Napier nos produtos químicos. Mas então vem a informação de que o pai de Bruce negligenciou ajuda à irmã de Napier para não perder o aniversário do filho. Teria, assim, Bruce criado o Coringa em primeiro lugar?

De qualquer forma, Batman vê que esse ciclo destrutivo só vai terminar quando um dos dois morrer, e assim, depois de Coringa dizer que “a sanidade é apenas um véu que nos impede de enxergar o verdadeiro significado deste mundo: uma piada, uma piada de mau gosto!” (frase oriunda do “nick” de MSN de uma amiga minha), os dois adversários partem para a luta.

É um embate violento, mas procurei não me estender muito. Coringa ataca o Cavaleiro das Trevas usando um pé-de-cabra, mesma arma com a qual deu uma surra em Jason Todd, o segundo Robin, pouco antes de matá-lo nas HQs. Golpes intensos, Batman se fere muito, até que um forno industrial é aberto e é empurrado para dentro dele. Mas a alegria do vilão dura pouco: o oponente o puxa para dentro do inferno artificial usando um bat-rangue com corda. O órfão até poderia morrer, mas levaria seu nêmesis consigo.

E assim o corpo do Coringa é consumido pelas chamas diante de Bruce, a carcaça parecendo ainda sorrir, assim como em “O Cavaleiro das Trevas”. E o herói, que já perdera tudo, aparentemente também morre...

O pequeno epílogo da fanfic é narrado por Dick Grayson em seu diário. Gotham está de luto devido à morte de seu maior protetor. Os Jokerz finalmente se tornam os “Filhos do Batman”, seguindo o enredo de “O Cavaleiro das Trevas”, e um funeral é realizado com as pessoas mais próximas ao vigilante, também como na HQ (a diferença é que nela vem à tona que Bruce Wayne era o Batman, e a luta final é entre Batman e Superman, não Batman e Coringa, apesar de este último estar presente na história).

Minha intenção original para esta cena seria colocar o Superman, na minha concepção interpretado pelo inigualável Christopher Reeve, fazendo um discurso em honra ao falecido. Porém optei por algo mais discreto, combinando com o Batman.

Entre os indivíduos presentes junto ao túmulo estão a Mulher-Gato (que, conforme os fãs dos filmes devem se lembrar, sobreviveu ao final de Batman O Retorno), Oliver Queen, o Arqueiro-Verde (personagem de relevância em “O Cavaleiro das Trevas”), Victor Fries, antigo Sr. Frio (interpretado por Arnold Schwarzenegger em Batman & Robin), junto com sua recém-curada esposa Nora, além de alguns jornalistas, entre eles Chloe Sullivan, maior defensora do Batman.

O final do trecho é idêntico ao desfecho de “O Cavaleiro das Trevas”: Clark Kent, o Superman, usa sua visão de raios-x para constatar que na verdade o caixão está vazio, então dá uma piscadela para Robin (que na HQ em questão é a jovem Carrie Kelley, não Dick Grayson) e vai embora.

Os finais secretos trazem respostas para os mistérios pendentes do enredo...

Continua...