– Vou tocar a campainha – Ditou Lavi e apertou o botão, porém não obteve resposta. – Parece que não tem ninguém!

– E agora? Vamos embora e deixamos pra pegar a encomenda mais tarde?

– De jeito nenhum! Se eu fizer isso, o Panda vai dar um chilique! – disse Lavi rindo da ideia de seu avô dando mais um de seus chiliques. Foi até a porta e viu se ela estava aberta – Pronto, vem Allen, ela tá aberta.

Assim que entraram apertaram o interruptor que estava ao lado da porta ascendendo à luminária. A casa era bem arrumada, rinha uma mesinha no centro com um vaso que não continha flor alguma, somente areia, uma estante no cante ao lado da janela, uma cadeira logo ao lado e um tapete laranja estendido no chão

– Relôu! Tem alguém em casa? – ninguém respondeu – é não tem ninguém!

– Não é estranho? Os Lee saírem assim e deixarem a porta aberta? – Allen seguiu Lavi até a sala. Nesta continha uma mesa pouco maior e mais alta que a da entrada, um tapete redondo e vermelho, um sofá bege de dois lugares, escadas que ligavam o primeiro com o segundo e terceiro andar. Em cima da mesa se encontrava uma bandeja com vários sonhos – Hum! Tá cheirando bem!

– É a encomenda do vovô, então tira a mão Allen seu zoião – disse Lavi rindo e dando um tapinha na mão de Allen que já estava indo em direção aos deliciosos sonhos.

– Talvez os Lee estejam ocupados e não tenham nos ouvido chamar! - cogitou o menor.

– Vamos procurar, vai pra lá, que eu vou ver o segundo andar – deu as costas e subiu as escadas, Tim foi atrás dele.

– Esta casa me dá arrepios! É tudo velho e escuro –começou a andar pela sala distraidamente – parece até um daqueles filmes onde a pessoa sozinha na casa em que está o monstro – parou um pouco e olhou ao redor – Ai, meu Deus! Pra que eu fui me separar do Lavi?

NHEC!*

–Que foi isso? – congelou na hora – veio lá de cima! Porque casa mal assombrada sempre tem mais de um andar? – voltou a andar em direção do sofá – se a pessoa morasse em um quarto e sala, ia ser fácil achar o monstro! – se escondeu atrás do sofá – por outro lado, seria mais fácil pro monstro achar a gente também! – sentou no chão e escorou as costas no sofá – vou ficar aqui até o Lavi aparecer!

CREC CREC CREC**

– Tá descendo as escadas! – agarrou as pernas e afundou a cabeça nos joelhos – Tá se aproximando!! É o meu fim!! Nem tocaram aquela musiquinha sinistra pra me prevenir. Lavi queria ter dito o que eu sint...

– Allen?

– AAAAHH!!! – Allen levanta a cabeça e da de cara com um Lavi sorridente olhando pra ele.

– O que você tá fazendo ai? Não era pra você estar procurando os Lee?

– Eu... Eu... – não podia dizer que estava com medo, precisava de uma desculpa – Eu vim ver se eles tava aqui atrás! – Allen levanta todo corado – É não tá mesmo!

– O que eles estariam fazendo atrás da poltrona? – perguntou Lavi erguendo uma de suas sobrancelhas.

– Ué! Sei lá! Eu conheço muita gente que gosta de ficar atrás das cadeiras! – pegou o Tim com as mãos – Olha o Tim por exemplo...

– Sei Allen – Lavi passou seu braço direito em volta do albino enquanto gargalhava. – e o que você estava dizendo? Se não estou enganado você disse o meu nome...

Eles estavam próximos, próximos demais. Tinha que pensar em algo e rápido. Ou ele falava tudo o que sentia pro ruivo, e esperava a rejeição?

– Eu... -Allen ficou mais corado – Eu.. Eu estava dizendo que... Que...

– Que? – disse Lavi, incentivando o outro a continuar.

–Que... EuDisseQueEuTinhaQueTeFalarQueEuPegueiOSeuCDPreferidoEEscondi! – Disse o albino muito rápido fazendo o ruivo entender apenas: Eu... Disse. CD... Escondi.

–Oh, era só isso – soltou o albino meio sem jeito, mas nunca tirando o sorriso do rosto – Não tem problema. Vem vamos olhar na cozinha.

"Uffa. Havia escapado de mais uma!" Pensou Allen.

– Ótimo! Meu cômodo preferido! Cozinhas raramente são mal assombradas - O mais jovem já estava ficando animado novamente.

– Lá em cima não tem nem sinal deles.

Entraram na cozinha onde se encontravam dois armários, um fogão com algumas panelas em cima, um forno microondas, uma mesa e uma geladeira na qual havia vários papeis de anotações colocados.

– Não tem ninguém aqui, que estranho!

– Lavi, veja isso. A geladeira está cheia de bilhetes.

– Pode ser uma pista o que você acha Allen? – Dizia Lavi enquanto pegava alguns dos bilhetes para ler.

– Eu achei esses cajuzinhos! Estão uma delicia – Disse enquanto comia alguns dos cajuzinhos que se encontravam em cima da mesa.

O ruivo olhou para ele e não pode evitar sorrir, ele estava uma graça com a boca cheia e corado pela ação – Allen – disse enquanto se aproximava do menor fazendo com que ele engolisse tudo o que estava na boca. Aproximou-se dele cada vez mais, passou a mão direita na cintura de Allen e a esquerda segurou em queixo fazendo com que ele levantasse a cabeça em sua direção e consequentemente demonstrando o quão corado estava. Lavi aproximou-se da boca do albino e passou a língua no canto – tinha uma pouco de cajuzinho aqui! – disse enquanto se separava do menor, como se aquilo que tivesse feito fosse a coisa mais comum do mundo.

Walker o olhou e sentiu seu rosto quente, sabia que estava super corado, e ficou mais ainda quando viu Lavi passar a língua pelos lábios.

– Veja isso Allen – O ruivo voltou a olhar para os papeis de anotações que ainda se encontravam em suas mãos – “Afiar as Facas”, “ Fazer pagamento”, “Enviar as provas”, “Últimos suspiros”, “Entrada de frios”

– Nossa isso é assustador! – Allen tentava não pensar no que acabará de ocorrer, foi um gesto de amigo, certo? Começou a olhar para os lados atrás do Tim que estava andando pela cozinha distraidamente, sem dar atenção para nada ao seu redor.

– Você achou? – Lavi olhou de soslaio para Allen e viu que o pequeno ainda estava corado, o ruivo não conteve um sorriso no rosto – veja esse então: “Fazer picadinho dos Lee”. Que horror!

– Parece uma ameaça – Allen perderá a vergonha e se aproximava mais do ruivo.

– Alguém sumiu com eles, e vai fazer picadinho com os dois!

– Eu sabia que essa historia estava tenebrosa!