A Lobisomem escrita por maribocorny


Capítulo 6
A Larereira da Grifinória


Notas iniciais do capítulo

O número de reviews está sendo tão estrondoso que... bem, a vontade de escrever está igual a eles. :(

Eu sei que algumas pessoas leem isso aqui. Custa comentar? Como diz o banner do próprio Nyah!, para cada review que você não deixa, um autor morre.

Deixe um review nem que seja para dizer que eu escrevi "mafaguifa" errado... :(



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/108832/chapter/6

Passei o resto do mês com aquela sacolinha de couro na minha mochila, sentindo como se ela pesasse uma tonelada. Não contei a ninguém o que tinha acontecido, a conversa com o professor Longbottom nem as minhas suspeitas contra o professor Lara. Nem Agatha parecia se importar, e eu não estava com vontade de voltar a ser o centro das atenções.

Desde o ataque, todos tentavam agir normalmente, mas me tratavam como se eu fosse uma bonequinha de porcelana. Agora, em Hogwarts, as coisas pareciam ter voltado aos eixos e, por um ou outro instante, eu poderia esquecer que era uma lobisomem. Bem, não exatamente. Mas se os meus amigos não ficassem me lembrando o tempo inteiro disso, eu sentia que o peso era mais leve.

- Liz! – Agatha me chamou, aparentemente pela segunda ou terceira vez. – Nossa, onde é que você está com a cabeça?

Minha cabeça estava, literalmente, na lua. Era o último dia da lua crescente e, seguindo as instruções do professor Longbottom, eu deveria entrar na lareira naquela noite.

- Desculpa. – Eu dei de ombros. – Divaguei.

- Eu percebi... – Agatha ergueu uma sobrancelha.

Eu estava nervosa. Sabia o que eu iria enfrentar, não seria a minha primeira transformação. Meu nervosismo estava mais relacionado às palavras do professor Longbottom. Hogwarts não era mais segura.

- O que... – Agatha olhou para os lados, para ter certeza que ninguém estava ouvindo. – O que você vai fazer amanhã?

Olhei para o mostrador do meu relógio, triste. Agatha não tinha comentado nada mais sobre a minha ‘condição’ nas últimas semanas. Eu esperava que ela tivesse esquecido, mas, aparentemente, ela estava apenas sendo gentil em não tocar no assunto.

- Já tem um plano. – Eu falei, escolhendo bem as palavras.

- E...? – Ela sussurrou, impaciente.

- Ah. – Eu suspirei. – Só digamos que eu não vou aparecer nas próximas aula dessa semana.

Agatha cruzou os braços e se jogou para trás, quicando no sofá.

- Por que você tem que ser tão sigilosa? – Ela resmungou. – Qual é!

- Droga, Aggy. – Eu praguejei e me sentei mais perto dela. – Eu odeio quando você usas os seus truques Jedi para me fazer falar.

- O que diabo é um Jedi?

Suspirei mais uma vez, decepcionada com a minha amiga de passado 100% bruxo. Acabei, então, contando tudo para ela. Menos a parte do Anakin Skywaler, que ela não se interessou.

Agatha desistiu de me acompanhar acordada. Ela disse que eu não precisava ir para as aulas amanhã, mas ela tinha um dia cheio de DCAT e Feitiços pela frente. Fiquei sozinha no Salão Comunal.

Em termos.

Nunca parei para analisar como o Salão Comunal da Grifinória era movimentado. Até as duas horas da manhã, ele estava relativamente cheio. Lá pelas quatro, apenas eu, Victorie Weasley e Teddy Lupin estávamos lá. Eu fingia ler um livro qualquer, mas minha perna ficava batendo impacientemente.

Por cima do meu livro, eu pude ver que Teddy sussurrou alguma coisa para Victorie e ela riu, esganiçada. Fiquei pensando se eu ria assim quando falava com o Kevin, e pedi a Merlin que a resposta fosse “não”. Victorie subiu, logo depois, para o dormitório. Lupin e eu ficamos lá, cada um em um canto da sala, esperando o outro ir embora.

De tempos em tempos, eu precisava lembrar de folhear o meu livro. Estava tonta de sono e não via nenhum sinal de desistência no garoto. Senti meu estômago se apertar. E se eu não conseguisse usar a passagem? Se eu não conseguisse chegar ao St. Mungus ou algum outro lugar seguro antes da próxima noite? Olhei para as minhas unhas, cobertas por um esmalte qualquer, e imaginei (enquanto tentava não imaginar) o que aconteceria se eu me transformasse na escola.

Conforme o tempo foi passando, eu fiquei mais e mais ansiosa. Olhava para Teddy de tempos em tempos, querendo intimidá-lo a ir embora, mas ele não ia.

- É sério que você não vai falar nada? – Senti uma mistura de susto e alívio quando Teddy disse isso.

- Falar o quê? – Eu perguntei, mais por reflexo que por curiosidade.

Teddy fechou o livro que estava com ele e sacudiu a cabeça, talvez para espantar o sono.

- Nada. – Ele disse, mas eu pude ver um sorrisinho se formar nos lábios dele. – Eu deveria ter imaginado que você era do tipo loba solitária.

Loba solitária. Essas palavras ecoaram na minha cabeça pela eternidade de alguns segundos. Senti como se uma garra gelada estivesse apertando o meu estômago. A sensação só piorou quando eu pensei que logo, logo eu também teria garras.

O pânico tomou conta de mim, enquanto Teddy se dirigia lentamente a escada que dava para os dormitórios masculinos. Com uma injeção de adrenalina no sangue, eu senti meu coração bater mais rápido e minhas palmas suarem, derrubando o livro que eu fingia ler em cima de uma almofada macia.

- O que você disse? – Eu perguntei, mas devo ter gaguejado.

- Você me ouviu. – Ele respondeu depressa.

Não consegui mais fingir calma. Um calafrio passou pelo meu corpo e eu comecei a respirar pesado.

- Como? – Eu não tenho certeza se eu consegui emitir algum som, mas lembro de mover a minha boca.

Eu não precisava de resposta, tinha a cena gravada na memória. A família Weasley realmente estava no St. Mungos naquele dia, então. Aquilo significava, então, que não apenas Teddy sabia (além dos meus amigos, médicos e alguns professores, claro). Victorie e todos os outros Weasley, provavelmente os Potter também. Senti uma ânsia de vômito e precisei me sentar.

- Ei. – Teddy falou, chegando perto de mim. Não via mais o sorrisinho macabro, e passei a duvidar que o tivesse visto alguma vez. Ele parecia genuinamente preocupado. – Eu sei que não é a mesma coisa, mas... Bem, eu fiquei aqui até tão tarde porque pensei que você talvez fosse querer, sei lá, conversar.

Posso até ser taxada de temperamental, ou seja lá o que for. Mas, quando Teddy disse isso, eu senti todo o meu terror se transformar em raiva. Resumindo em poucas palavras, quem ele pensava que era?

- Por quê? – Eu perguntei, tentando parecer calma de novo, mas já estava tremendo.

- Eu... – Teddy pareceu perder o equilíbrio. Eu não estava reagindo como ele queria, pude ver. – Eu estava só tentando ajudar.

- Você realmente pensa que nós éramos tão diferentes assim? – Eu disse, enquanto me levantava. Quando penso nessa cena, acho que agi de forma muito teatral. Ele não tinha como saber do que eu estava falando, mas eu também não estava raciocinando direito. Acho que eu me senti ameaçada demais e pensei que precisava me proteger. – E por que acha que os seus conselhos me seriam úteis?

- Eu só pensei que... – Ele tentou falar, mas engasgou e pigarreou. Eu conseguia ver o arrependimento puro nos olhos dele, que desviavam os meus, mas eu não dei a mínima. Peguei o saquinho de couro que estava na minha mochila e o abri. Teddy já sabia de tudo, usar o portal na frente dele não causaria nenhum dano.

- Você não tem a mínima idéia. – Eu falei, com lágrimas nos olhos. – Não sabe como é. Não...

- Ei, ei. – Ele disse, erguendo as mãos. – Eu não fiz nada para você ficar assim...

- Você... – Eu recomecei, apontando acusadoramente o meu indicador para ele. Do medo ao pânico, do pânico à raiva, da raiva ao choro e do choro à raiva novamente. É, pode-se dizer que eu estava temperamental demais.

- Eu o quê? – Ele disse, agora calmo, em completa oposição a mim. – Hein? Responde, então. O que foi que eu fiz?

Foi a minha vez de perder o equilíbrio. Eu queria gritar, mas não podia acordar os outros alunos. Só pude emitir um grito sufocado, baixo e entre os dentes. Ainda tremendo de raiva, eu abri o saquinho de pó-de-flu. Meu plano era fazer uma saída triunfal, deixando Teddy Lupin perplexo e arrependido.

- Você é tão egocêntrico. – Foi a minha resposta brilhante. Joguei o conteúdo do saquinho na lareira, e as chamas vibraram e se tornaram cor de esmeralda. Disse o endereço que precisava dizer e mergulhei lá dentro, me sentindo vitoriosa. Antes de o mundo começar a rodar ao meu redor, eu pude ver Teddy balançando a cabeça, nitidamente frustrado.

- Cresça. – Ele disse, e eu desapareci.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho que eu estou criando o hábito de terminar os capítulos com falas. Vou tentar corrigir isso [self-critic mode OFF].
Bem... Tentem lembrar que a Liz tem apenas 13 anos, mal é adolescente, apesar de tudo. Talvez eu esteja exagerando nesse lado sombrio e pessimista dela, mas... é como ela é. Até agora.
Não pude resistir a fazer uma referência a Star Wars, descuulpa. xD Se ficou muito exagerado, avisem que eu tiro.
No fim, esse capítulo saiu menor que a média. Ah. Grande coisa, acontece.
Continuo esperando por reviews.