Família, Amigos e Missões escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 9
Capítulo 9. Missão possível




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Capítulo 9 Missão possível

  Os caçadores aguardavam, com imensa expectativa, que Samael lhes relatasse o que estava acontecendo, o que o desesperava tanto. O incômodo silêncio, entretanto, denunciava quão difícil seria tocar no assunto. Ele se concentrou, respirou fundo por diversas vezes, mas não conseguia articular uma palavra sequer. Tendo em mente, porém, que aqueles eram os amigos que fizera após tomar consciência dos trágicos erros cometidos – inclusive com Castiel –, o anjo começou a falar, com o ar lânguido que o caracterizava:

– Dormir, para mim, tem sido a coisa mais terrível do mundo. Somente o faço quando meu corpo físico, que consegui depois de readquirir minha graça, se sente exaurido pelas batalhas, ou pelo simples desgaste do dia-a-dia. Só que eu não quero me deitar; as visões não são nada agradáveis.

  – Você tem sonhos tão reais assim? – perguntou Dean, curioso. – De que tipo, por exemplo?

– Já vai saber, rapaz, se acalme. Por isso resolvi seguir outro caminho, enquanto vocês procuravam por Baltazar. Quem sabe, se eu estivesse longe de vocês, eu conseguisse suportar tudo... E de outra forma... Não é?

– Mas não foi o que aconteceu – o jovem Campbell não o questionava; dizia aquilo com 100% de certeza, devido às frases do ex-rebelde.

– Exatamente, não foi – o tom era de lamento. – Eu conto com vocês, e acho que vou precisar. Sonho com Castiel... Com ele no abismo – finalmente falou, parte de um peso indecifrável lhe saltou pela garganta.

– Pode contar com a gente sim – os Winchester’s responderam juntos, enquanto que Adrian fazia um aceno positivo com a mão, o que indicava que cooperaria no que pudesse. – Vamos ajudar no que for possível – completou Sam.

– Como é que você sabe que o pesadelo é real? Pode ser uma projeção da sua mente, não acha? – perguntou Dean.

  – Eu sei que não é irreal – a afirmação soou estranha. Então ele teve de lhes explicar o porquê.

Contou todos os detalhes que omitira acerca da visita de Kasbeel ao quarto no qual dormira, quando ainda se encontravam na residência de Robert Singer. Relatou-lhes a respeito das várias ameaças, de toda tensão que tem sido comum nos freqüentes enfrentamentos entre os dois anjos.

  Os Winchester’s e Adrian se entreolharam. Não entendiam como um ser tão poderoso como Lúcifer não liquidava o cruel irmão de Castiel de uma vez por todas. Foi então que o Winchester mais novo colocou tal questão ao ser alado que, ao perceber que se tratava de uma dúvida dos três, riu baixinho, mais para si do que para os companheiros.

  – Se eu tivesse como, não o treinaria, garoto – apontou para Sam. – É claro que tenho como matá-lo, bem como você, ou como seu irmão. A diferença é que Dean precisa de uma adaga angelical para concretizar o ato. Mas se a tiver, tem tantas chances quanto nós. Eu e você, Sammy, temos poderes especiais, e Adrian não fica longe disso. Um sujeito que tem a capacidade de trazer alguém do buraco, através de uma inscrição angelical, não é qualquer um; Campbell tem fortes motivos para ter tal relevância nisso tudo. Eu poderia ter acabado com Kasbeel antes de Cass pular na jaula, só que a situação era complexa. Miguel se aproximava da saída, se vocês dois se lembram bem – os irmãos assentiram, com um movimento de cabeça. – Pois bem, apavorado com a possibilidade de ver o Arcanjo por aqui, Cass me empurrou, e o resto vocês já sabem. Infelizmente eu não pude aniquilar o irmão de Cass com vocês ali.

  – Por quê? Nós sabemos nos defender cara, não precisa se preocupar... A gente se vira.

  – Não é isso Dean, é que o choque de poderes numa luta entre anjos pode ser violento para o planeta inteiro – comentou Sam.

– Exatamente. Eu temi que vocês, que Bobby e que Lilith fossem mortos naquela loucura toda. E, além disso, tem uma coisa fundamental... Os humanos... – engoliu em seco, incapaz de completar o raciocínio.

– Eu não entendo... O que tem os humanos a ver com essa história? – quis saber o loiro, interessado na fala do outro. Geralmente o Winchester mais velho fazia piadas, ou alguma gracinha para deixar o ambiente menos pesado, mas a situação era tensa demais.

  – Bem... Como direi... Muitas pessoas vão morrer. Não tantas quantas iriam pelos ares se a luta fosse entre Miguel e eu, claro. Mas haverá inúmeras mortes.

– E você está preocupado, obviamente? – perguntou o jovem Campbell, ao que Samael acenou positivamente.

  – Eu já fui o responsável por tanta coisa ruim... Não quero prejudicar mais ninguém – o ex-rebelde se recostou na cama e respirou fundo. – Estou cansado... Exausto, pra falar a verdade. O que quero é a minha vida de volta – os caçadores compreenderam, de imediato, que ele se referia a Castiel.

  Sam, o mais indicado para lhe transmitir palavras de conforto, se aproximou devagar, enquanto que Dean saía do quarto, acompanhado por Campbell. Os caçadores iam à lanchonete do motel para buscarem um café e para deixá-los à vontade.

– Ei, nós vamos trazê-lo de volta, você sabe disso sentou ao lado do outro e encostou a mão em seu ombro.

  – É, eu sei. Não vejo a hora de dar meu sangue por uma causa tão nobre – o Winchester mais novo arregalou os olhos em espanto.

– Só um minuto... Eu acho que não entendi direito... Você terá de fazer o quê? – o rapaz não conseguia repetir a frase.

  – Terei de dar o meu sangue para retirá-lo de lá. Adrian necessita de mim... A jaula tem que ser aberta assim.

  – Mas eu não sabia que era dessa forma – comentou. – Não tem outro jeito? – o anjo balançou a cabeça para os lados em um gesto negativo. – E se tentarmos falar com Deus?

  – O Pai não ta nem aí – respondeu, indiferente. – Se Ele quisesse salvar Cass, já o teria feito.

  – Mas e o Arcanjo... Não é um bom filho? Por que ele continua lá? – Samael riu.

  – Até é, só que acho que o comportamento de Miguel desagradou o Todo-Poderoso – o tom era sarcástico ao se referir a Deus. – Não há outro modo, Sammy. E eu não quero que haja.

  – E por que não? E se Cass sentir falta de você, como tudo ficará? Já pensou que esse procedimento poderá levar você à morte?

  – Claro que pensei. Só que eu não vou deixá-lo lá com aquele desgraçado – concluiu.

Vencido pelos argumentos do ex-rebelde, o Winchester mais novo não teve escolha: teve de concordar com o que lhe era dito. Não que a sua opinião fizesse muita diferença, porém ele acreditava que era importante para o anjo, que pareceu ler suas reflexões e o abraçou, segurando-o pelos ombros.

– Você vai estar comigo lá. Preciso que esteja, pra me dar forças e pra cuidar de tudo – suspirou. – E gostaria que ficasse atento; Miguel não pode abandonar o buraco. Ele vai querer vingança se conseguir sair. Isso seria péssimo.

  – Ta, pode deixar. Vamos fazer tudo que conseguirmos pra impedi-lo de vir à superfície.

  – Você tem idéia do que precisará fazer para contê-lo, não é? – Lúcifer o olhou triste.

  – Beber sangue demoníaco – o outro acenou positivamente para Sam. – Ok, onde está o problema?

  – Você tem que conversar com o Dean. Eu preciso de que o Arcanjo seja controlado lá dentro, e recomendo que fique atento; quando eu fizer um sinal a você, encurrale-o batendo em seu ponto fraco – ele apontou o ombro esquerdo do caçador.

  – Eu não sabia que anjos têm pontos fracos, o que significa que há uma saída!

  – Sim – sorriu. – Mas não erre, ok? – o rapaz assentiu. – E fale com seu irmão. Sem isso nada feito.

  – Ta certo. Vou procurá-lo agora mesmo. Até porque, amanhã é noite de lua crescente – comentou, enquanto ia em direção à porta. – Permaneça aqui. Não vou demorar.

– Certo Sammy – disse, antes de ouvi-la bater. As chances de retirar Castiel do abismo passavam por suas veias, estavam em suas mãos, dependiam do seu esforço.

Lúcifer deu um leve soco no próprio braço, como a indicar que tinha coragem e sangue forte, que seria capaz de, com o auxílio dos garotos, resolverem uma boa parte do problema.

  – Ao menos Deus me deu algo de bom para usar – riu consigo da brincadeira que murmurara a respeito do que lhe corria nas veias.

(... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ....).

  Na lanchonete, o Winchester mais velho conversava com o novo integrante da pequena família. Ouvia, contente, os feitos do jovem caçador à sua frente. Porque por mais que soubesse que não era um tipo de vida adequado, o loiro ficava orgulhoso em ter alguém além de Sam consigo nessa luta contínua. E Adrian era considerado parte disso.

  – Ei, posso interromper vocês? perguntou o mais novo, aproximando-se dos rapazes.

  – Ora Sammy, achei que fosse demorar mais, que decepção! – Dean lhe lançou um olhar malicioso.

– Para com isso cara, o assunto é sério agora – falou, enquanto sentava em uma cadeira.

  – Ta, o que foi? – os dois tinham os olhos nele, que estava nervoso. Parecia querer relatar algo, mas não sabia por onde começar.

– Eu tenho duas coisas pra contar pra você, irmão. Uma eu já fiz, a outra, vou ter que fazer.

  – Fale logo! Desse jeito vou ficar preocupado! – exclamou, curioso e impaciente para escutá-lo.

  – Lembra-se de que Lilith não se sentia bem, não é? – o mais velho assentiu. – Pois bem, tive de auxiliá-la com o meu sangue – Dean o olhou atônito.

  O mais novo se recostou na cadeira; esperou um comentário desaprovador, era o que ouvia quando tomava decisões equivocadas, quando agia de maneira impulsiva. Dessa vez, porém, o irmão o surpreendeu:

– Hum... Então houve uma inversão de papéis, é? – brincou. – Porque antes eram os demônios que davam combustível a você.

  – É – disse, após rir do comentário. A risada era de alívio por não ter escutado uma bronca. – Mas essa coisa de inverter os papéis com relação à Lilith não é bem comigo – apontou para Campbell, que se mantinha quieto.

  Adrian deu um leve soco no braço do Winchester mais jovem, o que provocou risos entre os irmãos. Eles olhavam para o caçador mais novo, que sustentava a expressão constrangida.

  – Relaxe cara, ninguém vai recriminar você por ter algo com ela, até porque a garota é uma gata – falou Dean. – Bem, mas você disse... Duas coisas. Essa já fez; e a que fará, qual é, Sammy?

– Precisarei beber sangue demoníaco novamente – dessa vez o irmão não pôde conter o olhar reprovador dos tempos antigos. – Mas me deixe explicar o por quê antes, ta? Depois você grita comigo se quiser – o outro assentiu.

Sam lhe contou o longo diálogo que tivera com Lúcifer – relatou todo plano que eles elaboraram, ainda que previamente. Enquanto ouvia o mais novo com o máximo de paciência que conseguia, Dean mudava a expressão facial; evidenciava, assim, que ficava menos tenso, para o alívio de Campbell e de Sam.

  – Isso é tão arriscado... Só que o problema é que não tem outro modo de solucionar essa merda toda, não é? – comentou, depois que o moreno se calou. Os dois assentiram. – Então que seja, vamos trabalhar juntos – completou.

– Mas temos que contar com dificuldades a vista – ponderou Adrian. – Nem tudo é tão fácil quanto parece.

– Como quais dificuldades, por exemplo? – quis saber o loiro. – Kasbeel? Desse nós já cansamos...

  – Não somente, falo de Sammuel – interrompeu-o. Por algum motivo ele voltou – explicou. – E acho que é pra me matar.

– Nossa, a família Campbell tinha um relacionamento tão amigável assim? – o loiro foi sarcástico.

  – Dean! – exclamou Sam, chamando a atenção do irmão. – Não é hora pra isso, caramba!

– É, eu sei, me desculpe, Adrian. Pode continuar – disse, após beber um gole de café.

– O avô de vocês me olhou de um jeito estranho no salão em que nós buscamos Lúcifer... Eu acho que ele foi tirado do purgatório pelo irmão de Castiel pra me matar.

– Afinal de contas, se anjos podem retirar almas de lá, por que Kasbeel quer dominar o lugar? – perguntou o mais novo.

  – Porque os seres angelicais só podem tirar uma criatura por vez de lá. E não lhes é permitido interferir, nem sequer ajudar os que foram parar no purgatório por engano.

  – Entendemos – falaram os Winchester’s. – Então vamos tentar pegar o nosso vovô, ver o que ele tem pra contar – sugeriu o loiro.

– Não, deixe que ele venha até nós, vamos seguir com o plano de tirar Cass do buraco – argumentou Sam. – Kasbeel não vai aparecer, se o fizer eu o empurro pra dentro da jaula também.

– Brilhante idéia Sammy, assim você fica preso e não sai daquela bosta nunca mais – o mais velho dos Winchester’s foi irônico.

  – Confie em mim, eu sei o que vou fazer. O que precisamos é ajudar o Cass o quanto antes – reiterou.

Os dois homens observaram a expressão tranqüila do Winchester mais novo. Ambos achavam interessante vê-lo forte para contribuir, o que lhes trazia maior ânimo para aceitarem a missão.

Depois de acenarem de maneira positiva para Sam, os três resolveram subir ao quarto, já que Samael estava sozinho lá. Quando entraram, o encontraram dormindo.

  – Olha só que beleza, nós não podemos deixar o anjinho sozinho que ele resolve tirar uma soneca – brincou Dean.

  – Mas não deve ser algo bom pra ele – comentou o irmão, ao que o loiro assentiu.

– É mesmo Sammy, como será que deve ser ver o Cass em apuros e não poder fazer nada?

– Não sei Dean, só sei que ele gosta bastante do Cass, a relação deles foi cortada; então deve doer muito.

– Eu posso ajudá-lo a acordar e, de quebra, contarei a vocês como Castiel está – disse Campbell.

Os Winchester’s o olharam curiosos, o que o fez buscar, na mochila que trazia consigo, um óleo sagrado. Derramou um pouco na mão direita e, devagar, passou na testa do anjo.

– Farei uma espécie de hipnose pra puxá-lo de volta para cá – explicou. – Mas antes eu serei um transmissor, se vocês quiserem; relatarei o que ocorre lá dentro... O que me dizem?

– Não vamos deixar Lúcifer sentir essa dor sozinho. Vamos compartilhar com ele... – falou Dean. – Aceitamos – responderam os irmãos.

Adrian iniciou, então, um curto ritual em latim, para conectar a energia do ex-rebelde à sua. Depois, fechou os olhos e começou a meditar. O rapaz contaria ao loiro e a Sam tudo que acontecia no abismo flamejante.


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