Família, Amigos e Missões escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 8
Capítulo 8. Os Winchester's chegam na hora certa




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  Capítulo 8 – Os Winchester’s chegam na hora certa

  O fogo, a solidão, a escuridão, o perigo. Castiel sentia tudo com visível desespero. Afastado do Arcanjo, sentado em um canto, rezava para Deus. Concentrado na oração, sequer percebeu que o comandante do exército celestial se aproximava cautelosamente. Ele parou ao lado do anjo e o observou de maneira sarcástica. Tentava analisar as feições do moreno; buscava descobrir qual era o plano traçado para abandonar a jaula.

  – É inacreditável... Você resolveu apelar para o Pai? Logo para quem, hein? desdenhou, ao ler a mente do outro. Fez uma pausa para rir e prosseguiu: – Acha mesmo que Ele vai atender alguém que foi expulso do Paraíso? Alguém como...

  – Saia da minha frente, desgraçado – respondeu, o tom rude e amargurado. – Eu não tenho de justificar nada a você... – enfurecido, o Arcanjo deu um soco no soldado.

  – Tem toda razão. Mas tem que me respeitar, porque, afinal de contas, ainda pertence às hostes angelicais. Portanto, pense bem antes de falar qualquer idiotice...

  – Ei, vá para o inferno! – gritou. – E me deixe quieto aqui! – sem escolha, Miguel lhe deu às costas. Não objetivava discutir mais com o ser celeste, já que queria fugir do obscuro local. Para tanto, se quisesse ganhar a liberdade, precisaria se esforçar para cativá-lo.

  Claro que bater no anjo não era um bom começo, e admitia isso para si. Ele, porém, não tinha sido agressivo ao extremo. Geralmente, em uma situação de áspero diálogo como essa, iniciaria um duelo ali mesmo. No entanto, o líder do exército dos Arautos do Senhor não tornaria a apelar para a violência. Ao menos não dessa vez; projetara, contudo, eliminar os que insistissem em ir contra as suas determinações, caso conseguisse voltar ao Céu.

  Castiel, por outro lado, procurava se concentrar na tarefa que fazia antes: rezar. Entretanto se tornava impossível atingir um nível aceitável de preparo mental para a oração. Foi então que, de maneira surpreendente, focou os pensamentos em Lúcifer. Imaginou, por breves instantes, o ex-rebelde, sua fisionomia bela e profunda. Suspirou. No fundo, o ser de extrema fé sabia por quais motivos não obtinha a concentração necessária; só lhe era insuportável refletir acerca do tema com um inimigo no mesmo espaço físico que ele.

  – Deus me tem como um desertor... Essa é a realidade... Dura e cruel. Desde o momento no qual decidi ir ao planeta Terra com meu amado irmão, eu fui considerado perigoso. Se eles limparam a minha memória, o fizeram porque precisavam dos meus serviços, da minha dedicação irrestrita às ordens que me atribuíam – lançou um rancoroso olhar ao poderoso Arcanjo. – E agora... O que devo fazer aqui, sozinho... O QUE DIABOS TENHO QUE FAZER! – gritou, a plenos pulmões.

  O desespero estampado no rosto do anjo era comovedor. Os olhos, de um azul intenso, transmitiam toda a agonia que o dominava por completo. Castiel caminhava de um lado para o outro dentro da jaula, sem se importar com a intimidadora presença inimiga, que o observava de um modo curioso. Ao andar, porém, notou quão marcante era a mágoa que tinha de Miguel. Aproximou-se dele devagar, quase que desinteressado. A reação que teve, entretanto, logo depois, demonstrou quão insatisfeito estava.

  Iniciou com vários socos no rosto de seu superior, para em seguida acertá-lo com pontapés no estômago, no tórax, no peito, nas pernas. O soldado só cessou os ágeis golpes quando o outro estava deitado, encurralado a uma parede.

  – Vai me pagar por isso assim que nós sairmos dessa porcaria de lugar – rosnou, em uma ameaçadora promessa, Miguel.

  – Cala essa maldita boca, cretino. Eu não vou deixar você ir embora desse buraco comigo a indignação do sempre calmo e leal ser alado surpreendia até mesmo o outro. – Será que não entendeu isso ainda? Além de ter sido um burro por se atirar aqui juntamente com Sam e com Lúcifer, persistirá na idiotice de achar que tem uma missão? Se Deus pensasse desse jeito, você estaria livre no dia seguinte, ser ridículo! O Pai não teria problema algum em soltá-lo, como bom filho que é – demonstrou ironia ao terminar a frase.

  – Eu vou derrotar os que se meterem no meu caminho. Agora não é mais por causa do Senhor, é pela minha honra, Cass. E eu vou...

  – Vai calar a boca, já disse! – exclamou, exaurido pelo desgaste, antes de dar um golpe que fez o Arcanjo desmaiar. – E não me chame de Cass; só os meus amigos podem se dirigir dessa forma a mim – murmurou.

  Castiel sentou em um canto, distante de onde largara o comandante do exército. Cansado, levou as mãos à frente do rosto e começou a chorar compulsivamente. Na cabeça, somente um nome lhe vinha:

  – SAMAELLLLLLLLLLLLLLLLLLL! – o grito do anjo ecoou por todo o abismo.

  (... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...).

  Atordoado, o ex-rebelde acordou em um sobressalto. Kasbeel, próximo a ele, aguardava pacientemente que se movesse. Sentou-se ao lado de Lúcifer e, com uma expressão de deboche, perguntou:

  – Dormiu bem? Teve bons sonhos, maninho? Ou as visões não foram tão agradáveis assim?

  Os demônios se perfilavam em torno do novo comandante; eles esperavam, imóveis, que alguma ordem relevante lhes fosse passada.

  – Vá se ferrar, maldito! contrariado, Samael se levantou e caminhou um pouco pelo salão, o que foi o suficiente para compreender que ocorreria algo importante ali.

  Ao fundo do lugar, um homem bem vestido e com um ar imponente recitava palavras em latim. Espantado, o anjo o reconheceu de imediato. Franziu o cenho e, com o semblante mais fechado ainda, olhou Kasbeel nos olhos e o questionou, já sabendo a resposta:

  – Aquele é... Sammuel Campbell? – o outro assentiu. – Mas por quê? ... – parou a frase ao ouvir, da boca do caçador, a palavra “purgatório”.

  Com agilidade, o ex-rebelde se pôs a lutar contra os demônios, que tinham ordens claras de detê-lo, ou no mínimo de atrasá-lo até que a tão desejada porta fosse aberta.

  Uma reviravolta inesperada aconteceu; o forte som do inconfundível Chevy Impala 1967 pôde ser escutado por todos que se encontravam no salão. Aquilo era, definitivamente, decepcionante. Tanto para Kasbeel, que pretendia executar o plano ali mesmo, quanto para Sammuel, que queria a tão aguardada recompensa pelo árduo trabalho que considerava sujo.

Os Winchester’s invadiram o local com as armas em punho. Dean portava o Colt – o famoso revólver –, o que o fazia levar uma nítida vantagem contra os malignos seres. Sam, por outro lado, tinha a faca da Ruby em mãos e uma arma com sal, além de utilizar as habilidades psíquicas. Os irmãos aniquilavam muitas das entidades das trevas, enquanto que o anjo inimigo gritava, em um tom firme, para o velho caçador que lia as palavras necessárias a fim de abrir a porta:

– Continue... Não a interrompa... Nós estamos quase no fim! – exclamou, aterrorizado por ver os recém-chegados.

– Eu não posso; infelizmente temos de ir embora. Não há condições de realizarmos o ritual...

– Você deve estar brincando! Eu não vou desistir aqui... Eu não posso! Não agora!

– Se não sair dessa droga de lugar, você vai morrer. Se quer que eu faça isso tudo, tem de sobreviver! – argumentou o homem.

– Ta, ok, eu vou. Antes, porém, me dê um segundo – pediu. O olhar era calmo, semelhante ao de Castiel.

         Aproximou-se de Samael – que lutava contra dois demônios –, e, com um sorriso perverso nos lábios, quase que lhe atravessou a barriga em um corte profundo.

– Agora estou melhor – concluiu. – Vamos – e sumiu no ar com Sammuel.

Antes que os inimigos abandonassem o salão, porém, Adrian – que acabara de entrar no verdadeiro campo de batalha que se instaurara ali –, vislumbrou, atônito, o irmão de seu avô, James Campbell. Ele não entendia por quais motivos o caçador se aliara a causa sem propósitos de Kasbeel, mas ponderou, consigo próprio, que o homem devia ter feito um pacto angelical com uma vantagem bastante considerável. E não pôde deixar de notar que Sammuel o olhou de maneira agressiva.

No entanto, não havia tempo hábil para pensar nesse assunto. O jovem precisava retirar o ex-rebelde do lugar o quanto antes, arranjar um jeito de removê-lo para curar-lhe o ferimento. Enquanto que Sam e Dean terminavam de matar os demônios.

– Agüente aí, ta? – falou Campbell. – Eu vou levar você para o Impala; lá têm uns quites de primeiros-socorros. Fique o mais tranqüilo que conseguir.

Quando estava próximo à saída, contudo, um demônio se interpôs no caminho e não os deixou passar. A sorte era que o Winchester mais novo surpreendeu o maligno ser e o acertou violentamente na garganta.

O Winchester mais velho, por outro lado, aniquilava a última entidade das trevas, que tombara ao chão de imediato. Em seguida, os três caçadores correram até o negro Chevy, o qual o loiro se apressou em guiá-lo antes que a polícia aparecesse. Necessitavam fugir dos estragos que a luta causara.

– Precisamos encontrar um hotel – sugeriu Sam. – Assim que chegarmos nós vamos fazer a segurança necessária com sal – os outros dois assentiram, e Lúcifer apenas entreabriu os olhos em resposta.

– Creio que impedimos algo grande, não acham? – perguntou Adrian. – Até um ritual parecia ser feito no salão.

– É, porém nós só poderemos ter uma idéia do que acontecia quando o anjinho melhorar – Dean apontou para o ex-rebelde. – Mas você tem toda razão. Nós interrompemos algo importante.

O Winchester mais velho estacionou em frente a um simples motel. Enquanto que o jovem Campbell descia para reservar um quarto para todos eles, os irmãos se detinham a estancar o sangue que ainda corria do grave ferimento na barriga de Samael Estrela da Manhã, que não esboçava reação alguma, somente os observava com o canto dos profundos olhos azuis.

– Ta melhor assim? – perguntou Sam. O outro assentiu, visivelmente aliviado pela diminuição da dor. – Você vai ficar bem.

É... Obrigado – balbuciou. – Eu tenho que admitir... Vocês chegaram em uma ótima hora. As coisas estavam complicadas pra mim...

– Shhhhh, não se esforce cara – pediu Dean. – Deixe para nos contar o que houve quando se sentir melhor, ok? – o anjo fez um gesto positivo com a cabeça.

Adrian retornou ao Impala. Trazia na mão esquerda um papel com o número do quarto que deveriam se instalar e, na direita, um copo d’água para Lúcifer. O rapaz sugeriu, então, que o levassem ao cômodo a fim de ajudá-lo com maiores condições.

Assim que adentraram o cômodo, deitaram-no em uma das quatro confortáveis camas que havia no lugar. Diferentemente de antes, quando se hospedavam em motéis baratos e pequenos, os Winchester’s optaram por encontrar um que fosse simples, mas que não fosse minúsculo; a idéia de alugarem dois ou mais apartamentos não era bem-vinda por eles nem pelo rapaz que continuava de pé, parado próximo à porta de saída do cômodo, devido ao risco de que alguém os encontrasse e os atacasse sozinhos. O jovem parecia esperar que o loiro ou que até mesmo o moreno lhe dissessem algo, enquanto que Sam e Dean auxiliavam o ex-rebelde.

– Pode se acomodar melhor, primo. Não precisa permanecer quieto – falou o mais novo. – Nós não vamos pegar mais nada lá no porta-malas do carro; temos tudo aqui.

Adrian fez o que lhe foi sugerido: sentou. Os três caçadores esperaram que Lúcifer dormisse para comerem alguma coisa. O Winchester mais velho foi buscar hambúrgueres, enquanto que os outros dois ficaram por ali. Eles conversaram sobre diversos assuntos, inclusive sobre o fato de que Sam dera sangue a Lilith e de que, surpreendentemente, não contara ao irmão.

– Eu prometo que direi tudo a ele, ta bem? – comentou, ao ver a expressão contrariada de Campbell. – Só me dê mais um tempo.

– Ok, tem todo o tempo do mundo! – exclamou. – Só não deixe algum demônio fazer isso por você – Sam assentiu.

Em poucos instantes o loiro regressou ao quarto. Serviu a comida com rapidez e todos – menos o anjo que dormia tranqüilo –, se alimentaram sem qualquer tipo de problema e dialogavam sobre o que fariam depois. Foi apenas no final da refeição que Samael acordou. Em um sobressalto, como de hábito, levantou e sentou, o que assustou os caçadores.

– Ta tudo bem cara? – perguntou Dean. – Aconteceu alguma coisa? Não me diga que teve um pesadelo?

Embora os Winchester’s e Adrian não soubessem dos sonhos, não era difícil de se adivinhar; a expressão facial do ex-rebelde estava péssima. Em um ato desesperado, levou as mãos em frente aos olhos e os esfregou com força, como se quisesse retirar dos pensamentos a imagem que insistia em não sair.

Os três homens se levantaram da pequenina mesa que utilizaram para se alimentar e, cautelosos, se aproximaram do ser alado, que chorava atordoado. Foi então que o caçador mais velho teve uma idéia:

– Tente conversar com ele, novo Winchester? – apontou para o jovem Campbell, que sorriu de maneira tímida.

– O quê? ... Eu? Mas por quê? – o rapaz estava um pouco confuso. – Eu nem sei o que falar numa hora dessas... – Dean tocou no ombro dele e disse baixinho:

– Fique frio, apenas lhe diga que você vai abrir a porta da jaula para tirarmos Cass de lá.

– Ta bem, ok – Campbell se aproximou de Lúcifer. – Olhe, não sei o que há, mas fique certo de que resgataremos Castiel, não se preocupe.

– Eu sei. Então me diga quando faremos isso. Eu estou pronto para encarar tal missão. As coisas não são nada fáceis, garotos. E eu tenho muito que contar – os irmãos se acomodaram na cama em frente a Samael, enquanto que Adrian permanecia ao lado dele. Os caçadores se mostravam preparados para escutarem quão grande era a agonia de um dos primeiros anjos do Paraíso, que sofria amargamente por visualizar Castiel enjaulado.


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Notas finais do capítulo

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