Família, Amigos e Missões escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 10
Capítulo 10. Decisão




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Capítulo 10 Decisão

A obscuridade do abismo flamejante parecia se tornar maior na medida em que a crueldade fosse emanada por um dos prisioneiros. E era exatamente o que acontecia quando o jovem caçador se conectou a mente do ex-rebelde. Adrian vislumbrava, atônito, Miguel torturar Castiel com fortes socos e chutes.

O Arcanjo o amarrara – pelas mãos e pelos pés –, a dois ganchos, utilizando uma corda comprida que encontrara no fundo da jaula, na parede mais próxima às ardentes labaredas. Além do flagelo físico, palavras brutais eram ditas ao menor:

– Você resiste heroicamente... Luta tanto... E pelo quê? Os humanos não vão resgatar você. Sam, como bom receptáculo de Lúcifer que é, não está nem aí para o que ocorre aqui dentro; Bobby, por outro lado, se sentiu sozinho quando mais precisava de ajuda... Ele não dá a mínima para você; Dean, apesar de ser alguém responsável, correto e confiável, tem outras importantes missões para solucionar; e, por fim, quanto ao sempre rebelde...

– Cale... Essa... Maldita... Boca! gritou o anjo, interrompendo, assim, a interminável fala do líder do exército angelical.

No entanto, Miguel parecia não se mostrar disposto a cessar os argumentos. Circulou, de um lado a outro, dentro da prisão de fogo, indo parar no mesmo ponto de antes: próximo ao ser alado. Após acertar o moreno com um violento pontapé, prosseguiu:

– E, como eu dizia... Quanto ao cretino do Samael, que de fato ama muito você... Infelizmente ele não pode fazer nada para ajudar, porque não é tão poderoso como os anjos que estão lá fora – o general respirou fundo e sorriu. – Vamos, Castiel, não seja cabeça-dura e estúpido! Alie-se a mim. Juntos nós poderemos sair desse lugar horrendo. Se jurar lealdade a mim, ninguém mais o machucará – o menor olhou o Arcanjo com visível desdém. – E então, o que me diz?

– Que você está se tornando, a cada instante que passa, um ser mais repugnante... – fez uma longa pausa, pois levou um potente soco no peito. O golpe, porém, não foi o suficiente para impedi-lo de continuar: – E, com essas atitudes, é tão ou mais rebelde que meu irmão Lúcifer...

Enfurecido com o comentário, o comandante do exército celestial iniciou uma sucessão de pontapés, que só parou devido à extrema exaustão do agressor. Ele estava revoltado com a situação. Não entendia como, nem muito menos por quais motivos, o ser alado mais dedicado das hostes angelicais se perdera dessa forma injustificável.

– Eu apenas quero retornar ao Paraíso – balbuciou. – E você não irá me deter, ex-soldado insolente.

– Não me subestime. Eu não sou tão frágil assim – o anjo conteve o choro e prosseguiu: – Nunca quis desafiar vocês. Somente objetivava viver em paz com o meu irmão...

– E ainda é capaz de proferir isso com tamanha tranqüilidade... Não acredito no que acabei de escutar! – exclamou. – Será que não entende que o rebelde gosta de Sam Winchester?

– Eu sei – murmurou. – Mas ele não ama o garoto. A ligação deles é bastante estreita, e isso não me incomoda em nada. Até porque, meu irmão não pertence a mim... Não é minha propriedade...

– Como tem tanta certeza de que Lúcifer ama você dessa maneira ridícula? – perguntou, o tom provocativo.

– Porque eu simplesmente sinto. Você jamais compreenderia, Miguel. A sensação de amar alguém é...

Interrompido abruptamente por um soco na boca, Castiel parou, de imediato, de falar. Apenas um nome lhe vinha à mente nesses lúgubres e inesgotáveis momentos: Samael. O ser celeste pensou, com todas as forças de que dispunha, no ex-rebelde. Jurou que, por ínfimos segundos, pôde sentir a imponente presença energética do amante de outrora. Como se, de fato, o mais velho estivesse ali para protegê-lo de tais perigos.

Diante de tamanho desespero, solidão e desconforto, o anjo se sentia impotente, fraco, cansado. Sequer cogitava se atrever a pedir ao Arcanjo que o soltasse das amarras, até porque, sabia que a solicitação não seria atendida. Uma possibilidade que não se passava pela cabeça dele era a de lhe implorar que o libertasse; o orgulho falava mais alto, ainda que fosse agredido.

– Samaellllllllllllll! Socorro... Ahhhhhhhhhh! – o grito ecoou pelo abismo inteiro.

Adrian, que por meio da hipnose relatava tudo que via aos Winchester’s, respirou fundo para conter os ânimos e recitou algumas frases em latim, a fim de retirar Lúcifer do pesadelo que fora aprisionado.

O procedimento foi rápido e simples. Em poucos instantes o anjo acordou. O jovem Campbell, por sua vez, fez um feitiço – que aprendera com Lilith –, para impedi-lo de sonhar de novo e, com um símbolo enoquiano ensinado por Baltazar, quebrou o ritual que fizera antes.

Samael, por outro lado, tinha a respiração pesada e bastante ofegante. Suava frio, ainda que uma incômoda sensação de calor o atrapalhasse. Sentou-se na cama e olhou curioso para os três caçadores a sua frente, sem compreender como despertara.

– Ei, eu não entendo... – fez uma curta pausa e caminhou até a janela. A madrugada estava sombria, como as profundezas da prisão de fogo e sangue. – Como diabos isso aconteceu... Como acordei?

– É que ele é praticamente um anjo do Senhor – brincou Dean, apontando para Adrian. – Inclusive ta treinando pra isso... Faltam alguns testes para a aprovação – todos eles riram do comentário. – Mas, falando sério, foi o rapaz que tirou você do pesadelo.

– Obrigado – o agradecimento soou sincero, emocionado e, até certo ponto, puro. – Muito obrigado... Não creio que vocês fizeram isso pra me ajudar e pra ver como o meu anjinho está.

– Sim, fizemos. Através da hipnose, nós conseguimos ter acesso a tudo que acontecia com o Cass – explicou Sam. – E amanhã vamos libertá-lo – completou.

– Ótimo! Porque o que ocorre lá dentro é muito complicado e sério. O quanto antes nós fizermos isso, melhor para a humanidade e para todos nós também – o ex-rebelde tornou a sentar na cama. – Eu estou pronto para buscá-lo, haja o que houver... Devo isso ao Cass. Essa é a minha decisão. Não pretendo voltar atrás agora, mesmo que o preço seja alto.

Os três caçadores se entreolharam. Depois, o observaram demoradamente. Perceberam que o anjo faria todo possível para salvá-lo da delicada situação em que se encontrava. Nada mais era importante para Samael, somente o desejo de puxá-lo de volta e, porque não, de viverem novamente o amor que sentem um pelo outro. Embora não soubesse da vontade dele de estar com o ex-rebelde, o mais velho acreditava que, após conversarem, a relação seria retomada com naturalidade.

Devido à agitação durante o dia, os Winchester’s e o jovem Campbell decidiram ir dormir um pouco, a fim de se prepararem para a tarefa que teriam de cumprir na próxima noite, a última que teria a lua na fase crescente, no mês de junho.

Ainda sentado, Lúcifer vigiava o sono dos amigos. Mostrava-se grato por todo auxílio que recebia, embora não se considerasse merecedor de tamanha ajuda. Mas ele compreendia que, pouco a pouco, conquistava a confiança dos humanos que o cercavam.


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Notas finais do capítulo

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