Família, Amigos e Missões escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 7
Capítulo 7 – Um caso, um caçador, uma solução?




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  Capítulo 7 Um caso, um caçador, uma solução?

  Texas – San Antonio. Uma animada festa de quinze anos de Keli – uma das garotas mais populares da escola de classe alta na qual estudara por toda uma vida – desde os seis anos. Convidara praticamente todos os colegas a participarem de um dos momentos mais importantes de sua adolescência. Apenas Colly não fora chamado para ir ao salão magnificamente decorado para receber a menina.

  Os pais, orgulhosos da filha, sentaram logo na primeira mesa, juntamente com os avós, os tios e os melhores amigos dela. No rosto, os sorrisos da família eram sinceros. Mas o semblante deles mudou ao ver o ex-namorado da garota.

  Colly, garoto pouco mais velho do que a aniversariante, entrara na festa, embora seu nome não constasse na lista original. Para a surpresa da mãe de Keli, entretanto, ao percorrer os olhos pela extensa folha na qual havia os dados de identificação de todos os que se encontravam no local, o nome dele também estava no papel. O jovem sorriu, com um ar de satisfação. A mulher notou um brilho diferente no olhar dele; julgou, porém, se tratar de uma mera impressão.

  – Não pode estar aqui, menino – informou o pai da garota, enquanto tocava no braço do rapaz. – Você não foi...

  – Não fui convidado, não é? É exatamente por isso que vim – tornou a sorrir. – Eu não sou o garoto meigo de antes.

  – Como assim, que quer dizer? – perguntou a mãe de Keli, que começava a se assustar com o rumo do diálogo.

  – Você já vai saber – virou-se para a ex-namorada e, com um estralar de dedos, a fez tombar de imediato.

  Os pais correram em direção a ela, que, imóvel, não respirava. A mãe chorava compulsivamente, ao mesmo tempo em que o pai se preparava para saltar em cima de Colly.

  – Não derrame lágrimas; é um sinal ridículo de humanidade – aquele, definitivamente, não era o menino que freqüentara a casa deles.

  Por mais que não tivesse reagido bem ao término do relacionamento, ele nunca agiria de maneira violenta. Christian, colega de escola do rapaz, se aproximou:

  – Qual é, mano? Você ta... – parou de falar; a sombra de asas pôde ser vista nas costas dele. Ninguém acreditava, mas era verdade.

– Eu não sou Colly. Meu nome é Kasbeel, humano insignificante – paralisou Christian com um aceno e, em seguida, partiu para a conclusão da missão.

  Os pais de Keli foram mortos cruelmente – com golpes de uma longa e negra adaga, que tinha um brilho avermelhado por causa do sangue das vítimas. Vários colegas da aniversariante, entretanto, ao invés de terem semelhante destino, foram possuídos. Fumaças negras tomavam os corpos, para liquidarem com os ocupantes humanos.

  Mas o anjo não se dera conta de que Jim – futuro pretendente a namorar a menina –, fugira pelos fundos do salão. Atordoado, ele correu sem parar; somente sentou quando percebeu que não havia perigo algum por perto.

  No local da festa, Kasbeel se divertia ao notar que os demônios se perfilavam em torno dele exatamente como faziam com Lúcifer. Ele, no entanto, não lhes dava a mínima atenção. Apenas aguardava que o pequeno ritual funcionasse.

  O resultado foi positivo. Sammuel Campbell apareceu, o ar desconfiado de sempre. O rebelde irmão de Castiel sorriu de contentamento ao vê-lo.

  – E então, Sr. Caçador? – desdenhou. – Cumpri o que prometi: trouxe você de volta. Agora, pague o que me deve.

  – Hum... Não, falta uma parte do acordo – contra-argumentou. – E é o que eu mais quero...

  – Eu sei, mas não vou mover um dedo se você não cooperar comigo. Já tenho um receptáculo com potencialidades semelhantes às de Jimmy; portanto não preciso dele. Colly me basta. Mas eu necessito ganhar território. E você sabe aonde eu quero chegar.

  – Sim. Está bem. Vou ajudar no que puder – deu as costas ao anjo; aquilo ia contra tudo que ensinara a filha, Mary.

  – Ótima escolha! Percebo que Sam Winchester tem mesmo a quem puxar – o homem se virou para o ser alado; no rosto, uma expressão séria.

  – Se quer que eu o auxilie, é melhor parar com as brincadeiras agora – o tom era firme. – Você me tirou do purgatório, convocou esse exército de demônios, preparou este salão... Deseja que o ritual de abertura do lugar no qual eu estava se dê por aqui?

  – Sim. E depois quero que faça um último serviço para mim. Acha que pode?

  – O quê? – rosnou. Estava irritado por ter feito um pacto com um anjo. – Diga, o que é?

  – Preciso que mate uma pessoa pra mim. Mas não se apresse; venha, vamos terminar os preparativos; o ritual será amanhã – e os dois se dirigiram ao fundo do salão, a fim de deixar tudo em ordem para o momento no qual Kasbeel exerceria seu domínio sobre o purgatório e, assim, iniciaria a guerra entre homens e fantasmas.

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  No dia seguinte, um V-8 preto estacionou em frente à residência de Jim, garoto que fugira da trágica festa antes de ser dominado por qualquer entidade demoníaca. Do veículo desceu Samael, que falava ao celular; a expressão cansada, triste, derrotada. Já torturara inúmeros demônios para obter qualquer informação – por menor que fosse –, de Castiel. Mas nada conseguira, o que o frustrava muito.

  O ex-rebelde tinha ido até lá porque Bobby, sempre atento às notícias, soubera do ocorrido na festa de Keli – a manchete tinha sido estampada nas capas dos mais diversos jornais. E como não podia ir até o local, o velho caçador pediu ao anjo que fosse até lá para verificar.

  – Eu telefonei pra você, porque os garotos pegaram um caso pra resolver no meio do caminho. Mas eles já estão sabendo da situação; assim que der vão encontrar você...

  – Ta ok, Robert, não se preocupe; eu estou bem – tranqüilizou. – Vou ver o que há por aqui.

  Despediram-se, e Lúcifer desligou o telefone. Encarou, por breves instantes, o lindo jardim ao lado da casa do rapaz. Concluiu, então, que ele não morava sozinho. Bateu à porta, a qual não tardou a ser aberta.

  – Deseja algo, senhor? – perguntou Jim, com um sorriso simpático.

  – Sim. Sou o detetive Henry Kalton – estendeu a mão, que o jovem apertou demoradamente. – Gostaria de fazer algumas perguntas a respeito da festa de Keli.

  – Está bem, entre – deu espaço para que Lúcifer pudesse passar e fechou a porta. – Minha mãe não está, portanto pode sentar. Ela não agüenta mais receber pessoas que querem conversar sobre o assunto – apontou para um sofá confortável. – O que quer saber?

  – O que, exatamente, aconteceu lá? – a questão era de uma objetividade impressionante. Jim não pôde deixar de reparar no jeito do homem, elegante e tranqüilo, tão diferente dos agentes da lei que recebera até agora.

  – Bem, eu não sei direito... A polícia me chama de louco, então não tenho certeza se posso contar...

  – Acredite, eu vou entender – Samael pousou a mão no ombro do rapaz. – Pode falar – o tom gentil o instigava a seguir tais conselhos.

  – Foi o Colly... Ele entrou na festa e matou todo mundo – iniciou. – Foi terrível.

  – Que arma o assassino tinha em mãos? – perguntou, olhos atentos no garoto. – Como a mira dele era tão boa pra atirar?

  – Ele não tinha nada, senhor – disse. – Matou Keli com um estralar de dedos – balbuciou. – E tem o Christian...

  – O que houve com Christian? – sentia, em cada palavra dita pelo menino, que era um trabalho para si.

  – Não morreu, foi paralisado... E ta lá até agora – concluiu. – Bem como todos eles!

  – Você foi até lá? E a polícia local, o que diz a respeito? – quis saber.

  – Tentei. Mas Colly não me deixou entrar. Ele tinha falado, lá na festa, que não era mais nosso amigo...

  – E quem ele disse que é, Jim? – aproximou-se mais do garoto, ao perceber a tensão nos olhos dele. – Quem? – repetiu.

  – Kasbeel – murmurou. – Foi esse o nome que ele deu. Eu não sei o que fazer para tirar as pessoas de lá...

  – Escute bem... Peço que ouça o que vou dizer, ta bem? – o rapaz olhou a expressão calma do homem de belos olhos azuis. – Não vá mais até o local. Eu vou ver o que posso fazer pelas pessoas, mas é arriscado você tentar se aproximar, ok? – Jim assentiu.

  – Certo, eu vou ficar na minha. Queria tanto que tudo não passasse de um pesadelo – falou, como se concluísse o assunto.

  – É, eu também. Obrigado pelas informações, Jim. Você me ajudou muito – levantou para ir embora.

  – De nada, senhor Henry. Se precisar de algo é só falar – dirigiu-se à porta e a abriu. – Até logo.

  – Até – alcançou-lhe um cartão com o número do seu celular. – Pode me telefonar se ver algo suspeito. Não importa a hora, o importante é que me ligue, certo? – o garoto assentiu e entrou na casa.

  Lúcifer, por sua vez, não tinha a menor dúvida: Kasbeel planejava algo obscuro. Não havia tempo hábil para chamar os Winchester’s, portanto teria de agir sozinho.

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  A noite chegara. Tinha um ar mais sombrio e melancólico do que o normal para o ex-rebelde. As estrelas não despontaram no céu de San Antonio; o negror contrastava, apenas, com as nuvens pouco mais claras.

  Imóvel, como se aguardasse um relevante momento há muito esperado, Samael olhava para o horizonte. Não sabia exatamente o que buscava. Pensou em Deus, mas logo se esforçou para focar as reflexões no difícil trabalho que teria. Escutou o celular tocar; tirou-o do bolso e viu o número de Dean. Preferiu não atender o caçador; julgava que era melhor mantê-lo longe do problema, pois intuía que algo grande aconteceria ali.

  Tornou a entrar no V-8 era a quarta vez que fazia isso. Ligou o carro e resolveu dar uma volta pelo quarteirão. Como não havia nenhuma movimentação dentro do salão – que até agora se mantinha fechado –, optou por sair do local. Logo, porém, pensou que seria melhor se portar como o anjo que era.

  – Não adianta nada eu tentar agir como um humano. Se tenho poderes, posso usá-los em benefício próprio.

  Estacionou em frente ao lugar que estivera antes. Pegou a adaga – que estava no banco de trás do veículo –, abriu a porta e, lentamente, desceu. Surpreendeu-se, assim que caminhou alguns passos, ao ver Kasbeel parado a esperá-lo.

  – Oi maninho – Lúcifer bufou contrariado. – Que cara é essa? Vamos conversar um pouco? – voaram para dentro do salão.

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  – Eu tô falando cara, já tentei ligar e nada. Ainda bem que o Bobby nos disse pra qual cidade temos que ir – explicou Dean, ao notar quão aflito o Winchester mais novo estava.

  – Eu sei, só acho que podíamos telefonar novamente. Quem sabe ele não nos atende agora?

  – Hum... Ta – o loiro tirou o celular do bolso. – Você venceu, eu vou ligar de novo – começou a discar os números.

  – Quer que eu vá mais depressa? – perguntou Adrian, que dirigia o negro Chevy Impala 1967.

  – Não precisa ainda. Vamos ver se o dean consegue alguma coisa – comentou Sam.

O Winchester mais velho estava a ponto de desistir; várias tinham sido as chamadas que ouvira; Lúcifer não o atenderia uma vez mais. Uma surpresa desagradável, no entanto, o fez ficar alerta.

– Oi, Dean... É você? Eu sou Kasbeel, acho que podemos brincar de “descubra o mistério”, o que acha?

– Onde ele está? – perguntou, a expressão preocupada. – O que você fez com o anjo!

– Ora! ... Assim não tem a menor graça... Por que não passa o celular para o Sam, talvez seja mais divertido brincar com ele? – o loiro escutou gritos; e os reconheceu; eram de Samael. – Sabe... Eu estou dando uma força para o meu irmãozinho... Ele não dorme há uns dias...

– Seu desgraçado! Eu vou matar você! – berrou, estava aturdido; não sabia o que fazer para resgatar o ex-rebelde.

– Sugiro, então, que tente. Venha a San Antonio, Texas; ao salão de festas Song3, número 1220... Vamos ver o que consegue? – o tom desafiador de Kasbeel o fez gelar.

– Eu vou, mesmo! – desligou o celular, respirou fundo. – Lúcifer foi pego – Sam o olhou incrédulo. – Me dê uma caneta.

– Para que, Dean? Eu não acho que seja... – o Winchester mais velho o interrompeu:

– Droga Sammy, só me dê uma caneta! – ao ver a expressão alarmada do outro, lhe alcançou o que fora pedido.

Dean anotou, em um pequeno pedaço de papel, o endereço que o líder rebelde lhe ditara. Depois olhou para a estrada que passava veloz.

– Estamos muito longe de San Antonio? – perguntou, entregando o papel a Adrian.

– Não demais, talvez alguns quilômetros; levaremos aproximadamente uma hora – respondeu.

– Então vá mais rápido – o jovem Campbell atendeu ao pedido, até porque notou quão urgente era a situação.


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