Capítulo 6 – A lealdade tem um preço

Eram onze e meia da noite quando os Winchester’s e Adrian estacionaram em uma cidade para descansar. Dean havia dirigido por mais de quinze horas seguidas, o que era ruim. Tornava-se necessário se esticar em uma cama confortável e dormir um pouco.

  Entraram em um motel barato e pegaram um quarto grande – com espaço suficiente para os três se acomodarem. Os irmãos riram, assim que adentraram o cômodo, da expressão maliciosa da atendente.

  – As pessoas são tão engraçadas – murmurou o loiro, se referindo à moça da recepção, ao que os dois companheiros concordaram com a cabeça. – Ao menos agora Sam e eu não estamos sozinhos nessa... Você não ta livre das adjetivações – apontou, com um sorriso divertido, para o garoto, que riu da brincadeira.

  Os rapazes se arrumaram, guardaram as malas e ligaram a televisão. Sam foi tomar um banho, enquanto que o Winchester mais velho procurava algo interessante para assistir. Como não havia nada, se deteve a observar o jovem Campbell, que abrira a janela para olhar as ruas, ao mesmo tempo em que acendia um cigarro.

  – O que foi? – perguntou Adrian, ao notar que estava sendo analisado pelo outro. – Não quer levar a risca o que a recepcionista quis dizer com os olhos, não é? – brincou.

  – Hum... Não, claro – riu, meio sem graça. Nossa, você é atento mesmo, hein? – Dean se levantou, parou ao lado daquela figura tão familiar. – Eu só achei estranho você fumar. Por que, afinal de contas, não fez isso lá na casa do Bobby?

  – É que não gosto de fazer fumaça perto da minha filha – esclareceu. – Não é saudável – o loiro assentiu.

  – Nós temos de acordar cedo amanhã. Vamos fazer o ritual para chamar o Baltazar – explicou.

– É, será um encontro no mínimo interessante; tenho dúvidas de que ele esteja ao lado dos anjos – cogitou. – Mas veremos isso depois – concluiu, com um aceno positivo do Winchester mais velho.

Tão logo Sam saiu do banheiro, o irmão entrou para tomar um banho. E em seguida foi a vez de Adrian. Eles, então, foram dormir; deveriam acordar antes de o sol raiar, para se alimentarem.

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No dia seguinte, após a primeira refeição, encontraram um lugar adequado para o ritual que invocaria Baltazar. Não demorou muito para que o ser celeste aparecesse. Os irmãos analisaram a figura um tanto serena à frente deles, olhando-o com atenção.

  – Os meninos prodígios se reuniram pra me pegar, é? – apontou, com desdém, para Sam e para Campbell.

  – Nós não queremos lutar contra você – disse o jovem. – Chamamos você aqui para saber o que pretende...

  – Eu? – fez cara de desentendido. – Bem, Adrian, eu não gosto de deixar Cass na mão.

  – O que quer dizer? – Dean perguntou. – Você tentou ajudá-lo, de que maneira?

  – O que parece? – apontou para o mais novo dos caçadores. – Eu trouxe esse garoto raro de volta à vida exatamente para que Castiel seja liberto, e para que Miguel venha junto.

  – Eu não entendo... Por que pretende que o Arcanjo saia também? – Sam questionou.

  – Porque isso tem que ser resolvido de uma vez por todas – comentou. – Não dá pra ficarmos adiando uma batalha como essa.

  – Ta falando de Lúcifer e de Miguel? – o anjo assentiu. – Então... Se Cass sair... O Arcanjo escapará também?

  – Exato, Adrian. Não há escolha. Eu trabalho para as hostes celestes, porque senão eu serei morto – sorriu. – É uma questão de sobrevivência, como alguém trabalhar pra ganhar um salário mínimo, sacou? E quanto a libertar os dois, você sabe o que fazer. É só pegar o sangue de um anjo poderoso na época certa...

  – Hum... Pode ser o de Samael? – perguntaram os irmãos, embora desconfiassem do ser celestial.

  – Vocês que sabem. Se quiserem que o confronto seja logo de cara, por mim tudo bem.

  – Isso não vai acontecer – falou Sam. – Nós vamos dar um jeito de tirar o Cass de lá... E apenas ele.

  – Não. Só há um modo para isso: você se atirar lá para conter o Arcanjo. Não há saída... E no fundo vocês sabem disso.

  – Vocês são uns filhos da puta desgraçados – balbuciou Dean. – Nós não conseguiremos fazer isso e simplesmente trazer o Cass de volta... Os anjos não vão deixar. Eles querem o Miguel aqui, e o corpo de Jimmy Novak para o Kasbeel utilizar...

  – Esse é um problema de vocês, eu infelizmente não posso tomar partido nessa história – disse, enquanto caminhava de um lado para o outro.

  – Obrigado pela atenção, Baltazar – o tom de Campbell foi irônico. – Não sabia que podíamos contar com você!

  O jovem se aproximou do anjo, que riu com tamanho sarcasmo que ouvira. Sentiu a tensão no ar, pois tanto os Winchester’s quanto o garoto estavam prontos a socá-lo com vontade.

  – Eu não posso intervir – murmurou. – Peço que compreendam a minha situação; eu não quero...

  – Você não pretende se tornar um rebelde, não é? – perguntou o Winchester mais novo.

  – Exatamente. Não digo que não estou do lado de vocês, eu só não posso tomar partido... – o loiro se aproximou do soldado.

  – Você é um medroso, sabia? Porque não tem coragem de enfrentar a sua família! Eu esperava muito mais de uma criatura que se diz leal.

  – Ah é? Não faço nada que você não tenha feito no passado – contra-argumentou. – Porque sei, através de informantes bastante eficientes, que você tem a mesma característica... – furioso, Dean jogou um coquitel com óleo santo em Baltazar, que desapareceu.

  – Nós temos que ir atrás de Samael – falou, após respirar fundo, buscando se acalmar. – Concordam, Sammy e Adrian?

  – Sim – responderam ambos. – Vamos nessa então! – comentaram os três.

  Entraram no negro Chevy, o qual o Winchester mais velho passou a dirigir. Enquanto isso, Sam telefonava para o ex-rebelde, que não atendeu – a chamada caiu na caixa postal. Eles decidiram, então, retornar ao motel. A apreensão por não saber nada de Lúcifer os dominava por completo.

  Adrian, por outro lado, temia que algo ruim ocorresse; lembrou-se do purgatório e da possibilidade de que o local fosse aberto, o que traria trágicas conseqüências para a Terra.