A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 15
Preconceitos (Parte 1/2)




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Como se aquele dia não fosse tão estranho e doloroso, eu resolvi que ia dar a louca por qualquer coisa. Qualquer besteira! /não foi cuulpa minhaaa!

Isso foi um reflexo, involuntário. Mesmo, juro.

Tudo começou na escola, alguns dias depois do dia da transfusão e talz. Estávamos Ryan e eu indo para a sala de Ciências, grande maravilha, o professor iria começar um projeto sobre Aids. AIDS!

Êta mundo feliz...

Estávamos conversando sobre aquele projeto, na maior paz e amor (n/J: Virei hippie agora! Só faltava!) até que Ryan fala:

-Pra que aprender sobre isso? É uma doença e pronto!

-É... - Disse, baixando a cabeça.

-Essa Aids me dá nojo...

-Han? Por quê? - Ok, não lembro exatamente o que ele falou, mas ele disse que odiava pessoas que tinham Aids, que elas "emporcavam" o mundo, e que eram depravados que fizeram...

Éh... Ah, você sabe... Fizeram... Sem se proteger, e só.

Aquilo foi como uma facada pra mim, meu melhor amigo falando aquilo DE MIM! Tá certo que ele não sabia, mas... E se soubesse? Teria essa mesma visão?

Eu não sei, só sei que olhei para baixo e apertei o passo, deixando-o para trás. Quando eu estava perto da sala, lembrei que tinha que usar óculos. Sim, eu uso! Desde um tempo, mas é só pra ler. É isso que eu ganho ficando até tarde lendo livros da escola...

Mas, para minha felicidade, pude escolher a armação. Então, simplismente eu uso um Ray-Ban roxo de grau legítimo, com meu nome e meu lema escrito nas laterais. =) 

http://3.bp.blogspot.com/_tUoyGUPRAMM/TMSs5qZ1hxI/AAAAAAAAA-k/hSzhIHDjX1U/s1600/cats2.jpg (ignorem os tênis lá atrás)

Wee, por isso que é bom ser rico.

Voltando pra sala (Eu viajo maneiro, não é não?), assim que cheguei, me sentei na penúltima cadeira da fileira do canto da parede. Era lugar marcado, não podia fazer nada. Era que nem a professora da True Jackson falou, no episódio em que eu apareci:

Se você é um aluno, não importa, você é totalmente impotente.

Filosófico, né? Mas é verdade. Pois é, mesmo que você seja o Justin Bieber, o professor não te autoriza nem a mudar de lugar por causa do seu problema de vista.

Aquela aula foi tensa. E eu diria até vergonhosa para a minha parte. Enquanto o professor falava sobre como a Aids se propagava, eu só ouvia os comentários preconceituosos do Ryan na cadeira atrás da minha.

Quando o professor falou das intituições que apoiavam pessoas com a doença e talz, eu só ouvi isso:

-Qual é, precisa dar apoio a um bando de doentes?!

Ah, aí eu pirei. Estava me controlando para que não fizesse o que fiz, mas perdi o controle. Me levantei e virei para ele, com uma cara de raiva e decepção estampada na cara.

-Hey, o quê foi?! - Ryan perguntou. Não o deixei responder. Simplismente cerrei minhas mãos em punho e acertei um soco bem no seu rosto, com a maior força que encontrei.

Ele voou e bateu de costas na parede com força, fazendo um estrondo. Todos olharam para nós, e o professor berrou:

-Justin Bieber!

-Seu maluco [BIP!!] da [BIP!]! - Ele berrou, se levantando. Não xinga minha mãe, ela não tem nada a ver com isso! - Por quê fez isso?!

-Você me acha um doente depravado, é isso?! Até meu melhor amigo acha isso de mim? - Respondi, bem baixo. Lágrimas involuntárias começaram a escorrer por meu rosto.

-Você... Você tem... - Ryan gaguejou.

-Tenho. - Falei. Ele arregalou os olhos, e disse:

-M-me desculpe... E-eu não sabia...

-Se soubesse iria continuar pensando assim. O fato de eu ter não muda nada o pensamento de uma pessoa. - Disse.

Ele não respondeu, só senti o professor tocar meu braço e dizer:

-Pra fora. Agora. - Droga, eu me encrenquei. Bufei.

-Me espere lá. - Ele acrescentou.

Me virei, ainda encarando Ryan e saí da sala, marchando pesadamente. Parei no corredor e levantei os óculos para limpar as lágrimas de raiva que ainda escorriam com o dedo indicador.

Nisso o professor apareceu, e me viu limpar os olhos.

-O que aconteceu na sala? - Ele perguntou.

-O Ryan.

-Que tem ele?

-Estava falando coisas ruins de pessoas que tinham Aids e... Daí eu me irritei e dei um soco nele. - Sr. Kress riu e perguntou:

-Por quê se irritou?

-Por que ele estava me ofendendo. - Respondi, reservadamente.

-Ofendendo? Você é soropositivo? - Ops, falei demais. Ah, se comecei, vamos terminar de uma vez!

-Faz algumas semanas. - Respondi, depois de alguns minutos de silêncio.

Ás vezes eu sabia quais pessoas eram confiáveis, mesmo sem conhecê-las direito, eu só sentia. Algo falava na minha mente "Essa pessoa é de confiança". E eu ouvi isso quando ele perguntou sobre aquilo. Se eu não tivesse ouvido aquilo, eu teria dito "Não é da sua conta" e voltaria pra aula. Sim, seria um racha legal.

Mas eu só respondi aquilo, ainda olhando pra baixo, um pouco temeroso. já era um desafio olhar pra cara do professor Kress, ele tinha, sei lá, uns dois metros e pouco, agora ficava mais complicado ainda, com a droga dos gânglios no meu pescoço e meu astral ZERO. 

-Olhe para mim, Justin, quero que preste atenção nisso. - Levantei o olhar, ainda abatido. - Eu sei que é difícil pra você passar por isso...

-Como? - O fato de eu ser meio retardado impediu que a ficha caísse:

-Bom... Eu também sou. Desde que nasci. - Nossa. Isso era bem possível, eu sabia que sim, mas de qualquer maneira, me surpreendi maneiro.

-Mesmo? Não está brincando comigo?

-Não. 

-Mesmo?

-Mesmo, mesmo. 


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