Zherium! - A Chave do Apocalipse escrita por Dawn Bard


Capítulo 8
Missão Final - Invasão ao Reino das Trevas!


Notas iniciais do capítulo

Não descumpri minha promessa, e depois de meses retornei com o Projeto Zherium! Estou terminando de digitar essa interessante obra!
Zherium chega ao seu clímax, coisas inacreditáveis acontecerão e segredos se revelarão.



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E tudo tornou-se claro novamente.


        A visão que os aventureiros tinham após o “teletransporte” no foi nem um pouco agradável. Até mesmo Bob, julgado por Arthur e Peter como destemido, sentiu um frio na espinha.

        Andaram desconfiados, olhando para todos os lados com uma estranha sensação de perseguição. O local em que se encontravam era assustador, tenebroso, arrepiante: estava escuro demais para perceber tudo, mas passavam por um local que parecia uma caverna, por ser estreita, escura e úmida demais. Pelo som que ouviam, e pela pouca iluminação fornecida por suas esferas Zherium, notaram que pisavam em um terreno meio que arenoso e áspero, como calcário, mas a colocação da 'areia', para o espanto deles, era negra; Havia ossos na parede, principalmente crânios humanos: quem quer que fosse o arquiteto do macabro lugar, não batia bem da cabeça. Todos os três estavam juntos um do outro, e tremendo de nervosismo, temendo o que estaria no fim daquele túnel, mas ao andaram lentamente ao longo do extremo trajeto e não notar nada de diferente, Bob se encorajou e avançou em seu ritmo normal e totalmente seguro de si, como se andasse pelo pátio do colégio... Perceberam enfim que o Bob que conheciam havia voltado á tona, expulsando a personalidade insegura que antes o possuía.

Esperavam ver a toca de alguma criatura sanguinária ao fim do túnel, mas não foi bem isso que os Heróis de Zherium encontraram: um homem coberto por uma capa escura, e a cabeça igualmente oculta por um capuz, deixando apenas sua face á mostra, mas que estava olhando fixamente para uma barata que por ali passava. Atrás desse homem, havia uma antiga e simples embarcação – um bote, mas especificamente, e feito de madeira – que boiava numa espécie tosca de rio, mas que não era composto por água, e sim por um desconhecido fluido branco, que possuía um brilho próprio, fornecendo aos espectadores uma sublime visão... Era diferente de tudo que tinham visto.

A admiração ao desconhecido dos três foi interrompida pelo homem que estava entre eles e o rio, que subitamente perdera o interesse pela barata e passou a encarar os visitantes a sua frente, com uma cara carrancuda.

– Esse cara... Me assusta – Admitiu Peter, colocando a mão no cabo de sua enorme espada para passar-lhe um pouco de segurança, apesar da espada de duas mãos estar embainhada.



– Muito. Dá uma olhada no mapa, Bob, só temos essa rota disponível? - Perguntou um temeroso Arthur, querendo evitar a estranha figura. Para a infelicidade dos dois garotos, Bob balançou negativamente a cabeça após consultar o antigo mapa. Arthur engoliu seco, olhando novamente para o rosto do homem, e reparou além da cara de poucos amigos, que a figura tinha uma aparência velha, sofrida, cansada. Sentiu um pouco de pena do velho, mesmo que ele o assustasse. Virou para seu amigo, para conversar brevemente sobre o homem, quando uma familiar voz o interrompeu.

– Vamos! Não fiquem aqui parados! Subam a bordo! - Gritou Bob, entusiasmado. Os outros dois se impressionaram pela velocidade e facilidade de como arranjou um negócio com o barqueiro, mas deram de ombros, pois Bob é Bob, e aquela não era a primeira, muito menos a última surpresa mostrada pelo misterioso garoto de cabelos brancos.
Logo, todos os três Heróis de Zherium se dirigiram á embarcação, onde sozinho, o homem movimentava o meio de transporte, que boiava na estranha-porém-sublime substância. Com um rosto indiferente, Bob virou para os dois novatos, que estavam afogados num mar de insegurança.

– Esse daqui é Caronte – Disse ele, apontando para o homem com um poledar, por cima do ombro – Eu me esqueci de falar sobre ele na breve introdução á mitologia grega. Não me lembro de muita coisa, apenas que é um barqueiro, como podem ver, e que realiza transportes por dois dracmas, que é a moeda usada pelos gregos, na antiguidade... EI! NÃO TOCA NESSE TROÇO! TÁ MALUCO?!? - Gritou para Arthur, que quase encostava seus dedos na estranha substância.

– O que foi? O que isso pode me fazer de mal? - Birrou o filho de Gaia, envergonhado.

– Uma coisa que eu aprendi sobre mitologia grega: eles ODEIAM curiosos! Não se save o que isso pode te fazer... Além disso, tenho quase certeza de que essa embarcação está aqui porque não se pode ir nadando... - Analisou Bob.

E assim horas se passaram, desde que subiram no bote e navegavam em busca da vida eterna, poder supremo, paraíso e paz mundial.

E foi ao som de uma voz mórbida e rouca que os três pularam de susto.

– Estamos quase chegando. – A voz era assustadora, fazendo as almas dos jovens ali no barco congelarem.

– Estou com um PÉSSIMO pressentimento quanto a essa missão... - Disse Peter, sentindo calafrios

– Calma, só falta destruir o cristal, e tudo irá acabar!

Foi ao ouvir esse comentário de Bob, que Caronte, o misterioso barqueiro sorriu maliciosamente, assustando os tripulantes.

– Não costumo dar conselhos, mas evitem os deuses que aqui se encontram, e principalmente o início da fila – Ouvir mais um pouco da voz agonizante de Caronte faria uma pessoa normal perder a sanidade e nunca voltar a ser o mesmo.

– Como assim? - Peter explodia em dúvidas, mas Arthur fulminou-o com os olhos, para não fazer o homem falar mais nenhuma palavra.

Finalmente, chegaram ao local de destino, e saíram o mais rápido que puderam do barco, de longe de Caronte. A pressa era tanta, que quando viram onde estava, tomaram um terrível susto, e praguejaram sincronizadamente: o local era aberto, onde o solo era lamacento e de coloração vermelho carmesim; acima deles não havia 'O' céu que eles estavam acostumados a ver, ele possuía o fundo vermelho, com nuvens carregadas e cinzas, e uma enorme lua cheia, mas era totalmente negra, lembrando um cenário apocalíptico; Havia uma forte neblina á frente, e dificultava uma melhor observação do local, mas o mais assustador era que havia uma imensa fila indiana de pessoas, ultrapassando a distância permitida pelo limitado campo de visão deles, e as pessoas estavam todas cabisbaixas. Todas. Era a fila que Caronte havia comentado.

Estavam todos chocados com o cenário demoníaco e a veracidade dos conselhos do barqueiro. Quem deu o primeiro passo foi Bob, indo perguntar para uma das pessoas que estavam na fila.

– Ô moça, sabe dizer onde estamos?

A mulher olhou para Bob com cara de espanto e com olhos arregalados, como se visse um espírito. Depois de cinco segundos aturdida, a mulher voltou a ficar cabisbaixa.

– MOÇA! - Gritou Bob, que odiava ser ignorado, dando um forte cutucão no ombro da mulher, mas para a surpresa do garoto, sua mão ULTRAPASSOU o ombro dela, indo parar do outro lado de seu corpo, como se ela fosse um holograma. Tentou tocar em outras pessoas próximas, e o mesmo aconteceu. Não conseguia acreditar naquilo, estava além de sua compreensão. Deu um passo para trás, assustado. Quando olhou para os seus companheiros, estes estavam de olhos arregalados, cabelos em pé, braços levantados para o alto, corriam em círculos, gritando como duas garotinhas, parecendo duas baratas tontas; Para eles, se um homem mascarado com uma serra elétrica igual aos filmes de terror aparecesse ali, não ficariam surpresos, diante do lugar amaldiçoada em que foram mandados.

Bob ousou olhar o pergaminho, verificando se estavam indo pelo caminho correto, e para o desespero deles, tinham de seguir o caminho da fila, para onde os “hologramas” andavam. Mostrando a informação para Peter e Arthur, estes ficaram igualmente assustados, mas resolveram seguir o caminho dito.

Andaram quilômetros e mais quilômetros, e só conseguiam ver pessoas numa fila indiana. Resolveram fazer uma pausa para descansar, sentando no solo lamacento que parecia sangue.

– Bob, você trouxe alguma comida ai na sua bolsa? - Perguntou Arthur, faminto. O primeiro olhou para o outro com um olhar revoltante.

– Nós ficamos uma semana treinando num local onde não sentimos fome. POR QUE DIABOS EU IRIA LEVAR COMIDA PARA A MISSÃO? - Gritou Bob, revoltado com a pergunta estúpida que lhe foi feita.

– Mas você tem sim! Eu vi você comendo um sanduíche de queijo escondido quando estávamos navegando! - Dedurou Peter, com um enorme sorriso. Bob fechou a cara, ficando com uma expressão de raiva.

– Toma. Come algo, vocês dois, agora nada mais, viram?

Depois de comer um pouco, tomar alguns goles d'água e esperar as pernas descansarem, voltaram a andar.

A sensação era de que, quanto mais andavam, mais longe estavam do percusso, além de que a névoa dificultava bastante, reduzindo drasticamente o campo de visão dos rapazes.

Iam parar novamente para mais um descanso ás pernas, quando Peter gritou para o grupo que avistara algo, parecendo com um telão de TV.

– Um telão, Peter?

– Sim! Ali, pô! Um pouco afastado da fila... - Disse, apontando a direção.

Estou vendo! Vamos dar uma olhada! - Sugeriu Arthir, com entusiasmo, ignorando o cansaço muscular devido a novidade recebida. Bob não estava vendo o telão, então apenas os seguiam. Pensar na possibilidade de um telão de televisão num cenário apocalíptico era perturbadora. A névoa estava atrapalhando a visão deles, mas conseguiram chegar no telão, que estava fixado no solo, e mostrava um mapa, exatamente igual aos mapas que ficam próximos as entradas dos shoppings. Pela névoa, foi um pouco difícil de entender o mapa, mas ao o fazerem, reconheceram a imagem mostrada no telão idêntica ao mapa mostrado no pergaminho, que levaram consigo. Além do mapa, havia uma alegre mensagem, que tiveram um pouco de dificuldade de entender, e quando isso aconteceu, o sangue de Arthur e Peter congelou.

Bem-vindo ao Inferno!” Estava escrito em letras coloridas.

Momentos depois, repararam que a névoa se dissipava, e pela rota que indicava o mapa, só havia um caminho para chegarem ao objetivo: pelo norte, seguido em frente e desviando-se da fila. Estavam contentes por não terem que passar pelo início da fila, e começaram a pular de felicidade, com a exceção de Bob, que estava sério e imóvel.

– O que foi? Não está feliz por não termos de passar pelo início da fila? Perguntavam, curiosos.

Bob nada respondeu, apenas apontou seu dedo indicador para a direção que deveriam seguir. Ao olharem para onde ele apontava, perceberam que a rota que deviam percorrer era muito pior do que passar pelo início da fila – um enorme monstro, de tamanho três vezes maior que eles, cuja forma se assemelhava a de um cachorro, com uma pelugem negra, olhos vermelhos, dentes que pareciam facas e com três cabeças encarava-os, bloqueando a passagem. Estavam diante de Cérbero, o guardião do Inferno.



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Estavam calados, e o único som que ouviam era ao bater das asas dos cavalos alados. Refletiam sobre o perigo que os aguardariam na missão enviada por Quíron. Quem quebrou o silêncio constrangedor foi Edward Farfán.


– Lou, o que você acha que vamos encontrar aonde vamos? - Perguntou ele, inseguro.


– Gente morta – Respondeu a garota, com um tom sombrio.


– Com que frequência? - Dessa vez era o noivo da garota que perguntara, num tom igualmente sombrio.


– O tempo todo... - Riram após simularem um diálogo de um clássico filme de suspense, mas Edward não riu, pois estava apreensivo.


– Pessoal, é sério! O que vocês acham que vamos encontrar lá?


– Com sorte apenas algumas Succubus.

– ... E com azar? - Nessa hora Adam e Louise ficaram com um rosto de preocupação e medo.

– Erm... Nada que não possamos derrotar! Se acalma, OK? - Esquivou Adam, fazendo um sorriso forçado.



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Estava arrasada. Depois de uma noite como aquela, não conseguiria dar mais nenhum passo. Chegou ao ponto de pensar que estava louca, precisando ser internada, mas algo dentro de si disse que não estava.




Mas tinha que dar outros passos.



Sua vida tinha mudado completamente desde dois meses atrás, quando tudo começou: passou a fugir durante dois longos meses de criaturas que, antes, mal sabia que existiam, e chegou a ver em sua frente sua mãe ser brutalmente dilacerada por uma destas criaturas, que passavam a querer fazer o mesmo com a criação da mulher que era sua mãe; E após uma longa jornada pela sua sobrevivência, chegou finalmente no local que encontrara em sua única fonte: a internet. Mais especificamente um site sobre perseguição de monstros - era loucura, mas ela não tinha mais nada; suas amigas e todos que conhecia foram igualmente mortos... Estava sozinha no mundo - olhou para o topo do local onde se encontrava: uma colina, onde havia uma grande plantação de morangos; havia também um campo de vôlei. Não acreditava que um lugar assim iria ajudá-la contra monstros, mas como antes disse, ela não havia mais nada. Observou que havia um dragão que guardava o lugar e sorriu - aquele lugar tinha algo especial, podia sentir. Então, sem opções, Isabelle Benderghast subiu a Colina Meio-sangue.



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– Nós temos que... Passar por ele. Mas como?

– Como você acha? - Bob respondeu com grande ironia.

– Está bem, mas não briguem, certo? É só irmos juntos que derrotamos ele... - Peter tentou acalmar a tensão no local, sem sucesso.

– Eu não vou lutar junto com vermes. Se for para lutar,vou sozinho.

Arthur e Peter ficaram extremamente ofendidos com o comentário de Bob, e após conversarem com o olhar, sacudiram positivamente com a cabeça e puxaram suas armas, posicionando-se para a luta.

– Vamos mostrar para você como ficamos fortes!!


E avançaram contra a enorme fera, que sentia perigo vindo deles, e não mais medo e insegurança.



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– Alô?

– Aqui é Rosa Escarlate. Eles chegaram.

– Ótimo. Você sabe o que fazer.

– Sim, Coruja Azul. Câmbio, desligo.



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O Cérbero entendeu o recado e avançou com tudo em cima dos dois.


Peter segurou o cabo de sua espada com as duas mãos e deu um grito, girando a lâmina na direção da cabeça do meio do monstro. Este segundo parecia estar acostumado a lidar contra usuários de armas daquele tipo, e habilmente deu um salto para o lado, esquivando-se do ataque. Enquanto isso, Arthur estava recuado, clamando o nome de sua verdadeira mãe, e espantou-se quando nada aconteceu, e lembrou-se de um diálogo que teve com Bob, durante o curto período de treinamento na White Dimension:

"- Arthur, melhore seus ataques! Ponha mais força, mais velocidade, mais GARRA! - Gritou Bob, autoritário.

– Arg! Por que eu tenho que treinar com esse sabre estranho? Eu prefiro muito mais minha espada quando lutei contra o minotauro! É só invocar os poderes de Gaia! - Protestou Arthur, indignado.

– Não, não é tão fácil assim - Bob odiava treinar pois achava insuportável pessoas fracas - Eu sei que a arma que usou ao clamar por Gaia é perfeita em você, mas não se pode usar esses poderes ao seu bel prazer.

– Não?

– Experimente. Tente chamar por sua mãe e liberar os poderes.

– Certo - Disse o aprendiz, fechando os olhos para se concentrar. Abriu os olhos, cheios de confiança e gritou - GAIA! - Olhou para a esfera em suas mãos, nada acontecera - GAIA! GAIA! GAIA! Droga! Por que não funciona? Droga!

– Por que você acha que tem que chamar o nome da sua mãe para libertar seus poderes?

– Erm... Sei la, tipo que nem nos desenhos, quando gritam 'É hora de morphar!' ou alguma frase legal... Deve ser isso, não é?

– Não... - Riu Bob com o raciocínio do companheiro - Você chama por ela para pedir poderes emprestado á ela. E essa esfera daí - Apontou para a esfera brilhante do garoto - É o que liga você a ela diretamente. Há muitas coisas que eu não descobri sobre a esfera, mas disso eu sei. Como um ser vivo, sua mãe possui vontades, e depende exclusivamente dela se você merece ou não os poderes em determinado momento. Ou seja, apenas nas horas de grande necessidade. Por isso... - Pegou o sabre que estava jogado no chão e devolveu ao seu usuário - Você tem que treinar com outras armas, pois não se pode depender dos seus poderes... Pode ser que na hora H não consiga usar o seu 'dom'.

Arthur ouviu tudo com atenção, assentindo. Depois segurou sua esfera com força, percebendo finalmente que estava explorando dos poderes de sua mãe e não percebera isso. Sentiu-se imensamente idiota.

– Ei... Por que posso controlar raízes quando possuo o poder da esfera?

– Depende do seu pai ou mãe. A sua mãe é Gaia, a personificação da Terra, da natureza. Por tanto, adquiro os poderes da terra e da natureza, no caso, raízes. Mas acredito que podes controlar outras coisas além de raízes - Falou, com ar pensativo - Não tenho muita certeza do quê exatamente.

– Eu quero aprender a melhorar meu uso dos poderes. Como eu faço isso? - Perguntou, decidido.

– Sabe - Disse, pegando sua esfera cinza e branca, tirando-a do bolso de seu casaco - Tudo, não só os poderes, estão intimamente ligados com sua força de vontade, com seu espírito. A prática iria ajudar bastante com o controle dos poderes, mas como não o temos, usaremos a criatividade.

– Como assim, Bob?

– No seu caso, os poderes da natureza, podem ser usadas como uma poderosa arma. Basta saber como usá-la. Raízes não servem apenas para prender... A forma como usar, depende apenas de você, mas o poder, digo no sentido de quantidade de poder, dependerá do momento e da circunstância.

– E se eu já souber o que fazer com o meu poder quando o 'momento' chegar...

– ... Resultará em algo bem poderoso."

Peter não fraquejou e aplicou outro ataque, fazendo um pequeno ferimento na pata direita do guardião, atraindo para si toda a atenção.

Segurando com força seu sabre, Arthur deu a volta no Cérbero, ficando atrás do inimigo. Agachou e avançou silenciosamente para a parte de baixo da besta, que estava focada em Peter. Ficando exatamente debaixo da barriga do cão, entre as quatro patas, deu um grito de guerra e enfiou a lâmina na barriga do monstro, que grunhiu ignorando Peter, que 'brincava' com as cabeças do quadrúpede e olhou para baixo, olhando Arthur. Este, assustado, teve tempo apenas de pegar sua arma de volta, e pulou para o lado, tentando sair o mais rápido de perto da fera.

Mas ela não era idiota, e avançou em tempo de abocanhar com uma de suas cabeças o calcanhar do filho de Gaia, em pleno salto, que por sua vez gritou de dor.


Bob ria, assistindo a luta com um ar cômico.


Peter, querendo chamar desesperadamente a atenção do cão, aplicou um corte em seu flanco, mas não parecia adiantar - o animal estava em frenesi, atacando com mordidas e arranhões cheios de fúria o garoto, que tentava escapar, sem sucesso. Então, arriscou e se agarrou na cauda do Cérbero, subindo em suas costas.

O Cérbero ignorava o guerreiro em suas costas, e o sangue que espirrava dos membros arranhados de Arthur dava ainda mais gosto para o animal. Numa atitude irracional, deitou-se em cima da cabeça do meio e apertou o pescoço dessa cabeça, com seus grandes e fortes braços, sufocando-a. Finalmente conseguiu o que queria, chamar a atenção do Cérbero, mas o que seguiu não foi muito agradável para Peter Brandfort.

Balançando freneticamente as cabeças, o guardião não conseguiu por alguns instantes retirar o guerreiro vestido de armadura metálica de seu pescoço, e quando ele estava ficando tonto, o Cérbero conseguiu jogar Peter para cima, e pegou o seu tronco com uma boca, a da esquerda: abocanhou as pernas e a cabeça da direita começou a morder os ombros e a cabeça, protegida pelos braços, colocando-os na frente. O Cérbero começou a morder a armadura metálica como um grande e duro osso, destruindo suas partes aos poucos.

Tentando se levantar, Arthur viu que estava com todos seus membros, apesar de estarem cheios de arranhões profundos e furos, - protegidos pela armadura de malha, que fora completamente destroçada - o que manchava o que restou de sua armadura e sua roupa de baixo com sangue, mas ainda conseguia lugar. Estava aceso pela adrenalina e pela dor, que aguçava seus sentidos. Deixou de ver suas feridas por um som de metal sendo destroçado, quando viu Peter sendo devorado vivo pelas três cabeças, que destroçavam a armadura e via-se muito sangue caindo no solo. Não suportava a visão de seu amigo ser morto em sua frente, e foi possuído por uma raiva, um ódio supremo, impossível de ser descrito, mas apenas uma palavra foi dita por Arthur, e foi o suficiente... Expandiu o ódio que estava preso em seu estômago, e foi subindo pelo seu peito, chegando na garganta e parou alí, o entalando e queimando todo o seu corpo em uma raiva que o possuiu. Tinha de tirar o ódio que o entalava, ou melhor, emitir essa emoção, mostrando para todos esse sentimento que o possuía, e que tomou forma de grito.

– GAAAAAAAAAAAAAAAAIA!!! - Gritou, expandindo todo seu ódio pelo inimigo em forma de uma palavra. Uma palavra que lhe deu um poder jamais obtido. Seu sabre em sua mão direita transformou-se numa espada brilhante, de tamanho médio, cabendo perfeitamente em sua mão. Em seu braço esquerdo nasciam raízes, que rodeavam seu braço, como uma enorme cobra, partindo de seu ombro esquerdo e terminando em seu pulso. Os olhos do garoto faiscavam, emitindo uma fúria nunca antes vista. Sua esfera também brilhava numa intensidade imensa, cegando todos temporariamente com uma luz verde. Todos, menos Arthur.

Fez um movimento de um corte horizontal, com seu braço esquerdo, que continha as raízes, e o chão perto do Cérbero tremeu, partindo do solo na velocidade de um tiro. Uma raíz negra, da grossura de um braço, perfurou o pescoço da cabeça do meio do Cérbero, ultrapassando o pescoço como uma grande estaca. Muito sangue foi jorrado do ponto atingido, e o guardião do inferno soltou Peter das bocas, agonizando de dor.

Arthur fez a raiz negra voltar, e correu para Peter, todo melado de saliva e sangue.

– Você está bem?

– Claro que estou! Minha armadura foi despedaçada, meu ombro direito foi arrancado e consigo ver meu intestino daqui! - Tentou gritar, mas acabou tossindo sangue - Por favor, não me deixe morrer! - Chorou Peter, que havia perdido um braço e uma perna também.

Arthur não acreditava no estado de Peter, principalmente sem um hospital por perto, ele iria em breve morrer. Olhou rapidamente para o Cérbero: ele lentamente se levantava. Tinha de fazer algo. Rápido. Olhou para Bob, esperando que este lhe ajudasse, mas tudo o que fez foi levantar as sobrancelhas, demonstrando um falso interesse. Foi quando ouviu o Cérbero correndo em sua direção, e se virou para o amigo:

– Não feche os olhos. Eu vou matar ele e depois arrumo uma solução... Vai ficar tudo bem e eu vou te proteger - Prometeu, limpando as lágrimas que lambiam-lhe a face e virou-se para enfrentar o Cérbero.

– Você está MORTO! - Berrou o filho de Gaia, avançando num estado de fúria. Fez um movimento com o braço esquerdo e raízes prenderam as patas e as cabeças. Avançou e fez o mesmo movimento que executara contra o minotauro: saltou e fez um corte, agora vertical, fazendo um grande corte na cabeça direita do guardião.

Grande e forte, num instante o Cérbero se libertou da prisão de raízes, na exata hora em que recebera o ataque. Furiosa, a besta atacou com uma grande mordida com a cabeça esquerda no flanco direito do garoto. Num ato reflexo, Arthur criou um escudo de raízes que instantaneamente cobriu-lhe a parte direita do corpo. Mas não adiantou. A mordida foi tão forte que quebrou a barreira, e arrancou parte de seu tronco e costelas, agora sem a cota de malha. Como se recebesse um choque, Arthur Greenfeld caiu estático no chão, acompanhado de uma exagerada hemorragia. Peter ainda estava consciente, e via o rumo que a luta estava tomando, mas não tinha forças para falar. Após ver seu amigo caindo, observou Bob, que levantava do chão e andava lentamente na direção do Cérbero, enquanto vestia calmamente seu par de luvas metálicas.

– Vermes... Perderam para esse vira-lata inútil... - Ouviu Bob falando, com desprezo. Estava quase fechando os olhos, quando viu uma imagem negra se aproximando dele e se agachando para analisar o corpo de Peter, que apenas via a pessoa.

A imagem ao olhar Peter cobriu o boca com a mão de espanto, mexendo numa bolsa que carregava. Foi nesse momento que o garoto conseguiu analisar a imagem, e viu que ela estava com a face á mostra: era uma linda mulher, vestida com uma roupa e capuz negros.

– Meus Deuses! Está quase morto! Preciso cuidar de você. Não se preocupe, você é muito sortudo... - Ouviu a linda voz da mulher, e deu uma rápida olhada em Bob, e a ultima sensação antes de apagar foi de surpresa.


Bob estava dando socos e esquivava habilmente dos ataques do Cérbero.


Depois disso, Peter apagou.



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Bob EXPLODIU um sono na cabeça esquerda do Cérbero, que foi para trás,obedecendo a lei da ação e da reação.

O guardião do inferno percebeu a diferença de poderes entre os invasores de antes e o que estava enfrentando no momento, que era muito mais forte, e não fazia movimentos desnecessários, apenas dava socos e uns pequenos passos para os lados para esquivar. Considerou uma grande ofensa o que o invasor estava fazendo, e investiu com as três cabeças de uma vez.

Sorrindo, Bob pulou para frente, agarrando-se na cabeça do meio - que estava incapaz de atacar devido ao golpo com a raiz, de Arthur - deu um poderoso gancho com a direita na cabeça esquerda e a cabeça direita, que iria atacar suas costas, recebeu um chute no meio do focinho. Soltou-se do pescoço do inimigo, caindo graciosamente no lamacento chão. Assistiu com interesse o monstro se levantando e durante isso deu um saudável bocejo.

O Cérbero insistia em levantar. Mesmo ferido gravemente, o cão de três cabeças tinha que exercer sua função de ser o guardião do inferno - afinal, foi criado só para isso. Levantou e avançou novamente com as três cabeças contra o garoto de cabelos brancos. Bob forçou os músculos do braço direito, colocando a perna esqueda para frente, a direita atrás, apoiando-se melhor no solo; colocou o cotovelo esquerdo para frente, parecendo usar para proteger, ou sabe-se lá para quê, e forçava os bíceps e tríceps do braço direito, aproximando sua mão do ombro, numa estranha pose. Quando as cabeças se aproximaram, Bob mirou na da direita, que avançava com as presas á frente, sendo a mais perigosa. Esperou o momento certo, respirou fundo e ESTOROU um uppercut– soco potente para cima, usado em esportes como boxe - nos dentes da cabeça direita, e jurou ouví-los quebrar. Não se preocupou com a cabeça esquerda, apenas deu outro chute no focinho. Iria ganhar, o monstro já não podia usar duas cabeças, e Bob não tinha levado nenhum ataque. Era superior ao inimigo, que perigo algum representava.


E então Bob subestimou o Cérbero.


Estava tão confiante na vitória, que após ter dado um chute no focinho esquerdo do cérbero, não percebeu a pata dele, que bateu em sua cabeça e o derrubou. O bicho não parou aí, e ficou pressionando Bob contra o chão encharcado com sangue dos seus companheiros.


E ouviu-se um grito, vindo de baixo da pata do Cérbero, seguido de uma rajada de luz branca.



O grito foi tão forte e assustador que Peter abriu os olhos, acordando com a quantidade de poder vinda do local. A mulher de negro que cuidava de Peter também parou o tratamento para olhar.

Esse grito foi tão forte que o Cérbero caiu para trás, o corpo de Arthur saiu rolando pelo chão, e Peter só não voou porque a mulher o segurava. Estranhamente, ela não voara. Sequer foi afastada.


– URANO!


O que Peter viu após a luz cessar, meu amigo, o fez ficar de queixo caído, e não fez mais pois em suas situações era o maior gesto de impressão que podia fazer. Quando viu o Cérbero caindo para trás não era Bob, ou pelo menos o Bob que ele conheceu. Era um Bob que mais parecia com um anjo do que um homem...


... Um anjo da morte.


Imensas asas prateadas nasceram em suas costas, suas luvas metálicas de antes engrossaram três vezes, e quando antes iam até os pulsos, agora vão até os ombros. Cobrindo suas pernas estava uma calça despedaçada que ia até os joelhos, e estava descalço; não usava nada para proteger o tronco, estava todo á mostra: estava cinco vezes mais forte fisicamente, com músculos incrivelmente definidos. Para impressionar (ou assustar!) ainda mais, usava um elmo prateado que cobria todo o seu rosto, inclusive seus olhos. Na altura das orelhas, do elmo partiam duas pequenas asas que serviam apenas de enfeite, mas causavam uma boa impressão, da parte de trás do elmo partiam seus brancos cabelos, na parte de trás, que agora alcançavam a altura de suas costas. Só era curioso para Peter como Bob conseguia ver usando o elmo mega-estiloso. Toda essa observação durou dois segundos, porque depois Bob levantou voo com suas imensas asas e fez uma posição como se preparasse para uma corrida de cem metros, e depois ele DESAPARECEU, e o que conseguiu ver depois foram vultos prateados que VOAVAM ao redor do Cérbero, que por sua vez agia como se apanhasse de um ser invisível, caindo para trás, para frente e para os lados (mas mudava o local para onde caia antes de atingir o chão... Estava FORA do chão), e isso em todas as vezes em que o vulto prateado passava pelo guardião do inferno. agora imagine esse vulto indo e voltando numa maldita de uma velocidade pelo cão de três cabeças, cujo era socado para todos os lados. Peter não acreditava mais no que via, mas não se preocupou com isso, pois começou a ver embaçado e fechou os olhos por muita perda de sangue.



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Notas finais do capítulo

Muito obrigado por tudo, e em breve o próximo capítulo estará aqui!
Observem que esse capítulo foi extenso. Todos os capítulos em diante serão assim, se preparem! ^_^
PREVIEW
Capítulo Oito: O Príncipe dos Raios



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