Past And Future escrita por Tsuki Lieurance Eriun


Capítulo 9
IX - Haunted


Notas iniciais do capítulo

Nossa, como eu voltei rápido! (é o efeito CTUR)
Enfim
Sério, esse é um dos meus caps preferidos *--* Amo ele muito mesmo, talvez até mais que o 5
E, antes que eu me esqueça, uma boa música para ouvir enquanto se lê é Senya, um tema do Itachi(-kuuuuuuun!!!!! ♥ /táparei) Aki vai o link: http://www.youtube.com/watch?v=xBXrRfcnP98
Tenham uma boa leitura



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 Embora aquela cidade ainda os confundisse muito, conseguiram achar a saída depois de algum tempo. Alcançaram a nave e despediram-se mentalmente de Tóquio, que, afinal, tinha sido uma parada divertida.

 Pelo menos para a maioria.

 Lukas, assim que entrou, foi direto para o quarto e fechou a porta, logo após encostou nela e deslizou até o chão. Por mais que tentasse, as mesmas palavras continuavam ecoando em sua mente.

Roxas originalmente lutava no lado oposto ao que está agora. ‘A chave do destino’, número 13 da Organization XIII

 Talvez Larxene só estivesse o provocando, tentando fazê-lo se virar contra os amigos como fez com Brendah. Mesmo assim, algo lhe dizia que era verdade. Depois de um bom tempo pensando nisso, e com sua cabeça quase explodindo, resolveu tirar essa história a limpo.

 A nave já estava em piloto automático em direção a Disney Castle. Sora olhava distraidamente para os visores, com o pensamento ainda em Destiny Islands. Não saberia dizer se foi mais surpreendido pela voz que o tirou dos seus pensamentos ou se foi pela pergunta.

 -Meu pai é seu nobody, Sora?

 O rapaz de cabelos castanhos arregalou os olhos e virou seu rosto na direção de Lukas. Seu cérebro ainda demorou alguns segundos para assimilar o que ele tinha falado.

 -Como você... – Sora não chegou a concluir a pergunta

 -Então é verdade... – murmurou o loiro, baixando a cabeça

 Sora suspirou. Não conseguia nem imaginar o que passava pela cabeça do garoto nesse momento. E, qualquer que tenha sido a maneira como ele descobriu, com certeza tinha sido um choque muito forte.

 -Desculpe por não te contarmos antes, Lukas. – começou Sora – É que...

 -Quando pretendiam me contar? – interrompeu o garoto

 Sora emudeceu, o que deu a Lukas a resposta.

 -Nunca, não é? – ele verbalizou seu pensamento

 O outro se limitou a assentir com a cabeça. Chegou a abrir a boca para falar, porém o loiro foi mais rápido.

 -Por que, simplesmente por quê? – a raiva inflamava em sua voz – Eu até posso entender porque não falaram sobre os pais da Brendah, mas sobre os meus? Eu tinha o direito de saber!

 Seu olhar ainda faiscava quando acabou de falar. Sentia-se traído por seus próprios pais, e cada vez mais parecia que nenhum dos antigos keybladers confiava nele, em Juno ou em Nick.

 -Se Roxas não contou para você, não sei se posso fazer isso. – falou Sora, com medo da reação de seu amigo

 -Então, conte para mim.

 Eles voltaram o olhar na direção da voz, embora nem precisassem disso para reconhecê-la.

 -Afinal, acho que você não pode negar contar o porquê de você ter um nobody para sua filha.

 Juno provavelmente tinha chegado a pouco, e pela mesma razão que levou Lukas à cabine. O loiro olhou agradecido para ela, e depois voltou seu olhar para Sora. Este suspirou longamente, pois agora não tinha como não falar. Ele sentou-se em sua cadeira e entrelaçou os dedos em frente ao rosto, enquanto fechava os olhos, pensando em como começar.

 -Como vocês já devem saber, no dia em que me tornei um keyblader, a escuridão tomou conta da ilha em que eu vivia, me separando de meus amigos. – ao que eles assentiram, ele continuou – O que tenho certeza de que não sabem é que Kairi deixou seu coração em mim naquele mesmo dia.

  Juno arregalou os olhos diante daquela afirmação. Muito mais perguntas surgiram em sua mente, embora a voz morresse ao tentar pronunciá-las.

 -Ao tentar segurá-la, ela pareceu passar por dentro de mim, e desapareceu. – prosseguiu Sora, com um pouco de tristeza abatendo-se em seu olhar – Quando a encontrei, Kairi parecia mais uma boneca, de tão inerte que estava. Mais tarde, descobri o porquê disso: o coração dela estava em mim. E, para fazê-la voltar, acabei perdendo o meu.

 -E por que você não é um heartless? – indagou Lukas

 Um sorriso apareceu no rosto de Sora antes de ele continuar.

 -Para minha sorte, Kairi me reconheceu, mesmo já tendo virado um Shadow. Então, ela me abraçou e, devido a nossos sentimentos tão fortes um pelo outro, consegui voltar.

 -Mas, espera. – interpelou Juno – Se a mamãe perdeu seu coração, ela tem um nobody também, não é? – Sora afirmou com a cabeça – E quem é?

 Ele nada respondeu, apenas moveu o olhar para Lukas. Demorou alguns segundos para que o loiro pudesse entender.

 -Ah n-não, vo-você não está dizendo que... – ele balbuciou, sem coragem de completar

 -Exatamente. Namine é a nobody de Kairi.

 Lukas sentiu como se o mundo desabasse sobre sua cabeça. Só se manteve de pé pois Juno passou o braço por cima de seus ombros e segurou-o, lhe passando força.

 -Meus pais são nobodies... – repetiu para si mesmo, tentando acreditar.

 -Não são. Eram. – Sora disse

 -Como é? – indagou o garoto

 -Xemnas, usando os corações coletados por mim e por Roxas, criou um Kingdom Hearts para The World That Never Was, com a intenção de que os integrantes da Organization ganhassem um coração para se tornarem completos. Mas eles não conseguiram, já que eram desprovidos de qualquer sentimento. – o rapaz de cabelos castanhos parou por um momento – Mas seus pais eram uma clara exceção. Eles conheciam, e sentiam, a amizade e o amor, os dois sentimentos mais puros que existem.

 -Então eles têm um coração agora? – perguntou Juno, ao que Sora assentiu

 A garota se deu por satisfeita, embora ainda fosse demorar um pouco para assimilar tudo o que havia sido dito. Mas o olhar de Lukas estava perdido, refletindo seu estado interno. Teria muito que conversar com seus pais quando voltasse para casa. Sentiu a nostalgia aumentar ao pensar nisso. Por um momento, desejou voltar àqueles dias onde suas preocupações não estavam envolvidas com nenhum ser da escuridão. E, principalmente, desejou ter Brendah sorrindo ao seu lado novamente.

 -Agora é a minha vez de perguntar. – Sora o tirou de seus pensamentos – Como descobriram isso?

 -Larxene. – o loiro disse com os dentes trincados

 -Quem? – Sora quase gritou, incrédulo

 -Acho melhor deixarmos isso para quando relatarmos a missão. – falou Juno

 Sora hesitou um pouco, mas decidiu concordar. Juno e Lukas então voltaram a seus respectivos quartos, cada qual perdido em seus próprios pensamentos. Só despertaram quando sentiram a nave pousar. Desceram e foram recepcionados por Queen Minnie, que os levou até a sala do trono, onde Mickey se encontrava sentado. O camundongo, observando cada um dos olhares dos presentes, intuiu que alguma coisa acontecera.

 -É bom vê-los de volta e em segurança. – disse – Há algo que precise ser relatado?

 -Se antes nós apenas suspeitávamos que foi Larxene quem tirou Brendah do nosso lado, agora temos certeza. – informou Juno – Encontramos ela.

 Mickey suspirou. Sabia que isso era questão de tempo. Então, o grupo de keybladers começou a contar o que aconteceu desde Destiny Islands até Tóquio. Logo depois de terminarem, Queen Minnie voltou à sala para chamá-los para o almoço, para o qual rapidamente foram, pois seus estômagos já roncavam devido às longas horas que estavam sem comer.

 Dois dias se passaram desde a última viagem. Estranhamente, a calma parecia ter se instalado nos mundos, então o grupo aproveitou para treinar. Mas um deles se encontrava numa delicada situação.

 Nick.

 Era negligente com os treinos de magia, e, nos treinos de combate, era derrotado mais facilmente do que quando chegara. Por mais que tentasse, não podia ir mais longe que isso sem que começasse a se tornar um heartless. E, cada vez mais, a escuridão parecia achar uma nova brecha, minando a resistência dele.

 Em uma luta com Juno e Lukas, acabou perdendo o controle. Desarmou o loiro e teria atingido ele gravemente, se a Oathkeeper não parasse a Way to the Dawn a tempo. E, novamente, devido ao encontro de seu olhar com o de Juno, ele conseguiu recobrar a consciência. Mas, dessa vez, o processo foi mais trabalhoso. Externamente, para seus amigos, não havia diferença, mas ele sentia como o seu lado sombrio estava ficando mais forte que ele.

 Pouco depois de retomar o controle, pode sentir um toque suave em seu rosto. Abriu os olhos, agora totalmente verdes, encontrando-se com a expressão preocupada de Juno.

 -Está tudo bem? – perguntou ela, a preocupação nítida em sua voz

 O garoto suspirou e tirou a mão dela de seu rosto.

 -Você sabe que não. – respondeu ele, abatido

 Nick simplesmente deu as costas para os amigos e saiu da sala onde estavam treinando.

 -Nick, espera!... – Juno ainda tentou segui-lo, mas Lukas segurou-a pelo braço

 -Deixa ele. – falou quando ela olhou em sua direção – Acho que ele precisa ficar um pouco sozinho.

 Passaram-se alguns segundos até ela assentir, com uma expressão triste. Só ela sabia o quanto lhe angustiava ver que Nick se isolava cada vez mais.

 -Podem me dizer o porquê de ele não estar bem?

 Ambos se viraram quando ouviram. Mickey estava encostado na porta, de braços cruzados. Ele tinha ouvido a conversa dos três e entrado assim que Nick saiu, tomando o cuidado de este não vê-lo.

 Os dois jovens se entreolharam, e Juno engoliu em seco, voltando o rosto para o camundongo.

 -Desculpe, majestade... - ela disse de cabeça baixa – Mas eu prometi a ele que não falaria sobre isso.

 A garota foi caminhando até a saída, sem levantar o rosto. O rei desviou o olhar dela e passou-o para Lukas.

 -E você? Também fez a mesma promessa? – indagou

 O loiro respirou fundo e assentiu, logo após fazendo a mesma coisa que seus dois amigos.

 Mickey ainda continuou lá quando a sala ficou vazia, pensativo. Estava preocupado com Nick. Ele se distanciava cada vez mais dos treinos, e o camundongo sentia que havia algo errado, só não sabia o que. Pensara em falar com Juno ou Lukas, mas agora sabia que isso não adiantaria. Eram muito leais um ao outro para quebrarem uma promessa.

 Suspirou. Teria de ser diretamente com ele.

 Já fazia algum tempo desde o treino, mas Nick continuava fechado em seu quarto perdido em seus pensamentos. Perguntava-se se a keyblade tinha o escolhido por ser filho de quem era ou se era por ele realmente merecer. E, caso fosse o último, se tinha sido uma escolha correta. Quanto mais pensava, mais se convencia de que seu lugar não era ali.

 O barulho de alguém batendo na porta o despertou. Ficou surpreso quando viu quem era.

 -King Mickey! Algum problema?

 O camundongo apenas negou com a cabeça e fez um gesto pedindo para segui-lo. O garoto assim fez, e foi levado até a sala do trono. Mickey caminhou até praticamente o fim dela e parou, mas continuou de costas para Nick. Este parou a mais ou menos um metro de distância.

 -Lute comigo, Nick. – falou, sacando sua keyblade dourada

 O garoto fora pego totalmente de surpresa. Mas, com o tom que aquelas palavras foram ditas, sabia que não era uma pergunta ou pedido, era quase uma ordem. O camundongo logo se virou em sua direção e começou com suas investidas.

 A única coisa que podia fazer era desviar e tentar se defender, pois, mesmo Mickey não usando metade de sua força, ainda era superior. Em poucos minutos, já estava arfando, e sua resistência decaia a cada instante. Então, o desejo por poder emergiu, abrindo assim a brecha perfeita para a escuridão.

 Após desferir um ataque que obrigou Nick a recuar alguns passos, o camundongo sentiu que algo acontecera de diferente. O garoto continuou no mesmo lugar, e um sorriso insano apareceu em seu rosto. Ao erguer o olhar, foi possível ver que seu olho direito já não era mais verde, e sim amarelo.

 Mickey não pode deixar de ficar surpreso. Então era isso. Nick estava virando um heartless.

 No outro segundo, o garoto já estava a poucos centímetros, desferindo um perigoso ataque. O rei começou só se defendendo, mas, vendo que ele não voltaria por conta própria, começou a contra-atacar e conseguiu desarmá-lo, pouco depois o derrubando.

 -Vamos lá, Nick. Tenho certeza que consegue voltar ao controle. – disse Mickey, com a ponta da keyblade dourada praticamente encostada no pescoço dele

 Ainda demorou alguns instantes até que as palavras chegassem à consciência de Nick. Mesmo assim, elas surtiram o efeito desejado, embora isto tenha demorado mais do que no treino.

 Quando o verde voltou a seus olhos, e sem nenhum indicio daquele brilho insano, o camundongo guardou sua keyblade e se afastou um pouco. O garoto se sentou e suspirou, com o olhar baixo. Rapidamente, se levantou e caminhou em direção a porta.

 -Aonde vai? – perguntou o camundongo

 -O que importa? – rebateu, irritado, depois passando o tom de voz para abatido – Não sou mais um keyblader mesmo...

 -E por que não seria? – continuou Mickey

 -E você ainda pergunta por quê? – ele se virou, olhando diretamente para Mickey – Por acaso não viu como eu estou virando um heartless? Duvido que já tenha existido algum portador da keyblade cujo coração estivesse tão perto da escuridão.

 Ele voltou a caminhar em direção a porta. Agora se sentia machucado, como se admitir em voz alta tornasse o fato ainda mais real. Por um momento, o pensamento de se tornar um heartless completo e acabar com tudo isso passou por sua cabeça.

 -Já existiu. – Nick continuou andando sem prestar muita atenção ao que o camundongo disse – O seu pai.

 Nick parou no exato instante que ouviu a última palavra. Todos os pensamentos sumiram de sua cabeça, e ele voltou-se na direção de Mickey.

 -O... meu... pai? – repetiu, incrédulo

 O camundongo assentiu, e completou

 -Pode perguntar a Sora, talvez ele saiba até mais do que eu, pois ambos já se enfrentaram. – ele esperou para o caso de Nick querer falar algo, mas vendo que ele ficara calado, continuou – Riku sempre sonhou em sair de Destiny Islands. Quando a escuridão tomou a ilha, ele viu a oportunidade perfeita. Mas, com isso, acabou se separando de seus amigos. Depois, foi levado a achar que Sora já não ligava mais para ele ou Kairi, e que a escuridão lhe daria o poder necessário para encontrar e ajudar à amiga. – o camundongo pausou antes de concluir – E acho que você não procurou a escuridão por motivos menores.

 O garoto baixou o olhar e afirmou com a cabeça, afinal, mesmo que inconscientemente, fora para ajudar os amigos que sua ânsia por poder acabou surgindo.

 -Mesmo assim, não sei se vou conseguir me manter são por muito tempo. – pensou alto

 -Vai desistir tão fácil assim? – provocou Mickey, embora ainda mantivesse sua expressão séria

 -Acredite. – o garoto disse cabisbaixo – Não está sendo nada fácil até agora.

 Ele se direcionou a saída novamente, e, quando tocou na maçaneta, pode ouvir Mickey dizer:

 -Não tente ser nem se culpe por não ser seu pai, Nick. A keyblade te escolheu e agora está com você, não com ele.

 O garoto ainda ficou alguns instantes parado, pensando no significado daquelas palavras, e depois seguiu para seu quarto.

 O dia seguinte amanheceu ensolarado, mas, da janela do quarto de Lukas, algumas nuvens cobriam o sol, dando um tom alaranjado a estas. O loiro sentou-se vagarosamente na cama e olhou para o cenário. Não pode deixar de sorrir. Era o mesmo céu de seu sonho da noite anterior.

 Se bem que não fora exatamente um sonho. Afinal, era uma lembrança sua. E, embora fosse um pouco confusa pela sua pouca idade na época, aquele fragmento da sua memória era um dos mais prezados por ele.

 O primeiro detalhe perceptível era de alguém chorando. Um choro alto, mesmo sendo de criança. Depois, ele só se lembrava de estar ajoelhado de frente a ela, que escondia o rosto em suas mãos, tentando, em vão, limpar as lágrimas.

-Hey, está tudo bem? – perguntou à garota ruiva

 Nesse momento, ela parou de soluçar e olhou para ele, seus belos orbes refletindo desespero.

 -Quem é você? – rebateu ela, com a voz chorosa

 -Eu me chamo Lukas. – respondeu - E você?

 -B-brendah. – falou depois de algum tempo

 -Por que estava chorando? – insistiu, querendo ajudá-la

 -E-eu não sei... – gaguejou ela – Eu não consigo me lembrar de nada... – lágrimas começaram a escorrer sobre seu rosto novamente – Só vejo escuridão...

 O loiro foi pego de surpresa quando ela abraçara-o com força, afundando seu rosto em seu peito.

 -Por favor, Lukas, me ajuda... Eu estou com medo... – suplicou a ruiva, aos soluços

 -Pode ficar tranquila! – exclamou ele – Agora serei seu amigo e te protegerei de qualquer coisa!

 -Sério? – ela indagou, olhando diretamente em seus olhos

 -Eu prometo! – ele afirmou, abrindo um extenso sorriso

 O loiro não pode deixar de sorrir ao lembrar. Fora a primeira vez que vira Brendah, e desde então se acostumara com aquela aura alegre e animada que a rodeava. E jamais se acostumaria com a ausência dela.

 E era isso que motivava ele a cumprir sua promessa de trazê-la de volta.

 Se o sonho de Lukas tinha sido calmante, o de Juno fora o extremo contrário.

 A garota acordou ofegante, ainda com aquelas imagens em sua mente.

 O céu estava completamente tomado por nuvens negras, o que dava um aspecto sombrio ao local. Ela ainda demorou um pouco para reconhecê-lo.

Radiant Garden.

 Quando constatou isso, procurou com o olhar Tabitah e Will. Achou-os alguns metros à frente, lutando contra uma grande quantidade de heartless. Ambos estavam com alguns machucados, e suas roupas tinham pedaços rasgados, o que indicava que a luta não era de agora.

 -Droga... – reclamou o garoto – Não sei quanto tempo aguento mais, irmã...

 -Se ao menos o sistema de comunicação e monitoramento não tivesse sido quebrado... – praguejou Tabitah

 A feiticeira ainda continuava habilidosa em suas magias de gelo, mas estava óbvio que, caso a ajuda não chegasse rápido, qualquer pessoa que estivesse naquele mundo seria engolida pelas trevas.

 Juno nem ficou muito tempo pensando. Saiu rapidamente de seu quarto à procura do rei.

 A cada minuto que passava dentro daquela nave, a garota ficava mais nervosa. Rezava para que estivesse errada, para que aquilo só tivesse sido um sonho.

 Quando chegaram, para sua aflição, o seu sonho tinha sido bem preciso.

 O céu negro deixava o chão praticamente da mesma cor, e até o ar parecia ter sido afetado, como perceberam ao desembarcar.

 De repente, os heartless começaram a surgir. Mas, antes que as keyblades pudessem destruí-los, uma labareda estendeu-se sobre eles, limpando a área. Quando o fogo se extinguiu, puderam ver quem executara tal magia. Will atingiu o chão com um baque surdo.

 Os três foram até o garoto, que ainda se mantinha acordado, embora completamente exausto. A keyblader tratou de logo usar uma magia de cura sobre ele.

 -Obrigado – agradeceu, enquanto se apoiava nas mãos para poder se erguer

 -Onde estão Tabitah e os outros? – perguntou Juno

 -No quartel-general. – disse Will – E temos de ir rápido, pois acho que a garota que lutou comigo está lá.

 Foi perceptível a mudança no olhar de Lukas.

 -Nós vamos. – afirmou Juno – Mas você fica. – ele ainda abriu a boca para contestar, mas ela logo completou – Will, você não está em condições de lutar. Vá para a nave que logo estaremos lá.

 O garoto foi obrigado a concordar, não sem certa relutância. Então o grupo de keybladers prosseguiu pelas ruas da cidade, agradecido pelo forte treinamento dos dias anteriores.

 Quando chegaram à bifurcação, Juno e Lukas seguiram direto para a direita, mas Nick fez menção de seguir em direção à trilha.

 -Perdeu o senso de direção, Nick? – brincou o loiro

 -Não. – respondeu secamente – É por aqui que eu vou.

 -Não ouviu o que o Will disse? – replicou Juno

 -E se um deles saiu e seguiu por aqui? – rebateu – Alguém tem de conferir.

 Não havia o quê discutir. Os argumentos de Nick tinham fundamento lógico. Juno acabou assentindo e seguindo com Lukas. Mesmo assim, nada tirava a sensação ruim que tinha sobre deixá-lo sozinho.

 Assim que pisou no mosaico anterior à trilha, diversos seres emergiram do piso. Nick automaticamente sacou a sua keyblade e começou a destruí-los, mas eram muitos. A atmosfera sombria que se formara no lugar parecia alimentar os heartless, e deixar mais fácil o caminho da escuridão até seu coração.

 Ele conseguiu acabar com todos, mas o preço estava sendo alto. Caiu de joelhos e apoiou uma mão no chão, quase sem energia para se manter consciente. A outra mão estava no peito, segurando a camiseta, à altura do coração, sentindo cada vez mais que cedia este a escuridão.

 Quem diria... O certinho do Nick sucumbindo à escuridão...

 Fora ali que ouvira isso. E talvez ela estivesse realmente certa. Talvez não estivessem em lados tão opostos, afinal. Mentalmente, desculpou-se com todos que ainda acreditavam nele e agradeceu por seus amigos não estarem ao seu lado. Pelo menos, quando virasse um heartless, eles poderiam derrotá-lo facilmente.

 Foi quando ouviu.

 -Nick!

 Aquela voz. Tão doce, e tão cheia de desespero.

 Juno se ajoelhou na sua frente e colocou ambas as mãos em seu rosto. O garoto permaneceu de olhos fechados, sem coragem para encará-la.

 -Eu disse para você não vir atrás de mim. – resmungou

 -Mas, Nick... – este logo cortou

 -Vai embora daqui, agora! – gritou, com um tom mais agressivo que gostaria

 Com isso, ele abriu os olhos. O direito já estava completamente amarelo, sem nem mais a pupila, e o esquerdo perdia a coloração esverdeada.

 Juno perdeu o chão com essa visão.

 Ela não era o tipo de garota que chorava com facilidade, já tinha aprendido que viam a isso como sinal de fraqueza. Mas, por um momento, isso apagou de sua mente. As lágrimas começaram a verter por seu rosto.

 -Nick, por favor, eu, eu... Eu preciso de você!

 O garoto não deixou de se surpreender com o que ouvira, enquanto ela continuava entre soluços.

 -Naquele dia, quando descobrimos toda essa história de keyblade, você disse que sempre estaria ao meu lado. Eu estava completamente confusa, não sabia quem eu era, e talvez tivesse até medo de descobrir... Mas, quando você segurou minha mão, quando você me disse aquilo... Foi quando eu finalmente me senti segura...

 Ela abraçou-o, seu rosto já molhado, e falou suavemente.

 -Eu sei que você é mais forte que qualquer escuridão. Então, por favor, eu preciso de você.

 Nick ainda estava surpreso com aquelas palavras quando começou a sentir uma sensação nova. Como quando se está num lugar escuro e acende a luz, vendo-a preenchê-lo totalmente. Aquelas palavras, tão sinceras e desejadas, libertaram a luz que sempre estivera dentro de si.

 -Acalme-se, Juno. – ele correspondeu ao abraço ao completar – Eu sempre estarei aqui, ao seu lado. Isso é uma promessa.

 Ao ouvi-lo, a garota se afastou um pouco, para poder olhá-lo diretamente nos olhos. Não pode conter o sorriso ao ver aquele tom de verde que tanto amava.

 -Obrigado. – ele sussurrou, não precisando dizer mais alto pela proximidade de seus rostos – Eu não sei o que faria sem você.

 Foi quando perceberam o quão próximos estavam. As respirações se entrelaçavam, convidando o contato entre ambos. Nick chegou a puxá-la mais para perto de si, desejando tocá-la, mas esta se levantou.

 -Acho melhor irmos. – disse a garota, torcendo para que ele não visse o vermelho de seu rosto

 O rapaz assentiu, e se pôs de pé. Por um momento, achara que o que havia sido dito tinha mais sentimentos que amizade. Mesmo assim, ignorou isso, concentrando-se somente na promessa que tinha a cumprir com ela.

 Lukas podia ouvir o barulho de lâminas se chocando. Tinha entrado no prédio pouco depois de liberar Juno, sabendo que esta não ficaria sossegada até encontrar Nick novamente. Embora também se preocupasse com o amigo, sabia que ele não precisava de mais ninguém a não ser aquela garota.

 Sem falar que ele era necessário ali.

 Ao passar pela sala dos monitores, pode ver as kunais eletrificadas cravadas em cada um, e nem tentou tirá-las de lá, pois seu objetivo estava logo à frente. Cruzou a porta e se viu numa plataforma redonda, que mais parecia uma arena agora devido à tensão de luta que ali emanava.

 Tabitah estava um pouco a frente dele, empunhando uma espada cuja lâmina era feita de algo que parecia cristal. Foi analisando melhor que percebeu. Era gelo. Poderia apostar que o ambiente só não estava frio por causa da adversária. Brendah estava exatamente de frente a ele, e ergueu o olhar em sua direção quando ouviu seus passos.

 -Ora, ora, parece que finalmente os keybladers chegaram. – disse a ruiva, com um sorriso cínico

 -Também senti sua falta, querida. – rebateu ele, com um sorriso brincalhão, logo depois voltando para uma feição séria – Vamos, Tabitah. Não há mais nada a ser feito por aqui.

 -Esquece. – rosnou a feiticeira, num tom de voz que causou arrepios – Eu não saio até que ela esteja morta.

 -Acha mesmo que está em condições de me enfrentar? – ironizou Brendah

 Para a surpresa de ambos que a observavam, Tabitah encostou a fria lâmina no pescoço de Brendah antes que fosse perceptível sua movimentação.

 -Não me subestime. – proferiu, com o ódio notável na voz

 Antes que a feiticeira pudesse fazer mais algum movimento, Brendah fez a mesma coisa com uma de suas adagas.

 -O mesmo para você.

 O loiro engoliu em seco. Não queria que nenhuma das duas saísse machucada. Foi quando percebeu. A adaga que estava encostada em Tabitah era a de raio. E ele sabia qual era a estratégia.

 A eletricidade não demorou muito para chegar ao corpo de Tabitah, que, depois de um grito de dor, desmaiou. A ruiva olhou para sua adversária e depois olhou para Lukas.

 -Pode levá-la. Não vou te impedir. – falou, quando percebeu a hesitação dele

 Ele sorriu e desmaterializou a keyblade, caminhando na direção dela. Passou o braço por debaixo dos joelhos da feiticeira e o outro por trás das costas, levando-a no colo. Brendah simplesmente ficou olhando enquanto ele lhe dava as costas e saia.

 -E, Lukas. – ela chamou, fazendo-o se virar – Não tenho ideia de como você me derrotou.

 Entendendo o que ela quis dizer, piscou e abriu mais um pouco o sorriso.

 -Nem eu.

 Então, ambos ficaram de costas para o outro, cada qual seguindo pelos seus opostos caminhos.

 Tabitah acordou várias horas depois. Sentou-se de golpe na cama em que estava, ainda pensando estar em Radiant Garden. Demorou alguns instantes para perceber que estava em um dos quartos de Disney Castle.

 -Está melhor agora?

 Logo reconheceu aquela voz.

 -Will? O-o que estamos fazendo aqui? – indagou, vendo o irmão apoiado na parede a seu lado

 -Esqueceu do que aconteceu? – perguntou ele

 -Não... – respondeu ela, com um tom abatido – Só queria acreditar por um momento que tinha sido só um pesadelo...

 -Fica tranquila que conseguimos tirar todos de lá... – ela logo interrompeu Will

 -Mas e os que morreram antes? E nossos lares, Will? – a garota cabisbaixa começava a tremer, enquanto seus olhos ficavam marejados

 -Tabitah, por favor, não se culpe... – pediu ele, conhecendo bem demais a irmã para não saber o que ela estava pensando

 -Claro que foi culpa minha! – berrou ela, virando seu rosto na direção dele, sendo possível ver as lágrimas escorrendo – Eu era a responsável por cuidar de quem estivesse lá! – os soluços a sacudiam enquanto voltava a ficar com o olhar baixo – Mas eu ainda terei minha vingança...

 Will reconheceu aquele tom de voz. Segurou-a pelo ombro e fez ela olhar diretamente para ele, deixando a vista aquele maligno brilho dourado.

 -Tabitah, pare com isso! – suplicou, sabendo o que aquilo significava – Você sabe tão bem quanto eu que esse desejo de vingança só te prejudicará!

 O olhar dela voltou a ficar imerso só em tristeza, enquanto ela abraçava o irmão e chorava desesperadamente. O garoto se limitou a acariciar o cabelo dela, tentando tirar a culpa e o ódio que ela agora sentia.

 Afinal, ele, e só ele, sabia quais seriam as consequências se ela se deixasse levar por sentimentos tão negativos.


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Notas finais do capítulo

Ok, até eu achei que o Nick fosse virar um heartless -q E até eu achei que aqueles dois fossem se acertar -qq
Well, não achem que meu retorno será rápido, pois não será. Amanhã começam minhas aulas e estarei estudando o dia todo, sem muito tempo para net ou escrita. Ah, eu sei, é um poko triste isso, mas não podem me culpar por estar seguindo meus sonhos, né?
Enfim
Amei toda essa minha estadia de férias no Nyah, e sentirei falta de cada review quando estiver na aula *mentira, ela esquece até quem é Juno no CTUR* Calada, Inner u_ú É, onde estava? Ah, sim, bjss e até o próximo cap o//(e me desejem sorte)



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