8 Cartas para Você escrita por NoOdle


Capítulo 2
2º Capítulo - Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um, amanhã posto mais! Beijo, tomara que gostem, estou fazendo com carinho :D Este ficou bem comprido, o de amanhã não ficará tanto O_o'



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“Oi  pai

Não acredito que já se passou mais uma semana, e foi tão rápido! A ultima carta eu quase não pude enviar, mas no outro dia cedinho eu encontrei o selo perto de onde eu tinha deixado a caneta. Tive aula no sábado porque fizemos uma reposição de umas aulas que um professor faltou.

Lembra quando eu te contei que estava fazendo aulas de música? Minha professora diz que estou indo muito bem e que se continuar assim posso pular alguns bons níveis. Imagina só: se eu começar a tocar super bem mamãe talvez me deixe continuar (isso se ela ficar sabendo algum dia que estou fazendo estas aulas. Não conte para ela, você sabe como ela é; firme e quase nunca muda de idéia.)

Trabalhei na terça e na quarta feira, acho muito legal o que estou fazendo, posso brincar e imaginar junto com as crianças que vão para a festa. Sempre sou a que mais animo porque sou a que cria histórias e brincadeiras! Falando nisso daqui a pouco tenho mais uma festa, e com essa ganharei dinheiro o suficiente para comprar carne. Já sabe que o banquete vai ser bom no sábado!!

Jonas anda extremamente irritante comigo. Cismou que já sou adolescente e, portanto, tenho que estar a fim de alguém na minha escola, então fica me irritando toda hora. Quando você voltar para casa, por favor, brigue com ele! Eu falo e não adianta nada!

É melhor eu já ir andando, não quero chegar atrasada! Se proteja e salve muitas vidas como um bom médico que eu sei que você é. Estou com saudades!

                                                            Para sempre sua Isa”

Isabela guardou o bloco de notas e dobrou a carta, já colocando o selo. Eram exatamente 7:00h da noite, a festinha de um tal de Luca começaria as 7:30. Vestiu seu uniforme, já imaginando o que poderia fazer com as crianças.

Se olhou no espelho. Estava engraçada como sempre: um macacão vermelho com um símbolo do salão de festas bem no meio e um sapato All Star que veio junto com o uniforme. Seus cabelos curtos e lisos estavam presos em duas chucas, uma obrigação de todas as monitoras.

Saiu de seu pequeno quarto, dando de cara com a escada velha que dava para o andar de baixo, que tinha só mais um quarto, uma cozinha e o lugar onde devia ser a sala, mas tinha um colchão que seu irmão dormia. Seus irmãos estavam sentados nas cadeiras de plástico da cozinha, vendo Loane cozinhar uma sopa de repolho.

“Que delícia, mãe!” Isabela falou, dando um beijo na testa dela, arrumando seus cabelos grisalhos presos em um coque. “Pena que não vou ficar para comer. Mas amanhã teremos um banquete na janta, vou sair para comprar carne moída.”

Ela sorriu. “Tudo bem, querida. Vá com cuidado e volte até as 23:00h. Peça para algum de seus colegas te acompanhar, as ruas andam muito perigosas...”

“Por que um dia você não me leva?” Pediu Jonas, que descascava o tampo da mesa, chateado.

“Um dia, talvez, Jonas. Mas deixe para quando você crescer um pouco mais, ok?” O menino se animou, pegando um prato para servir a sopa. “Vou indo, até depois. Não precisam me esperar acordados!”

Saiu pela cozinha, sua irmã a seguindo. Pararam as duas na porta e Bárbara pediu: “Ham... Vê se você consegue trazer salgados para casa, daquela ultima vez você trouxe bolinha de queijo... Eu adorei!”

“Ta bom. Mas só se você prometer que não vai fumar aqueles pequenos cigarros por... 2 semanas.”

“Xiiiu...” Falou ela, olhando para trás para ver se sua mãe não estava por perto. “1 semana.”

Isabela pensou. “OK. Agora deixe-me ir, trago as bolinhas de queijo para você. Sem falta.”

Bárbara voltou sorrindo para a cozinha enquanto sua irmã saia da casa, andando tranquilamente pela rua até chegar em um parque, a parte preferida de sua caminhada.

Naquele parque tudo podia acontecer á toda hora. Pássaros verdes fluorescentes cantando músicas maravilhosas, dodôs com bicos laranjas compridos que gostavam de sair correndo quando ela passava por lá, e tinha uma árvore, aquela árvore linda e majestosa, onde as criaturas mais loucas moravam.

Era assim que ela passava o tempo, imaginando e criando coisas. Eles eram seus amigos e faziam companhia quando estava sozinha, como naquele momento.

Ela via um cachorro simpático e bem elegante que usava uma cartola preta. “Boa noite, Carlie! Como vai a família...?”

“Estão todos bem, obrigado, e você, Isabela?”

“Lá em casa estão todos bem também, a mesma coisa de sempre. Meu pai ainda não voltou, mas escrevi uma carta para ele hoje e vou colocar logo ali na caixa de correio.”

“Aposto que ele vai receber.” Disse o cachorro, mexendo a cabeça para arrumar o chapéu. “Está indo para uma festa?”

“Sim! Hoje é aniversário de Luca, filho de Dona Malu. Eu conversei com ela para poder ter uma idéia de preço e horário, ela parece ser bem legal. Ah, é aqui, vou colocar a carta...” Falou, colocando o envelope em uma pequena caixa amarela. “Me conta, Carlie, os trigêmeos andam fazendo bagunça?”

“Anita e Bob são calminhos, já até aprenderam a fazer xixi no lugar certo. Agora Lili é terrível, faz xixi por toda parte. Lolita fica louca com ela!” Carlie disse, sorrindo e balançando o rabinho. Olhou para o lado, a grande e majestosa árvore estava logo a sua direita. “É melhor eu ir para casa ajudá-la.”

“Obrigada por me fazer companhia! Mande lembranças a Lolita!”

“Mandarei!!” Gritou o cachorro, correndo em direção a árvore e entrando pelas folhas compridas e verdes do velho chorinho, sumindo.

Isabela se arrumou, continuando a caminhada. Agora só faltava mais um quarteirão.

Carlie era um cachorro que tinha ficado amigo dela ainda quando ela era criança. Sentada na mesinha de desenhos e maquiagens, esperando alguém chegar ela lembrava do dia, foi quando começou a usar sua imaginação.

Estava frio e ela tinha brigado com Bárbara e sua mãe tinha falado que foi ela que tinha deixado a panela com a janta cair, sendo que tinha sido sua irmã sem querer. Ela só tinha 8 anos e saiu correndo para o parque, sentando em uma das raízes do chorinho majestoso. Estava tremendo e chorando, sozinha e com medo de voltar para casa.

Foi quando Carlie saiu de dentro da árvore, conversando com ela. Em todo momento Isabela sabia que era sua imaginação, mas parecia bem real. E era reconfortante.

Ficou conversando por bastante tempo com ele, até ouvir gritos de seu pai, provavelmente procurando-a. Ela levantou imediatamente, vendo um feixe de luz e um vulto escuro. Correu até ele, abrindo os braços para um abraço.

‘Papai!!’

‘Querida!’ Ele disse, se agachando. ‘Você está bem? Machucada? Com frio?’

‘Está tudo bem, papai, me desculpe, eu não quero mais... Quero ir para casa!!’ Ela chorava, abraçando-o. Ele a pegou no colo, andando.

‘Agora está tudo bem. Tudo bem. Você está comigo.’

“Tia, quero um coração na minha mão!” Pediu uma menininha, sentada num banquinho da bancada de maquiagens.

Isabela mexeu a cabeça, voltando à realidade. “Claro, querida! Como você se chama...?”

“Luísa” Falou, timidamente, a pequena menina.

“Você quer que eu faço uma maquiagem super bonita em você? E depois eu desenho um coração na sua mãozinha?”

Luísa fez sim com a cabeça, animada. Logo já chegaram outras meninas e alguns meninos que pediram para fazer uma teia de aranha ou uma máscara do Batman no rosto.

“Ficou lindo, Ma! Você pode agora voar como uma borboleta!”

Marina, a ultima menina da fila, saiu pulando e mexendo os braços, fingindo que estava batendo as asas como a borboleta que estava desenhada em seu rosto.

Isabela guardou as coisas, limpando a bancada. Seus olhos caíram em um canto, onde uma menininha estava sentada, chorando.

“O que houve...? Qual é seu nome?” Ela perguntou, chegando mais perto.

“Rafaela...”

“O que aconteceu, Rafaela?”

“Um menino me empurrou no parquinho e eu me machuquei bem aqui, ó...” Ela choramingou, apontando para o próprio cotovelo, que estava um pouco ralado.

“Hm... Isso parece sério...” Brincou Isabela. “Sabe o que isso me lembra? A história de uma pequena, mas muito valente, princesa que morava em um condado bem bem longe daqui...”

A menina se sentou direito, interessada. “Sério? E como é...?” Ela perguntou, enxugando as lágrimas.

“Em um outro país, com uma outra cultura, em um outro século, existia uma bela e valente princesa chamada... Lorena. Ela tinha um cabelo comprido e escuro, e não era como as outras princesas que se vê por aí não! Ela sempre usava um vestido um pouco mais curto com um short por baixo, para poder sempre estar pronta para qualquer aventura.” Ela contou, fazendo gestos com as mãos. Logo já tinham muitas crianças em sua volta, sentadas e prestando atenção. Tinha até alguns pais acompanhando os filhos e ouvindo a monitora feliz da vida á inventar suas histórias.

“Então Lorena segurou a espada, pronta para atacar o terrível dragão, avançou, com seus longos cabelos voando e seu sorriso de aventureira no rosto... Foi quando aconteceu: ela enfiou a espada no coração do monstro e ele sumiu, se transformando em um homem... Ela olhou melhor: esse homem era Matheus, seu irmão. Matheus finalmente estava livre!!”

“Parabéns!! Vamos cantar o parabéns!!” Gritou Dona Malu, fazendo Isabela perceber que estava indo muito longe. Desceu de cima da cadeira, pegando uma comida e guardando as tão desejadas bolinhas de queijo para sua irmã. Rafaela, a menininha, chegou perto dela, sorrindo.

“Você inventou aquela história para mim? Eu sou a princesa Lorena?” Ela perguntou, animada.

“Você quer ser a princesa Lorena, Rafa?” A menina pensou e fez um sim com a cabeça. “Então você é! Você pode ser tudo que sonhar, ok? Só não sonhe ser uma super heroína e não tente voar!” Isabela riu, arrumando o cabelo da criança. “Vai lá cantar o parabéns!”

Rafaela foi correndo a mesa com o bolo, batendo palmas. Ela sorria, alegre, o que fez Isabela ficar mais feliz ainda.


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Notas finais do capítulo

Reviews? hahahaha, Bejos!! :DDD