8 Cartas para Você escrita por NoOdle


Capítulo 1
1 Capítulo - Isabela


Notas iniciais do capítulo

Este é só o primeiro, cada um começa com a carta de Isabela... Tomara que gostem! Vou botar meu máximo nelas :D Beijos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/107857/chapter/1

“Oi Pai

Essa deve ser a 23ª carta que escrevo para você. Toda sexta feira a noite faço questão de contar tudo que aconteceu para você nessa semana, com minha melhor caligrafia e meus erros de português comuns para uma menina de 16 anos sem muito aprendizado.

Minha caneta está acabando a tinta, então serei breve, e também Bárbara acha que você nunca vai receber essa cartinha. Mamãe só acha que está ocupado demais para responder, eu concordo, pois cuidar dos feridos aí no Vietnã precisa de muito tempo e paciência. Imagina só, quantos feridos! Na verdade nem gosto muito de imaginar...

Mamãe, Jonas e Bárbara estão bem, acho que você sabe, mas foi aniversário da Bárbara anteontem. Ela agora está com 19 anos e não decidiu o que vai fazer de faculdade. Acho que é mesmo uma decisão bem difícil. Ainda continuo na mesma, igual quando você saiu: gosto de imaginar coisas, mas não sei se isso me ajudará no futuro. Enquanto isso estou trabalhando como monitora naquele salão de festas perto de casa. Precisa ver só o orgulho da mamãe com isso!

Jonas ficou reclamando o dia inteiro que seu aniversário ainda ia demorar dois meses para chegar. Ele chorava: “Ainda estou com 12 anos!! Quero ter 13 e comer um bolo de aniversário como Baba!” – agente juntou um pouquinho de dinheiro e compramos de presente para Baba um bolo de morango, que ela adora, bem pequeno, assim só ela comeu, por isso Jonas ficou dando essa birra.

No mais aqui está tudo bem, não estamos passando fome apesar da falta de dinheiro. Mas comecei a trabalhar agora, como já disse, e você vai ver, vamos conseguir pagar o tal de vestibular para Baba.

Quando tiver um tempo me responda, ok? E boa sorte aí, se proteja.

                                                Para sempre sua Ela”

Isabela fechou o caderno de notas, arrancando a folha onde estava escrito a carta para seu pai. Procurou no bolso surrado um selo que lembrava que tinha deixado ali. Não achando foi procurar em sua mesinha, que ficava perto da cortina que reparte o quarto em dois. Nada. Abriu a cortina de plástico rosa, encontrando sua irmã já deitada.

“Bárbara você viu meu selo?”

A menina jogou seus cabelos castanhos e compridos para o outro lado, encarando-a. “Ainda insiste em mandar cartas para ele? Já te falei: elas não vão chegar.”

Isabela bufou, chutando o colchão onde sua irmã estava deitada. “Me poupe de seus mau-humorados comentários. Só perguntei se sabe onde está meu selo.”

“Não, me deixa em paz.” E se virou, acendendo uma bituca de cigarro.

“Você vai morrer com isso. E se mamãe pegar você está ferrada, sabe bem.”

“Você vai me dedurar?” Perguntou a garota, em um tom desafiador. Percebendo que sua irmã estava pensando complementou: “Eu posso deixar escapar que você conseguiu uma bolsa para fazer música...”

“Ah, não, eu... Como você... Ah!” Se irritou Isabela, fechando a cortina e se jogando em seu colchão. Sua mãe, Loane, já tinha deixado bem claro que não queria que ela fizesse aulas de música, tinha que passar esse tempo livre estudando para conseguir um emprego ou já trabalhando para conseguir dinheiro. Mas Isabela não podia se segurar: adorava música.

Não que era boa, mas é que na maioria do tempo ela estava pensando em coisas inúteis e imaginárias, vindo do fundo de sua cabeça (de acordo com a mãe isso também era inútil), e com a música ela parava e se focava no som.

Havia passado em um pequeno teste com pouquíssimos concorrentes e começou a fazer aulas duas vezes por semana de piano sem pagar nada. Mas ainda tinha medo de Loane brigar com ela e fazê-la desistir.

Pegou sua almofada e colocou-a sob sua cabeça, fechando os olhos. Já devia ser mais de 23:00h e tinha aula as 8:00h da manhã no outro dia.

Pensou em como seria bom voar... Voar em um cavalo marinho alado bem azul, ou então nadar respirando de baixo d’água com algum equipamento que a fazia ter guelras e nadadeiras como peixes. Em sua imaginação ia longe, cruzava rios e mares sem mesmo sair do lugar.

Sua imaginação era seu refúgio em todas as horas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Make a writer smile *-*
hahaha
By: NoOdle :)