Vozes indistintas. Toques por todo o meu corpo. Prantos distantes. O mundo estava distante... Escuro... Difícil...

            -Ah meu Deus! Porque não me contou?! Eu teria ido com você! Eu teria te protegido!

            Rugia Jamie ao meu lado.

            -Não briga com ela, porque não é culpa dela!

            Brigou Saralynn também ao meu lado. Estava doendo em toda a parte e eu me lembrava por que. Mas espera Jamie não estava lá, e como estava aqui agora? O aqui era o lá? O que diabos estava acontecendo?

            -Desculpe Saralynn. Sabe que eu a amo.

            -Eu não entendo vocês adultos! Se vocês se amam porque vocês brigam?!

            Grunhi.

            -Somos duas, Saralynn. Concordo plenamente que não briguem comigo.

            Senti as mãos de Jamie segurarem cada uma um lado do rosto e senti sua testa na minha.

            -Depois você diz que eu sou insano por sair?! Você faz ideia de como eu fiquei?! Porque você não disse a ninguém?! Porque não disse pra mim?!

            -Era minha irmã, minha responsabilidade.

            -Tudo é sua responsabilidade, não é? Abra os olhos, amor. Saralynn não sai do nosso quarto há dias. E eu estou muito a fim de que ela vá embora.

            Ele sussurrou.

            -Ei! Eu ouvi!

            -Eu sei!

            Abri os olhos sorrindo.

            -Por isso eu amo vocês.

            Jamie me lançou um olhar azul acusador que quase levei um susto achando que era Jeb. A semelhança nunca fora tão forte. Ele apontou um dedo para mim.

            -Você ainda está encrencada.

            -Eu sei.

            Claro, eu estava mesmo encrencada. Primeiramente fui advertida separadamente por cada um dos meus amigos, por Jeb, e as piores das broncas foram as de Ângela e de Cal. Ela era minha melhor amiga e ele, mesmo descobrindo a pouco tempo atrás, era meu pai, e ficou muito chateado quando eu não contei a ele antes de ir.

            Com quem eu estava realmente encrencada era Jamie, que dificilmente me dirigiu a palavra por algum tempo. Eu sabia que ele tinha ficado bem magoado, e mesmo que ele não respondesse, eu conversava com ele, e lhe contava porque guardava a alma que um dia tinha estado nele no armário, para devolver para Tanzânia quando tivesse a chance.

            Contava-lhe como foi estar no chão, indefesa, focando o olhar em Saralynn e lembrando-se dele para conseguir força para continuar. Contei-lhe que a fechada garotinha que se juntara a nós, Teresa Marie, agora era nossa responsabilidade.

            -Por quê?

            Ele perguntou ríspido, quando eu disse isso.

            -Saralynn disse que ela é filha de Tanzânia e que ela a deixou para trás. E como você sabe as almas só tem um parceiro, e Tanzânia nunca tinha tido até você... Digo... Patty... Aparecer... O que faz de Teresa Marie...

            Ele olhou para mim, assustado.

            -Minha filha?

            -Nossa, se parar de me odiar.

            Ele me abraçou.

            -Não te odeio, você sabe. Só sou super-protetor.

            -Eu sei.

            Suas feridas ainda precisaram ser lambidas algumas vezes antes de sarar de vez, e antes que me desse conta, Terry estava me chamando de mãe e falando pelos cotovelos, andando pelos cantos com Roxanne e Saralynn. A vida dela havia sido muito difícil com uma Tanzânia enlouquecida pela perda do seu amor, que a chamava de bastarda e tudo o mais. Mas assim como Jamie, suas feridas só precisaram ser lambidas um pouquinho.