O Olhar de Um Inimigo escrita por Bellah102


Capítulo 40
Capítulo 40




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            POV. Serena

            Meu  maior segredo, era agora. Era para isso que ele estava guardado.

           

            Corri para a garagem pelo mesmo túnel onde Saralynn tinha sido seqüestrada. Logo pulei na caminhonete, com a chave que eu havia (roubado) por aí. Acelerei o 4x4 pelo deserto ao máximo, e entrei na estrada rumo à Tucson. Estava tudo vazio, porque desde que pegamos Jamie de volta, ali era uma área perigosa e todos eram aconselhados a pegar a interestadual.

           

            -Serena, que bom que se junto a festa. Eu e Saralynn estávamos a sua espera... Teresa!

            De um corredor saíram duas garotinhas, a minha Saralynn, quase irreconhecível, suja, sua roupinha tinha algumas manchas de sangue, e seus cachinhos loiros completamente embaraçados. Ela estava de mãos dadas a uma garotinha de cabelos castanhos e olhos azuis.

            -Tia Serry!

            Os olhos do meu anjinho encheram-se de alegria. Sorri para ela, e antes que eu me desse conta, eu estava no chão, com dor no queixo. Acima de mim, Tanzânia esfregava o pulso.

            -Teve a audácia de aparecer não é, irmãzinha?

            -Tanzy olha...

            Ela me chutou com força nas costelas.

            -Como se atreve a me chamar assim depois de que fez?

            -Para de machucar a tia Serena!

            Lancei um olhar desesperado para Saralynn pedindo para que se calasse. Tarde demais, Tanzânia andou até ela e acertou-lhe uma tapa na cara que a fez cair no chão. Me levantei cheia de fúria.

            -TANZÂNIA! Isso é entre mim e você! A pobre Saralynn já sofreu demais! Faça o que quiser comigo mas...

            Antes que eu pudesse falar, mais golpes me acertaram, tão precisos, como só uma Buscadora podia fazer. Só foquei meu olhar em Saralynn, que chorava abraçada à menina chamada Teresa. Eu a havia encontrado e vê-la de novo enchia meu coração de alegria. Mas eu ainda tinha uma outra missão.

           

            Eu esperei ela terminar. Extravasar toda a raiva que ela queria e podia. Quando ela parou diante de mim, ofegante e toda suja com o meu sangue, era hora.

            -Não vai nem tentar revidar?

            Balancei a cabeça achando que seria menos doloroso do que falar. Eu estava errada, com minhas últimas forças, levantei minha mão e a entreguei a chave da caminhonete.

            -Tem uma coisa na caçamba que pertence a você.

            Ela me olhou desconfiada, e saiu a passos largos da delegacia.

            -Tia Serry! – Gritou Saralynn correndo até mim assim que Tanzânia saiu pela porta. Colocou sua mãozinha diminuta em minha bochecha ensopada de suor frio e sangue quente – Eu sabia que você vinha me salvar...

            -É pra isso que servem os anjos da guarda...

            Ela sorriu.

            -Vai ficar tudo bem, não vai?

            Afirmei, sentindo a cabeça girar.

            -Vai sim. Pode ficar tranqüila. Se aquela mulher má for embora, você fogem está bem? Saralynn, você sabe o caminho de volta pra casa não sabe?

            -Sei.

            -Leve bastante água e comida. Quero que vocês duas voltem pra casa assim que escureça entendeu?

            -Entendi, mas... Você não vai com a gente.

            Peguei sua mãozinha e descansei minha cabeça em seu colo.

            -Acho que não Saralynn. Não dessa vez.

            E eu dormi, com o calor das lágrimas do meu anjinho. Elas eram tão doces, puras e delicadas, que elas quase podiam me curar.

            Quase.


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