Sorrisos lindos apareceram no rosto deles assim como no meu. Então nós iriamos matar alguns monstros. Grande novidade.

Mas devo dizer que estava louco por aquele tanto de ação. Era isso que ia me salvar de virar um deprimido. Isso e Annabeth, claro.

Acordei completamente determinado. Tudo o que rondava minha cabeça, era descobrir quem tinha mandado as Dracaenas, e acabar com eles atrás de vingança. Eu ia vingar minha mãe de um jeito ou de outro.

Preparei-me com esse pensamento, poli Anaklusmos, observei meu escudo como se nunca o tivesse visto antes, guardei a armadura na mochila mesmo sabendo que ela seria desnecessária. Eu estava pronto para qualquer um que investisse contra mim.

Encontrei meus amigos prontos na colina. Ao que parece íam nos levar até o Empire State para que ficassemos então por nossa conta. Todos pareciam um pouco tensos, afinal, não faziamos ideia do que fazer se os Deuses não nos dessem pistas, estavamos completamente cegos. Mas eu ainda assim estava determinado a me vingar.

Annabeth enlaçou sua mão na minha, e então sussurrou em meu ouvido:

-Vai dar tudo certo herói. Não se preocupe.

Eu assenti, sorrindo fracamente. O problema é que eu não acreditava muito nessas palavras. Quatro semideuses, indo às cegas até o Olimpo, tentando em vão descobrir o que aconteceu? Isso nunca é uma boa opção.

-Ok, Argos vai nos deixar em frente ao Empire State, então de lá, é por nossa conta. Se não conseguirmos pistas, sugiro que deçamos até o submundo para pressionar Hades um pouquinho. - Thalia falou, um sorriso malicioso nos lábios.

-Eu tenho muito medo de você. - Luke falou, vindo para trás de mim e Annabeth.

Nós demos risadas fracas. Argos chegou, silêncioso como sempre, e nos pediu para entrar. Todos entramos na van, e então partimos para nosso destino.

Fora a viagem mais silenciosa que eu já tinha feito. Estavamos todos imersos em pensamentos. Todos imersos em planos e preparações. Até que estavam mais tranquilos do que eu, mas mesmo assim todos em seus pequenos mundos.

Chegamos em frente ao alto edifício, àquelas horas do dia parecendo macabramente vazio. Um simples prédio para quem olhava. Para nós algo muito maior. Já podia sentir a tensão de todos por estarmos indo ver nossos pais.
Entramos no saguão mal iluminado. Lá estava o balconista. Ele nos olhou entediado e rolou os olhos. Pegou as chaves do elevador, e jogou para nós.

-Puxa... Essa foi fácil. - Annabeth falou.

Assenti preocupado. Girei a chave e o andar 600 apareceu. Apertamos o botão e com o mesmo solavanco de sempre subimos o que pareceu uma eternidade até pararmos. As portas douradas abriram-se devagar, e nos deram a visão panorâmica do Monte Olimpo.

Os raios de sol iluminavam a cidade, fazendo-a parecer mais divina do que já era. Continuamos a caminhar pela linda cidade, tendo o prazer de apreciar as Dríades andarem por aí sorrindo serenamente.

As portas da grande sala dos tronos estava aberta. Lá dentro, pudemos ver nossos pais, conversando calorosamente. Eles andavam de um lado para o outro, seus passos fazendo o chão tremer.

-É claro que iria ser muito fácil deixar as coisas desse jeito! - disse Atena, fazendo meus ouvidos doerem.

-Mas que droga... - escutei Thalia murmurar. - Eles estão no meio de uma reunião.

-De qual deus precisamos mais? - perguntei à ela.

-Bom... Acho que precisamos de todos.

-Então teremos de interromper. - falei, determinado.

-Você perdeu o juízo Jackson? Não tem mesmo medo de morrer? - ela rosnou.

-Não temos mesmo nada à perder. - falei, dando de ombros.

Me adiantei mais para dentro da sala, e então falei, o mais alto que consegui:

-Com linceça! Aãn... Deuses!

Porém, minha voz saiu fraca contra as trovoadas de Zeus.

-HEY! QUEREM ESCUTAR A GENTE SÓ UM MINUTO?!

Todos nos viramos para a pequena punk. Thalia tinha atitudes bem mais corajosas que as minhas, se é que me entende. Os deuses nos olharam surpresos. Bom, até nós mesmo questionamos o que é que estavamos fazendo ali.

-Filha. - Zeus falou, em um tom brando e preocupado. - O que fazem aqui?

-Precisamos conversar com vocês. - Thalia falou.

A filha de Zeus adentrou na sala como se fosse para lá todos os dias, foi até o trono de Ártemis, e ajoelhou-se. Sua senhora sorriu e pediu que ela levanta-se.

Seguimos seu exemplo e nos ajoelhamos. Eu me sentia patético ajoelhando-me depois de ter me preparado tanto para ação, mas eu preferia isso à ser icinerado por Deuses de quinze metros de altura.

-Podem se levantar heróis. - Zeus falou.

Nos levantamos e então, fitamos os doze deuses ali. E para o meu grande pânico, todos olharam para mim. Respirei fundo tentando me acalmar. Bando de covardes.

-Aconteceu algo sério à algumas semanas. - comecei, atraindo as atenções para minhas palavras. - Fui atacado com a minha família por um exército de Dracaenas no meio do Central Park.

-No Central Park? - Atena indagou.

-Isso mesmo. E não eram poucas. Era um exército inteiro. Preparando-se para lutar. - eu respondi.

-E o que exatamente você fez Percy?

Quem perguntava era meu pai. Ele sempre sabia de alguma forma o quão ruim as coisas estavam. Me lançava um olhar como se soubesse exatamente o que tinha acontecido por lá.

-Não interessa o que eu fiz. - falei, tornando a ficar na mesma postura fria. - O que interessa é que minha mãe morreu por causa disso. E que eu quero saber quem foi o responsável. Por isso, se souberem de alguma coisa, por favor, desembuchem.

Todos me encararam incrédulos. Eu tinha uma postura diferente quando tocava no assunto. Estava frio, sem emoções e não iria sair dali sem uma resposta. Nem pensar. Meu pai me fitava com os olhos semicerrados. Desviei o olhar, sabia que dele eu tinha tudo a temer.

-Sua mãe morreu? Sally morreu? - ele falou, levantando-se de seu trono e caminhando até mim.

-Sim pai. Ela morreu, porque as armas das Dracaenas estavam impregnadas de veneno.

Ele respirou fundo. Não entendia naquela hora, mas aquela notícia era difícil para ele.

-Mas esperem um minuto! - Zeus trovejou. - Como espera que ajudemos?

-Esperava que vocês, como senhores deste mundo, tivessem visto alguma coisa que pudesse nos ajudar em nossa busca. Eu preciso saber quem fez isso.

Era óbvio o tom de ódio em minha voz. Mas eu não ligava, era para isto que estava ali. Para vingar a morte de minha mãe do jeito que fosse possível.

Poseidon ficou ao meu lado e pôs a mão em meu ombro.

-Sei que é difícil para você filho. Mas tudo vai ficar bem, eu prometo.

-Sabe de alguma coisa? - falei, ríspidamente.

-Receio que não. - ele disse.

-E vocês? - perguntei.

Os deuses olharam-se, tentando lembrar se tinham visto alguma coisa incomum. A dor de repente me arrebatou. Estavamos de mãos atadas. Nada iria vir nos ajudar agora. Nada. E eu precisava desesperadoramente dela, de poder conversar com alguém que realmente me conhecia. Mas alguém tinha tirado isso de mim.

-Esperem! Talvez tenha visto algo suspeito em uma de minhas caçadas. - Ártemis disse. - Tinha um pequeno exército, não chegavam nem a cem delas, estavam perto das praias californianas...

-Onde vive a maior concentração de Dracaenas. - Apolo completou, assentindo.

-Deviam estar fazendo um exército por ali. - Ártemis completou.

-A praia da Califórnia? - Annabeth indagou atrás de mim confusa.

-Sim, na verdade bem perto do mar. - A deusa falou, olhando para meu pai.

-Eu não tenho ficado muito pelo meu reino se é que me entendem...

-Ainda esta tendo problemas com Anfitrite? - perguntei.

-E estão ficando cada vez piores... - ele falou triste.

-Nem imagino porque... Fica fazendo filhos retardados bem debaixo do nariz dela... - Falei, com a raiva acumulada pelo Lucca.

Ele rolou os olhos mas permaneceu calado. Olhei para meus amigos ali atrás. Thalia assentiu para mim. Parece que íamos dar uma volta pela Califórnia agora...

-Bom... Obrigada por tudo Lady Ártemis. - falei, fazendo reverencia para ela que sorriu para mim. - Se não se importam, estamos de saída.

Dito isso, dei meia volta e saí andando em direção a porta. Senti a mão pequena e quente de Annabeth envolver a minha e experimentei um tremor. Olhei-a e ela sorriu serena. Eu sabia que estava tentando me acalmar.

Uma vez do lado de fora do Monte Olimpo, começamos a discutir.

-Temos que ir até a Califórnia? - Luke perguntou, sorrindo.

-É a melhor pista que temos, certo? - Thalia disse.

-É... É realmente a melhor pista que temos. Como vamos chegar lá? - Luke disse.

-Ônibus? - sugeri. - Não me leve a mal, mas com você na cadeira de rodas não tem como nós voarmos.

Luke baixou os olhos.

-Eu sei... Bom... Ônibus. - ele disse, voltando a sorrir.

Tive que sorrir junto. Como ele podia não desanimar? Era isso o que eu mais gostava nele.

Caminhamos então. Annabeth ao meu lado, Luke e Thalia conversando ao longe. Eu me sentia em paz agora. Por estar caminhando para um lugar lindo, uma das praias que mais me encantavam nos Estados Unidos, ao lado de uma garota completamente perfeita.

Não era de um todo tão ruim. Tirando o fato de eu estar tentando solucionar o assassinato de minha mãe.

Abracei-a pela cintura e sussurrei em seu ouvido:

-Obrigada por estar aqui comigo.

-Não à de quê. - ela falou serenamente. - Eu nunca vou te deixar.

-Que bom...

Beijei seus lábios de leve. Ela acariciou meus cabelos e sorriu.

Eu amava Annabeth Chase e comecei a sentir que talvez não sobrevivesse se ela também se fosse. Eu estava muito... Emotivo. E eu nem ao menos sabia porquê.