- Mine... escrita por Miss Malfoy


Capítulo 7
As Dracaenas atacam mais uma vez.




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Beijei seus lábios de leve. Ela acariciou meus cabelos e sorriu.

Eu amava Annabeth Chase e comecei a sentir que talvez não sobrevivesse se ela também se fosse. Eu estava muito... Emotivo. E eu nem ao menos sabia porquê.



A viagem de ônibus tinha sido torturante. Em pensar que tinhamos achado que seria a melhor ideia...

Depois de algumas horas de caminhada e conversa jogada fora, chegamos à praia. Fiquei instantaneamente calmo. As ondas do mar quebravam calmas, o céu estava limpido e os turistas andavam tranquilamente. Senti o cheiro de água salgada encher minhas narinas e constatei que aquele era o melhor lugar do mundo.

-Esse lugar é lindo. - falei, calmamente.

-É sim... - Annabeth sussurrou.

Ficamos por um tempo fitando a água do mar se remexer para cá e para lá. Em pensar que eu podia controlar tudo aquilo com um aceno... Era bom demais para ser verdade.

-E agora, o que fazemos? - Luke perguntou.

-Precisamos encontrar uma Dracaena, e então interrogá-la. O problema vai ser achar uma delas... - falei, olhando a praia sem o mesmo entusiasmo.

-Acredite em mim, não vai ser problema. - Thalia falou.

-O quê?

Virei-me para ela a fim de perguntar que tinha batido a cabeça, mas minha boca escancarou-se. Saíndo da água, vinha um orda de Dracaenas, e assim como da vez que as vi no Central Park, estavam armadas.

Olhei para meus amigos em busca de auxílio, mas todos estavam olhando boquiabertos para os monstros. Eu sei que eramos semi-deuses e deviamos estar acostumados, mas exércitos não andavam por aí, ainda mais na praia.

Aliás, fiquei me perguntando o que eles estariam fazendo na água, já que eles geralmente não ficavam por lá.

-Vamos falar com elas? - arrisquei, indeciso.

-Ah claro, e o que iriamos dizer? "Com licença, se não for muito incomodo, não nos matem e respondam algumas perguntas?" - Thalia falou, sarcasticamente.

-Tem alguma ideia melhor? - rebati irritado.

-Eu tenho.

Olhamos Annabeth. Quase pude escutar as engrenagens de seu cérebro trabalhando. Aquilo era óbvio; Ela tinha um plano.

-No que você está pensando? - Luke perguntou.

-Só... Prometam fazer o que eu digo, ok?

-Prometemos, agora fale. - ele disse.

-Eu vou me esgueirar por trás delas, e vocês vão de encontro ao exército. Vão como não quer nada, como se nem as tivessem visto. Então, ao meu sinal, saquem as armas.

-O que é que você vai fazer? - Thalia perguntou.

-Só confiem em mim e façam o que eu digo. - ela disse, já se afastando de nós.

-Confiamos em você. - falei.

Ela nos deu as costas e saia correndo para o lado esquerdo da praia. Eu tinha dito que confiava, mas não que não me preocupava. Aquele maldito medo tomou meu coração... E se elas a vissem, e dessem o mesmo fim que deram a minha mãe? E se Annabeth estivesse lutando e fosse acertada por alguma delas?

Eu não iria suportar perder mais alguém que amava. E ainda mais Annabeth, uma das mulheres que mais importavam em todo o mundo para mim. Olhei-a sumir apreensivo. Será que deveria ir atrás dela? E deixar o plano todo ir por água abaixo?

Não. Eu iria confiar nela. Afinal, era uma filha de Atena, ela sabia o que estava fazendo.

Quando já a tinhamos perdido de vista, fizemos o que Annabeth tinha mandado: Caminhamos de encontro as Dracaenas, mesmo que fazendo isso, tivessemos chamado a atenção delas.

As monstrinhas começaram a nos apontar, e a chamar alguma coisa atrás delas. Continuamos a andar. Elas apertaram o passo em nossa direção. Continuamos a andar. Elas praticamente corriam agora. Mas nós apenas continuamos a andar.

Até que escutamos uma guinchada de dor, e vimos alguém virar fumaça. Annabeth tinha acabado de matar a Comandante. As Dracaenas a olharam assustadas, e ela veio em nossa direção. Essa era a deixa, sacamos as espadas e cercamos elas.

-Genial. - eu disse, e dei um beijo em sua bochecha.

-Eu tento. - ela completou. - Ok, se não querem ter o mesmo destino triste da comandante de vocês, gostariamos de fazer algumas perguntas!

As Dracaenas silvaram baixo, mas ninguém respondeu.

-Vou-lhes dar mais uma chance. Se ninguém quiser nos ajudar, vocês irão morrer. - ela tornou a falar.

Uma das monstras foi empurrada para frente. Ela nos encarou um tanto apavorada, e demorou-se longamente em mim. Eu as fitava com extremo desprezo e nojo.

-Vai nos responder? - eu perguntei.

-Sssssssim. - ela disse.

-Muito bem... Por onde começamos? - Luke perguntou.

-Hm... Um exército de vocês foi mandado para o Central Park algumas semanas atrás. O que exatamente vocês queriam fazer por lá? - perguntei, ferozmente.

-Nosssssa ssssenhora nosss mandou atrásss de alguém. - a Dracaena respondeu.

-Atrás de quem? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

-De Ssssally Jackssson.

Eu rangi os dentes. Então elas estavam atrás de minha mãe. Eu tinha sede de vingança, mas nunca tinha imaginado que elas tinham realmente atingido o alvo. Achei que quem queriam matar era eu.

-E quem é a sua senhora? - Annabeth indagou.

-Issssso não podemossss falar. - ela rosnou.

Cheguei mais perto dela e quase incravei Anaklusmos em sua garganta. O sorriso da monstra vacilou.

-Fale agora, ou você vira poeira. - vociferei.

-Sssssó o que posssso lhesss dizer, é que você - ela falou, me apontando. - a conhece. Uma ssssserva dossssss maressss, contrafeita e angusssstiada.

-Uma serva dos mares? - disse, me distraíndo e tirando a espada dela.

Foi uma má hora para baixarmos a guarda. A Dracaena que estava falando conosco brandiu a espada contra mim e cortou minhas costas.

Eu de repente senti a dor lacinante do veneno cortar minha pele. Aquilo tomou conta de cada célula viva de meu corpo, fazendo-me sentir cada parte arder infinitamente. Eu caí de joelhos, perdendo os sentindos. Podia escutar o barulho das espadas se cruzando atrás de mim, mas até o barulho parecia distante.

Tudo parecia ter começado a rodar, meus olhos começavam a se fechar, e a dor lacínante não me deixava nem por um segundo. A escuridão me abraçou por inteiro e perdi a conciência apenas com uma coisa na cabeça: Annabeth.

Acordei sentindo como se todo o meu corpo estivesse queimando. Gemi. Passei as mãos pelas minhas costas nuas aonde tinha sido feito o corte, e vi que estava coberto de faixas.

Abri os olhos devagar, tentando acostumá-los com a luz do local. O único problema é que não estavamos exatamente em um local com luz. Estavamos debaixo d'água.

Me sentei na cama subaquática e olhei em volta. Eu estava no palácio de meu pai. Mas como foi que cheguei aqui? A porta do quarto se abriu, e Annabeth, Luke e Thalia entraram nadando no quarto, seguidos por Tyson e meu pai.

-Alô filho. - Meu pai disse sorrindo. - Está ficando melhor?

-A-acho que sim. - gaguejei, ainda meio rouco pela falta do uso da voz.

Annabeth veio nadando veloz e sentou-se ao meu lado. Ela mantinha o olhar em meu peito e nas faixas.

-O que aconteceu comigo? - perguntei.

Olhei melhor para Annie, o alívio tomando conta de mim ao perceber que ela estava bem, e que nada tinha acontecido.

-Bem, quando você se virou, a Dracaena atacou você. - Thalia começou, em uma voz fúnebre. - E então Tyson apareceu de dentro d'água e começou a esmagar as Dracaenas uma à uma. Te trouxemos pra cá, seu pai nos concedeu este poder temporariamente. - ela falou, apontando par ao nariz.

-Obrigado grandão. - falei sorrindo.

-Como está se sentindo, Percy? - Annabeth finalmente falou.

-Eu estou bem Annie, não se preocupe. - falei, dando um sorriso fraco.

Ela assentiu, mas não disse nada. Eu dei uma risada baixa, e a abracei, mesmo que isso tivesse causado uma dor insuportável. Beijei o alto de sua testa e sussurrei:

-Pare de se preocupar tanto comigo. Sei me cuidar.

-É que... Você não sabe o que eu senti quando vi ela te apunhalando. - ela disse baixo, de modo que só eu pudesse ouvir.

-Eu sei como se sente. Mas eu prometo que não vou embora. Vou ficar do seu lado sempre, lembra?

Ela assentiu novamente, e afundou a cabeça em meu peito. Olhei para os outros, que nos fitavam sorrindo, pude até ver as mãos de Thalia e Luke entrelaçadas. Eu sorri para o resto.

-Ok... Então, o que descobrimos? - perguntei.

-Só que qualquer coisa que esteja mandando as Dracaenas matarem é do Oceano. - disse Luke, repentinamente sério.

-E que minha mãe era realmente o alvo... - completei tristemente.

-Não tem nem ideia de quem possa estar por trás disso Poseidon? - Thalia perguntou com a testa franzida.

-Bom, eu não estive muito tempo no Palácio esses dias... - ele disse, desconcertado.

-As coisas não melhoraram com Anfitrite? - perguntei, lembrando-me da conversa que tivemos no Olimpo.

Ele balaçou a cabeça negativamente. Eu sorri. Papai podia ter encantado muitas mortais, mas a única mulher que devia realmente se importar, ele não consegue agradar nem por um segundo.

-Prometo para vocês que vou ficar mais atento. Vou colocar Tritões para vigiar todas as entradas...

-Obrigada Poseidon. - Annabeth disse, terna. -Agora... Percy vai ficar bom?

Todos deram demoradas gargalhadas, e as bochechas dela se encheram de cor. Não pude deixar de sorrir junto é claro.

-Ele ficará bem, mas... Precisarão ficar  aqui por mais um dia até que a água possa curá-lo completamente.

-Por mim tudo bem, nunca passei mais do que alguns segundos aqui mesmo. - disse, dando os ombros.

-É, vai ser interessante. - disse Luke sorridente.

Não deram nem cinco minutos e já estavamos no que se podia chamar de quintal do Palácio. Pisavamos na areia fofinha e estavamos cercados por algas das mais diferentes e estranhas colorações, as fontes de pedra que retratavam Poseidon nas mais diversas poses e os alegres peixes e golfinhos que nadavam por nós.

Eu adorava aquele lugar. Mesmo que a primeira vez que o tivesse visto, o castelo estivesse em ruínas, eu nunca parara de ter sonhos com ele. Entenda que para o filho de Poseidon, ficar em baixo da água era a melhor coisa do mundo.

Tyson estava mais feliz do que nunca com a nossa presença lá. Ficava falando para quem passasse que o seu irmão mais velho estava ali. Mas eu já estava começando a me perguntar quando é que Tritão e Anfitrite iriam acabar com a minha alegria. Eles meio que me odiavam.

-Curtindo a água, Cabeça de Algas? - Annabeth me perguntou, assim que os outros foram ver as forjas com Tyson.

-Isso aqui é incrível Annie. - suspirei.

-Acho que Luke gostou também. Não para de repetir que pelo menos não tem que ficar na cadeira de rodas. - ela disse, dando um sorriso culpado.

-É... Ele precisa de um pouco de diversão.

-Está se sentindo bem? - ela perguntou novamente.

-Eu estou! -falei, abraçando-a pela cintura e trazendo-a para perto. - Quer parar de se preocupar? Estou na água, não estou?

Ela riu e aconchegou-se em meus braços.

-Eu tenho que me preocupar. Você é meu amor, lembra?

Eu a olhei cheio de felicidade. Como eu amava aquele rosto. Seus olhos cinzentos e misteriosos, o nariz arrebitado, os labios rosados e os dentes perfeitos. Podia ficar olhando para ele o resto da vida.

-Sabia que eu te amo? - falei.

Ela me fitou e deu um enorme sorriso.

-Eu também te amo, Percy Jackson. - ela disse, sorrindo ainda mais.

Me aproximei de seus lábios, e rocei em seu nariz fazendo-a rir. Ela quebrou a distância entre nossas bocas e meu corpo foi tomado por aquele estranho choque elétrico de sempre.

Segurei o seu pequeno e delicado rosto com as mãos, e aprofundei nosso beijo. Amava tudo em seu beijo, seus lábios, sua língua, o hálito doce de sua boca... Mas acho que era meio óbvio que aquilo não iria durar muito. Alguém as nossas costas pigarreou.

Virei-me a tempo de ver Tritão, com um sorriso presunçoso no rosto. Ele conseguia ser pior do que Marco quando queria.

-Ah... Olá Tritão. - falei, simpático, tentando não arrumar briga. - Como vai?

Ele rolou os olhos e como sempre, olhou-me de cima até embaixo. Ele me achava repugnante, óbviamente.

-Então vai ficar por aqui até quando? - ele perguntou.

Tritão sempre costumava falar com uma voz superior e cheia de desdém, mas... Esse tom de voz era diferente. Ele parecia curioso, e ainda mais inseguro. Franzi a testa.

-Até amanhã. Isso te incomoda?

Ele pareceu surpreso, mas aliviado com a minha resposta.

-Bom, não vou mais falar com você.

Dito isso, virou-nos as costas e saiu nadando. Annabeth também tinha o rosto franzido.

-Ele parecia... Cúmplice. - ela falou.

-Ah, não se incomode com ele. Sempre foi estranho. Faz Marco parecer um coelho fofinho.

Ela riu, e voltou a me beijar. Mas eu não estava certo de minhas palavras. Tritão parecia realmente muito estranho aquela tarde.


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