- Mine... escrita por Miss Malfoy


Capítulo 5
E nós decidimos lutar.




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-Vai ficar tudo bem Percy. - ela sussurrou em meu ouvido. - Eu estou aqui com você.

-Ela foi embora Annie... - eu falei, desesperado, como se ela pudesse fazer alguma coisa. - Ela morreu Annie...

-Vai ficar tudo bem Percy.



Eu abri os olhos para a luz que entrava pela fresta da cortina. Aquilo irritou meus olhos e tive vontade de gritar para que Apolo me deixasse em paz, para que mergulhasse o mundo numa eterna escuridão, assim eu me sentiria melhor.

Porém, ficava aquela sensação de que estava fazendo tudo errado. Toda a vez que tentava agir como um rebelde a voz de Annabeth ecoava suave em minha cabeça: "Ela ia querer que você seguisse em frente. Não que se torna-se esse tipo de pessoa".

Eu tinha chorado tanto no dia anterior que meus olhos doíam, minha cabeça doía, meu corpo doía. Mas, acima de tudo, meu coração doía, porque tinha perdido alguém tão importante. Me levantei xingando o Deus do Sol por acordar tão cedo, e após tomar um banho demorado - para que a água me acalmasse - fui para o refeitório.

Percebi na mesma hora que o ocorrido tinha se espalhado. Todos olhavam para mim com a pena estampada em seus rostos. Eu não ligava, me sentia morto, como se estivesse apenas me arrastando por aquela vida, apenas esperando que ela me levasse para junto de minha mãe. Passei a mesa de Annabeth sem responder o bom-dia dela, e me sentei na minha, calma, vazia e silênciosa.

Se não fosse por Lucca, comendo e dando tchauzinhos para as garotas de Afrodite. Eu o ignorei por completo. Porque era como já tinha dito: Eu me sentia morto. Parecia que nada mais podia mexer com meus sentimentos. Tinha a leve impressão de que tinha me tornado uma pessoa fria e inexpressiva.

Eu não podia ficar ali esperando as coisas acontecerem. Aquilo não era certo. Fora assim que perdi mamãe. Esperando que tudo se resolvesse sozinho.  Mas não podia sair agora. Quíron não deixaria em primeiro lugar, e o fato é que eu não tinha a mínima ideia do que fazer.

Levantei-me e saí do local, seguido pelos olhos dos semideuses. Eu precisava pensar em tudo aquilo sozinho, longe das irônias de Lucca, do apoio de Luke ou do carinho de Annabeth, precisava ficar simplesmente comigo mesmo naquele momento. Foi até a arena de esgrima, e pegando Contracorrente, parti para lutar contra um dos bonecos usados para o treino do menores: Um saco cheio de areia que deviam acertar no lugar certo.

Comecei a desferir golpes desesperados sobre o pobre boneco, abrindo vários rasgos nele, fazendo com que toda a areia se espalhasse pelo chão. Me sentei no mesmo frustrado. Porque?!, gritava uma raiva incrívelmente forte dentro de mim, Porque tinha de ser ela e não eu?! Toda a angustia ameaçava voltar e me explodir por inteiro.

-Percy? Ah... Você está aí.

Era Annabeth. Aquele sorriso tímido surtiu o mesmo efeito de sempre, uma calma atravesando meu corpo, fazendo com que por um segundo tudo sumisse... E depois voltasse ao normal como se algém tivesse me acertado um soco no estômago.

-É, estou aqui. - falei, minha voz soando mais triste do que pretendia.

Ela veio até mim, e se sentou ao meu lado, em meio a areia derramada.

-Hey... Eu sei que é chato ficar perguntando, mais... Você está bem?

-Eu... Não sei Annie. Não sei mesmo. Ela era tudo pra mim, sabe? Eu realmente amava minha mãe. E tudo aquilo foi minha culpa...

-Não Percy. Não foi sua culpa. - ela disse, balançando a cabeça. - Você sabe que não.

-Annabeth, se eu tivesse contado a Quíron ela ainda estaria viva. Se eu a tivesse protegido direito para começo de conversa nada disso teria acontecido.

-Porque fica se culpando?

-Porque sei que estou certo.

Ela respirou fundo impaciente. Eu sabia que ela não aceitaria estar errada, mas que pelo meu estado ia deixar passar. Porque, sabe como é, eu estava arrasado.

-Ok, encare os fatos  da maneira que quiser, mas ainda me deve uma semana de favores, lembra? - ela disse, dando aquele sorriso radiante.

-O que? - perguntei, perdido na fileira perfeita de dentes muito brancos.

-Eu ganhei a luta. Agora você é todo meu por uma semana. - completou piscando.

 Ah. Ela estava falando da luta. Aquela era outra coisa que parecia distante. Eu não tinha forças nem vontade para lutar outra vez. Fiquei irritado por ela ter lembrado-me de algo tão banal.

-Certo, vai querer que eu faça o que pra você? - perguntei, rolando os olhos.

-Limpar? Não, Pers, você não vai ter que limpar nada. - ela disse confusa. - Eu só quero uma coisa de você agora.

-O quê você quer Annie?

Então, ela olhou de um jeito diferente para mim. Não era como ela tinha olhado quando me derrotou, não era como ela olhava quando estava com raiva, não era como ela olhava quando estava feliz. Era algo que eu nunca tinha visto antes, um olhar terno e calmo, daqueles que fazem você se sentir bem consigo mesmo.

-Eu quero que me diga exatamente o que sente por mim. Porque... É meio difícil te entender Cabeça de Algas.

Eu a fitei demoradamente antes de responder. Observei cada parte dela com mais atenção do que o normal. Seus cabelos louros caíndo como cascatas, os olhos acinzentados belos e sabios, a boca rosada e macia, e sua pele branca e convidativa. Ela era de um todo tão bonita... Tentei abrir meu coração para aquela garota.

-Eu... Eu gosto muito de você Annie. E acho que... É mais do que só... Uma amizade que eu quero. - falei, respirando fundo.

Para o meu alívio, ela sorriu instantâneamente. Mas, sendo Annabeth, ela não ia se contentar apenas com isso, é claro que iria querer me fazer passar o máximo de vergonha que conseguisse.

-E como você espera que eu acredite? Quero uma prova Percy.

Assenti, sabendo que isso aconteceria. Então, sorri, porque era inevitável fazê-lo quando sabia o que estava por vir.

-Não se preocupe. É pra já.

Me aproximei dela, e mais uma vez, toquei seus lábios nos meus. Igual à primeira vez, senti meu corpo todo ser percorrido por choques elétricos, e eu tremi como uma gelatina. Ela postou as mãos em minha nuca, e eu passei as minhas delicadamente por sua cintura trazendo-a para mais perto de meu corpo.

 Era uma sensação diferente. Era como se eu estivesse flutuando para longe de todos os problemas e de todas as complicações da vida. Aquilo era realmente diferente e... Libertador.

Ela me afastou de leve, e fitou demoradamente meus olhos. Era como se eu estivesse flutuando, era como se meu mundo tivesse saído de órbita. Ela sorriu para mim.

-Prometo que não vou te abandonar, ok? Prometo que vou ficar do seu lado para o que der e vier. Prometo que vou te ajudar a superar isso. - ela disse.

-Isso significa muito pra mim. - disse à ela, na mesma voz triste. - Você significa muita pra mim.

Ela assentiu. Fomos acordados de nossos sonhos por Luke. Ele entrou fazendo barulho por causa da cadeira de rodas, e nos despertou.

-Ah, vocês estão aí. Quíron me mandou buscá-los. Reunião dos chefes dos chalés, parece que as Dracaenas não deviam estar andando pelo Central Park, se é que me entende.

-Ah... Certo. - disse, ainda meio fora de órbita.

Quando chegamos à Casa Grande, todos os chefes de Chalés estavam reunidos. Nenhum deles parecia muito feliz. Eu tinha sede por vingança. Tivesse sido quem fosse que mandou aqueles monstros, iria pagar.

Me sentei em uma das cadeiras vazias e ignorei os olhares dos outros. Quíron estava à frente, a expressão séria.

-Certo, com todos os lideres presentes, acho que podemos começar. Como tods sabem, ontem, a mãe de Percy faleceu... - eu baixei os olhos para meus pés. - E o motivo foi um ataque de um exército muito extenso de Dracaenas. O que nos resta perguntar, é o que elas faziam no Central Park? Estavam se preparando para atacar?

-Elas estavam armadas. Deviam estar indo atacar algum lugar. - falei, a voz inexpressiva.

-Certo... Agora, precisamos partir de um princípio. Quem elas estavam indo atacar? E porque? Da última vez estavam no controle de Cronos, e dos Titãs. Quem as poderia estar controlando?

Todos ficamos silênciosos e pensativos por alguns minutos. Eu queria vingança, mas pensar nisso não me ajudaria. Pensar nisso só estava piorando meu estado. Eu queria esquecer que aquelas monstras feias tinha matado minha mãe. Para começo de conversda queria esquecer que ela havia morrido. Queria ter a falsa ilusão de que ainda estava comigo.

-Qual titã poderia querer alguma coisa desse tipo? - Annabeth perguntou.

Alguns negaram com a cabeça. Ninguém fazia ideia do que tinha acontecido. Ninguém entendia o que estava acontecendo agora. E em mim voltava a sensção de que estava morto.

-Eu posso tentar falar com os deuses, pedir ajuda, ver se foi Hades. - falou Thalia, à um canto. - Ártemis não iria se importar.

-Podemos começar por aí... Isso é sério jovens semideuses. Não podemos suportar mais um exercito, acho que vocês estão de acordo.

Alguns assentiram. Precisavamos de um descanço. Porém...

-Eu vou com você Thalia. Não vou ficar aqui esperando por notícias. - falei.

Quíron apenas ficou me olhando. Acho que concordava com isso, ja que me conhecia. Eu nunca iria ficar esperando as coisas acontecerem enquanto tivesse condições de resolvê-las.

-Eu quero ir também. - falou Annabeth ao meu lado, enlaçando sua mão na minha por baixo da mesa.

-Não pensem que eu vou ficar fora dessa. - Luke falou, sempre sorrindo.

-Ok, ok... Podem ir os quatro. Podem ir os quatro para essa "missão". Reunião encerrada.

Nos levantamos, Annabeth ainda segurava minha mão, e não pude deixar de traz^-la para mais perto de meus braços. Perto dela aquela sensção horrível de vazio ia embora. Perto dela eu sempre me sentia mais seguro.

Eu à abracei, e fechei meus olhos. Lá vamos nós de novo., pensei. Lá vamos nós arriscar nossos pescoços juntos, querendo resolver problemas que na verdade não eram nossos. Eu ri internamente. Minha vida nunca seria fácil...

-Então é isso. Vamos partir para o Olimpo amanhã? - Thalia falou, quando ficamos apenas os quatro.

-É. É o que parece. - Luke falou, agora determinado.

-Vamos chutar a bunda de alguns monstros. - disse.

Sorrisos lindos apareceram no rosto deles assim como no meu. Então nós iriamos matar alguns monstros. Grande novidade.

Mas devo dizer que estava louco por aquele tanto de ação. Era isso oq eu ia me salvar de virar um deprimido. Isso e Annabeth, claro.


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