Ódio e Amor, Uma Linha Tênue escrita por carol_teles


Capítulo 2
Quem disse que amigo não pode ser amante?


Notas iniciais do capítulo

Oiiii pessoal! Espero que estejam ansiosos por esse capitulo.
Queria muito agradecer aqueles que leram e os que deixaram reviews! Sério, é muito bom saber que existem pessoas dispostas a gastar seu precioso tempo lendo as fics de uma amadora como eu... ^.^
Bom, desculpem se esse capitulo é muito pequeno, mas espero que vocês gostem mesmo assim.
Queria dizer que eu não vou postar nada até próxima semana, já que estou entrando em semana de provas. To me preparando mentalmente para me matar de estudar. xP
Beijos.



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- Ikuto, vamos almoçar! To morto de fome. – Kukkai se vira na cadeira, olhando para mim com um grande sorriso.

- Pois é, você disse que estava com fome, o que é bem raro. – Nagihiko se vira também, mas ele estava do meu lado.

- Eu disse sono, não fome. – resmungo, levantando meu rosto da cadeira dura e me espreguiçando. Acho que essas aulas tão ficando cada vez mais chatas. Quem é que agüenta tanto tempo olhando para cara de um professor? Tenho coisas melhores para fazer, tipo... Dormir!

- Qual é, vamos comer! Hoje eu consigo aquele pão recheado! – Kukkai sorri.

Olho para ele, sem entender muito bem como nos tornamos amigos. Espera, nós somos amigos? Depois que tive aquela conversa há três semanas com a Amu, nem sei mais o que pensar. Nunca soube que tinha regras para considerar alguém um amigo, mas se o que ela falou fosse verdade, Nagihiko e Kukkai eram meus melhores amigos. Hum...

- Ikuto-chan!! – ah não, ninguém merece.

- Ihh, lá vem a perua. – Kukkai murmura e Nagihiko solta uma leve risada.

- Ikuto-chan! Vamos almoçar juntos! – ela se agarra no meu braço como se fosse um tipo de chiclete. Bem grudento.

- Não, tenho algo para fazer. – deslizo meu braço para longe dos dela.

- Você é tão mal, Ikuto-chan! Toda vez que lhe chamo você diz que tem alguma coisa para fazer. Ah, pode ser que está fazendo uma festa de aniversário surpresa para mim? – no dia que eu morrer faço isso por ela.

- Saaya-chan, seu aniversário é daqui a dois meses. – Nagihiko diz.

- Ahh, que fofo Ikuto-chan! É tão apaixonado por mim que já está preparando tudo! – ela sorri, agarrando meu braço mais uma vez. Está se perguntando por que aturo ela? A resposta é ordens do velho. Como herdeiro da companhia Easter, tenho que me dar bem com todos esses riquinhos do colégio. Um saco, né? Odeio isso. Odeio esse colégio. Odeio ser o herdeiro. Odeio esse povo que só pensa em dinheiro. Odeio essa vida estúpida. Odeio tudo isso.

- Não estou preparando nada, Saaya. – digo friamente. Nós tínhamos ficado algumas vezes há muito tempo e agora ela ficava achando que era minha namorada. Um saco, né? Ela pode até ter um corpaço, mas não vale a pena. Nem sei porque me interessei por ela para começo. Bem, não é como se eu prestasse bem atenção nas garotas que fico. Se é bonita, levo para cama. Se não, bom, azar o dela. E no caso da Saaya, ela é bonita, mas pensa com os peitos. Todas as garotas que encontrei até agora são mais ou menos assim. Admito que peguei uma espertas, mas acho que nenhuma é mais esperta que a Amu. Ela sempre está me surpreendendo. Quando espero que ela fique triste, ela fica feliz; quando espero que fique com medo, ela tem coragem; quando espero que me odeie, ela me mostra o contrário. É como se fosse uma caixinha de surpresas.

- Ikuto-chan! Por que está sorrindo assim?

- Owo, nunca vi ele sorrir assim. – Kukkai diz, me observando.

- Apaixonado? – Nagihiko olha para mim e eu sorrio maliciosamente.

- Você estava pensando em mim, não é? – Saaya diz, inflando o próprio ego.

- Não. Tchau. – saio pela porta antes dela ter a chance de falar idiotices do novo ou me seguir. Vou andando pelo corredor e como sempre, todos saem do caminho. Os garotos por medo ou admiração e as garotas suspirando de amores por mim. Se eu contasse quantas já se confessaram para mim, achando que poderia ser especiais... Argh, tenho dor de cabeça só de pensar.

Espera. Será que a Amu já beijou antes? Namorou? Dormiu com alguém? Ouch. Por que dói pensar nisso? Talvez eu esteja pegando um resfriado...

- Ikuto, você veio! – Amu se vira, com um belo sorriso. Sempre nos encontramos aqui no terraço na hora do almoço. Como ninguém pode subir aqui, não tem a menor chance de sermos pegos.

- Ohh, parece que alguém sentiu minha falta. – sorrio maliciosamente, assistindo com prazer o rosto dela ficar completamente vermelho.

- N-n-não!

- Tem certeza? – me aproximo dela, com as mãos no bolso.

- S-s-sim!

- Hum... Então acho que vou embora. – me viro, mas paro ao sentir ela segurando minha blusa.

- E-espere! – olho para ela por cima do ombro – E-e-eu senti sua falta. M-mas só um pouquinho.

- Um pouquinho?

- Ok! Eu senti sua falta! É a primeira vez que tenho um amigo, não posso fazer nada! – ela diz, constrangida, cruzando os braço e virando o rosto. Tão teimosa... Sorrio, sentando e me encostando no muro.

- Então? Vamos comer? – ela me olha rapidamente, sorrindo e sentando ao meu lado.

- Aqui o seu. – ela me dá um sanduíche perfeitamente organizado em camadas. Okay, o meu almoço pode ser só isso, mas é o melhor sanduíche que já comi em toda minha vida! O que será que ela coloca aqui?

- Está bom?

- Sim.

- Que bom. – ela sorri, começando a comer o dela. Algumas vezes me sinto mal por ela. Todos os dias ela almoça só isso e pelo que conversamos até agora, ela é bem pobre. Bom, não é como se o dinheiro fosse importante. Estou com ela porque gosto, porque me sinto feliz como nunca me senti antes. E lógico, porque adoro ver ela ficar toda vermelha!

- Então, como foi seu dia de Rei?

- Chato. – digo, mordendo meu sanduíche novamente.

- Como pode ser chato? Você tem uma vida perfeita, não é?

- Perfeita? – rio – Você não tem idéia de como é minha vida.

- Melhor do a minha com certeza.

- Não é só porque tenho dinheiro que sou feliz.

- Nunca disse isso, Ikuto. – ela me olha e eu a olho.

- Ei, como eu posso saber quem é amigo e quem não é? – pergunto, voltando a comer.

- Amigo é aquela pessoa que você se sente bem quando está com ele, que você confia e é confiado, que é agradável ficar na companhia dele. Tipo o Kukkai e o Nagihiko, para você. – ela sorri.

- Então eles são mesmo meus amigos...

- Claro! Você pensou que não? – continuo calado – Ikuto, eles se importam muito com você e são bem gentis.

- Pensei que não falasse com ninguém do colégio. – olho para ela.

- Quando você e a Saaya faziam maldades comigo, eles sempre tentavam me confortar. – ela sorri.

- Desculpe. – olho para baixo. Cara, odeio isso! Odeio ter sido mal com ela. Odeio ter sido o idiota, egocêntrico que fui. Me odeio por ter odiado ela um dia. Como eu pude não gostar dela? Como pude não perceber o quanto ela é especial?

- Ah, é mesmo Ikuto! – ela se anima de repente – Eu trouxe sobremesa hoje.

- Sobremesa? – ergo uma sobrancelha. Quem é que fica tão animado por causa disso?

- Isso. Chocolate! – ela ergue uma barra pequena de chocolate. Meu deus, ela ta feliz por causa disso? – Aqui. – ela põe metade na minha mão, sorrindo e começando a comer a dela.

- Você ta me dando?

- Claro. – ela me olha, preocupada – Você não gosta?

- Gosto. – sorrio, mordendo e me deliciando. Chocolate é meu doce favorito. O único na verdade.

- Tão gostoso... – olho para ela, observando-a. Engraçado. Ela diz que sua vida não é boa, mas ela está sempre feliz.

- Amu?

- Hum?

- Você acha que eu sou uma pessoa má?

- Não.

- Você nem pensou direito.

- Porque não há necessidade. Você é um idiota às vezes, mas por dentro é uma pessoa muito carinhosa e que se importa com os outros.

- Obrigado. – sorrio, limpando o canto da boca dela, sujo de chocolate e lambendo meu dedo depois. Ah, ela ficou vermelha.

- Hey, eu posso perguntar algo?

- O que?

- Por que você odeia tanto seu pai?

- Porque ele quer controlar minha vida.

- Mas ele deve fazer isso porque quer seu bem.

- Eu quero viver minha vida do jeito que eu quero, não do jeito dele.

- Entendo. Bom, você é sortudo.

- Por que?

- Porque tem pai.

- Tenho uma irmã também. Você deve conhecê-la. Hoshina Utau.

- O QUE??! – ela grita, incrédula – Ela é sua irmã?!

- Isso ai.

- Incrível! Você é irmão da cantora mais famosa do Japão! Ela é incrível.

- Não sabia que era uma fã dela.

- Não exatamente fã, mas gosto muito de ouvir as músicas dela.

- Talvez possa te apresentar a ela um dia.

- Mesmo? – ela me olha com um grande sorriso e os olhos brilhando.

- Sim.

- Obrigada, Ikuto! – ela me abraça, feliz. Owo, não estava esperando por isso, mas quem se importa?! Envolvo-a em meus braços, trazendo-a para mais perto e apoio minha cabeça na dela. Engraçado como ela tem esse cheirinho de morango. Talvez eu devesse experimentar morango e chocolate juntos um dia. Se for tão bom quanto a Amu...

- Amu? Por que você tem cheiro de morango?

- Mesmo? – ela se afasta, pegando uma mecha do cabelo e cheirando – Talvez seja por causa do shampoo. – ela me olha – Você não gosta?

- Gosto.

- E por que você vem para o colégio com essas roupas?

- O que tem de errado com elas? – ela olha para sua calça jeans surrada e o moletom preto.

- Por que não usa outras roupas?

- Eu gosto de jeans.

- Você não se importa com o que os outros pensam?

- Não. Além disso, se alguém quer ser mesmo meu amigo, não vai se preocupar com minha aparência, mas sim como eu sou por dentro. – ela sorri.

- Yeah. – sorrio, bagunçando os cabelos dela – Meu pequeno morango.

- Eh? – ela me olha surpresa, então suas bochechas vão ficando vermelhas. – Por que me chamou disso?

- Porque é o que você é. – sorrio.

- Então vou chamar você de choco cat.

- Choco cat? Não é muito afeminado?

- Não. Choco de chocolate e cat de gato.

- Gato? Então acha que eu sou um gato? – sorrio maliciosamente – Não sabia que pensava assim de mim.

- Mas você é.

- E o que mais? Sou quente também? E sexy?

- Eh? O qu...? Não! Não, não! Você entendeu errado! – ela diz, vermelha – Você parece com o animal gato, não que é gato!

- Então você não me acha um gato?

- As outras garotas acham. – ela murmura.

- Não me importo com o que elas acham. Quero saber o que você acha.

- Então... se eu disser que você é feio, o que vai fazer? – ela pergunta, cautelosamente.

- Eu sou feio? – olho para ela, pasmo. É a primeira vez que dizem isso. Ela me acha feio? – Então quem é bonito para você?

- Você é. – ela diz, super vermelha.

- Mas você acabou de dizer que eu sou feio.

- Eu não afirmei isso. Além disso, eu teria que ser muito cega para achar você feio, Ikuto.

- Então você me acha bonito e sexy.

- Bonito! – ela diz, irritada.

- Mas eu também sou sexy, não sou, Amu? – pergunto, fazendo uma voz de criancinha mimada. Ela fica vermelha rapidamente e eu rio, me levantando.

- Que tal uma aposta? – pergunto, olhando para ela.

- Que tipo de aposta? – ela me pergunta, desconfiada.

- Eu vou transformar você na garota mais gata dessa escola e em troca você vai ter que realizar um desejo meu.

- E se você não conseguir?

- Então eu realizo um desejo seu. – ela me olha, pensando profundamente. Por um momento penso que ela não vai topar, mas como sempre, ela me surpreende.

- Okay. Ah, - ela fica triste – Eu não tenho dinheiro.

- Não disse que precisava de dinheiro. – digo, sorrindo.

- M-mas eu não posso deixar você pagar tudo!

- A partir de hoje, você vai fazer meu almoço. – sorrio, me virando e acenando – Vejo você por ai.

Um plano perfeito para ver quem se esconde por detrás daqueles óculos. Pego meu celular, digitando algo rapidamente. 3, 2, 1...

- Kyaaaaaa!!

Sorrio. Então a Amu passa voando por mim.

- Atrasada! Atrasaaadaaa!! – ela desce as escadas pulando de três em três degraus. Cara, ela é muito interessante.

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Quem diria que o Ikuto na verdade é muito legal. É tão estranho ser amiga dele de repente e ser tratada com carinho por ele. Mas eu gosto. Hum... To com sono. Tão chato... Espera, desde quando eu acho a aula chata? Nossa, o Ikuto tem uma grande influência nos outros. E estar apaixonada por ele não ajuda muito. Isso mesmo, você escutou. Eu o amo. Não sou tão estúpida a ponto de não perceber meus próprios sentimentos. Além disso, aprendi que na vida, se você não disser propriamente o que sente, pode nunca mais ter a chance de fazê-lo. Mas eu NUNCA vou dizer a ele. É caso de vida ou morte. Se eu contar, ele vai me rejeitar e nunca mais vamos ser amigos de novo. Se eu não falar, vou me arrepender pro resto da vida, mas vamos continuar sendo amigos.

A vida é complicada hã? Faz três semanas que éramos inimigos mortais e agora somos amigos. Nem me lembro mais porque eu o odiava. Mas sei que gosto dele agora. Apesar de saber disso, não posso dizer. Sei que ele fica com várias garotas ao mesmo tempo. Sei que ele já deve ter beijado elas e feito todo aquele tipo de coisa com elas. Uma vez, eu peguei ele e a Saaya na sala, se beijando. Ela estava só de sutiã e ele estava já com a blusa aberta. Pelo amor de Deus! Quem faz sexo numa sala de aula?! O problema é que eu precisava pegar meus livros que estava bem na mesa que eles estavam usando para se esfregar. O que eu fiz? Interrompi só de mal!! Muahmauahmauhamuahaumauamauhamua. Eu sou mesmo má. Okay, to brincando. Eu estava com vontade de vomitar quando entrei na sala e eles me olharam. Agora nada supera a cara da Saaya quando eu os interrompi. Ela estava parecendo uma drogada, sorrindo bobamente. Me pergunto se o Ikuto é tão bom assim em beijar. Qual é, ela estava quase desmaiando! Ela passou uma semana sem me perturbar depois desse flagra. Pelo menos isso.

Ah, o sinal tocou. Me levanto rapidamente, pegando minha bolsa e saindo da sala como se nem tivesse estado ali. Depois de um tempo você acaba se acostumando a ficar invisível. É mais fácil quando todas as pessoas são filhinhos de papai que só ligam para si mesmos.

- Ohh, está indo para casa estudar, nerd? – ah não. Lá se vai meu diz de paz. Ignore Amu. Ignore. Continuo andando, forçando meu caminho, já que os outros insistiam em me prender para a Saaya poder me humilhar mais ainda.

- Você realmente não sabe fazer mais nada além disso, não é? – ela ri – E olha para essas roupas. Quer virar homem? Por que não faz logo uma mudança de sexo? Ah é, você não tem dinheiro nem para pagar o próprio almoço. – todos riem e eu reviro os olhos. Quantas vezes será que ela já falou isso?

- Por que você não cuida da sua vida? – olho para ela – Ou é tão desocupada assim?

- Há, estou apenas mostrando minha preocupação com a sociedade de hoje. Meu coração puro e gentil não consegue agüentar ter de ver alguém como você todos os dias.

- O mesmo. – sorrio.

- Você se acha muito esperta só porque tem as maiores notas da escola, não é? – ela me olha, desgostosa.

- Eu não acho, eu sou, Miss capacete.

- O que você disse?! – ela me olha furiosa – Fique sabendo que meu cabelo foi feito pela cabeleireira mais famosa e habilidosa de todo o Japão.

- Ahh, eu sei quem é!

- Vejo que tem um pouco de cultura, pelo menos.

- É aquela mulher do hospício né? A cega. – sorrio com gosto ao ver a expressão embaraçada dela.

- Você não sabe de nada, sua órfã!

- O que? – pergunto, fechando meu punho.

- Você me ouviu, órfã. O papai e a irmã morreram num acidente de carro e só você sobreviveu. A mamãe se suicidou porque não podia agüentar olhar para você. – ela ri, como se fosse a piada mais engraçada do mundo e todos imitam – O que? Toquei no ponto fraco? Tenho pena de você. Matou os próprios pais.

- N-não foi assim... – não posso chorar. Não na frente dela. Eu não...posso...

- Ohh, está chorando? O que? Pensa que só por causa de algumas lágrimas seus pais vão voltar à vida? Por sua culpa eles morreram. Como se sente? – ela ri. De repente todos ficam quietos.

- O que está acontecendo aqui? – não! Não, não, não! Ele não!

- Ikuto-chan! Estava apenas conversando com a quatro-olhos aqui. – vejo pelo canto do olho ela se agarrar ao braço dele.

- Não é o que parece. – escuto a voz do Nagihiko e o Kukkai concordando.

- Não ligue para ela, Ikuto-chan. Vamos para sua casa hoje? Podemos nos divertir sozinhos no seu quarto.

- Cala a boca a Saaya. – ele diz friamente e escuto ele andar na minha direção e parar – Você está bem? – dou dois passos para trás, me afastando da mão dele que iria levantar meu rosto.

- É divertido? – pergunto armagamente, lutando contra minhas lágrimas. – É divertido brincar com os sentimentos dos outros? Você se sente feliz ao ver os outros sofrerem, Saaya? – levanto o rosto, olhando para ela e não me importando mais se estava chorando ou não.

- Há! Eu só falei a verdade!

- A...verdade? – falo com esforço – Você não sabe nada sobre dizer a verdade. Você não sabe nem o que significa a palavra verdade. Alguém como você... nunca vai ser feliz. – então eu corro para longe dali. Para longe daquele inferno.

Por que ela disse aquilo? O que eu fiz para ela? Por que meus pais morreram? Eu sou má? Eu estou sendo castigada? Por que eu estou em dor? Por que? Por que? Por que! Uwaaaa!!!

O que diabos foi isso?! Por que eu cai?

Me sento no chão da rua, ignorando as pessoas que passavam por mim, rindo e olho em volta. Meu deus!! Olho para dois pés saindo de um beco. Tem alguém morto ali! O que eu faço? O que eu faço? Ajuda! Ajuda!

- Alguém! Por favor, me ajude! – digo, rastejando até os pés e entrando no beco, parando ao lado da pessoa. É um homem. Meu deus, ele está sangrando!

- Por favor, alguém me ajude! Ele está ferido!

- N...ão... – eh? Olho para o homem. Ele está consciente!

- Aguente firme, ojii-san! A ajuda já está vindo! Não durma, tente ficar acordado, olhe para mim!

- Não... chame... – ele agarra meu braço.

- Eh? O que?

- Não chame...ninguém... – então ele fecha os olhos. AH! Tenho que fazer alguma coisa! O que? O que? Eu não tenho dinheiro para pagar o hospital. O que eu faço?! Ah. Por enquanto vou levar ele para minha casa. Dar um jeito nesses ferimentos e se for necessário mesmo, levo ele pro hospital. Posso arranjar mais trabalhos para pagar. Urg, ele pesa. Muito. Pelo menos minha casa está perto.

...

Mais um pouquinho... e pronto! Ele cai na cama lentamente, soltando poucos gemidos de dor.

- Ah, desculpe! – droga, como eu pude esquecer que ele está machucado! Ah, é mesmo! Tenho que cuidar desses ferimentos! Corro para a cozinha, pegando uma bacia de água e um pano, colocando na cabeceira da cama e depois corro para o banheiro, pegando meu kit de primeiro socorros. Okay. Com calma agora, Amu.

- Ojii-san, eu vou tirar sua blusa ok? – como ele não responde, tiro a blusa dele manchada de sangue e coloco no chão. – Talvez doa um pouco, okay? – digo e começo a limpá-lo. Ainda bem que não são ferimentos graves.

- Hum...

- Ah, me desculpe! – me afasto rapidamente. Será que o machuquei? Hum, ele ainda está dormindo. Devo continuar. Após muitos minutos, finalmente consigo limpar ele e colocar curativos. Pelo que aprendi na aula de saúde, ele não tem nenhum osso quebrado. Agora é só esperar ele acordar.

...

Hum... Droga, já é de manhã. Ah não!

- Ojii-san!!! – levanto o rosto só para encontrar um homem sem blusa me encarando. – Kyaaa!! – pulo para trás, caindo com força no chão.

- Você está bem? – ele olha para mim, curioso.

- E-estou. – digo, massageando minha cabeça que tinha batido na parede – Você está bem?

- Eh?

- Você não lembra? Ontem eu achei você na rua, e como estava machucado, trouxe você para cá. Sua blusa deve estar seca agora. – então ele olha para si mesmo, finalmente notando que eu tinha tirado a blusa dele.

- Você me ajudou?

- Sim... Algum problema?

- Por que?

- Por que... É natural ajudar alguém que precisa de ajuda, não? – sorrio.

- Então você não quer nada em troca?

- Bom, se você quer mesmo saber, eu agradeceria se você me explicasse o por que de estar lá, todo machucado, ojii-san.

- Aruto.

- Eh?

- Meu nome é Aruto.

- Ah! Meu nome é Hinamori Amu! – então noto ele olhando em volta. Okay, sei que sou pobre e minha casa é pequena.

- Você mora aqui?

- Sim. Você mora aonde? – ele me olha, sério. Ops. – V-você não tem família, Aruto-san?

- Família? – ele olha para mim, mas parece que está olhando para bem mais longe.

- Você não lembra? – nossa, ele deve ter batido a cabeça com força. Hum... – Okay! – me levanto, sorrindo – Você pode ficar aqui até se lembrar.

- Eh? Você nem me conhece, pequenina.

- Ei, não sou pequena! – digo, irritada – Ainda estou em fase de crescimento!

- Mas eu ainda sou mais alto!

- E mais velho! – nos encaramos e eu suspiro – Fala sério, você parece meu amigo.

- Como assim?

- É mais velho, mas é mais criança. – sorrio maliciosamente,

- Garotinha, você devia ter cuidado com o que diz. Sou um homem mais velho, mais forte e você nem mesmo me conhece. Eu poderia agora mesmo fazer algo ruim com você.

- Se você fosse mal, já teria feito maldades comigo. – sorrio e ele me encara, surpreso, então logo sorri.

- Onde estão seus pais?

- Não tenho.

- Você mora sozinha? Qual a sua idade?

- 16.

- Nossa, você só tem 16 e já mora sozinha. Não é muita responsabilidade para alguém tão pequenina como você? – ele sorri maliciosamente. Owo! Agora que eu notei. Ele parece demais com o Ikuto. Os cabelos e olhos são da mesma cor! E esse sorriso... Meu deus, achei que o Ikuto estava na minha frente.

- Aruto-san, como pode lembrar seu nome e não lembrar se tem família? – olho para ele desconfiada e ele hesita rapidamente, mas logo sorri.

- Carteira. – ele me mostra e eu pego.

- 10, 100, 1000, 10000... Meu deus! Você é rico! Tem um cartão platina!

- Mesmo? – ele olha para mim, sorrindo.

- Oh meu deus, você deve ser um daqueles ricos que tem uma casarão, não é?

- Eu não lembro. – ele sorri.

- E você não está triste? E se você tiver família? Mulher? Filhos? Tenho certeza de que eles devem estar preocupados agora. Oh meu deus! Você faz parte da máfia!

- Máfia? Da onde você tirou isso? – ele me olha, claramente se divertindo.

- Se não, como pode ser tão rico?

- Talvez eu tenha trabalhado duro? – ele olha para mim.

- Hum... Faz sentido. Mas nossa, até eu que estudo num colégio para riquinhos nunca vi alguém carregando mais de 100000 yen na carteira. E ainda dois cartões platina.

- Falando em colégio, você não tem que ir para o seu? – ele me olha, sorrindo.

- Sem aulas hoje. Os riquinhos vão viajar para a França como excursão.

- Oh. Por que você chama eles assim?

- Por que eles são. Todos eles se acham só porque tem dinheiro. Apenas três deles são legais. Um era um idiota, mas quando eu comecei a conhecer ele, descobri que ele é muito legal na verdade.

- Ohh, por acaso esse seria seu namorado?

- Eh?! – olho para ele, chocada e sentindo minhas bochechas ficando vermelhas rapidamente – D-d-do que e-está f-falando?

- É bem óbvio que você gosta dele. – ele sorri.

- Mesmo?

- Sim. Então? Quem são eles?

- Nagihiko, Kukkai e Ikuto.

- I...kuto? – ele me olha, com os olhos arregalados – Você tem certeza de que é esse o nome dele?

- Sim. Você o conhece, Aruto-san?

- N...ão. – ele desvia o olhar. Estranho.

- O que foi? Você lembrou algo? – pergunto, sorrindo.

- Não. Me diga, Amu-san-

- Amu. Pode me chamar de Amu.

- Amu-chan. Como ele é? Esse garoto chamado Ikuto.

- Oh, ele é um pervertido!

- Eh? Pensei que gostasse dele.

- Gosto, mas não muda o fato dele ser pervertido. Ele fica falando coisas embaraçosas e me fazendo ficar envergonhada só para ele rir depois.

- Isso... não é maldade?

- Ele parece se divertir. Na escola ele nunca sorri, então seu eu posso fazer ele sorrir, nem que seja por me perturbar, bom, fico feliz.

- Oh, bem gentil da sua parte.

- Mesmo? Eu me sinto uma idiota por fazer isso. Ele é um playboy também. Acho que já pegou todas as garotas.

- Talvez ele tenha puxado isso do pai... – Aruto-san sorri.

- Ah, e ele não gosta muito do pai. Mas eu agradeço muito ao pai dele por criar o Ikuto. Se não, eu não teria encontrado-o.

- Ele não gosta do pai? – ele me olha, parecendo levemente triste.

- Sim... Ele diz que o pai dele controla ele e a irmã. Ele não gosta nem um pouco de ser controlado.

- Talvez o pai dele esteja apenas querendo o bem dele.

- Foi o que eu disse! – sorrio – Mas sabe, mesmo que eu não tenha pai e nem entenda muito bem a relação do Ikuto com o pai, tenho certeza de que eles se amam. Se não, ele não ficaria tão zangado quanto a isso.

- Nossa, nunca olhei por esse lado. – ele sorri – Você é bem esperta, garotinha.

- Obrigada! Aruto-san, se você tiver um filho, me deixe lhe dar esse conselho.

- Qual?

- As crianças gostam de se sentir livres. Elas querem experimentar o mundo por si mesmas e mesmo quando se machucam, elas sabem que os pais delas vão estar lá para confortá-las. O ikuto é o mesmo. Então, se você quer bem ao seu filho, deixe-o viver livremente. Lógico, não vá permitir que ele faça coisas perigosas, mas deixe ele ver o mundo por si próprio, e não o prenda em correntes a você.

- Correntes?

- Só maneira de falar.

- Mas se eu libertar meu filho demais, ele pode se machucar, não acha?

- Aruto-san, é impossível você proteger seu filho de tudo e de todos.

- Então eu devo deixar ele fazer o que quiser?

- Sim. Lógico, é só uma situação hipotética. A não ser que você tenha mesmo um filho.

- Claro, claro. Hipotética. – ele ri. Qual a graça?

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Já faz 5 dias desde que eu vi a Amu pela última vez. Depois daquele incidente com a Saaya e ela ter fugido, teve a viagem para a França. Então meu pai desaparece. E agora finalmente voltamos às aulas e eu vou poder ver a Amu. Imagino como ela está...

Depois que ela fugiu naquele dia, obriguei alguém a me contar o que houve. Eu acho que nunca senti tanto ódio na minha vida antes. Se o Kukkai e o Nagihiko não tivessem lá, acho que teria matado a Saaya. Como ela pode falar todas aquelas coisas sobre a Amu?!

- Ei cara, relaxa. Mal começou o dia e você já está irritado. – Kukkai sorri para mim, batendo de leve nas minhas costas.

- Mantenham aquela garota longe de mim. – digo friamente.

- Ikuto, acho que depois do que você falou, ela nunca mais vai se aproximar de você. – Nagihiko sorri.

- Ótimo.

- Mas por que você ficou tão irritado, hã? – Kukkai olha para mim, sorrindo maliciosamente – Pensei que não gostasse da Hinamori.

- Saaya passou dos limites. Não importa se eu gosto dela ou não, aquilo foi demais. – digo, olhando para o relógio. Mas que droga, por que não toca logo?!

- Está apressado, Ikuto? – Nagihiko me olha. Esse dias, descobri a desvantagem de ter amigos. Algumas vezes, eles conseguem ler a sua mente.

- Ele deve estar com fome, não é? – Kukkai sorri. – Falando nisso, vou na sua casa hoje ok?

- Por que?

- Utau. – ele sorri. Eles namoravam há sete meses e a mídia ainda não tinha descoberto isso.

- Ikuto, soube que seu pai está desaparecido. – olho para ele, sério.

- E daí?

- Você não está preocupado? Mesmo que vocês não se dêem bem, ele ainda é seu pai.

- Ele não é meu pai. – digo friamente e me levantando na mesma hora em que o sinal toca, anunciando o almoço. Saio da sala sem olhar para trás e vou para o terraço. Por favor, Amu, esteja aqui. Abro a porta, mas não vejo meu pequeno morango. Fecho a porta atrás de mim e ando em volta, procurando ela.

- Hey, pequenino, venha aqui. Não vou machucar você... – essa voz é da Amu. Ando rapidamente para o outro lado e caramba!

- O que você ta fazendo?! – corro até ela, puxando-a para longe da grade e fazendo ela cair em cima de mim. Ela é doida?! Por que ela estava subindo ali?

- Ai! – ela geme quando caímos no chão – Ikuto! Por que fez isso?!

- Eu que deveria ta perguntando isso! Estava tentando se matar por acaso?! – olho para ela, furioso.

- Hã? – ela me olha, sem entender.

- Olha, sei que o que a Saaya disse deve ter entristecido você, mas não é motivo para você tentar se matar!

- Matar... – ela me olha, com os olhos arregalados e então começa a rir. O que? Qual a graça? – V-você entendeu...tudo errado! – ela diz, entre risadas.

- Amu, o que é isso? – olho para a mão dela, fechada em volta de algo amarelo.

- Isso é a razão de eu estar ali em cima. – ela sorri, abrindo a mão e mostrando um pequeno passarinho. – Não é fofo?

- E por que você estava querendo pegar ele?

- Acho que ele está machucado. – ela diz, sorrindo e acariciando a pequena cabecinha dele. Suspiro. Perdi anos da minha vida sem motivo.

- Desculpe se eu te preocupei, Ikuto. – ela olha para mim, parecendo triste.

- Vem aqui. – pego o braço dela, fazendo-a virar e sentar-se entre minhas pernas. Passo meus braços ao redor da cintura dela e percebo as orelhas dela já vermelhas.

- O q-q-que e-e-está f-f-fazendo?! – ela grita, tentando sair do meu abraço. Há, como se eu fosse permitir.

- Esse é seu castigo. – sussurro na orelha dela e sinto o corpo dela tremer todinho.

- M-m-mas!

- Ah ah, você vai assustar o passarinho. – apoio minha cabeça no ombro dela e ela fica calada.

- Pervertido. – ela murmura baixinho, relaxando e encostando-se ao meu peito.

- Não sou eu que penso em coisas proibidas para maiores de 18 anos. – sorrio, soprando o pescoço dela.

- uwaa! – ela se encolhe – Não faça isso!

- Por que? – repito e ela se encolhe novamente.

- D-d-dá calafrios...

- Mas você sabe que gosta... – sussurro sensualmente, acariciando o pescoço dela com meus lábios.

- E-e-eu n-n-não! Não! – ela tenta se afastar novamente, mas eu seguro ela.

- Para onde pensa que está fugindo, Amu? Seu castigo ainda não acabou.

- Ikuto! – ela grita, embaraçada e frustrada ao mesmo tempo. Acho melhor parar de perturbar ela. Por enquanto.

- Então? O que vai fazer sobre esse passarinho? – olho para a coisinha amarela na mão dela.

- Como o que? Vou cuidar dele é lógico.

- Por que?

- Porque está machucado!

- Então se eu tivesse machucado você iria cuidar de mim também?

- É claro! – ela sorri – Não posso deixar meu melhor amigo machucado, posso?

- Melhor amigo? – olho para ela, surpreso.

- Sim. – ela afirma, sorrindo.

- O que isso come? – pergunto depois de um tempo.

- Hã...

- Não sabe né? – olho para ela, gozando.

- Depois eu passo numa pet shop e pergunto. Nossa, esses dias eu ando pegando muita coisa machucada. Isso pode virar um mau hábito. – ela murmura para si mesma.

- Como assim?

- Sabe, um dia desses, eu tropecei num ojii-san no meio da rua. Ele estava super machucado, entoa eu levei ele para minha casa.

- Você fez o que?! – olho para ela, incrédulo – Amu! Você não devia levar estranhos para sua casa! E se ele fosse um pervertido?!

- Mas eu só queria ajudar ele... – ela diz, abaixando a cabeça.

- Mesmo assim! Por favor, não faça nada como isso de novo. – abraço-a forte. Não agüento a idéia dela se machucando.

- Desculpa... – a mão dela livre posa em cima da minha, apertando de leve e eu sorrio. Realmente... Está ficando cada vez mais difícil de resistir a essa garota.

- E ele ainda está na sua casa?

- Sim. Acho que ele esqueceu uma parte da memória. Não sabe se tem família ou casa.

- E você já tentou levar ele pro médico?

- Não tenho dinheiro. Mas ele tem! – ela olha para mim – Ele tem um monte de dinheiro Ikuto!

- Eh?

- O Ojii-san é rico! Ele tem dois cartões platina e quando eu achei ele, ele tinha 100000 yen na carteira!

- Hum... Não é grande coisa.

- Ah, é. Você está acostumado a carregar essas coisas e esse monte de dinheiro. – ela me olha, sarcástica – Mas tem uma coisa que eu não entendi.

- O que?

- Sabe, ele me disse que uns caras apareceram e bateram nele. Mas não levaram nada. Nem uma nota. Você não acha estranho?

- Talvez fossem inimigos dele.

- No começo achei que ele trabalhava na máfia. – ela rir – Mas Ojii-san é muito legal para isso.

- Você parece gostar muito dele.

- Bom, to me sentindo como se tivesse um pai de novo. – ela sorri timidamente, com as bochechas vermelhas. Droga, essa garota tem idéia do quanto esse sorriso é perigoso?!

- Seu pai morreu num acidente, não foi, Amu?

- Sim. – abraço ela mais forte.

- E sua mãe?

- E-e-ela s-se suicidou. – ela segura minha mão com força e sinto algo molhado na minha mão.

- Shhh, Amu. Está tudo bem. – viro o corpo dela, permitindo que ela esconda o rosto no meu peito e que eu posso abraçá-la e ter uma visão geral dela – Tudo vai ficar bem. Estou aqui agora. – digo, acariciando os cabelos dela e ao mesmo tempo me deliciando com o maravilhoso cheiro de morango que o corpo dela exalava. Como eu senti falta desse cheiro...

- Ikuto...?

- Hum? – murmuro contra o cabelo dela.

- Você vai ser meu amigo?

- Sim.

- Para sempre? – ela olha para mim, temerosa. Amigo para sempre? Eu não quero apenas isso. Quero ser mais do que amigo. Quero ser o único no coração dela. O único a ser amado por ela. Quero ser o amante. Tch, que diabos é que eu to pensando?

- Sim. Vou ser seu amigo para sempre. – sorrio, limpando o rosto dela gentilmente. Quem disse que amigo não pode ser amante?


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Notas finais do capítulo

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