- O que é isso? - Perguntou Tori com as mãos na testa. - O que isso deveria significar?

Ela estava mais do que apavorada com as palavras em esmalte vermelho, grandes letras garrafais que pareciam ser feitas por uma garota...

- Não sei. - Respondi ainda olhando aquilo que primeiramente nos assustava, embora tivesse alguma teoria sobre quem deveria ter feito isso. - Provavelmente uma idiotice de alguma garota.

Tori olhou para mim como se estivesse calculando quantas garotas eu poderia ter atiçado a coisas do tipo. Não é como se eu tivesse namorado New York inteira... talvez metade das garotas do Upper East Side com uma bunda bonita e cabelos alisados.

- Mas e se for alguém que realmente está espionando a gente? - Disse Tori em um sussurro.

- Ah, Victoria, não seja ridícula, quem iria espirar pessoas como nós? Além do mais, não temos nada a esconder, certo?- Fiz questão de olhar fundo em seus olhos castanhos enquanto respondia. Não poderia omitir aquela garota...

Eu nunca tive nada contra Tori. Era diferente de todas as garotas que eu já conheci, e aos poucos eu via como era especial. Conseguia ter orgulho de si mesma, mesmo trabalhando num restaurante servindo gente como eu, sendo bolsista numa escola particular cheia de pessoas esnobes e metidas a besta. Mesmo aqui, no meu apartamento, me aguentando até bêbado. Coloquei minha mão em sua cintura e a dirigi até outro cômodo do apartamento, onde não houvesse ameaças psicológicas.

- O telefone fica ali. Pode avisar seu pai, depois podemos tomar café e eu te levo para casa. -

Tori assentiu.

Fui até a cozinha e fiquei observando-a do balcão enquanto fazia torradas e colocava café em duas xícaras. Também tomei uma aspirina para diminuir minha dor de cabeça.

Depois de ela ter explicado a situação para o pai dela - demorou um tempo considerável, pois eles discutiram - e nós termos tomado o café da manhã, eu a levei para o carro e comecei a dirigir na direção da casa dela.

Não conversamos muito, o clima estava bem tenso por causa dos acontecimentos de ontem, mas eu não queria que o que houve entre a gente atrapalhasse nossa relação, sendo ela o que quer que fosse. Então, quebrei o gelo.

- Então... Na minha casa, amanhã?- Por incrível que pareça, foi uma pergunta inocente. Ela não parecia concordar. Teve um sobressalto e me olhou com os olhos semicerrados.

- O que? - Rebateu ela em um tom perigoso.

- O trabalho. De biologia. - Falei cauteloso. O rosto dela se encheu de compreensão, depois ficou totalmente vermelho.

- Ah... - Murmurou ela. Fiz um som debochado.

- Você não achava que... Afinal... – tentei consertar o estrago, mas ela acabou me cortando...

- Cale a boca, Bieber. Não te interessa o que eu acho. - Ralhou ela. Não consegui conter o riso.

- Ok, Tori. Como você quiser. - Respondi ainda rindo. - Mas então, na minha casa ou na sua? – Eu não conseguia me conter, algo nela fazia com que eu tivesse que ser aprovado por ela.

- Tanto faz. - Respondeu ela sem muito interesse.

- Então amanhã eu vou estar na porta da sua casa bem cedo de manhã. - Rebati. Ela se sobressaltou de novo virando para mim, o rosto repleto de ódio, mas ela rapidamente se atenuou.

- Só não faça meu pai tirar meu nome do testamento. Além disso, você não precisa bancar o Edward Cullen me levando para tudo o que é lugar. - Murmurou ela. Ri de novo.

- Vou tentar, Tori, prometo que vou tentar. – Nós rimos juntos, mas como tudo o que é bom dura pouco, passou um longo momento de silêncio. Eu estava tomando coragem para falar, mas ela foi mais rápida.

-Hum... Justin.

-Sim?

-Sobre o que aconteceu ontem à noite...- Ela estava corada. Aproveitei que o sinal ficou vermelho e peguei sua mão.

-Hey, hey, Tori. Vamos deixar isso para trás, ok? Eu estava bêbado e... Enfim, vamos esquecer esse episódio. - Eu falei mais rápido do que pretendia. Mas ela estava em uma espécie de transe, com os olhos fixo em nossas mãos unidas.

-Tori? Tori... Tori? HEEEY, Tori!

Tori pareceu acordar.

-Ok, tudo bem Justin.

O sinal ficou verde de novo, então eu soltei a mão dela e continuamos. Já estávamos bem perto de onde ela morava, pude observar que suas bochechas continuavam coradas, e ela tentava disfarçar olhando para fora e cobrindo o pescoço com o cabelo.

Tori só falou de novo para mostrar sua casa, que era bem modesta. Parei uma rua antes, assim seu pai não veria que ela passou a noite na casa de um garoto, o que poderia lhe trazer problemas.

- Está entregue. - Ela se virou para mim e hesitou alguns segundos.

- Obrigada... Por... Por tudo, Justin.- Disse ela, cautelosa.

-Não há de quê, Tori. - Tori tirou o cinto e estava quase fora do carro quando eu agarrei seu pulso.

-Er... Tori. Nós... Nós...

-Hum? Diga! - Engoli em seco.

- Amigos? - Falei de uma vez. Ela abriu um sorriso.

- Acho que você pode dizer isso.- Soltei seu pulso.

-Até amanhã.

-Até

Ela saiu do carro. Eu a segui e baixei o vidro.

-A propósito... Sabe que você ficou bem gostosa naquele vestido?

- Vá procurar uma prostituta!- Gritou ela rindo e saiu correndo. Eu ri e coloquei meus óculos escuros, voltando para casa. Eu gostava do jeito meio revoltado da Tori, era uma parte dela que eu estava aprendendo a admirar.

Liguei meu carro e dei a volta, decorando o endereço que eu frequentaria a partir de amanhã. Porém, meu destino agora era sair da casa de Tori e ir direto para a casa do meu melhor amigo, Cristian Beadles, ao menos era isso que eu queria que fosse. Pois dessa vez, não era o meu melhor amigo que eu iria ver, ela a irmã dele, minha ex-namorada, Caitlin.

- Bieber! – Meu melhor amigo gritou com as mãos para o alto, alegre, e ainda com os efeitos da ultima noite, embora apenas bêbado ele não parecesse. Havia um  pó branco em volta do seu nariz e os olhos denunciavam o estado em que ele se encontrava. – Deixa eu adivinhar! Levou um fora e quer apostar no outro time? Sinto muito, mas eu não afogo o ganso desse jeito, chefe!

- Não é por você que eu estou aqui, Beadles. – constatei enquanto entrava na cobertura e me dirigia ao quarto que trazia lembranças sujas de uma primeira vez nada convencional. – Cait está em casa?

- Ela... está no quanto dela com um cara... Ou eram dois? – ele foi atrás de mim, lentamente. – ela vai adorar você gay fazendo uma suruba com ela!

- Chris. – Me virei e o encarei de perto, aquele drogado filho da puta estava me dando nos nervos. – Mais uma dessas e eu espalho para a escola inteira que você dormia com a Celine Baleia.

Por um segundo, ele pareceu cair na realidade e medir as consequências de me irritar. Após o silencio, abri a porta do quarto da minha ex-namorada, lá estava ela embaixo de cobertas rosa e lençóis pretos de seda, junto com Chaz.

Apenas fiz o que meus instintos mandavam. Peguei Caitlin literalmente pelo pescoço e ergui seu corpo até ficar da altura do meu, de pé.

 - Justin...  O que está... Fazendo? – A voz dela estava sufocada e suas mãos tentava fazer com que a minha soltasse, mas ela não tinha força o suficiente para isso.

- É o seguinte Caitlin, cansei de seus joguinhos contra mim e as minhas namoradas. Nós terminamos faz três anos, supere. É a ultima vez que eu vou falar isso antes de tomar providencias que me fariam ir preso: Esqueça-se da minha existência e da minha Torri, ou eu não respondo por mim.

A vermelhidão da garota de olhos verdes, e os olhos marejados indicavam que ela iria desmaiar logo, então soltei-a. Ela massageava o pescoço enquanto olhava para mim.

- Considere-se esquecido.

- Perfeito. – Me virei e deixei uma garota sem ar, e dois dos meus melhores amigos pasmos no quarto.

O que quer que tenha significado o esmalte vermelho, iria parar agora.