A Sweet Memory escrita por minsantana


Capítulo 3
Capítulo 3




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New York - 13 anos depois....

- ah c’mon Gerard! Vamos nos divertir! – dizia Ray, ou ‘coqueiro’ como alguns fãs o chamavam por causa do imenso cabelo.
- é isso aê. O show foi o máximo. Merecemos uma comemoração! – Frank pulava que nem criança.
- eu sei que deu tudo certo, Frank. Mas eu não to com cabeça tá? Prefiro ir pra casa. – me levantei do sofá e ajeitei minha jaqueta.
- ir pra casa?? E ficar lá sozinho pensando na vida enquanto milhares de mulheres se rendem aos seus pés? Tá maluco...
- Frank, eu já cansei de dizer que não to procurando mulher só pra me satisfazer sexualmente não. Eu me sinto bem sozinho. – meu coração voltara a doer com aquelas lembranças.
- quem você pensa que engana falando assim hein? Eu sou seu amigo, man! Conheço você muito bem pra perceber que algo te incomoda. Vamos lá, desembuche.
- deixa pra lá, você não ia entender. Eu vou pra casa. Amanhã a gente se vê. Bye guys. – e saí batendo a porta do camarim com força.
- eu hein, ele anda muito estranho esses dias...
- você tem razão, Bob... você tem toda razão. – Frank ficou pensativo.
Eu e Frank nos conhecemos nos corredores da faculdade, logo no meu primeiro ano no curso de Artes Visuais. Frank fazia faculdade de Música naquela época, mas depois de repetir 2 vezes ele acabou desistindo e apenas eu consegui me formar no que eu tanto gostava de fazer, desenhar e pintar quadros. Nós dois éramos amigos inseparáveis há mais de 8 anos e pelo muito que Frank me conhecia, podia dizer com certeza que eu não tava nada bem. É... ele tinha toda a razão.

Fui até o estacionamento, entrei em meu carro e fiquei parado alguns minutos olhando a chuva caindo pela janela. Por mais que eu fosse um ídolo de milhares de pessoas e tivesse inúmeros amigos, ainda assim eu me sentia completamente sozinho. Sentia que faltava uma parte de mim e isso me doía por dentro, mais do que qualquer um pudesse imaginar ou sentir. Aquela parte da minha infância que me completava, não estava mais ali. Tinha ido embora pra sempre.

Cheguei em meu apartamento e joguei as chaves em cima da mesa. Imediatamente virei meu rosto para a foto que permanecia intacta em cima da estante. Na imagem presa no porta-retrato, duas crianças felizes: eu e Julie sorrindo no jardim da minha antiga casa. Bons tempos que não voltariam mais...
- oh Julie... por que... por que... – eu perguntava toda noite durante meus sonhos, ou melhor, pesadelos. Aquela imagem do acidente não saía de meus pensamentos nenhum momento durante aqueles 13 anos que separavam a morte dela da vida vazia e sem sentido que eu estava levando naquele momento. Foi no princípio de minha depressão que decidi formar minha tão famosa banda, My Chemical Romance, justamente para isso, com o propósito de encontrar outra razão para continua vivendo.
Fui até o bar que tinha na sala e peguei aquela garrafa de whisk que já tinha se tornado minha companheira inseparável e comecei a beber. A cada gole ardente em minha garganta, uma lágrima caía em meu rosto triste e sem cor. Fui até o banheiro e vi meu reflexo no espelho. Meu cabelo bagunçado, minha aparência sem vida. Abri o armário e peguei uma navalha novinha e muito afiada, capaz de cortar até o mais grosso papel. Olhei novamente meu rosto no espelho e vi que as lágrimas continuavam a cair. Segurando a navalha em uma das mãos e com o outro braço esticado, tentei cumprir o que eu tinha em mente desde muito tempo atrás. Mas não consegui, falhei logo na primeira e única tentativa. Deixei cair o metal cortante na pia e senti meu corpo escorregar pela parede e cair sentado no chão gelado. Não tinha coragem para fazer aquilo, me senti um verdadeiro covarde. Mas no fundo eu sabia que aquilo tudo ia mudar. Só não imaginava que seria muito, muito em breve.

[...]


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