A Sweet Memory escrita por minsantana


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Nesse cap um pouco mais sobre o pai da Jamie.



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O pai de Jamie chegou antes do almoço. O nome dele era Walter e ele era um bom sujeito. Pela aparência, ele devia ser mais velho que Debbie e mesmo assim mantinha uma alma bem jovem. Ele também adorou me conhecer e já perguntava quando iríamos nos casar. É claro que Jamie ficou roxa de tanta vergonha, mas eu confesso que ter a aprovação dos pais já me deixou bem mais feliz. O almoço foi tranqüilo. Walter contou algumas piadas e também quis saber mais sobre mim. Ele passou a me olhar estranho depois que eu disse que passei minha infância ali mesmo, naquela rua. Posso dizer que ele passou a me olhar como se eu não fosse tão desconhecido como ele pensava. Aquele olhar me dava calafrios, mas talvez ele pudesse me ajudar a desvendar esse mistério.

À noite, deixei Jamie dormindo no quarto e saí pra respirar um pouco de ar lá fora. Vesti meu casaco e fiquei na varanda olhando a rua deserta. Olhei pro relógio e já se passavam das 2 da manhã.
Olhar praquela rua e rever tudo o que aconteceu embrulhava o meu estômago, mas eu precisava descobrir se eu estava maluco ou não. Devia haver uma razão praquilo estar acontecendo, não podia ser só destino.
De repente, a porta se abriu e eu vi Walter vindo falar comigo enquanto fumava um charuto.
- não conseguiu dormir, rapaz? – ele perguntou.
- não. Eu não tenho sono.
- então você morava aqui, não era?
- sim. – no começo, não entendi onde ele queria chegar com aquela conversa.
- eu lembro de você. – olhei assustado pra ele – vagamente, pois minhas memórias já não são como antes. – ele deu um sorrisinho – eu conheci seu pai em uma de suas viagens. Ele era um ótimo rapaz e sempre me falava sobre você. Mas na época eu não morava aqui, eu vivia na Flórida. – meu olhar mirou o chão – foi muito triste o que aconteceu, eu soube depois que me mudei pra cá e conheci a Debbie.
- mas... então o senhor não é pai da Jamie?? – afinal, ela não poderia ter só 13 anos!
- não, mas ela não sabe disso.
- como assim??
- quando eu conheci a Debbie, ela era mãe solteira. A Jamie não sabia quem era o seu pai, então Debbie achou melhor dizer que eu tinha me separado dela ao nascer, e então nos reencontramos alguns anos depois.
Meu queixo caiu com aquela história. Isso estava ficando pior do que eu pensava.
- nossa, senhor Walter. Eu nunca iria imaginar. Vocês dois parecem tão ligados.
- eu sei, eu amo essa menina e ela será sempre uma filha pra mim, mesmo que não tenhamos o mesmo sangue. Agora está tarde, vá dormir. Não é bom ficar aqui fora durante essa época de frio. Você pode pegar um resfriado. Boa noite, rapaz. – ele bateu de leve em meu ombro e depois entrou em casa.

Eu ainda permaneci alguns minutos ali do lado de fora, tentando digerir toda aquela informação. O que mais eu teria pra descobrir?

O dia amanheceu e começamos a enfeitar a casa para o Natal, que seria no dia seguinte. Pinheiros, pisca-piscas, papai-noel, tudo o que um bom Natal tem direito. Do lado de fora a casa estava perfeita e sem dúvida era a mais bonita do bairro. Jamie estava tão contente que estava a ponto de começar a chorar de emoção.
- olha Gerard, como está ficando tudo tão lindo!
- tem razão, está lindo. Você está chorando, moça??
- me desculpe, eu não sei o que me dá nessa época do ano. Eu fico muito mais sensível.
- ah, me dá um abraço apertado, vai. Eu te amo tanto, sua boba.
- eu que te amo, seu bobo.
Foi então que eu a vi de novo. No mesmo lugar que no dia anterior, ela agora olhava pra mim com um misto de surpresa e tristeza em ver que eu estava sorrindo e feliz.
- Jamie, espere um pouco. Eu já volto.
Atravessei a rua e Susan aumentou a velocidade dos passos. Ela não queria que eu a alcançasse, mas eu fui mais rápido e a puxei pelo braço quando já estávamos na outra rua.
- dona Susan, é a senhora?? – ela ficou muda me encarando – não me reconhece? Sou eu, Gerard.
- eu sei quem você é.
- então por que fugiu de mim?
- eu não quero estragar sua felicidade, menino. Diferente de você, eu nunca esqueci minha querida filhinha.
- e como a senhora pode dizer que eu a esqueci?? – eu soltei o braço dela que eu apertava com força.
- você está feliz.
- eu nunca estive completamente feliz e não estarei até descobrir o que realmente aconteceu com ela!
- ela está morta, Gerard! Minha pequena está morta, e nunca mais vai voltar. – ela correu chorando e eu a deixei ir. Uma lágrima correu em meu rosto gelado e voltei pra casa, onde Jamie me esperava na porta assustada.
- o que houve? Quem era aquela senhora?
- uma antiga conhecida, só isso. Vamos entrar, está frio aqui fora. Vem.

Passei o dia confuso com aquela situação e à noite acabei tendo outro pesadelo, só que dessa vez muito mais real.
No sonho, eu saía de casa e ia até o cemitério da cidade, onde Julie estaria enterrada. Era madrugada e não havia ninguém pelas ruas, muito menos naquele lugar sombrio. Em sua lápide, dizeres alegres como ela. Eu cavava toda a terra com uma pá até chegar à tampa de seu caixão e quando eu o abria, não havia nada a não ser um imenso vazio lá dentro.
Acordei com um grito vindo da cozinha e quando olhei pro lado, Jamie não estava na cama. Corri pra cozinha e quando cheguei lá, Debbie fazia um curativo na mão de Jamie. A mesma mão que eu já havia ‘curado’ antes.
Minha aparência nem um pouco normal e minha camisa suada denunciavam que eu também não estava bem.
- o que aconteceu? – perguntei.
- eu fiquei preocupada com você, amor. Você estava se debatendo durante o sono e eu resolvi vir aqui buscar um pouco d’água, mas parece que isso sempre acontece comigo, não é? – ela apontou pro copo quebrado em cima da pia.
- ah meu anjo...
- não se preocupe, minha mãe é enfermeira. Ela sabe fazer curativo como ninguém! – Jamie sorria e meus neurônios começavam a ferver.
- ah... enfermeira... – sussurrei.
- pronto, minha filha. Mas vê se não quebra mais nada, hein. Esses copos custam caro. – ela deu uma risadinha e saiu – boa noite.
- você está bem? – perguntei a ela, chegando mais perto e a envolvendo num abraço.
- com você ao meu lado eu não poderia estar melhor. – ela mordeu os lábios com malícia e eu a beijei. A peguei no colo e apoiei seu corpo em cima da mesa. Ela tirou minha camisa e eu deslizei meus dedos por seus seios empinados.
- acho melhor irmos pro quarto. – eu disse em meio aos beijos ‘calientes’ que me levavam à excitação.
- calma, não tem problema. É só esperar a luz do quarto deles se apagar. – olhei espantado pra ela que sorria – que foi? Não quer correr o risco, senhor Way?
- eu nunca tenho medo de arriscar, senhorita.
Nos amamos ali mesmo, em cima da mesa da cozinha. Sempre que deixávamos escapar um gemido, tampávamos nossas bocas com um beijo. E foi assim, arriscado e cheio de adrenalina que chegamos ao final e eu acabei esquecendo do sonho que foi a razão de tudo aquilo ter começado.


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