A Sweet Memory escrita por minsantana


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Já que ninguém mais lê, vou postar logo tudo de uma vez.



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Eu passei a noite inteira acordado, pensando e tentando encontrar naquele quarto algo que me fizesse ter certeza de que ela não era apenas uma alucinação da minha cabeça. O ar infantil do cômodo só me fazia lembrar ainda mais. As paredes brancas com detalhes em rosa, ursos de pelúcia espalhados pelo quarto, e uma pantufa de sapinho que me fez soltar uma abafada gargalhada.
- isso não é justo, senhor Way. – ela me abraçou por trás.
- o que eu fiz, senhorita Dolphins?
- estava rindo dos meus filhinhos. – ela dizia rindo e se levantou da cama indo em direção às pantufas. – esses são o Tico e o Teco. E eles não gostam que caçoem deles, ok? – ela falou com ar de meninininha. Eu não agüentei e soltei uma risada, dessa vez bem sonora.
- dormiu bem? – ela balançou a cabeça – está com fome? – os olhos dela brilharam. – ótimo. Vou comprar nosso café da manhã.

Vesti minha roupa e saí. O tempo em NY já estava mudando para o clima que predomina no Natal. Foi aí que me dei conta que faltavam apenas 4 dias para aquele dia fatídico. 26 de Dezembro, 1 dia após o Natal e também o dia em que Julie morreu.
Voltei pra casa de Jamie com um saco de pães fresquinhos e dois copos de capuccino. Quando toquei a campainha, Jamie abriu a porta ainda de camisola. Ela estava muito sexy com aquela camisola de seda lilás.
- trouxe o café.
- acho que perdi a fome. Que tal praticarmos... um pouco mais?
Depois daquele convite, eu nem preciso dizer o que ficamos fazendo a manhã inteira né? Jamie me fazia esquecer o mundo, seu jeito carinhoso e seu corpo de mulher me deixavam completamente alucinado.

Naquele dia eu confirmei minha primeira e única conclusão. Eu estava mesmo apaixonado por ela. E acho que ela também estava por mim, senão ela não teria aceitado meu convite de namoro, teria? Sim, a partir daquela data estávamos oficialmente namorando. E eu, como um bom namorado teria que acompanha-la durante o Natal, certo? E adivinhem pra onde iríamos? Dou um doce pra quem disse Newark, New Jersey.

De malas prontas e passagens compradas, estávamos nós dois no aeroporto esperando nosso avião. E entre um cigarro e outro que eu acendia, ela percebeu o tamanho do meu nervosismo.
- Gerard, o que foi? Você está tão nervoso desde que saímos da minha casa.
- eu não estou nervoso, Jamie. Eu só... ah. – soltei um suspiro cansado e dei outra tragada.
- me diz, o que te deixa tão nervoso quando falamos em Newark? É aquela tal de Julie?
Eu olhei pra ela esperando que alguma voz no microfone anunciando nosso vôo pudesse me salvar, mas não tinha jeito. Era hora de contar. Não era justo ela não saber.
- Jamie... Julie foi uma grande amiga minha.
- foi?
- sim, ela morreu. – ela fez uma cara de pena e me abraçou.
- me desculpe, eu não sabia.
Não tocamos mais nesse assunto até chegar em NJ. Do aeroporto seguimos de táxi até a casa de Debbie, mãe de Jamie. Quando descemos do táxi, fiquei ainda mais confuso quando percebi onde estava. Aquela era a rua onde eu morei durante toda a minha infância e, pra piorar, Debbie morava na mesma casa que eu vi no sonho.

Parei em frente à casa e minhas pernas congelaram. Elas simplesmente não se mexiam. Virei meu pescoço para o outro lado e olhei de relance pra aquela casa na esquina que já não era mais habitada, ali onde eu havia tido os melhores e os piores momentos da minha vida.

---- Flashback -----
- não!!! me soltem!! Ela não está morta, eu sei que não está!! – eu gritava em frente ao corpo dela que estava desacordado no asfalto enquanto alguns vizinhos tentavam me tirar dali.
- Gerard, se acalme. Ela vai ficar bem, calma. – minha mãe me abraçava e eu chorava de soluçar.
- mãe, ela não pode morrer. Como eu vou viver sem ela? Como?
- calma, meu filho. Tudo vai dar certo.
Confiei nas palavras de minha mãe. Pena que ela não estava tão certa assim.

Julie tinha sido levada para o hospital ainda com vida. Seu estado era crítico, mas ela ainda tinha chances de sobreviver. Ela passou seu aniversário em coma, mas os médicos diziam que ela podia acordar a qualquer momento. Só ia depender de sorte.
Minha mãe não me deixou ir vê-la, pois achava que eu não agüentaria passar por aquela dor novamente. Ela estava errada. A mãe de Julie, dona Susan, tinha permitido que eu fosse visitar sua filha no dia seguinte, pois segundo ela, Julie ia ficar feliz em saber que eu estive ao lado dela quando acordasse.
Eu estava feliz, eu iria vê-la e tudo ficaria bem como minha mãe me disse. Mas um telefonema de Susan no meio da noite, acabou com toda a alegria que me restava.
Minha mãe desligou o telefone e pela sua cara eu já sabia a resposta.
- Gerard, me desculpe. Ela não sobreviveu.

Eu não fui ao seu enterro. Não conseguiria encarar o caixão com o corpo da minha eterna grande amiga. Preferi ficar em casa com a minha própria dor e todos acabaram aceitando a minha decisão.
Foi sem dúvida alguma, o pior Natal da minha vida.
---- Fim do Flashback -----

- amor, você está se sentindo bem? – Jamie, que já tinha tocado a campainha, veio em minha direção e segurou em meu braço, me fazendo acordar daquele pesadelo.
- eu... eu... só estou um pouco tonto.
- vamos entrar. Minha mãe vai te fazer melhorar.
Debbie era um doce de pessoa. Ela me tratou super bem, me deu um chá e garantiu que eu iria ficar bem em pouco tempo. Depois que eu já me sentia melhor, Jamie me levou pra conhecer o resto da casa e eu estava com aquela estranha sensação de já ter estado ali antes.

Depois do ‘tour’ pela casa, eu estava do lado de fora fumando quando vi alguém que eu não via há muitos anos e que fez o cabelo que eu ainda tinha se arrepiar por inteiro. Era Susan, a mesma Susan de anos atrás, mãe de Julie.
Ela andava distraída pelo outro lado da rua olhando pra frente da minha casa, seus cabelos agora eram brancos, mas seu rosto rosado continuava inesquecível. Tentei gritar e a voz não saía, meu corpo não se movia e meus olhos não piscavam. Era ela, eu tinha certeza.
Jamie apareceu na varanda e me olhou assustada. Quando desviei minha atenção, Susan já tinha ido e o mistério continuava rondando minha cabeça.
- Gerard, você tem certeza que já está bem?
- sim, tenho certeza, não se preocupe.
Eu não queria dar mais pistas para que todos me achassem louco. Já bastava minha própria consciência me pregando peças o tempo todo.

[...]


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