Sedução Indireta escrita por Dorien


Capítulo 4
Interesse Estranho e Bem-Vindo




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Eu estava fugindo tão rápido quando um ratinho amedrontado. Segui com passos firmes e rápidos até as masmorras, tentando manter distância de Albus e Scorpius.

                O que aconteceria se eles descobrissem a aposta?!

                Quando cheguei na porta da sala de Slughorn descobri que ela estava fechada. Fiquei apoiada na parede ao lado da porta e tratei de guardar a lista na minha bolsa, como ela deveria estar antes de ser pega.

                Não fiquei muito tempo sozinha, poucos minutos depois Albus e Scorpius apareceram, mas mantiveram distância. Quando Slughorn finalmente chegou, vários grifinórios e sonserinos estavam amontoados na porta da sala.

                Assim que ele abriu a sala procurei meu lugar na primeira fileira e torci para que Eric sentasse do meu lado.

                Eric é um sonserino. Ele foi o único bruxo com o quem eu fiquei. E o fato dele ser um sonserino é tão estranho pra você quanto foi pra mim, mas eu até que gostava do jeito meio arrogante e babaca dele. Ele era bem engraçado, não posso negar.

                Mas depois que ficamos resolvemos ser só amigos e nenhum de nós pareceu triste com isso.

                Eu sorria só de lembrar o humor negro e piadas fora de hora dele, mesmo que fosse errado, na hora, nada me impedia de morrer de rir.

                -Sorrindo tanto por que, Weasley?

                A voz do último sonserino que eu queria ouvir me tirou dos meus pensamentos.

                -O que está fazendo, Malfoy? – perguntei assim que vi ele puxando a cadeira e sentando ao meu lado.

                -Acho que consegue ver o que estou fazendo. – ele sorriu.

                Era essa arrogância e comportamento meio babaca de Eric que me atraiam, e, quando me dei conta de compará-los na minha mente, me senti corando.

                Não falei mais nada e apenas olhei para frente, onde Slughorn começava a explicar a Poção Wiggenweld.

                -Alguém pode me falar um ingrediente dessa poção? – o professor perguntou. Estava tão distraída que nem levantei o braço – Sim, Sr.Malfoy?

                -Ditamno- ele falou convencido olhando pra mim.

                Ora, não é só porque eu não queria responder que eu não saiba a resposta. Fuzilei ele com o olhar e Slughorn deu cinco pontos para a Sonserina pela resposta certa de Scorpius.

                -Ganhei essa, Weasley. – ele murmurou para me provocar.

                -Existe uma primeira vez pra tudo. – respondi no mesmo tom – Só não ache que vai ter a mesma sorte da próxima vez.

                Depois de explicar basicamente a poção, Slughorn, nos mandou abrir os livros na página 53 e preparar as poções em dupla.

                -Chegue o caldeirão mais pra cá, Weasley! – Scorpius falou tentando pegar o caldeirão, que estava na minha frente, mas eu bati na mão dele – A poção é em dupla. Espero que saiba o que isso quer dizer. – ele falou arrogante.

                -Sei muito bem o que isso quer dizer, quer dizer que tenho que fazer a poção com você.

                Antes que eu pudesse mais uma vez bater na mão dele, Scorpius pegou o caldeirão e botou no meio da mesa.

                -Pare de ser tão defensiva. – ele falou em um tom... Um tom que não me parecia comum dele. Não era arrogante nem de zombaria. – Não é como se eu fosse te lançar um Avada Kedavra quando você menos esperar.  – ele deu um pequeno sorriso antes de continuar – Bem, pelo menos não na frente de tanta gente.

                Quando ele riu, eu entendi que era apenas uma piada e também dei uma risada.

                -Claro. – sorri e me levantei para pegar os ingredientes.

                Ele foi junto comigo e sem uma palavra pegamos os ingredientes para a poção.

                -Acho melhor eu cortar o ditamno- ele falou quando já estávamos sentados na mesa de novo.

                -Eu sei cortar, posso fazer isso. – falei. – Deixa comigo. – tentei pegar a faca, mas ele me impediu.

                -Deixa comigo, você pode fazer o resto. – e antes que eu começasse uma briga ele empurrou o resto dos ingredientes pra mim e começou a picotar o ditamno como o livro mandava.

                Resignada, comecei a separar os ingredientes e botar aos poucos cada um no caldeirão e mexer quantas vezes eram necessárias.

                -Você é boa em poções, onde aprendeu? – ele perguntou.

                Olhei pra ele e, depois, para o ditamno já cortado.

                -Apenas faço o que o livro manda. – falei murmurando e voltando a mexer a poção.

                E até o final da poção Scorpius ficou me fazendo perguntas estranhas e aleatórias; desde qual era minha comida preferida até o que eu queria ser quando formada. Algumas mais estranhas eu apenas ignorei e ele, como se ignorasse minha ignorada, fazia outra pergunta.

                A cada pergunta lembrava-me da aposta e respondia de uma maneira rápida e até tentava fazer uma piada às vezes. Por incrível que pareça, eu me dei bem.

                Aquilo foi bem estanho, mas não foi tão ruim quanto ficar em silêncio.

                No final da aula Slughorn pediu uma amostra da poção de cada um e Scorpius foi levar da nossa poção enquanto eu guardava meu material.

                -Você e Scorpius se deram bem nessa aula, né, Rosinha? – Albus falou e só agora eu percebi que ele estava sentado na cadeira logo atrás da minha.

                -Apenas cale a boca, Albus. – falei um pouco acanhada enquanto ele ria.

                Quando Scorpius voltou ele juntou suas coisas enquanto eu apenas olhava. Tudo já estava pronto e antes que ele se afastasse muito da mesa, se virou e falou:

                -Até mais, Weasley.

                -Tchau, Scorpius. – falei vendo aquela como minha oportunidade de ouro para dar um pequeno passo.

                E como a situação com um perfeito plano de fuga. Antes que ele falasse mais alguma coisa passei quase correndo para fora da sala e estava indo para Aritmância.

                Mas quem foi que disse que eu consegui prestar atenção na aula?

                A conversa, que foi até que agradável, com Scorpius ficava voltando na minha mente e eu ficava cada vez mais curiosa pra saber o porquê disso.

                Por que raios ele ia ficar me fazendo um bando de perguntas e não implicando comigo? Tão rápida como um flash a resposta apareceu na minha cabeça.

                A lista.

                Ele disse que viu o nome dele na lista e tentar se aproximar de mim pra pegá-la seria a coisa mais fácil que ele poderia tentar... Então era isso! O maldito só queria saber da lista.

                Mas aquilo podia ser algo bom pra mim.

                Sorri com o pensamento de que ele estava atrás da minha lista e eu estava atrás dele. Se ele tentasse se aproximar enquanto eu também tentava me aproximar ia ser muito mais fácil e menos suspeito, já que ele podia pensar que essa aproximação dele me fez ceder e, depois de um tempo... Bingo! Eu ia ganhar a aposta.

                Depois de pensar nisso eu estava me sentindo igual às madrastas de contos de fada: má e poderosa. Tudo parecia estar correndo para o lado que eu queria e a aposta podia não ser tão trabalhosa quanto eu pensei que seria.

                Passei o dia todo pensando em como ia contar essa notícia para Lily e ansiosa para o jantar chegar.

                Mas, quando finalmente a hora chegou, Lily não estava lá. Nem ela nem meu irmão, apenas James estava.

                -Onde Lily e Hugo estão? – perguntei pra ele.

                -Eu é que não sei. – ele deu ombros – Mas, e aí? Como anda a nossa aposta?

                Não falei muita coisa, apenas deixei claro que ele deveria arrumar o dinheiro o mais rápido possível, mas, mesmo assim, ele continuava sorrindo como se fosse eu quem ia perder no final. Até que ponto alguém pode ser tão confiante?

                Já era o final do banquete e Lily ainda não tinha aparecido.

                Um pouco irritada voltei para o Salão Comunal e fiquei fazendo os deveres em frente a lareira até mais tarde.

                Já no final ouvi a entrada da mulher gorda se abrir e quando olhei encontrei Lily e Hugo andando lado a lado.

                -O que houve? Onde vocês estiveram o jantar todo? – perguntei.        

                Hugo apenas me ignorou e subiu a escada para seu dormitório.

                -Ficamos de detenção no jantar. – Lily murmurou cansada – Começamos a brigar no meio da aula de Herbologia e quando Sprout tentou apartar nós dois a mandamos calar a boca, sem querer.  

                -Ah. – falei em compreensão. – E por que vocês brigaram, dessa vez?

                -Hugo super protetor. – ela falou – A detenção foi um saco, se quer saber.

                -É uma detenção, Lily, não uma visita a Hogsmead. – falei rolando os olhos.

                Não é como se eu entendesse o que é uma detenção, nunca fiquei em nenhuma.

                -Fiquei te procurando durante o jantar, tenho uma coisa pra te falar! – falei animada me lembrando do que aconteceu na aula de poção.

                Quase como se pudesse ler a minha mente nós nos sentamos em volta do fogo e eu falei tudo. Quando Albus pegou a lista, o súbito interesse dele, quando eu falei o seu nome, o que eu achava que era o motivo dessa aproximação e tudo mais.

                -Muito bom! – ela sorriu – Esse interesse é muito bem-vindo; vai facilitar as coisas. – Lily disse bocejando.

                Bocejei também e nós duas decidimos que era hora de deitar. Subimos as escadas silenciosamente e trocamos um “boa noite” baixo.

                Entrei no meu dormitório e joguei minhas coisas ao lado da cama. Troquei de roupa e me joguei embaixo das cobertas. O inverno já estava começando.

                Dormi leve e ainda pesando naquela conversa.


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