Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 64
63 Idéia sobre Lucas e Eu




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Era segunda — E lá estava meu corpo. Naquela posição outra vez. No Ensino Médio. No meu local mais assombrosamente aborrecível e indigesto. Eu tinha chegado cedo, quer dizer, um pouco mais cedo que o habitual. Então, andei até a sala de aula para tentar cochilar antes da primeira aula, ou meramente para ter um pouco de sossego — Pois a mim, era preferível ficar solitária, a ter que escutar mais uma conversa imbecil do pátio. Eram sempre os mesmos temas frívolos.

Fui me arrastando escadaria acima, andando naquele enorme corredor sem sol, sendo acompanhada pelas desprezíveis câmeras que seguiam cada movimento corporal. — Maldita falta de privacidade juvenil.

Abri a maçaneta da porta e alguém içou a cabeça instantaneamente em minha direção. Ótimo — Poderia ser qualquer outra pessoa a ter a mesma idéia que eu, mas não era nenhuma outra pessoa se não ela, era Anabela. Seu rosto não se conteve ao constatar meu comparecimento ao mesmo local. Seus músculos faciais se contorceram em uma enorme careta, foi como se tivesse chupado limão azedo. O mais perfeito limão decomposto descia por suas entranhas.

Ela suspirou e virou a cabeça para baixo, deitando na sua carteira, voltando a sua soneca. Longe. Longe de mim.

Anabel estava mal-humorada desde que Lucas a deixou. Não acredito que ela estivesse mesmo amargurada, sentida, ou com uma enorme úlcera amorosa aberta — Ela era uma garota potente, superaria qualquer coisa, qualquer ocasião, qualquer um. Nem mesmo Lucas era páreo para deixá-la comendo um pote de sorvete de chocolate, ou vendo um filme tolo em casa, enquanto se debulhava em lágrimas, de jeito algum. Aposto que ela já tinha tido um milhão de caras depois dele, esse não era o ponto. A crise mortal que vinha dela em minha direção era uma coisa que as garotas conheciam bem, nomeada: Competição.

Andei calada na derrota de ter perdido minha quase, única e exclusiva amiga, e sentei na cadeira de sempre, apoiando meus cotovelos na carteira e deixando meu corpo declinar como se não houvesse mais energia ali. Não era fácil para mim também, não era algo que eu quisesse que estivesse acontecendo entre nós duas, que estivesse pairando sobre minha cabeça como uma nuvem escura e pesada. Nós duas colidimos, mas seja lá o que ela estivesse pensando de mim era mentira, não existia nada entre mim e Lucas Oliver.

Eu queria apenas um sujeito: Anthony. Anthony. Anthony. O resto era só resto. Perguntei-me o que isso significava. Eu o tinha colocado em um pedestal? Alto o bastante para não podê-lo arrancar dali. Alto o bastante para que eu não conseguisse subir.

Permaneci lá por um tempo, talvez para qualquer pessoa fossem minutos — Para mim foi uma eternidade. Decidi que aquele clima estava enfadonho e lento demais para ambas, difícil de respirar. Aquela sala era pequena demais para nós duas, exageradamente minúscula. Icei-me e marchei apressadamente até a porta, deixando Anabela e seu cabo-de-guerra idiota para trás. Assim que sai dali, avistei Lucas, parado perto da porta do banheiro masculino. Fui até ele.

— O clima entre nós está péssimo, e a culpa é sua Lucas. — anunciei de prontidão.

— Que clima? – Certamente ele questionou o que já tinha pleno conhecimento.

— Você e Anabel, com uma conjectura doentia, ela acha que somos um tipo de triângulo.

— E somos? — Disse com um sorriso boboca dançando com discrição em seus lábios.

— Não se finja de idiota. — disse fechando minha expressão.

Um instante de silêncio.

— Locke me contou que vocês saíram juntos no sábado.

— O que mais ele te contou? — senti minhas bochechas queimarem pelo embaraço daquele dia.

— Que você está se sentindo triste, incompreendida e que são tempos difíceis. — Disse como se tivesse arquitetado aquela frase naquele exato momento.

— Vá se danar.

Ele se calou e eu também.

Mas seus olhos continuaram fixados em mim. Era como se ele tentasse capturar cada parte do meu ser e transformar em um quadro memorável na sua mente. Como se tentasse roubar um pedaço de mim, um pedaço só dele. Eu o olhei ao mesmo tempo, sem restrição. Reparei que ele era um pouco mais alto que eu, mais pálido, mais estranho. Pensei nas conjecturas de Anabel. Pela primeira vez eu me arrisquei a imaginar se poderíamos ser mais que “amigos”. Meu olhar alcançou seus lábios, finos e frios, além da palidez exacerbada. Subi mais um pouco, e pude notar a marca registrada dele. O incrível arroxeado em volta dos olhos — Em volta do azul turbulento. Do azul magnético. Os cabelos desgrenhados e cinzas.

Ficamos parados um ao lado do outro. Olhando-nos, nos ponderando, nos percebendo. Ele rompeu o silêncio.

— Eu comecei meu dia pensando em outra coisa, mas te ter aqui me fez mudar de idéia.

— Mudar de idéia sobre o que exatamente?

— Em esquecer tudo, prosseguir com os velhos planos. Mas você se aproxima de mim, e você acende uma faísca arriscada. — Ele olhou para o teto e suspirou — A garota triste dos olhos expressivos me faz esquecer todo o resto.

— Não sei do que está falando. — Fui sincera.

— Não importa, é um lindo dia, Annie. Quando terminar as aulas, vou levar você para fazer qualquer besteira.

— Aonde vamos? — quis saber.

— Não importa, onde você quiser. Qualquer lugar que você estiver pronta para ir, eu também estarei.

Sorrimos.

***


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