Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 63
62 Não misture sentimentos com álcool




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/106151/chapter/63

— Como é? — disse franzindo o cenho.

Ele começou a brincar com o copo. Enquanto eu sentia minhas bochechas se colorarem de cólera. Ira pura. Meu coração jorrou mais sangue pelo meu corpo, totalmente mordido com a falta de entendimento. Inconformado com o ponto de vista distorcido das pessoas a respeito da minha vida. 

Eu fui tomada por algo que eu jamais conseguiria esclarecer alguns segundos depois. Talvez a raiva tenha sido meu estimulo,ou talvez tenham sido todas as coisas que eu jamais dissera a ninguém, todas as palavras silenciadas na dor e afundadas na agonia. Mas que droga! Minhas mágoas tinham botes salva-vida, e isto complicava todo o processo. Quem sabe, tenham sido as noites mal dormidas e os dias em que dormi demais. Eu não sei. Eu só sei que cometi, algumas coisas são inexplicáveis. Como uma alma atormentada é capaz de sobreviver em um mundo escuro e falsamente lúcido? Eu não planejei nada, eu apenas fiz.

Era como se não fosse eu. Era como se realmente não fosse eu.

Eu abanquei meu copo e virei de uma só vez. Goles grandes, em grau pequeno. Depois limpei o que tinha escorrido com meu antebraço. Ergui-me, bati no balcão e disse:

— Moça do balcão abaixa a música, por favor!

Ela me olhou com espanto e certa indigestão.

— Droga abaixa aí!— Berrei.

Ela fez o que eu pedia. Acho que seus olhos estavam curiosos demais para não fazer. Os caras barbudos já prestavam atenção em meus movimentos. E quanto à música se tornou apenas um cicio baixo. Eu prossegui.

— Qual é o seu problema? — Disse olhando feio para Locke — Aliás, qual é o problema do mundo inteiro? – disse me virando para os espectadores.

— Eis a minha história senhores. Eu tenho um namorado, um cara idiota. Ele é péssimo para mim, ele me faz sofrer mais que minha gastrite. A verdade é que ele não dá a mínima. Mas — eu ia ressaltando com gestos — Nem sempre foi esta merda!

“ Eu fui feliz com aquele desgraçado. Eu fui realmente feliz. Ele e eu fomos os melhores amigos que esta droga de cidade já poderia ter visto. E Deus sabe o quanto eu ainda desejaria que fossemos, Deus é testemunha. E agora quando eu deito a noite, exatamente na hora que eu fecho minhas pálpebras e descanso minha cabeça, ele surge...Surge com aquele maldito sorriso aberto, com aqueles olhos apertados e gentis, com aquela boca ótima, e com aquele coração transbordando de jubilo. E esses pensamentos correm pela minha cabeça...Eles não vão embora, e duvido, duvido mesmo que algum dia eles partam. As pessoas me chamam de dramática, maluca e até de obsessiva. Mas eu o amo, elas não podem entender? — Eu sentia meus olhos arderem com as lágrimas que caiam — Eu o amo. Eu o amei desde sempre. Eu tentei esquecer! Eu tentei mesmo, mas eu o amo! O que eu faço com tudo isto? O que eu faço com todas as fotográfias, lembranças e partes de nós? E agora, como eu tiro isto de mim? Como eu arranco ele daqui? E que droga! Por que ele não pode simplesmente me amar também, meu amor não foi temporário, então porque raios o dele teve que ser? Eu não fui digna do seu amor? Diga Anthony? Você não pensa mais em mim? Você mentiu desde o começo?" — Eu só me dei conta de que estava chorando compulsivamente quando as palavras não se formaram mais.

Eu caí de joelhos bem ali. Enquanto era aplaudida por os caras velhos de jaqueta de couro, que pareciam ter mais sensibilidade que o resto do universo. Eu tinha ficado maluca, mas naquele momento isso não importava. Não mais. 

Eu não fui mais capaz de erguer minha cabeça, porque a consciência tinha chegado até mim. Meus olhos ensopados me embaçavam a visão. Senti braços aterrissarem nas minhas costas e me puxarem para cima.


Locke estava ao meu lado executando o meu resgate, eu não pude ver sua expressão facial.

— Vamos, vamos sair daqui — disse ele.

E naquela noite enquanto voltávamos para casa de moto – Ele não disse nada, nem eu. Não havia nada a dizer. Na verdade, eu quis falar para ele me levar para outro lugar, me tirar dali. Honestamente, eu quis fugir da cidade. Mas era tarde para fugir.

Quando finalmente chegamos em frente ao portão da minha casa, eu desci da motocicleta e murmurei:

— Boa noite.

Ele aquiesceu com um pequeno aceno.

— Você vai ficar bem?

Fiz que sim com a cabeça e ele partiu.
Esperei que ele desaparecesse antes de cruzar os portões.

***


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Clan Of Vampires - The Letter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.