Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 40
39 Algo no ar




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A tarde já realçava o céu de tons de laranja e rubro. Eu estava um pouco cansada, contudo satisfeita, foi um bom dia. Quase todos já tinham ido para o salão de festas, a música estava alta pra caramba, e as luzes já piscavam como vaga-lumes mal comportados. Somente alguns poucos, ainda estavam nas adjacências da piscina, entre eles eu. Eu me deparava sentada na margem da piscina com os pés dentro da água, meus pés mexiam para lá e para cá. A água não estava fria, nem quente, talvez cálida. Eu olhei para a água que parecia fleuma, a tranqüilidade do local muito me agradava. Fiquei ali, quieta por alguns longos minutos, mas de repente percebi uma sombra na água, um reflexo. Uma projeção.

— Como foi à festa? — indagou-me Lucas, se acomodando ao meu lado.

— Foi boa, mas teria sido melhor se você não tivesse me ignorado o tempo inteiro.

Lucas pareceu não esperar que eu dissesse aquilo. Deu um meio sorriso.


— Eu não ignorei você. Prestei atenção em cada passo que você deu – ele soltou um suspiro – Como foi à conversa com minha irmã?

Mirei desatenta Lucas, ali tão próximo a mim, na meia luz – a palidez de sua pele, a maneira como algo escuro e pontiagudo havia clareado seus olhos azuis – e pensei outra vez no que ele escondia.

— Ah, Lucas... Você precisa falar mais com ela. Ela sente a sua falta. — Ele deu um sorriso torto e olhou para a água.

— Eu sei, também sinto a falta dela, Annie — Sim, ele realmente sentia.

— Lucas, o que eu sou pra você? — disse pensativa.

— Já disse sou leal a você – disse num tom sereno.

— Isto implica no fato de sermos no mínimo amigos, NE? — Ele assentiu — Então, por que não sei absolutamente nada da sua vida?

Um longo silêncio. Eu olhei para baixo e vi apenas o seu reflexo.

— Não sabia que você se sentia tão afastada da minha vida. O que quer saber? — Ele me olhou sério. Aparentemente, todas as nossas conversas tomavam um rumo circunspecto demais.

— Vai responder qualquer coisa que eu perguntar? — Lancei.

— Diga o que quer saber?

Sacudi minha cabeça em descrença.

— Lucas, a história começa quando você chegou do nada naquele colégio. Estamos quase no final do ano, e eu ainda não sei o que aconteceu pra você se mudar, seja lá de onde você veio. Você aponta meus defeitos com tanta facilidade, e você parecia legal antes, mas agora soa mais como idiota vulgar, você está se comportando como um babaca. É isso que você é Lucas? Mais um cara estúpido atrás de um par de peitos.

Ele me olhou através dos olhos anis e eu tremi. Ele cruzou os braços.


— O que você quer dizer? – ele endireitou os ombros.


Nós dois sabíamos exatamente o que eu queria. Eu queria a verdade por trás da dissimulação daquelas olheiras arroxeadas, eu queria a verdade.


— Eu quero os fatos. Por que você me trouxe aqui? Por que fez questão que eu falasse com sua irmã, saber de detalhes da sua vida? Não parece haver coerência entre o que você não me diz e o que você quer que eu saiba.


Vi o rosto de Lucas enrijecer. Os ombros totalmente arqueados como um animal em alerta, por um segundo pensei que era por todas as coisas que eu havia lhe dito, mas algo me faz olhar para trás, talvez uma percepção, não sei ao certo. Olho para trás, dentro da casa, vejo Locke nos observando, sua cara parece ter o mesmo tom de agitação. Mas ele sua face estava mais dura e sombria que o habitual.

— Ele não parece ser nada simpático – disse.

— Não.Não é mesmo. – Lucas concordou erguendo-se e me deixando pra trás.


Locke continuou a me afrontar através do vidro de uma janela oval, mas agora o desconforto de ser observada era bem mais agudo que o tradicional. Locke jazia parado a alguns mêtros de distância de mim e de Lucas, talvez uns cinco metros ou mais, então por que motivo eu sentia que qualquer palavra que eu tivesse proferido a Lucas, não era mais um segredo para ele?

Virei para frente e fiquei ali, desta vez solitária.

O silêncio da noite já começava a cair. O mesmo sossego que eu amava, que eu me entregaria sem ponderar. À noite e eu éramos a mesma coisa, decididamente a mesma coisa. Fiquei ali, refletindo sobre várias coisas, mas estava começando a ventar muito, resolvi me levantar e caminhar em busca de todos. Decidi dar um pulo na cozinha para beber um copo de água, foi quando escutei uma conversa que me deixou com a pulga atrás da orelha.

Eu sei que ouvir o papo de outras pessoas não é nada bom, soa até chato. Mas foi quase inevitável. Entrei na ponta do pé, com a respiração contida. Enfim, eu acabei atrás de uma parede frígida, com os ouvidos atentos. Eram as vozes de Lucas e Locke. Eles estavam falando um pouco baixo, era quase um miado. Movi-me para mais perto, pressionando minha pele contra a divisória de tijolos, com o único pensamento latejando em minha mente, fazendo com que cada articulação do meu corpo, não fizesse nenhum barulho. Parei em um ponto que eu conseguia escutar os dois.

***


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Notas finais do capítulo

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E os 15 fantasminhas poderiam comentar também né?
*-* Poxa, poxa, seria tãão legal da parte de vocês!



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