Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 34
33 Ser adolescente é...




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— Ahaaaaaa. Não! Não! Não! – Acordei de sobressalto.


Eu estava transpirando e choramingando. Abafando os gritos de desesperança, de susto, puro alarme. Olhei assustada em torno do meu quarto, mas não havia o que temer. Ao menos não mais. Era só um assombrador pesadelo.

Procurei me situar quanto à conjuntura da luz. Ainda era madrugada, estava amanhecendo. A abertura da janela de madeira, já permitia que os primeiros raios entrassem e se apoderassem do local.

Os Bem-Te-Vis já cantarolavam festivamente do lado de fora.

Lembrei-me que era sábado. Então presumi que o dia não ia ser dos melhores. Diferente do resto do planeta eu não gostava de feriados nacionais, ou de finais de semanas, pois isso queria dizer, tédio com um belo ‘T’.


Comecei a estudar as sombras na parede. Talvez algumas delas quisessem ser amistosas comigo. Poderíamos bater um papo, enquanto eu esperava o sol aparecer e brilhar de verdade. Poderíamos até jurar amizade eterna e seríamos felizes.

Bobagem... Ás vezes eu me sentia uma desmiolada em desenvolvimento. Bem, talvez isto tivesse haver com o fato de eu estar um pouco brava e de péssimo humor.

De repente, meu celular tocou altivo.

(TRINNNNNNNN TRINNNNNNN TRINNNNNNNNN)

Esfreguei meus olhos e estiquei meu braço para apalpar embaixo da cama.

Deu trabalho, mas minha mão acabou topando com o aparelho, eu o puxei em minha direção. Os números do visor eram totalmente alheios a mim, me perguntei se deveria mesmo atender, afinal eu não conhecia aquele número e ainda era cedo. Decidi que não ia atender a ligação e afundei a tecla de “rejeição”.

Não demorou nadinha para que o desocupado voltasse a ligar. Nem mesmo cinco segundos. Desta vez decidi fazer as coisas diferentes. Eu iria atender e pronto.

Meu dedo indicador foi rápido com o clique. Aproximei o aparelho da orelha.

– Alô?!– Minha voz estava rouca e eu sentia um gosto horrível de guarda-chuva na boca.

– Annie? Aqui é o Lucas.

Eu me ergui para escutar melhor. Pigarreei e voltei ao telefone.

– Meu Deus, o que te fez ligar pra mim há essa hora? – Ele riu ao telefone. O riso dele era maduro.

– Espero que não esteja atrapalhando seu sono de beleza.

– O que você acha, Lucas Oliver ? – perguntei.
– Acho que sua voz está péssima! E acho que você não durmiu bem.

Eu já ia lhe dar uma boa resposta, que certamente não me foi concedida pela boa-educação, quando ele continuou...


– Escuta... Eu estava pensando em aproveitar o dia. Não meu sonho de dia perfeito, mas minha irmã tem um compromisso hoje. E pensei que você não tivesse nada melhor pra fazer... Então...


– Que tipo de compromisso? – disse ainda tentando entender – E peraí! Você tem uma irmã? Eu escutei "irmã?" Pode explicar? - Me ergui.

– Oh...Na verdade eu tenho sim, é uma irmã! É apenas um churrasco, na casa de um amigo dela.

Demorei um segundo para absorver a informação. Era tão estranho assimilar Lucas Oliver a uma família, era complicado para minha mente aceitar que havia mais dele espalhado por aí. Choque ao quadrado.

Voltei para ele, e ele ainda estava lá, exatamente como o deixei. Esperando na linha.

– Lucas você tem uma irmã? Meu Deus você tem uma irmã!


Ele riu ao telefone.


– Me fale dela... – Pedi.

– Brianna. Tem vinte e dois anos, é de capricórnio...

– Lucas! – o reprimi.

– Okay. Vou deixar você tirar suas próprias conclusões. Posso te pegar ás 10h? Quer dizer isto se o seu guarda-costas permitir! - Ele tinha que me cutucar.

– Cala a boca, Lucas! Eu não preciso de permissão. Nos encontramos perto das grandes árvores, na extensa alameda. Tudo bem pra você?

– Vou estar lá...Tch...

– Espere! Quem te deu meu telefone?

– Anabel.Aliás, se prepare ela vai estar lá.

– Ótimo – disse desligando.

Merda! Se soubesse que Anabel ia talvez eu tivesse dito não!
Mas tudo bem, eu podia dar conta de uma colega ciumenta e possessiva!

Depois de desligar o telefone. Meu sorriso se abriu involuntariamente. Quis saber o porquê de tanta exaltação, mas era uma pergunta difícil, então apenas permiti. Saí correndo até o quarto dos meus pais, e dei a noticia à mamãe de forma tranqüila. Ela insistiu sobre o fato de conhecer Lucas, antes de permitir que eu fosse com ele para qualquer lugar, eu tive muito trabalho para convencer ela a conhecê-lo na volta e é obvio que foi um fracasso. Assegurei que ele viria me buscar na porta de casa.

Foi o maior mico ligar pro Lucas novamente e pedir que ele viesse, mas Lucas soou tão compreensivo... Ele parecia amadurecer cada vez mais e mais.
Não era idiota como o resto dos garotos daquela idade.


Papai não hesitou nem mesmo por um décimo de segundo, em me deixar ir. Para ele eu poderia ir até a Lua sozinha que não haveria problema algum. “Você precisa conhecer o mundo” Dizia sempre.

No fundo aquilo me incomodava, mas superficialmente eu adorava.
Nunca tive reais problemas com isto.

Segui estonteante de volta para o meu banheiro adjacente ao meu quarto. Tomei banho e vi minha metamorfose. Meu sábado não ia mais ser mais uma droga, eu ia sair e me divertir, eu ia ser normal por um dia, eu ia sim. YEAH! Isto era ótimo. Pela primeira vez em muitos anos eu tinha um amigo de verdade, eu tinha um encontro com amigos, eu tinha um começo de vida social.
Comecei a sentir as mariposas sobrevoarem meu estômago com certa
brutalidade, até isso era gostoso.

Levei grande parte do tempo que me restava para me arrumar.
E isto era algo tão raro pra mim, quanto ter amigos. Eu não era
nem de longe o "tipo" vaidosa.

Circundei meus olhos com lápis preto, até deixá-los bem marcados. Era minha marca registrada. Cabelos naturalmente lisos e castanhos claros, quase loiros. Peguei meu brilho labial no fundo da gaveta, passei com sutileza nos meus lábios volumosos. Por fim o Blush. Bochechas vermelhinhas.

Singela e bonita. Natural como a manhã. Claro, não tinha porque exagerar.
Pois bem, agora só faltava o próximo passo. O vestimento.

Foi um pouco dificil, pois eu adorava me vestir de preto, e meu guarda-roupa era extenso em cores escuras. Mas eu não estava de luto aquele dia, então eu tinha que variar. Além do mais queria estar bonita.

Resolvi colocar um vestido verde com um laço roxo, era uma roupa de verão, e eu tinha ganhado da minha mãe, a algum tempo, nunca foi usado, mas tudo sempre tem a primeira vez, era bonito, caia um pouco acima das coxas, mas não era vulgar, na verdade era bem...Feminino.

Para combinar adcionei uma sandália baixa ao look.

Céus eu estava tão...diferente, mal me reconheci.

Por fim, fui colocar meu bracelete que nunca abandonava meu braço. Brilhante, escuro e cheio de desenhos de estrelas. Eu apreciava estrelas.

Peguei meu celular e desci as escadas voando ao escutar o som da buzina, provavelmente deveria ser o carro do Lucas Oliver. Aproximei-me do portão, o mesmo já estava entre aberto, mamãe já estava lá, na certa tomando as alturas de meu acompanhante. A fim de descobrir se era, ou não seguro pra mim.Tirando conclusões precipitadas a respeito dele ser ou não, uma má companhia pra mim. Suspirei fundo e fui até lá. As mariposas ainda me importunavam, eu estava nervosa.

Diferente do que eu supunha, Lucas e mamãe conversavam animadoramente, estranhei o fato de Lucas ter conseguido êxito em sua exposição pessoal, eu diria que se não o conhecesse , poderia julgar que ele estaria no patamar de um menino boa-praça, agradável e quase simpático. Mas é impossível mudar quem honestamente se é. De modo que, você pode por um smoking em um bode, ainda assim, será um bode. Apesar de Lucas estar no caminho certo para conquistar a confiança de mamãe, era visivelmente claro, que ele estava totalmente desconfortável fingindo ser tão afável.

Fui dar um beijo de despedida em mamãe, e foi dificílimo não delinear um meio sorriso a respeito do nada sutil comentário que ela fez.

– Querida você está um amorzinho, tão menininha, está linda!

Eu ri desconfortável.

– Tenho que ir, mãe.

– Vá com Deus, amor.

Por fim mamãe segregou suas impressões sobre Lucas:


“ Deus do céu! Como ele é pálido! Ele come feijão? E que horríveis olheiras!”
– Mãe! Por favor! – disse tentando segurar o riso.
– Cuide-se minha filha! E você trás ela de volta, Lucas? – indagou minha mãe com certa autoridade.

Notei no tom de voz de mamãe algo peculiar, como se ela ainda duvidasse e muito das intenções do garoto das grandes olheiras para comigo. Recordei que ainda era o mesmo olhar de quando ela não aprovava minhas companhias na infância, ainda era o olhar de plena convicção.


“ Aquilo não é bom pra você”


Lucas deu uma resposta positiva, então partimos.


***









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Notas finais do capítulo

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