Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 35
34 Cicatrizes




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Após sentar no banco do carona daquele carro e olhar através do retrovisor, acompanhei aquele olhar de minha mãe até o final da rua. E isto me deixou de certa forma assustada. Para não dizer em pânico. Alguns julgariam que eu estava sendo boba. Entretanto eu conhecia minha mãe e sabia que nunca haveria chances dela estar errada, todos que ela apontou e disse, "não
são bons", realmente não eram, e isto acabou vindo a tona mais cedo ou mais tarde. Um grande complexo parecia se solidificar dentro de mim. Eu queria acreditar que andar com Lucas era bom pra mim, mas eu não sabia ao certo.

Demorei alguns segundo pra reparar que ele estava falando comigo. Os olhos azuis me especulavam vez ou outra, em leves olhares alternados na direção. Lucas vestia-se sobriamente e mantinha os cabelos cinzas ouriçados. Ele era até apreciável sem uniforme. Parecia ainda mais emblemático e este era seu charme, fala sério!

– Você está muito bonita – quis corar.

– Obrigada – Fiquei muda.


– Não se preocupe minha irmã, vai adorar você e vice-versa. E se não adorar que se dane né? Eu sei muito bem lidar com situações complicadas. Está tudo bem?

– Está – respondi.

– Compreendo, deve ser mesmo difícil para a Senhorita... Lidar com tantos jovens e seus temperamentos em ebulição, sair um pouco da toca, mas não precisa ficar tão tensa. Eu quero que você apenas se divirta, pode tentar?

– Eu sei que vou – Menti.
– Cadê seu cão?
– Eu não sei, talvez fazendo algo em beneficio próprio. Eu não me importo.

Ele batucou no volante. Demonstrando entusiasmo.

– Uau! Quanta coisa boa em um dia só.

Eu revirei meus olhos e limpei minha garganta. Depois olhei pro céu, limpo e azul, obstinado na perfeição.

– Ei, Annie – disse Lucas.

– Fala?
– Sabe, algumas vezes eu tenho um horrivel sentimento de inveja...
– Você tem inveja?Inveja de quem? – Eu dei uma rápida olhada nele.
– Do seu namorado – murmurou entredentes.
– Por quê? – Levantei minha sobrancelha sem estar convencida.
– Umm ... – Ele levou um segundo para descobrir o que dizer, como colocar em palavras.

– Porque ele sabe como deixar você de quatro – Provocou – Sério, que tipo de maldição ele exerce em você?
– Droga Lucas...
– Annie, calma! Okay, não vou falar de nada que te aborreça por hoje, mas só para deixar registrado, não estou feliz com isso, ainda estou curioso.

– Lucas, você já namorou alguém? - retruquei zangada - Aposto que não. Aposto que seu primeiro beijo foi com Anabel.

– Na verdade Anabel foi a décima terceira – disse cheio de falso orgulho.
– Mentira!
– Okay, eu confesso. Uma vez na minha vida houve uma garota.
– E o que aconteceu?
– Eu ainda tenho as cicatrizes – disse com sua voz sumindo.
– Que cicatrizes? – investi.

Ele diminuíu a velocidade e parou junto ao meio fio. Após isto, ele afastou-se do banco ficando mais colado a direção.

– Levante minha camiseta - disse Lucas.
– O quê? – Alarmei-me.
– Annie, minhas mãos ainda estão na direção. Só quero que você veja uma coisa.

Demorei quase um segundo para por em prática o que ele me pedia. Mas eu estava absurdamente curiosa. Era impossível resistir. Sabia que aquilo devia ser importante. Com minhas emoções em alta eu afastei com cautela a camiseta.
E fiquei ainda mais chocada. Lucas tinha várias cicatrizes sobrepostas em sua pele, bem acima das costelas. Pareciam garras.

Minha expressão parecia personificar a dor que um dia ele deveria ter sentido, quando algum mostro o feriu. Ele não olhou diretamente para a minha face.

Minha expressão parecia personificar a dor que um dia ele deveria ter sentido, ele não olhou diretamente para minha face, mas os olhares de soslaio me encalçavam em cada abalo dos meus músculos. Percebi que diferente das outras vezes, era um olhar mais acudo. Um olhar de pusilanimidade. E naquele momento éramos apenas duas crianças dividindo um segredo cruel. Cicatrizes horríveis e ainda tão vivas.

Lucas era um poço escuro e parecia inundado de memórias infelizes.

Eu quis tocá-lo. Eu quis ir e extrair ao menos metade da sua dor pra mim.
Ele me encarou de banda e eu senti meu estômago ser atingido. Eu mordi meu lábio inferior, era um tempo delicado. A sensação completamente nova. Meus sentimentos a flor da pele. Era como estar pendurada por uma corda quebradiça, prestes a ser arremessada de um penhasco. Lucas quieto.

Estiquei meus dedos para tocá-lo sutilmente. Vi seu abdômen se contrair instantaneamente, ao meu toque. Soava como repulsa ou receio.

– Desculpe - minhas bochechas coraram.

– Tudo bem. – disse controlado.


Eu recuei e voltei a ficar alinhada na minha poltrona. Ele ligou o carro.



– Então quer me falar a respeito?

– Foi um combate árduo, eles a queriam machucar...Eu fiz o melhor que pude - sua voz era melancólica.
– Eu não consegui salvá-la - Eu podia jurar que ele queria desabar em lágrimas.

Qualquer outra pessoa já o teria feito, Lucas era forte.

– Oh Meu Deus. Ela morreu? – Minha voz alarmou-se para fora do meu controle.
– Infelizmente - disse baixo – Ele era muito forte, todos eles eram.
– Eu...Eu sinto muito Lucas...Eu...

Eu gaguejei, eu queria dizer as palavras certas. Mas eu não as tinha, e acredito que ninguém teria.

– Não precisa dizer nada, estou tentando viver com isto. E já faz um tempo, então tudo bem mesmo. – Aquilo era mentira, mas eu não poderia arrancar a verdade.

– E como eles feriram você? Uma faca? – era uma pergunta estranha. Eu sei.

Mas as horríveis cicatrizes eram tão compatíveis com garras. Só uma lamina muito afiada para provocar isto.

– Desculpe, mas não quero mais continuar falando sobre isso.
– Claro, me perdoe - sorri singelamente.

***


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Notas finais do capítulo

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