Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 33
32 De Sonho a Pesadelo




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– - - - - O SONHO - - - - -

Eu tive um sonho, um tanto ambíguo. Havia um lugar bonito e verde. Estava à noite. E eu caminhava por uma passagem estreita de terra seca e vermelha. Eu marchava quase saltitante neste caminho. Foi quando encontrei no final deste caminho um portão de lanças, tão alto e inacessível.

Icei minha cabeça para o alto do portão e lá, bem no topo, existia um arco de mármore dizendo em letras góticas, um tanto poéticas: "ENTRE"

Então, eu ouvi uma voz abrangendo a essência da escuridão:

“Vá minha querida, e talvez esta noite nós voemos para bem longe daqui”.

Eu me senti tão amparada e resguardada de todo o mal do mundo, como se aquele lugar não fosse nem de longe estranho a mim. Como se aquilo tudo fosse parte de mim – tão íntimo e abrasador.

Quase que instantaneamente eu segui a voz. Era meu clamor interior que estava falando.

Eu estava me sentindo tão completa. Tão esplendida – quanto à luz prateada da lua cheia e dormente que brilhava no céu salpicado de estrelas.

Iluminando tudo ali.

Bem além do que resguardavam os portões que se abriram respeitosamente para mim, o caminho de terra vermelha se estendia tortuoso. Percebi que estava descalça quando senti o calor do solo atingindo meus pés. Diminui a velocidade das pisadas e encarei as várias árvores amplas e místicas. Sem exceção alguma, todas elas tinham raízes que se pulsavam para fora da terra, exibindo os longos anos que deveriam ter. Era muita sabedoria junta.

A brisa noturna esvoaçou o vestido cândido e transparente que me impedia de estar despida, o vestido soava como uma longa camisola, arrastando no chão e cobrindo-me até os calcanhares. E cada sopro da noite, ia fazendo com que as linhas de meu corpo fossem marcadas com perfeição pelo tecido fino de seda. Sorri com aquele toque gelado. O vento parecia lançar um som em meus ouvidos. Parecia segredar meu nome.

Eu continuei seguindo meu caminho, eu estiquei as mãos e toquei as árvores enquanto passava por elas. De alguma maneira inexplicável, eu senti como se cada uma delas me retribuíssem o carinho, como se falassem comigo. Senti também um forte aroma de flores misturando-se a um cheiro de canela, lancei minha visão a procurar por as tais flores, mas nem sinal delas.

Por fim, alcancei o que eu achava ser a terminação da trilha, no entanto era só o princípio.

Eu parecia estar em um grande alto, talvez uma montanha, ou o mais provável um penhasco pontiagudo. Um precipício.

Lá embaixo a vista da cidade se estendia a perder-se. Pequenas claridades em cada vidraça vibravam como vaga-lumes bem-educados. Tudo era tão pleno e transparente. Aquilo era tão luminoso – tudo parecia conspirar para tornar aquela noite ainda mais agradável a mim.

Eu sorri enquanto o vento mais uma vez, brincava com meus cabelos. Hora arremessando-os para um lado, hora para outro lado. Sentei-me na grama que cheirava a terra molhada, para contemplar com calma a vista da cidade luminosa, através de todas aquelas luzes coloridas. Foi aí que escutei passos...

...Quando pensei em me virar para tomar conhecimento de quem estava ali. Senti inesperadamente mãos pousarem sobre meus olhos, os tapando com cautela.

Mãos quentes.

“Quem é?”

“Você não sabe? Vamos adivinhe”. Disse docemente.

“Anthony?”. Arrisquei.

“Sim sou eu”. Ele tirou as mãos devagar. E a luz brilhou outra vez.

Logo após acomodou-se ao meu lado, sentando na grama.

“Trouxe isto pra você”. Ele me entregou uma rosa roxa.

Eu peguei a flor entre minhas mãos com extremo cuidado e cheirei. Percebi que era

dela a fragrância de canela, que eu sentira antes. Ele sorriu amorosamente pra mim.

“Você gostou?”

“Sim. Eu adorei, ela parece tão emblemática”.

“Por isso a trouxe para você. Vocês são a mesma coisa.”

“Você é tão gentil. O melhor namorado, que alguém poderia ter. E só eu tenho você ” Ele então pegou minha mão destra e a beijou sutilmente.

“Eu estarei sempre com você. Não importa que eles tentem mudar isto. Você será sempre meu Amor. Primeira e ultima!” Tony disse com candura.

O sonho estava extraordinariamente perfeito. Estávamos juntos e felizes, mas como tudo que é parte da vida, as imperfeições sempre surgem de algum canto. Elas sempre surgem.

Uma rosa apareceu ao acaso. Ao meu lado, a espreita do contratempo. E o que era um sonho bom, acabou virando um horrível pesadelo.

Como uma parte desconecta de um quebra-cabeça incomum, Tony me pediu com um vaporoso aceno para que eu tomasse à rosa escura em minhas mãos e entregasse a ele.

Eu não entendi muito bem o “por que” do pedido, mas fiz.

Eu não prestei atenção ao incidente de: “toda rosa tem espinhos e é preciso saber lidar com todos eles. Antes que eles atinjam você.”.

E assim que Anthony tocou a rosa, seu dedo indicador sangrou. Aquilo era um exagero como tudo em pesadelo. Tudo acaba tomando grandes dimensões.

Minha atenção voltou-se absolutamente para o pequenino orifício em seu dedo, gota após gota, pingavam na grama verde. Rápido demais. Eu voltei meu olhar para a face dele, prestes a pedir que me perdoasse por aquele acanhado ato falho.

Entretanto ele pareceu ter medo.Tony me olhava boquiaberto, seus olhos quase saltando de suas órbitas.

Totalmente tomado pelo pânico e pelo terror. Voltei-me para trás uma ou duas vezes, me alvitrando a identificar a ameaça. O perigo que nós dois corríamos, mas não vi nada além das sombras das grandes árvores e do uivo caloroso do vento.

“O que você tem Tony?” Dizia eu, quase na mesma proporção do desespero da sua face.

Ele então começou a rastejar para longe de mim, completamente aterrorizado.

“Diz, o que você tem Tony?!”

Eu não escutava a minha própria voz, mas sabia que estava gritando.

***


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Notas finais do capítulo

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