Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 20
19 Amigos? Eu não Sei.




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Voltei para casa a pé. Eu não apreciava muito marchar solitária por aí – mas não teve outro jeito. Tony jamais era o tipo de garoto que se dispunha a acompanhar alguém em longas caminhadas. Eu estava quase no meio do caminho. Vistei as horas, e o relógio apontava 17:40h. Era tarde. Levei mais tempo do que o esperado. Eu andava cabisbaixa, perto da esquina da rua da minha casa. Percebi que havia deixado o telefone no silencioso, o que abafou sem querer as inúmeras ligações de minha mãe. Ela deveria estar preocupada, surtando. E eu iria ouvir um sermão daqueles - e o pior era que ela tinha razão.

Cheguei em casa e como de costume, deslizei para o meu quarto. Mas não antes de encarar os olhos cheios de lágrimas e preocupação de minha mãe. Lentamente eu balancei minha cabeça e me preparei.

— Por que não atendeu os meus telefonemas? Eu fiquei tão aflita, você disse que iria voltar logo. Eu fiquei pensando... — ela parou.
— Desculpe-me mãe. Eu não queria ter causado tanta preocupação, mas eu precisei demorar um pouco mais.

E acabou que eu não estava errada. Eu não menti, como não era mesmo um habito meu. Eu dizia do fundo do meu coração. Se havia um ser em todo o Universo que eu nunca, em hipótese alguma queria ferir, era minha progenitora.

— Mas por onde você andou? — disse me olhando de perto.
— Fui no Memórias como eu disse que iria. Depois Tony me mandou uma mensagem de texto, e eu fui até a casa dele. Conversamos e só. Depois vim pra casa - Incrível a minha capacidade de resumir tudo.

— E o Anthony não veio com você? Ele não quis te acompanhar? — indagou-me alarmada com os maus hábitos do menino.

— Anthony não é do tipo pro–ativo, mãe. – disse desanimadoramente.
— No meu tempo era tão diferente...Onde já se viu um namorado que não traz a namorada em casa... Mas Graças a Deus, você está aqui sã e salva. Já estava quase arrancando meus cabelos. Nunca mais faça isso com a sua mãe, Rocxanie!

— Urum — murmurei.

Mamãe caminhou até a cozinha, eu a segui.
— E como foi com o amigo novo? — perguntou enquanto acendia o fogão.

Tomei um copo d'água.

— Legal. — respondi deixando o ambiente.
— Quer que eu prepare algo pra você comer? Está cada dia mais magrinha, vai acabar voando com uma simples brisa.
— Não mãe... Eu estou bem. Vou dormir tô com sono.
— É cedo Rocxanie! Os especialistas classificam isto como sintoma clínico de depressão. Acho que vou marcar uma consulta com a Drª Helena.

— Mãe, faça o que quiser. Eu não vou! — anunciei de prontidão.

Bufei e sai com passos acelerados. Arrastando-me escada acima. Senti mamãe me encarando com os olhos intensos e um olhar carinhoso. Minha mãe às vezes era exagerada, eu só estava com estafa e nada mais. Afinal, meu dia foi cheio de espinhos, e eu precisava de uma folga. Além do que, eu não podia conviver mais uma vez com as opiniões da Drª. Helena – minha Terapeuta.

Entrei no meu quarto e me atirei na cama – pensei sobre muitas coisas. Uni os momentos do dia. Podia jurar que estava fazendo isto por horas e horas – era bem relaxante. Envolvi meus joelhos em uma posição fetal e fiquei ali até pegar no sono.

O dia amanheceu mais animado, o sol arriscou um chamejar raro, ainda que isso fosse insuficiente para esquentar, ou aquecer minhas mãos.

Caminhei mais tranqüila até a escola – Determinada parte de mim, adorava o Sol. Ele representava certa esperança por parte de meu inconsciente, “por dias melhores”.

Enquanto eu marchava, os pequenos raios amarelejados tocavam minha face de um jeito puro e gentil. E eu sorri solitária, enquanto pisava tentando me equilibrar no meio fio da calçada, passando embaixo das velhas árvores frondosas, e naquele dia, elas até soaram mais amigáveis, deixando o aspecto carrancudo de lado.

Eu estava de pé, ainda brincando de me equilibrar no meio fio. Quando inesperadamente senti um corpo mais próximo a mim, eu me virei.
Eu realmente não sabia se queria que ele estivesse ali.

Os olhos de Lucas me encurralavam. Sua boca murmurou algo como "Oi". Seu rosto estava vazio, normal, a não ser por um risinho nada habitual. Aquele sorriso estranho, como se soubesse de algo que eu não sabia.
Ele deslizou seus pés próximos aos meus, e caminhamos lado a lado.

Engoli em seco e tentei não ficar com raiva. Aproveitar o dia e meu bom-humor. A raiva não ajudaria ninguém. Muito menos a mim.

Lucas me encarou com um olhar muito compenetrado, com um ar de riso solto eu desviei os olhos e continuamos a caminhar.

— Hei... Mereço seu silêncio? - disse ele com um tom de inquérito.
— Guarde seu discurso pros dias difíceis, Lucas – disse com um meio sorriso. — Estou de com um humor ótimo, e não pretendo discutir com você.
— Que idéia você faz de mim! Sou um menino de paz – disse unindo os dedos indicadores, os cruzando e os beijando.

Não lhe dei nenhuma resposta.

— Está comemorando algo? – arriscou ele - ...Quando acordou esta manhã, qual foi à primeira coisa que lhe veio à mente?
— O sol brilhante e forte – respondi com avidez.
— Então, isto não tem nada haver com o cão farejador e com o ultimato que ele lhe deu ontem? – destilou ele, querendo arrancar mais de mim.
— Quando você fala assim eu tenho vontade de te dar uns tapas! Sério mesmo! – Ele riu e maneou a cachola negativamente.
— Uau! Que menina explosiva. Estimulante. Então, isto é um ‘sim’, você conversou com o cão farejador?

Eu sorri aérea e jurei pra mim mesma que não deixaria nada nem ninguém me atingir aquele dia.

— Quer me dizer do que está falando Lucas?
— Não finja que não sabe, estou me referindo ao Anthony.
— Bom... – disse tranquilamente. — ...Tony e eu, conversamos sobre muitas coisas e nada ao mesmo tempo, nós fizemos as pazes, nos acertamos e ponto final – Sua face retorceu-se em um singelo gelo.

— Então... Seu charme o deixou de quatro outra vez?

— Eu podia te mostrar... – disse exibido meu punho cerrado. – ...Onde eu escondo  todo o charme, mas só por hoje eu vou deixar pra lá.
— É mesmo? – disse com hostilidade.


Fiz que sim.


— Eu não entendo. Por que você tem tanta fúria, quando se trata do meu namoro com Anthony. Por que eu namorar ele incomoda tanto você?

Lucas baixou os olhos.

— Lucas, porque você está agindo dessa maneira?

Eu senti que tinha tocado no ponto crucial.

— O quê? Que maneira? – olhou de soslaio.
— Hei. Não se finja de otário comigo! – disse parando e o puxando para olhar pra mim.

Ele fitava o pavimento.

— Você está agindo de um jeito muito ambíguo Lucas, em um minuto estamos em paz no outro em guerra. É como se você não perdesse a oportunidade de me atacar, de me derrubar. É como se você me detestasse e no segundo seguinte me quisesse por perto, como sua melhor amiga ou sei lá o quê – ele me olhou e os olhos azuis. Os olhos azuis pareciam cintilar ainda mais no calor do sol

– É isso Lucas? Você quer me agredir, me expor ao ridículo, me fazer sentir a pior ? Você se sente o gostosão.... – ele me interrompeu.

— Você está muito equivocada, Annie – seu olhar ainda abaixado, evitando os meus — Eu não estou me vangloriando de nada!

Não demorou muito para o azul dos olhos dele, toparem com verde dos meus.

— Eu... — disse, incapaz de encará-lo por muito tempo — Eu não entendo. Qual a causa então de você me atacar toda hora, o tempo todo? É divertido pra você?

— Eu suponho que não haja divertimento algum aqui – murmurou olhando para frente.Franzindo a testa.

— Então, pare de se meter na minha vida, Lucas. Ao menos enquanto não se decidir sobre o fato de sermos amigos ou não.

— Eu não quero ser apenas seu amigo, Annie. Minha fidelidade por você tem que ser mais funda, conectada. Sabe que temos uma ligação maior...Bem maior que a sua com Anthony. Meus sentimentos por você refletem lealdade.

— Faz-me rir!Lealdade? – quis saber extremamente abstrusa — Não quero sua lealdade, nada disso me importa. Anthony e eu temos uma ligação bem forte, se você quer saber. É disso que preciso! - Era como se eu tentasse me convencer.

Voltei a caminhar, passos céleres correndo a pavimentação.
Não demorou muito para ele estar ao meu lado.

— Você está mentido! – murmurou prestes a me irritar – Mentindo pra si mesma. Sabe que vocês dois só tem uma química e nada mais.

— Olha Lucas, eu não sei nem o 'porquê' vou te dar explicações sobre isto. Mas enfim vamos lá... – disse tentando desamarrar um nó na garganta.


— Sabe Lucas, existe um mundo difícil...E estranhamente, sei que ele soa mais complicado pra mim em especial do que para os demais... – ele me escutava com plena atenção - ...E outro dia , eu cavei uma cova pra mim mesma, disse que não queria mais ver o sol e permaneci lá até agora. E isso só tem me feito mal...Tony é a comodidade, meu conforto, meu abrigo. Quando eu tento entender o mundo, e tento interrogar até não poder mais até ficar louca....Ele apenas – eu fiz uma pausa – Ele apenas...Abre os braços e me recebe! Acho que preciso dar uma chance a vida e você também! Pare de ser esquisito!

— O que te aconteceu? — perguntou levantando a vista e franzindo a testa outra vez.
— Como é? — perguntei sem entender.
— Já vi esse filme... -- riu, mostrando suas fileiras de dentes — Sim, é um clássico.

Eu o olhei desnorteada sem achar a graça.

— Vamos tentar de novo, princesa. Vejo tristeza nos seus olhos, vejo isso desde o primeiro dia que te vi. Desde o primeiro instante em que te vi sentada debaixo da escada, solitária e pensativa.E não finja que está pensando no amanhã, em viver um conto de amor.

— Você só pode estar louco!

— Romântica demais pra um mundo capitalista, certo? – ele parecia estar decodificando a minha alma, sem a minha autorização.

— A questão é... — ele fez uma pausa enquanto atravessávamos a rua. —...o que te deixou tão hostil ?

Eu fiquei surpresa em como isso significou muito para mim. Ninguém nunca tinha me perguntando isso. Eu queria responder, eu queria sim. Entretanto me abrir com Lucas não era uma alternativa legal.

Ele me olhou por um longo momento percebendo que eu não ia responder, então respirou e disse:

— Ainda tem lugar neste buraco que você cavou pra si mesma?

Eu sorri.

— Sou muito má....Dividir o que é meu não está nos planos.
— E quem disse que eu vou te pedir permissão?

***


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