Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 19
18 Eu e Ele




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Tony afastou os olhos castanhos dos meus. Levantou-se e caminhou em direção a janela. Calado, magoado e abstrato. Eu senti que aquela coisa fria e prosaica, chamada VIDA REAL estava tentando nos afastar. E de algum jeito estava tendo sucesso.

Pensei nos velhos tempos de quando começamos a namorar. Nós fazíamos tudo junto, definitivamente tudo. Éramos inseparáveis. Nós dois demos o primeiro beijo embaixo da escada da escola, aproveitando o momento oportuno. Nós dois, achamos horrível à sensação de ter uma fala remexendo na sua boca. E também descobrimos o quanto incrivelmente formidável poderia significar a união de lábios inocentes e apaixonados.

Aprendemos a superar muita coisa juntos, aprendemos a amar e a renunciar. Desvendamos a cidade juntos – nas tardes quentes de domingo. Enquanto caminhávamos de mãos dadas atrás de um Milkshake de chocolate com flocos.

Éramos completamente hilariantes, tanto eu como ele. Recordo que gracejávamos de qualquer coisa que se mexesse, de qualquer um, inventávamos piada do acaso, e sorriamos por qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Demos nomes a brincadeiras particulares. Fizemos tantas juras e tantas promessas que era difícil nos encontrar no meio a todas elas, mas ninguém se liga em estar perdido, quando estamos vivendo no paraíso. O pedacinho do céu era logo ali. Um no outro.

Em tempos como aquele, tínhamos uma fé cega no Amor, achávamos que nem mesmo anjos ou demônios poderiam nos afastar um do outro, venceríamos qualquer um.

QUALQUER UM, MENOS O MUNDO REAL.

PORQUE? PORQUE?

NO FUNDO NINGUÉM PODE LUTAR CONTRA OS HÁBITOS DA HUMANIDADE...

Éramos francos, selvagens e entusiasmados. E eu o amava mais do que a mim mesma. Eu teria amado ele de um jeito unico - Guiaria e Protegeria. Morreria por ele: Fisicamente ou não. Meu amor era tão puro e vivo que acho que nunca senti nada igual. Era um chama brilhando no escuro. Amor de adolescente. Meu primeiro e ultimo amor. Eu o amava tanto que em algumas ocasiões até se fazia sofrer. Era cruel amá-lo.

E no fundo tenho plena convicção que ele nunca me amou na mesma dimensão, o amor dele era acastelado, fincado ao chão e incrivelmente modesto comparado ao meu. Meu amor era libertador e imenso — pouco menos medieval. E tudo era em torno dele: ANTHONY ERA MEU MUNDO.

Todo o resto poderia sumir, todo o resto era desumano sem ele.


E naquele tempo, eu achei que ele se sacrificaria por mim, se preciso fosse, mas eu me enganei. E eu não estava iludida, apenas com a visão um pouco embaçada. Claro, atualmente eu ainda gostava dele. Mas os limites que a VIDA nos impôs, eram quase insuficientes para alguém tão romântica-não-assumida como eu. Não trocávamos mais bilhetes, bom-bons, flores, afabilidade ou lágrimas. Éramos imparciais, pois estavamos crescendo. Ainda nos amávamos, porém tudo agora era motivo para nos abater. Eu sabia que eram coisas diferentes que nós unia neste momento.

De minha parte era o PASSADO: Incrivel - Imutável e cheio de boas recordações.
Tony mirava o FUTURO com olhos de águia, e isto muito me desapontava. Pois não eram mais nossos planos.

Hoje em dia, Tony sonhava em casar comigo, ter um bom emprego e construir uma bela casa em algum lugar elegante e longe o bastante de nossa pequena cidade. Os meus sonhos em particular eram ocos, sem vida e tão confusos, que eu só conseguia entender os pesadelos.

Mal conversávamos, não havia mais novidades ou surpresas. Entretanto, eu senti naquele momento que ainda éramos parte um do outro, não como duas partes iguais como eu sempre desejei, mas como almas que precisavam se completar para voltar a SORRIR.


Almas que não saberiam mais como envolver outras mãos.

Ele ainda se encontrava na mesma posição, magoado e pensativo. Desejei que ele pudesse ver através de mim e me dizer algo sobre continuarmos juntos ou ... Dizer que algum dia eu olharia para aquele rosto e enxergaria outra vez, o rapaz de miseros quinze anos por quem me encantei naquela festa, e quem sabe desta forma eu me encontraria outra vez.

Eu me ergui e caminhei até ele. Movendo-me silente em direção a janela. Eu o envolvi com meus braços frágeis e ele correspondeu como sempre corresponderia. Virou seu corpo para mim e me circundou com seus braços fortes e abrasadores. Ele me tirou do chão e aplicou-me um abraço de urso. Inclinou a cabeça em minha direção e eu fechei meus olhos por um segundo. Senti sua barba semi-cerrada fazendo cócegas no meu pescoço. Em seguida, sua boca escorregou descansando em meus lábios. Eu estava tão próxima a ele. Nos beijámos ternamente e ali fizemos as pazes.

Eu não tinha muito que dizer. Estava cheia de perguntas, mas ele não podia responder a nenhuma delas.




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