A Cumparsita escrita por Angel_Nessa


Capítulo 2
CAPITULO 2 - O PASSADO QUE VOLTA




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Quando Sasuke entrou no quarto encontrou Sakura em pé próxima a janela; sua expressão era rígida ainda que ela estivesse com os olhos úmidos.

- O que quer? – ela foi logo perguntando

- Você.

- Não acha que é tarde para isso?

Sasuke se aproximou da percanta que estava irredutível.

- Sakura entenda.

- Acho que eu já entendi tudo sobre você, sobre nós.

- Não entenderá até que me escute.

Em seu interior Sakura enfrentava uma batalha de sentimentos, em seu exterior apenas havia uma expressão fria e gélida estampada em seu rosto.

- Não quero escutar desculpas e explicações de sua parte. Tudo ficou bem claro quando você partiu naquela noite, sabe... – ela fez uma pequena pausa para respirar, seu coração batia rápido demais - Demorou um pouco para que eu entendesse, mas cinco anos depois eu entendi.

Sasuke deu mais dois passos a frente diminuindo ainda mais a distância entre eles. Esticando o braço, ele pegou uma mecha do cabelo dela.

- Muita coisa mudou desde aquele dia. 

Sakura bateu em sua mão fazendo-o soltar a mecha de seu cabelo.

- E eu fui uma dessas coisas que mudaram.

Sakura passou por ele e se instalou ao lado da porta.

- Agradeço a visita, mas já pode se retirar.

Sasuke permaneceu de costas para a jovem.

- Sakura, melhor do ninguém sabe o porquê eu fui para a Europa – ele virou-se para encará-la - então deixe de ser uma percanta briosa e me de uma chance para conversarmos.

- Pedi que ficasse naquela noite, teria feito tudo por você. No entanto, você me deu as costas e preferiu partir para a Europa com aquele chorro (ladrão) bolacero (mentiroso) do Orochimaru.

- Ele era a minha única chance para deixar de ser um seco (pobre)

- Eu te amava pelo o que era, e não por morlacos (dinheiro).

Sasuke a encarou em silêncio por algum tempo. Assim como na milonga seus olhares se cruzavam e nenhum deles se atrevia a desviá-lo. 

As velhas feridas do passado vinham à tona, e os motivos de cada um eram jogados a frente como justificativas. Poderia haver perdão para os erros passados?

Uma grossa camada de gelo se formou entre eles. Entre dois corpos que já haviam tido o fogo entre eles, agora apenas sobrava-lhes o gelo feito com as lágrimas que caíram um dia de seus olhos.

Aquela troca de olhares silenciosos continuou por um tempo antes que um deles voltou a proferir uma palavra. E foi Sakura a responsável por abrir um pequeno buraco na grossa camada de gelo que havia entre eles.

- Por que mandou tocar aquele maldito tango? – ela atacou-o.

Assim era mais seguro atacar primeiro. Sakura havia aprendido que uma boa maneira de proteger seus sentimentos era: nunca abaixar a guarda e atacar antes de ser atacada.

- Sakura, eu estou de volta e te quero – Sasuke retrucou num tom de voz confiante.

Sakura sentiu suas pernas fraquejarem, mas manteve-se firme a sua idéia de proteger seus sentimentos, nunca mais abaixaria a guarda na frente de um homem. 

- Sasuke, vai embora. Antes que a madama (regente do prostíbulo) chegue e te mande para a galera (prisão)

- As coisas são diferentes. Já não sou mais um pato (pobre), tenho muitos mangos (dinheiro)

- Se me quisesse teria fugido comigo naquela noite e não me abandonado como o fez – ela respirou fundo e desviou o olhar para a janela - Já disse para ir embora! Não quero mais problemas por sua causa. Não vale a pena!

Sasuke sentiu o impacto das palavras duras de Sakura, ainda que soubesse que no fundo as merecia por tê-la abandonado, ainda assim era difícil ter que escutá-las.

- É por ele?

- O que está dizendo? – perguntou a jovem percanta confusa

- Naruto.

Sakura sentiu o ar faltar em seus pulmões, porém buscou manter a postura rígida ante a Sasuke.

- Não o ponha no meio disso.

Sasuke jogou no chão o vaso de rosas que estava sobre a cômoda a seu lado.

- Maldita, eu sei que está com ele.

- Já disse para deixar o Naruto fora disso. 

Sasuke se aproximou da jovem e agarrou seu braço.

- Eu sei que ele te amava, e quando fui embora ele teve a oportunidade perfeita para te seduzir.

Sakura começa a ficar com medo da reação de Sasuke.

- Me solte, está me machucando! – reclamou a moça tentando soltar-se.

Sasuke a soltou e Sakura o encarou com os olhos rasos de lágrimas.

- Por favor, vai embora – a voz da percanta já não era mais altiva.

- É o que quer? Que eu vá embora?

Sakura sentiu seu coração palpitar, não era aquilo que ela desejava, mas não queria ceder a seus sentimentos mais uma vez.

“- Não posso ceder – ela buscava forças em seu interior - não posso mais amá-lo. Não mais...”

Sasuke não esperou uma resposta de Sakura. Diante do silêncio da percanta ele lhe deu as costas e saiu do quarto. Sakura se aproximou da janela e ficou olhando a rua, algum tempo depois ela viu Sasuke saindo da milonga em direção às frias ruas de Buenos Aires. 

Ela sentou-se no chão em frente ao espelho e ficou vendo seu reflexo; lágrimas caiam por seu rosto. Em meio às lagrimas que caiam Sakura cantava seu verso preferido da “La Cumparsita”

- Si supieras (Se soubesses)/ que aún dentro de mi alma(que ainda dentro da minha alma)/conservo aquel cariño (conservo aquele carinho)/ que tuve para ti! (que tive para ti!)... Por que você tinha que voltar dizendo que ainda me ama?

Sakura buscava respostas que pareciam não existir. Um dia em seu passado ela amara aquele homem que havia saído daquele quarto alguns minutos atrás, mas um dia ele havia partido e levou com ele todo o amor que ela havia cultivado em seu coração. Tantas coisas haviam sido deixadas para trás e tantas outras pareciam ressurgir em seu peito com a simples presença dele, todavia ela estava disposta a não se render mais a sentimentos tão tolos como o amor. 


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Sasuke volta querendo reconquistarSakura, mas a moça parece irredutível; mas isso ´´e só por fora, por dentro ela ainda o ama. Haverá uma nova chance para esse amor?



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