Bloody Bones escrita por Bea


Capítulo 10
Capítulo 10




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Brennan abriu a porta de sua casa e foi como se nunca tivesse saído dali. Não havia sujeira. Não havia pó. Era como se Brennan tivesse passado a noite na casa de Booth e agora retornava pela manhã. Sentia-se tão humana naquele lugar que chegava a lhe doer. Não contara ao Booth o fato que não era mais sedenta por sangue. Sabia que precisava beber para viver, mais ainda assim não sentia aquela louca obsessão de matar. Booth sentia, e foi em respeito a isso que ela não contara.

- Uau, que andou arrumando isso aqui? – Booth falou, fechando a porta atrás de si.

- Provavelmente foi uma empregada que meu pai contratou.

- É como se nada tivesse acontecido... – Ele andou pela sala, analisando o cômodo – Tirando essa mancha de sangue aqui. Nossa, como o sangue de Sully tem presença mesmo depois de meses, não acha?

- Claro. – Brennan concordou sem muita convicção.

- Hey, Bones...

- Está tudo bem. – Brennan deu alguns passos em direção ao seu quarto. – Você não vai ver Parker?

- Sim. E eu estava pensando; é bom eu ir ver Parker, não quero que nosso encontro com os dois seja em vão.

- Tenho certeza que nada mudou. Tudo vai dar certo.

- Volto antes do meio dia.

- Cuidado com as pessoas, não quero acidentes em Washington.

- Serei um bom menino.

Booth sorriu sem preocupação e saiu. Brennan abraçou seus próprios braços. Faria tudo por ele. Ela sabia que o necessitava para a caça, pois não tinha mais os extintos de vampiro. Mas não era por isso que estava com ele. Sem qualquer explicação científica, ela o amava.

Hodgins estava relendo seu relatório com a análise do sangue deixado por Brennan e Booth. O laboratório estava totalmente silencioso, provavelmente a casa inteira. Não pôde deixar de recordar que nunca tivera um silêncio assim quando trabalhava no Jeffersonian. Sempre tinha alguém entrando e saindo da sua sala, sempre havia um estagiário espiando por cima de seus ombros o que ele estava vendo no microscópio.

Riu com essas lembranças e o quanto já amara e odiara aquele lugar para no fim deixá-lo. Seu sorrindo foi morrendo aos poucos. Lembrou-se das pessoas de quem mais gostava de lá: Angela Montenegro, agora Srª Hodgins, e Zack Addy.

Não tinha palavras para descrever o que ela era para ele. Era sua vida, e principalmente agora, que ela carregava em seu ventre dois pequenos seres com a combinação de seus genes.

Zack Addy ainda fazia sua mente trabalhar para decidir se o amava ou o odiava. Sua raiva por ele ter traído a todos nunca morrera, mas poderia entender que fora um ato que continha inocência e inteligência de mais. Porém, o que fazia Hodgins ainda acordar a noite com os sonhos com Zack, fora o fato de ter ele próprio identificado os restos mortas daquele que fora seu maior amigo. Pior do que descobrir como o corpo do amigo fora brutalmente torturado, onde todo o sangue fora retirado sem dó, é o fato que não descobriram que o matou.

Se Hodgins chegasse a descobrir quem fizera esta brutalidade, nem saberia o que faria.

Brennan estava deitada em sua cama, deitada com a mesma posição em que Cristo fora crucificado, porém ela não fizera esta relação. Estava feliz por respirar o “ar” de Washington novamente. Não se deu o trabalho de desfazer a única mala. Caso ficassem, teriam que comprar roupas novas. Caso tivessem que voltar à vida nômade, a mala estaria pronta.

A campainha de apartamento tocou e Brennan ficou absolutamente surpresa com isso. Quem era? Seria Angela? Amaldiçoando a si mesma por ter escolhido o lugar mais óbvio para passar o dia, foi abrir a porta.

- Dr. Sweets?

- Drª Brennan!

Não havia ânimo na voz de Sweets. Ou surpresa. Brennan não conseguiu identificar o que ele queria transmitir, por isso simplesmente convidou que entrasse.

Sweets estava 95% recuperado do curto tempo que teve que conviver com vampiros. Fazia sete semanas que não sonhava mais com monstros sedentos pode sangue e nem com nada do gênero. Foi nesta manhã de sexta que parece que Sweets teve que realmente acordar de seu sonho.

Poucos dias após o início da “viagem” de Brennan e Booth, Sweets foi até o prédio da antropóloga e pediu para que se ela retornasse o responsável pela segurança o avisasse.

Algumas semanas se passaram e Sweets se arrependeu desse ato. Queria mais era não se lembrar dos problemas que teve. Queria acreditar mesmo que vampiros não existiam. Porém, preferiu acreditar que se por acaso ela voltasse, o encarregado não o ligaria. Porém, ele ligou.

Sweets repetiu a história para Brennan, sem incluir as partes em que ele não queria ver ela.

- Por que vocês voltaram?

- Temos mais uma chance, de ser como era.

- Nada vai ser como era, Brennan, não adiante.

- Não falei ao Booth, mas não sou como era.

- Ow, jura? Sente sede por sangue de humanos! Acha isso normal?

- Não, eu não sinto mais. O ciclo estava se concluindo. Se eu matasse mais um criador, seria humana novamente. Porém, Booth ainda seria vampiro e não poderia estar comigo, pois ele sim sente sede por sangue.

- Calma, calma. Não estou entendendo...

- Eu quero entender isso. Deixamos amostra de nossos sangues com Hodgins, ele fez uma análise e nós...

- Calma! – Sweets a interrompeu – Você não pode simplesmente se revelar para Hodgins e Angela! E ela está grávida, sabia?

- A Angela está... Grávida?

- Sim! E se ela levar um susto com toda essa história? E se ela perde as crianças?

- As crianças?

- Sim, gêmeos. Um casal, na verdade...

- Eu não... sabia.

- Não pode simplesmente aparecer em Washington sete meses depois de simplesmente desaparecer! E onde está Booth?

- Foi ver Parker.

Booth dirigia sua Hilux sem muita atenção. Estava sob efeito do encontro com seu filho. Parece que ainda tinha seu pequeno nos braços, sentindo-se humano novamente. Era uma sensação que pensara que nunca iria esquecer, mas havia esquecido. Isso porque não há como comparar uma lembrança com aquele momento.

Aquele reencontro o abalara. Principalmente o fizera decidir a apoiar seu plano sem bases. Queria Aquino novamente. Queria muito ser humano novamente. Disperso em pensamentos, Booth escuta seu celular tocar em uma ligação de Brennan.

- Booth.

- Booth, temos problemas.

- O que aconteceu?

- Sweets veio aqui, venha agora!

- Estou a caminho.

Booth olhou para onde estava indo e pegou a pista da esquerda. Não tinha planos de encontrar Sweets até que a decisão de que eles se estabeleçam na cidade fosse tomada. Como ele descobrira que estavam aqui e por que ele representa um problema?

Angela estava entre os dois berços do quarto das crianças. Hodgins queria um quarto para cada, mas Angela o convenceu que enquanto não podiam definir o que ela de comer e o que era brinquedo, as crianças ficariam no mesmo quarto. Olhou para o berço da direita, rosa, onde tinha um lindo bordado escrito “Temperance”. Olhou para o da esquerda, para o berço azul, onde tinha um bordado semelhante, porém escrito “Zachary”.

Fungou baixo, sentindo saudade dessas duas pessoas as quais seus filhos homenageariam. Pôs as mãos sobre a barriga e sentiu um dos dois se mexendo. Olhou novamente para os escritos “Temperance” e “Zachary” e tentou imaginar como seria o reencontro com sua melhor amiga dali a poucas horas.

O que lhe deixava nervosa, sinceramente, não era o encontro, mas sim, o lugar. Tree Lake Park fora o lugar onde os restos mortais de Zack foram a encontrados. Haveria alguma conexão?

Booth abriu a porta do apartamento de Brennan e nem notara que, sem querer, quebrou a fechadura. Olhou para Brennan e depois achou Sweets.

- Hey, Sweets.

- Agente Booth.

- Só...só Booth.

- Como foi com Parker – Brennan se levantou e tentou fechar a porta – Tudo certo?

- Sim, como imaginávamos. E vamos segui com o plano.

- Plano? O que vocês estão pensando? Por mais que neguem, sei que foram vocês que mataram Zack Addy.

- Nós não negamos. – Disse Brennan, desistindo da porta – E não vamos desistir de nosso plano.

- Que plano é esse?

- Acho melhor não falarmos, Bones. – Interferiu Booth, antes que Brennan pudesse argumentar. – Sabe que ele não vai querer.

- Ah, por favor, Booth. Depois de tudo que fiz por vocês?

Brennan olhou para Booth e ele traduziu aquele olhar como uma aprovação em contar para Sweets seu plano.

- Tudo bem, mas você não vai conosco.

- Angie, você tem certeza que quer ir?

- A carta foi pra mim, é claro que vou.

- É no...

- Tree Lake Park, eu sei.

- Também fez a relação?

- E tem como esquecer? – Angela suspirou, balançando levemente a barra do vestido – Pegou toda sua pesquisa?

- Peguei, e nem eu mesmo acredito nas minhas conclusões.

- Muito absurdas?

- Sim, acredite.

Booth estacionou sua Hilux cerca de um quilômetro longe do início da trilha do Tree Lake Park, no qual um dia fora palco de um assassinato. Ele e Brennan saíram de modo sincronizado.

- Pronta, Bones?

- Estou, e você?

- Estou, não sou eu quem vou fazer a parte difícil.

- Você precisa estar comigo, não farei nada disso sem você.

- Não se preocupe. – Booth abriu alguns botões da parte de cima da camisa e dobrou as mangas – Vamos andando?

- Vamos, não quero ir lá por... – Brennan não conseguiu completar.

- Eu sei. – Booth falou simplesmente. – Nem eu.

- Vamos, nossa última chance.

- Escuta, Bones. De um modo ou de outro, nada vai mudar.

- Eu sei. Não dá para fingir que nada nos aconteceu.

Booth deu alguns passos até Brennan e beijou seus lábios suavemente. Brennan sorriu e apertou a mão do companheiro.

Estavam juntos nessa.


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