The Evil Angels escrita por Missfic


Capítulo 9
Capítulo 8 - O plano




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/105643/chapter/9

A Cheffia me olhou de cima a baixo algumas vezes - vezes essas suficientes para que me assustassem. Pelo jeito ele aprovou o que viu, porque sorriu depois. Dark me segurou pelo pulso e foi me guiando até uma das quatorze portas que existiam naquele corredor. Aquela que ele adentrou ia até a sala de jantar.

O cozinheiro era sutil. Não parecia saber que a Cheffia, eu e seu filho éramos anjos malignos. Ele era um humano, que possuía uma das marcas de fidelidade dos chefes. Essa marca mostra a que chefe você pertence (para mim, no caso, só demonstra que alguns são os donos do rebanho e os outros, animais). E ele pertencia ao chefe dos chefes dos anjos malignos. Que azar.

A mesa parecia ser quilométrica - mas preciso admitir que nunca tive uma mesa muito grande em casa, portanto, qualquer mesa grande me parece quilométrica. As comidas cheiravam muito bem, e pelo jeito, eram todas repletas de poognafia*. Aquilo seria bom por um tempinho para que eu ficasse forte o suficiente quando Dark tentasse atacar de novo.

Eu estava bastante constrangida perto da Cheffia. Ele me encarava muito. E ele tinha uma mania muito compulsiva, de rodar um anel grosso de prata que ele tem no dedo anelar esquerdo. O anel não rodava com facilidade, mas ele parecia se divertir.

_ Rudolph, nos sirva - ele se dirigiu ao cozinheiro singelamente, e pelo que pude ver, os olhos da Cheffia estavam azuis como o mar, sendo que eram vermelhos, ou seja, ele usou uma técnica do demônio Enganação.

Comecei a sentir tremores. Uma onda de dor começou a tomar conta de mim. O pior era que meus machucados ardiam mais do que deviam.

_ Aaahhh - soltei uma reclamada até que muito alta. A Cheffia olhou para o cozinheiro, que logo saiu da sala de jantar. Dark, que estava do meu lado, ficou confuso.

_ Minha prole... esse é um dos meus maiores prazeres - e a Cheffia sorriu, dizendo - Ela vai se transformar bem na nossa frente.

E então começou. Tudo de novo. As ideias de liberdade vindo, parecia que eu estava queimando lentamente por dentro. Minhas asas - que estavam quebradas - rasgaram minha pele quando saíram. Comecei a gritar. Gritei. Gritei. Gritei. E a Cheffia ria, aplaudindo.

Os feixes de luz que acontecem na duofásio não vieram daquela vez. Dark os segurou com as duas mãos e ficou assistindo os meus demônios me machucarem. E então aconteceu um dos maiores desastres... eu não consegui me transformar numa Divinangel. Dark e a Cheffia se levantaram e aplaudiram quando finalmente cheguei na trifásio, a pior de todas. Meus gritos ficavam cada vez piores. Quando perdi finalmente as forças, caí no chão.

_ Pai, ela só está aqui há um dia, e já perdeu os anjos que tem? - Dark parecia sorrir vitorioso. Não consegui enxergar.

_ Aqui dentro, todos perdem os anjos. - lançou um olhar maligno para Dark e saiu da sala de jantar, trancando eu e Dark lá dentro.

Eu fiquei com medo naquela hora. Muito medo. Eu estava feroz e horrenda, e ainda não sabia o que iria acontecer, o que Dark iria fazer, aliás, o prazer daquele monstro era machucar os anjos, os outros, o mundo.

_ Ah, Emil... você fica ainda mais linda transformada - ele se agachou, me pegou no colo e me levou para algum lugar mais acolchoado.

Acordei na manhã seguinte ao lado de Dark. Dessa vez, não havia nenhuma poça de sangue perto de mim. Dark olhou para o lado e me viu acordar.

_ Bom dia, Emil - e sorriu cautelosamente.

Não respondi. Apenas me levantei - eu ainda estava de roupa, e isso era um ótimo sinal - e fui para o banheiro e trocar. Quando terminei, Dark estava sem camisa e se olhando no espelho.

_ Vou até a cozinha comer alguma coisa - eu falei constrangida e enojada. Eu não iria esquecer nunca o que havia acontecido conosco naquele dia.

Saí do quarto e reparei como o dia estava bonito lá fora. O céu estava azul, mas bem azul, o que não era muito normal; a Cheffia escurecia o ambiente sempre que estava lá. A manhã parecia ter cheiro de flores. Rosallio - o jardineiro - estava regando as plantas e alimentando os leões do jardim. Fui até ele.

_ Bom dia, Rosallio - fiquei surpresa em como conseguimos mentir tão fácil, e desejar para os outros as coisas que não temos. Como posso desejar um "bom dia" a alguém, se não estou tendo um bom dia?

_ Bom dia, Demil - ele sorriu, enfraquecido.

Tinha tempo que eu não ouvia meu nome de anjo.

_ Sabe se a Cheffia está em casa?

_ Foi para Alemanha, só volta daqui a uma semana - e sorriu. Ele pareceu gostar da notícia.

Não agradeci pela informação, apenas voltei para dentro da mansão e fui apanhar minhas roupas - algumas - que ainda estavam no chão desde que Dark abusou de mim pela segunda vez.

Vi o moreno sair do quarto fumando, apreciando a fumaça que saía de seus lábios e que enevoavam seu rosto. Seus olhos vermelhos aparentavam raiva. Ele olhava para o portão sempre que podia, até que uma loira - aquela que eu tinha visto outro dia - apareceu no portão com mais cinco meninas, e uma loirinha pequena.

Dark foi ao encontro delas e mandou eu ficar dentro da mansão, dizendo que receberíamos visitas. Depois, chegou um grupo de branquelos de olhos azuis e cabelos extremamente pretos como ébano. Outro grupo, dessa vez de ruivos, chegou na mansão. Eles tinham os olhos violetas.

Assim que esses três grupos já haviam chegado, Rudolph, o cozinheiro, disse que Dark estava me chamando na quinta porta da parede esquerda. Entrei.

Era uma confusão de nomes, de cores, de tudo. Me confundi bastante no meio deles.

_ Emil, como você cresceu! - veio um branquelo do olho azul e uma ruiva do olho violeta. Eles falaram na mesma hora.

_ De onde conheço vocês?

_ Somos... - eles se entreolharam - amigos da Cheffia dessa província.

_ Eu sou Clea Anubi - a ruiva estendeu a mão -, chefe da província egípcia.

_ Eu sou Pedro Hompkins - o branquelo estendeu a mão -, chefe da província canadense.

As outras cinco mulheres que estavam com Susaj vieram me cumprimentar também.

_ Sou Talia Himiet, chefe da província francesa. Estas são Luen, a chefe da província alemã, Carmi, chefe da província portuguesa, Charice, chefe da província australiana e esta é Lady Silipovick, a chefe da província africana - a moça bronzeada com os cabelos cor-de-mel apontava para cada uma, respectivamente. Luen era mulher do cabelo castanho e extremamente curto. Os olhos eram vermelho vivo, e as bochecas rosadas. Carmi e Charice pareciam irmãs de tão parecidas. Eram morenas, do cabelo cacheado e dos olhos azul escuro. Lady Silipovick era uma mulata, e era a mulata mais bonita que eu já havia visto. De maneira curiosa, seus cabelos eram brancos em sua inteireza, o que a dava um ar de madame.

_ Sou Bê Sullivan, meia-irmã de Dark - outra menina loira. Estou começando a achar que existem muitas loiras por aqui.

Quando eu vi que Dark tinha uma meia-irmã, fiz uma cara de desentendimento.

_ Bê, não era pra você citar esse detalhe - Dark abriu um sorriso falso, indo abraçá-la.

_ Como você pode tratar seu irmão com esse carinho? Ele nunca fez mal a você ou qualquer coisa assim? - sussurrei para ela. Eu não sou irmã de Dark nem nada, mas o pouco que ele fez nesses dias me fez ficar assustada com a ideia do Moreno ter uma família concreta.

_ Ah... com o tempo, você acostuma com algumas coisas e acaba se apegando a quem te maltrata. A verdade nua e crua. Aliás, o mau tratamento vem desde as minhas bases: mamãe nunca foi muito comportada. Traiu meu pai com Mag, engravidou de mim e foi banida. Hoje, estou morando em Las Vegas; fazia muito tempo que não vinha aqui.

Uau. Adoro reuniões de família.

_ E eu sou Matew Coker - e um moço dos cabelos muito azuis, mas ainda assim parecido com Pedro em sua fisionomia, apresentou-se.

_ É, Emil. E ele é o único da província do Canadá que tem cabelos azuis. Isso é fruto de uma maldição a qual ele foi submetido quando era mais novo, mas isso não vem ao caso. Certo, Matew?

_ Chega de papinho, não foi pra isso que viemos aqui! - Pedro falou com rispidez.

Todos nos sentamos à mesa de jantar gigantesca. Dark começou um discurso.

_ Clãs de todos os lugares - Dark começou - eu sugiro que tiremos o trono do atual anjo por meio da morte do mesmo, e que dessem o reino para os nove justos.

_ Nove justos? - eu indaguei.

_ É... os nove chefes das províncias - respondeu uma menina idêntica a Susaj Maham, que na verdade, era a filha dela.

_ E qual é o seu plano? - Talia disse parecendo apressada.

_ Pretendo trocar a poognafia por veneno.

_ Mas é proibido usar chihad em todas as províncias! - apareceu uma voz profunda. Não conhecia aquela voz, mas sabia que trazia um passado obscuro.

_ Desgraça, Matew Coker! Isso não importa! - ele esbravejou com o menino dos cabelos azuis - Porém, para esse plano acontecer, precisamos de uma mulher sedutora.

Sempre tive a sensação de que pessoas de cabelos azuis não são muito confiáveis. Matew era o único peixe que nadava contra a maré em toda aquela sala, e aquilo não me cheirava muito bem; ele foi o único que foi contra a voz de Dark, o Príncipe, e isso não seria remediado tão cedo. Moreno nunca iria mandar alguém abaixar a cabeça em nome de seu ego, mas também não deixaria tamanho enfrentamento sem uma resposta. Temi pelos dois.

_ Acho que as melhores que temos são Emil, Sharon Zucke, Kori e Gitié - eu achei Gitié, a filha de Susaj Maham, muito nova para seduzir qualquer um. Kori era uma belíssima asiática, mas será que seria o suficiente? Sharon Zucke encantava qualquer macho com seus cabelos loiros e cacheados, contudo, era um tanto tímida. Era uma disputa acirrada.

_ Eu quero a Emil - e então, todas as outras foram sentar em seus respectivos lugares. Tremi quando ele citou meu nome daquele jeito rude.

_ Me quer para quê? - indaguei.

_ Você vai seduzir o Rudolph... - ele disse - E não faça essa cara de nojo, Emmy.

_ O que eu ganho em troca?

_ Sua liberdade.

Eu realmente duvidava de que seria possível eu ser livre algum dia. Queria explicações precisas antes de aceitar o plano, mas fora isso, eu daria minha cara a tapa.

Não precisei falar mais nada. Apenas concordei - pelo menos, momentaneamente - em seduzir Rudolph para que Dark pudesse se livrar do pai. Aliás, não vi Celéstica na reunião.

Fiquei entusiasmada com o plano, já que eu poderia ser livre depois.

Eu conquistaria Rudolph.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Poognafia é um tempero especial dos anjos malignos para que as forças não se acabem por pelo menos três dias.
Chahid/chihad é veneno.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Evil Angels" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.