The Evil Angels escrita por Missfic


Capítulo 6
Capítulo 6 - Lembranças Abstratas


Notas iniciais do capítulo

Maldita viagem.



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Chegamos muito rápido em casa. Lexi me levou para a cama dela, e esquentou água para colocar em meus ferimentos. Stormie tentou me dar um banho, mas eu gritava toda vez que aquela água gelada roçava nas minhas asas - ou em pedaços que sobraram delas. Minha amiga que me banhava, toda vez que ouvia meus gritos, fazia uma careta de dor - era um dos dons de Stormie (sentir a dor das pessoas) e foi um dos poucos que sobraram antes de Gordon Prime - um dos anjos malignos adolescentes -, após de treinar com ela, ter roubado os outros dons. Esse tal de Gordon, pelo o que eu sabia, havia sido queimado uns dois dias depois. Ele era o anjo mais puro que já havíamos visto - nunca conseguia matar ninguém. Mas era por vontade. Ele achava desnecessário. Dark o sacrificou em segredo, mesmo ele sendo um ótimo ladrão de dons. Foi preciso sacrificá-lo, para que servisse de exemplo.

Enquanto Tempestade me dava banho, ainda consegui reparar em uma coisa que ela possuía bem atrás da orelha, escondida por seus cabelos loiros. Era uma marca, um risco, não sei como defini-lo. Mas toda vez que ela fazia a careta de dor, a marca acendia, mudando de cor.

_ O que é essa marca atrás da sua orelha? - ela parou de me dar banho e me olhou calmamente, esperando que eu voltasse a me concentrar em meus devaneios. Mas não aconteceu. Visto que eu não iria recuar, ela acabou por ceder.

_ Gordon Prime.

_ E o que ele tem a ver com isso?

_ Lembra que ele foi... hm... - ela tentava achar uma palavra que não me causasse muito assombro - sacrificado? - me assustou do mesmo jeito. Apenas confirmei com a cabeça. - Pois é, Emil. Quando um anjo maligno é sacrificado, todos os outros anjos que são da sua... fase, recebem uma marca com o brasão da família dele. O brasão de Gordon é esse aqui. E toda vez que fazemos o bem - o que é contrário as regras -, a nossa marca acende. E quando ela acende, digamos que é como se estivéssemos em chamas.

Não falei mais nada, e ela também parecia não querer falar sobre isso. Não dei importância. Não era de meu feitio.

Assim que ela terminou de me dar banho, me colocou calmamente em cima da cama. Eu estava enrolada em uma toalha, e vi Alexandra entrando no quarto com uma bacia e alguns panos. Ela também estava com um chá.

_ Vai doer um pouco, mas não reclame - ela disse com ternura, como se eu fosse sua filha.

Eu agora estava estirada na cama, temendo as dores que eu sentiria, temendo que meus demônios e anjos não sobrevivessem. Ela começou a passar os panos na água quente, e ia depositando cada um nas partes mais machucadas de meu corpo. Aquilo ardia, doía, e eu fazia caretas de dor constantemente. Quando passou alguns minutos, ela retirou os panos e os trocou de lugar.

Finalmente, assim que ela terminou, me deu o chá para que eu tomasse. Ela e Stormie se olhavam com olhar de preocupadas a cada cinco minutos, como se fosse errado estarem cuidando de mim, ou eu estar aqui.

_ Você terá alguns pesadelos essa noite. Qualquer coisa nos chame, tudo bem?

A última coisa que me lembro foi de Lexi ter colocado roupas em mim e ter me envolvido em uma coberta. Depois, simplesmente apaguei.

Comecei a ver uma série de imagens aleatórias em minha cabeça, como aquelas que eu tenho diariamente. E então, eu vi uma cena que não me era muito estranha.

Havia uma menina muito pequena, com seus pais dentro de casa. Eles estavam sobre a mesa de jantar e conversavam sobre a menininha ir dormir na casa de uma amiga. A menina sorria e olhava para os pais com ternura.

Os pais pegaram as coisas da menina que estavam acomodadas em malas, e a levaram para dentro do carro. Depois de uns cinco minutos, chegaram em frente a uma casa azul cobalto. Uma menina que aparentava ter uns doze anos estava parada na porta. Ela era muito estranha - branca, pálida, mas com os cabelos excessivamente bonitos. Tinha um sorriso triste, mas demonstrava um pouco de felicidade por finalmente sua amiga ter chegado.

Assim que a menina se despediu de seus pais e entrou na casa da menina de cabelos bonitos, ficou com a aparência muito triste. Subiu alguns lances de escada junto com a cara-pálida, e chegou no último andar da casa - o seu quarto. Deixou as malas da menina em cima da cama e logo as duas foram brincar de médico.

Dava para perceber que a menina mais velha analisava o corpo da mais nova, tentando encontrar algo defeituoso. Em seguida, sorriu para a menina, e disse que tinha que lhe contar algo. A mais nova levou a mão aos ouvidos, tentando centralizar o som do sussurro que sairia da boca da menina mais velha. Mas ao invés de contar o segredo, mordeu a mão da menina bem no meio. Alguns pingos de sangue desceram escorrendo pelo braço da mais nova, caíram dentro da blusa, deixando alguns rastros pela blusa branca que a mais nova vestia. A pálida sorriu e levou a menina para o andar de baixo pois a mãe dela havia gritado para irem almoçar.

Chegando lá, a mais velha sentou no sofá e começou a ver TV, desobedecendo a mãe. Mas a reportagem que ela via era algo cabuloso, que deixou a mãe da mais velha chocada e que mudaria a vida daquela pequenina menina amiga da pálida.

Era um acidente de carro que havia acontecido a alguns quilômetros da casa azul cobalto. E por azar, era o carro dos pais da menininha nova. Ela começou a chorar, a mãe da mais velha ficou desesperada. A mais velha somente sorria.

Levou a pequena para um canto e lhe disse "Você é uma anja maligna agora."

Foi então que percebi que a menina mais nova era eu, e que a mais velha era a Celéstica. Então foi assim que aconteceu. Quando fui me dar conta, eu estava sentada na cama, chorando. A culpada da morte dos meus pais era Celéstica.

Só que minha visão não parou por aí.

A menininha mais nova entrou em estado de choque. Não parou de chorar por nem mais um minuto. Depois de alguns meses, a menina ainda chorava todos os dias, estava magra e muito feia. A mais velha, que por acaso era a Celéstica, levou a mais nova, que no caso era eu, para uma casa enorme, que aparentava ainda ser recém-comprada. Reparando bem nos detalhes, era a casa de Dark. Não tinha sido a primeira vez que ele havia me visto. Ele me reconheceu.

Pelo que pude ver, foi uma mulher que atendeu a casa. Ela era pálida como a Celéstica, porém, suas maçãs do rosto eram rosadas. Ela estava com roupa de empregada. Celéstica me apresentou a Cheffia - que estava bem mais novo naquela época. Dark ainda era um pequeno menino, moreno, dos olhos vermelhos, e do cabelo liso, com uma franja que lhe caía nos olhos. Lembrei-me do menino do desenho.

Abri finalmente os olhos. Olhei para os lados tentando reconhecer aonde estava, e reconheci logo que vi Stormie dormindo do meu lado. Mas aonde estaria Lexi?

Levantei devagar. Percorri a casa e ouvi alguns gemidos de dor vindos do banheiro. Quando cheguei lá, surpresa: Lexi estava no seu estado de Divinangel. Confesso que chorei. Ela estava linda.

Seus cabelos loiro-escuro estavam enormes, esvoaçantes, brilhosos. Estava tão iluminada que conseguia me cegar os olhos por alguns poucos minutos. Ela sentia uma enorme dor para que suas asas saíssem do corpo. Demonstrava dor e um pingo de felicidade a cada vez que suas asas saíam. Os anjos que ela tinham reinavam dentro dela. Lexi caiu no chão e começou a se contorcer. Chegou a hora da Duofásio.

O pior de tudo era que ela ainda era um anjo-adolescente. As dores eram maiores do que as minhas. Parei por um minuto de olhar para ela e comecei a lembrar de minha primeira transformação.

Foi a coisa mais dolorosa que já senti.

Saindo de meus devaneios, peguei uma bacia com água quente, uma coberta e alguns panos. Fiz um chá. Dessa vez, era Lexi que precisava de mim.











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Notas finais do capítulo

Eu daria tudo pra ver Lexi se transformando e o Dark... mas como nem tudo é possível nessa nossa vida, até o próximo capítulo.



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