The Evil Angels escrita por Missfic


Capítulo 16
Capítulo 15 - Abandonando desígnios e pessoas




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Eu já tinha conseguido o que eu mais queria - a minha liberdade. Mas ainda haviam muitas coisas sobre o meu passado que eu queria resolver. Eu possuía um livro secreto que pertencia ao meu antigo chefe e ainda queria muito descobrir o que tinha lá. Eu tinha amigos que foram assassinados da pior maneira por um anjo de cabelos azulados, e tinha que me despedir de cada um deles. Havia muita coisa a ser feita.

Alexandra desdenhou e duvidou de cada palavra que eu a disse. Desde o planejamento da morte da Cheffia, até a morte dos chefes das províncias. Mas ela me disse que também poderia estar algo de estranho acontecendo, já que naquelas últimas semanas os treinamentos haviam sido cancelados, inclusive as missões alternadas para cada canto do planeta.

Stormie me perguntava constantemente de Dark, e sempre que podia, perguntava qual seria a forma dele pagar os crimes que cometeu comigo e com Gitié - eu havia contado sobre esse detalhe para ela também. Ray parecia se incomodar cada vez que eu citava o nome de Celéstica em minhas explicações. Ele se contorcia de um jeito esquisito.

As duas irmãs saíram da sala de estar e disseram que iriam pegar algo que queriam me mostrar que se localizava no quarto. Ray se levantou com cautela do sofá onde sentara a poucos minutos atrás, e se aproximou de mim. Pareceu balbuciar algumas palavras.

_ Emil... pode me dizer... mais sobre essa Celéstica? - ele parecia realmente muito interessado. Minha vida mudou muito depois do que ele disse, e eu nunca imaginaria tamanha atrocidade.

_ Bom... antes dela ser uma serva da Cheffia, ela era uma humana muito parecida comigo. Era quase translúcida, pálida, com os cabelos muito bonitos e sempre com um sorriso triste no rosto - olhei para o chão. Eu odiava falar sobre ela.

_ Pode me dizer exatamente o nome da mãe dela? Ou o que aconteceu com a mesma? - ele desviava o olhar e evitava me observar diretamente nos olhos.

_ Qual é o seu jogo, Ray? Para que raios quer essas informações? - parei de tomar o chá que eu segurava em minhas mãos e uni as mãos, tornando-as de apoio para minha cabeça.

_ Quando eu tinha doze anos, eu lembro de ter uma irmã, pálida, branca, e com os cabelos pouco dourados, com um tom amarronzado. Ela nunca estava satisfeita, vivia trancada no quarto. A maior parte do tempo passava no escritório do nosso pai. Ela era minha irmã gêmea. - eu o olhei, incentivando-o a continuar - De uma forma completamente inexplicável, meu pai e minha irmã tomaram uma intimidade incrível. Ela era mais grudada com ele do que minha própria mãe. Então, aconteceu algo que me deixou enlouquecido... - ele olhou para o chão com os olhos cheios de lágrimas - Meu pai ficou durante duas semanas no escritório. Só recebia visitas da minha irmã. Minha mãe era expulsa quando tentava entrar. Naquele mesmo mês, conheci uma prima minha muito distante, e se me lembro bem, o nome dela era Betayne, mas era chamada de Bê por todos que a conheciam. E naquele mesmo dia, a mãe de Bê conseguiu entrar no escritório do meu pai.

Eu o olhava completamente perplexa. Eu conhecia aquela história de algum lugar.

_ Ah, Emil... depois daquele dia, só vi Bê duas vezes. A mãe dela, minha tia, nunca mais vi. Depois, quem foi embora foi minha irmã, e em seguida, meu pai. Eles compraram uma casa pouco longe da nossa. Meu pai e minha mãe se separaram - dessa vez ele estava chorando - e eu nunca me perdoei por isso. Minha mãe me falou certa noite que sairia para comprar algumas coisas, mas ela nunca mais voltou. Eu só tinha doze anos e tive que aprender a me sustentar sozinho.

_ E você desconfia que Celéstica é a sua irmã? Por quê? - eu ainda estava desconfiada, apesar de toda a história dele combinar com a de Celéstica.

_ Perto da data em que conheci Bê, um pouco antes, uma menina chamada Emil Wayne foi deixada pelos pais na minha casa. Eu tinha acabado de acordar quando vi de longe minha irmã parada na porta de nossa casa, conversando com os pais dessa menina, que dirigiam um carro estacionado na frente do portão. Sei que minha irmã levou a menina para o andar de cima, e assim que minha mãe gritou para que minha irmã e sua amiga fossem almoçar, elas desceram. A menina mais nova com um olhar sombrio e taciturno. Logo depois ligaram o noticiário - ele olhava para a minha expressão -, e sabe o que passava no mesmo, Emil? - ele esboçou um sorriso cínico.

_ A morte dos meus pais - eu estava chorando.

_ Exatamente. Entende o porque?

_ Mas eu nunca soube de sua existência! Por que agora?

_ Tenho que me unir a ela para que saibamos onde está nossa mãe. Provável que nem esteja viva - ele passou a mão nos cabelos.

_ Celéstica está presa. Ela tentou me matar, Ray - eu me virei para me dirigir até o quarto, mas ele me segurou a tempo.

_ Meu nome verdadeiro é Ricard. Mas todos me chamam de Ray - ele olhou para baixo.

_ Agora assim, ouvindo seu verdadeiro nome, me lembro de você. Era o menino fanático por figuras de jornais, não é? - tentei sorrir. Eu me lembrava das vezes em que eu ia na casa de Celéstica e ele estava sentado no chão da sala, recortando jornais e colocando fotos dentro de pastas.

_ Sim. Eu mesmo - dessa vez ele sorriu.

Ele soltou meu braço, e assim que o fez, fomos para o quarto. Descobri que as meninas só demoraram porque Alexandra estava se transformando, e pelo jeito, não queria mesmo que Ray a visse naquele estado. Ele paraceu não se importar. Stormie tentava acalmá-la. Me lembrei que eu não precisava mais passar por aquilo. Sorri.

_ Quer que eu te leve para ver sua irmã? - eu sussurrei para Ricard.

_ Não. Preciso voltar para Ottawa enquanto é tempo. Quando tiver tempo, irei visitá-la - ele se virou e me mandou um sinal para que fossemos para a sala novamente.

_ Ir para Ottawa? - mandei outro sussurro.

_ É. Você pode não ter percebido, mas tenho uma aliança de ouro no dedo anelar da mão esquerda - ele sorriu.

_ Quer dizer que é casado? - ele afirmou só balançando a cabeça - Mas Alexandra é apaixonada por você!

_ E acha que isso não me parte o coração? - ele olhou para baixo envergonhado - Amo Alexandra. Como amiga. - ele olhou para o quarto - Mas eu cheguei até você por meio delas. Ela me foi muito útil - ele sorriu.

_ Mas como sabia que... - fui interrompida.

_ Emil. Tenho visões, como você. Eu sabia desde o início.

_ É um anjo maligno? - eu o olhei assustada.

_ Eu? Claro que não! - eu fiz uma cara de "interrogação" - Eu sou protetor desses. Minha esposa é chefe da província canadense - ele falou com orgulho.

_ Mas Matew Coker matou todos os chefes das províncias...

_ O chefe da província canadense possui uma vice. Agora ela é uma chefe. E eu a protejo de tudo.

_ Incrível... - eu balbuciei.

_ Sabe... meus filhos iriam adorar conhecê-la - ele sorriu.

_ Seus... filhos? - meu rosto virou outra interrogação.

_ É. Joenne e Joell. Eles são gêmeos fraternos. Graças a Deus se parecem com a mãe... Emil, quer sair finalmente deste lugar? Viaje comigo para Ottawa.

Dessa vez, quem sorriu fui eu.

_ Mas é claro. Mas, eu queria levar minhas amigas comigo. E queria que sua esposa, já que é uma chefe, fizesse um favor para mim.

_ Quer transformar Estellanice e Alley Highway em humanas? - ele deu uma gargalhada.

_ Quem são essas?

_ Suas conhecidas Stormie e Lexi. E antes que você me pergunte, sim, elas também esconderam seus verdadeiros nomes desde o começo. Nem o nome do Dark, é Dark.

_ O que?

_ Porque você acha que seu nome muda de acordo com as suas transformações? Seu nome verdadeiro é Emil, mas você pode se chamar Demil ou Lil. Viu? - ele gargalhou de novo.

_ Você é um verdadeiro idiota.

_ Preparada para ir para Ottawa?

_ Mas preciso chamar Estella e Alley.

_ Daqui a alguns minutos elas estarão com suas malas prontas. Vá comprar roupas e uma mala também. Precisamos ir daqui algumas horas - ele me olhou e me entregou um cartão de crédito.

Abri a porta da casa e virei na direção contrária ao Shopping. Eu estava indo para a mansão.

O caminho era o mesmo e eu podia me lembrar muito bem ainda. Agora, eu podia cumprimentar as pessoas normalmente, sem que elas tenham algo para se desconfiar. Alguns homens soltaram gracinhas, mas eu nem ligava. Me sentia finalmente alguém normal.

Chegando na mansão, me deparei com um lugar muito mais claro e límpido. O peso daquela mansão havia sumido. Os leões arrancaram as fechaduras assim que me viram, e me deram passagem. Quando entrei, encontrei Rosallio regando as margaridas, como ele costumava fazer. Preferi não falar com ele.

Bati na porta cinco vezes. Na sexta, quem abriu foi o próprio Dark, e ele não me pareceu surpreso.

_ Eu te disse para ir embora...

_ Eu quero me despedir. E quero te ajudar com os corpos - eu olhei por uma fresta e reparei que os corpos ainda estavam lá.

_ Não é da sua conta! - ele rosnou.

_ ERAM MEUS AMIGOS TAMBÉM! - aumentei o tom de voz.

_ Não tem medo que eu te machuque mais? Já foi abusada, espancada, humilhada na frente de todos. O que mais quer?

_ Minha dignidade de volta - lhe acertei um soco bem no nariz. O empurrei no chão e comecei um ciclo de pontapés e socos na face. Ele pareceu desnorteado nos primeiros cinco minutos.

_ Você realmente pirou, não foi? - ele se levantou rapidamente. - Vamos, me ajude.

Primeiro envolvi Gitié e Susaj em meus braços. Me sujei um pouco de sangue, mas eu não me importei. Continuei as levando para o jardim. Dark segurou Pedro e Matew e os lançou com violência portão a fora. Fez o mesmo com o resto, e por último, sobrou Lady Silipovick, que ganhou um caixão bem elaborado na sala do trono.

_ Agora já pode ir. Já me ajudou com os corpos - ele olhou para os rastros de sangue.

_ Então... até quando? - eu o olhei com cautela. Ele tirou um cigarro do bolso e começou a tragar.

_ Se os anjos permitirem... nunca.

Ele trancou os portões assim que eu saí. E eu concordei com ele. Se os anjos permitissem... nunca mais eu esperava vê-lo.


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