Meu Eu em Você. escrita por Thatah


Capítulo 5
FLASH BACK


Notas iniciais do capítulo

Continuação do capítulo anterior.
Ele é bem grande!

>—



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Jake e eu tínhamos ido ao cinema com Mike, foi lá que essa coisa de lobo toda começou; quer dizer, foi lá que os sinais ficaram mais latentes.

Jacob me deixou em casa, seu corpo todo estava ardendo em chamas, seu semblante estava assustadoramente melancólico e diferente. Não gosto dessas lembranças elas revivem momentos muito tensos e obscuros do meu passado.

Eu me ofereci para deixá-lo em casa, mas ele me certificou que estava tudo bem e que me ligaria assim que chegasse em casa... esperei a noite toda por esta ligação, tentei ligar, mas ninguém atendeu o telefone na casa dele. Só tive noticias no outro dia de manha. Jacob tinha perdido o controle do carro e acabou batendo contra uma arvore na entrada da reserva. Fiquei desesperada com a noticia, chorei durante horas. Ofereci-me para ir vê-lo e ajudar a Billy na sua recuperação, mas não conseguia autorização para ir vê-lo.

Foram semanas de pura revolta e angustia. Revolta em saber que Billy se recusara a levar Jake a um hospital, ele dizia que confiava muito mais nos “rituais” de cura dos anciões quileutes; e angustia por não poder vê-lo. Fui proibida de visitá-lo. Fui a casa dos Black varias vezes sem permissão, mas Jake nunca estava. Estava sempre na casa de um ancião diferente, mas ninguém me informava a localização.

Aquela situação estava acabando comigo. Nem Charlie sabia me dar informações, lembro-me do clima tenso que se formou entre Billy e Charlie nesta época.

A ausência de Jake estava cavando um buraco mais fundo que a própria ausência de Edward, pois Edward tinha ido embora porque não me amava mais; mas Jake?! Ele estava na mesma cidade, tinha sofrido um terrível acidente e eu não tinha permissão de visitá-lo, recebia poucas informações sobre o seu estado e não tinha a menor idéia de quando ele estaria de volta ao meu lado.

Passaram-se pouco mais de um mês e já fazia duas semanas que não recebia noticias de Jacob, o vazio dentro de mim estava se tornando um resistente e devorador buraco negro. Estava começando a regredir na minha recuperação, foi quando decidi fazer a ultima tentativa. Dirigi ate a casa dos Black torcendo para ter algum sucesso. Estacionei a caminhonete, fiquei cerca de cinco minutos tomando fôlego e preparando-me para uma possível “derrota”.

Billy veio me receber e estava com uma cara de poucos amigos. Talvez essa recepção toda seja devido ao stress e preocupação com Jake no decorrer desses últimos dias.

- Bella?! O que faz aqui? – O pai de Jacob estava definitivamente de péssimo humor.

- Vim ver como Jake esta. Por falar nele, já posso vê-lo? Ele esta?- As palavras saíram da minha boca com tanta velocidade que nem deu tempo de analisá-las.

- Hum. Jacob já esta melhor, na verdade a recuperação foi fácil e muito boa.

- Deus! Nossa que boa noticia, mas então... posso vê-lo? Ele esta em casa. – Vasculhei a casa com o olhar na esperança de ver o meu Jacob.

- Ele não esta. Saiu com os amigos...

Aquela resposta me desagradou por completo. Uma onda de emoções me invadiu, foi como levar um chute no estomago. Fiquei feliz por saber que Jacob estava melhor, que a recuperação tinha sido um sucesso, e ao mesmo tempo me senti triste e um pouco enciumada em saber que Jake preferiu sair com os amigos a me ligar.

Mal me despedi de Billy, entrei na caminhonete e fiquei ali pensando no que iria fazer. Não tinha planejado nada para este dia, estava sem ocupação alguma. Charlie ia passar o dia pescando, não queria ter passar mais um dia naquela casa sem ter o que fazer.

Apesar daquele infortúnio o dia estava lindo, o sol tinha dado o ar de sua graça em mais uma daquelas raras tardes ensolaradas.

Fiz o contorno e fui dirigindo em direção a praia de La Push, caminhar um pouco me faria bem. Estacionei a caminhonete e fui atè a praia. O dia estava lindo, o sol estava levemente majestoso em seu lugar agraciando cada minúscula partícula daquela praia. O mar estava calmo e convidativo, as ondas batiam em sintonia na beira da praia. As pedras ganharam multicores graças aos raios de sol que a abraçavam criando espelhos coloridos fascinantes aos olhos de qualquer pessoa.

Caminhei durante alguns minutos na beira da praia sentindo a temperatura da água com os pés. Observei o ciclo natural da vida animal... algumas garças se alimentando de lindos peixes avermelhados que se debatiam nas patas de seu predador, tentando sem sucesso evitar o triste destino.

Sem perceber acabei encontrando o lugar em que Jake e eu costumávamos passar grande parte das nossas tardes. A velha arvore de raízes proeminentes continuava ali, sem nenhuma alteração. Como se estivesse sempre a nossa espera. Só que dessa vez, eu estava sozinha, o meu velho e bom companheiro havia preferido estar com os amigos.

Bufei com a ultima constatação de meus pensamentos e sentei-me emburrada no tronco da centenária arvore. Mas ficar ali não foi uma boa idéia. A lembrança que aquele lugar trouxe me embriagou de angustia. Quando percebi já estava a poucos metros da minha caminhonete e aos prantos.

A quantidade de lagrimas que saia dos meus olhos foi tanta que mal conseguia enxergar, tive que parar a poucos metros da praia, tentei parar de chorar; ainda não havia sentido para tanto choro. O meu peito todo se contorcia de dor... eu tentei sufocá-la com as mãos, mas não conseguia.

Entrei na caminhonete e depois de alguns quilômetros rodados consegui finalmente me acalmar, foi quando percebi onde eu estava. Eu tinha ido em direção aos penhascos onde vi o “Culto” de Sam pela primeira vez. Foi também aqui que Jake me ensinou a andar de moto.

Foi à gota d água, a ferida agora estava exposta. Tive a sensação de estar sangrando em vida, eu estava me desfazendo e não havia nada nem ninguém capaz de impedir tamanho sofrimento. Estava sozinha, me despedaçando como as pétalas de uma flor ao serem jogadas em uma parede, e não havia ninguém para ajudar a me manter completa.

Corri em direção ao penhasco, com uma vontade enorme e insana de me atirar la de cima. Essa era a solução perfeita para o fim da minha agonia, e se eu me saísse dessa, pelo menos teria sido pura adrenalina. Sorri da insanidade dos meus pensamentos e senti uma sensação de liberdade.

Livre!! Eu estaria livre de todo este sofrimento... estava prestes a me jogar, quando a voz de Edward me assustou. “Pare com isso Bella, não seja tola”. A muito tempo  não ouvia aquela voz... ainda sim,3 não recuei, fiz menção de me jogar e mais uma vez fui surpreendida pela voz de Edward.

Dessa vez ela estava mais alta e muito irritada “VOCÊ PROMETEU”. Levei um susto e cai sentada na beira do penhasco. Parei e percebi o quão estúpida eu estava sendo. ONDE EU ESTAVA COM A CABEÇA? Desde quando pular de um penhasco me libertaria de algum sofrimento?

Percebi que estava agindo como uma louca e que nada daquilo fazia sentido. Parei na beira do precipício que seria palco do momento mais ridículo e insano da minha vida. Resolvi olhar mais de perto o que eu estava prestes a fazer... quando olhei para baixo, percebi quantas pedras enormes haviam la embaixo e quanto as ondas se chocavam com violência nelas. Um frio percorreu a minha espinha e senti meu estomago revirar. Levantei e me virei com a intenção de sair o mais de pressa possível daquele lugar, foi quando tudo deu errado...

Com a minha maravilhosa habilidade motora, acabei pisando em falso em uma pedra escorregadiça na beira do penhasco. Aconteceu tudo tão rápido... Choquei-me contra o colchão duro de água. A água estava gelada, senti como se meu corpo estivesse sendo perfurado com espinhos de ferro. As ondas estavam muito violentas, nem se comparavam com as que tinha visto na beira da praia. Elas me jogaram contra uma dos paredões rochosos... Fui impiedosamente arremessada contra elas umas duas ou três vezes até que tudo se apagou.

...

Eu não era capaz de sentir nada, era como se estivesse tendo apenas um pesadelo do qual eu não conseguia acordar. Meu corpo estava dormente; nenhuma parte dele respondia aos comandos. Tentei gritar, mas minha voz tinha desaparecido, só provocava mais dor ao tentar emitir algum som. Tentei driblar o desespero que estava invadindo a minha mente, mas não estava tendo muito progresso.

O QUE ESTAVA ACONTECENDO? Eu estava tendo um pesadelo? Porque os membros do meu corpo não respondiam? Que porcaria de pesadelo era esse, que até o meu desespero era silenciosamente enlouquecedor.

Senti algo muito quente percorrer o meu corpo, e aos poucos fui sentindo minhas pernas, meus braços; os batimentos do meu coração tomaram conta da minha mente, era a única coisa que eu conseguia ouvir... o ensurdecedor barulho dos meus batimentos.

Como um radio tentando encontrar uma sintonia, aos poucos meus ouvidos foram revelando alguns sussurros... senti-me flutuando. PRONTO, DEFINITIVAMENTE EU ESTAVA PIRANDO!

Uma voz familiar penetrou minha mente, era um timbre de voz grave e um pouco rouca; mesmo depois de anos sem ouvi-la ainda sim seria capaz de reconhecê-la. Era Jacob, o meu Jacob. Ele parecia angustiado, estava agitado, havia desespero naquela voz e um pouco de irritação. O que estava acontecendo com Jake? Por que ele estava agindo assim? Por que sua voz estava angustiada?

Foi quando ouvi outra voz, não tão familiar; mas ainda sim, facilmente a reconheci. Era Sam. O que aquele idiota prepotente queria de Jacob? Era ele quem o estava irritando, com certeza.

Desejei sair daquele estado “vegetativo” e encher Sam de pancada. Como ele se atrevia irritar o meu amigo? Afinal de contas o que ele queria de Jacob? Fiquei perdida em meio aos meus pensamentos, forçando a mim mesma voltar de onde quer que fosse o grau de “inconsciência” em que me encontrava para defender Jake.

- Tenha cuidado com o corpo dela, ela bebeu muita água e foi jogada muitas vezes contras as rochas. –  Sam dizia. Tinha autoridade naquela voz, e isso por algum motivo me irritava.

- Não encoste nela, deixa que eu cuido disso. Só me passa aquela manta e isso já basta

-Hey, rapazes! Acho que Bella já esta recuperando a consciência. – Uma voz desconhecida os avisou.

Aos poucos senti que já estava novamente no comando do meu corpo. E como ele doía!! As pálpebras dos meus olhos doíam tanto, que foi difícil abrir os olhos.

- Bella!?! Ah meu Deus, você esta bem? Pode me ouvir? Fala alguma coisa... – Jake passava as mãos no meu rosto tentando tirar o cabelo do meu rosto.

Tentei firmar minha visão, Jake estava molhado e com os olhos cheios de lágrimas. Seus olhos estavam torturados, mas senti uma expressão de alivio roubar o semblante  quando finalmente encontrei minha voz.

- Jake? Onde eu estou? O que aconteceu? Ai!Minha cabeça... – Não tinha sido um pesadelo, a dor era real, as batidas nas rochas foram reais...

- Oh! Graças a Deus Bella. Você esta bem? Esta sentindo dor?... Mas o que è que você tem na cabeça ISABELLA SWAN? Você ta maluca? Quer morrer?    Quer por favor, me dizer porque... – Jacob estava com fazendo milhões de perguntas.

- Calma cara. Ela recuperou a consciência agora. De um tempo a ela.

- Embry esta certo. Acho melhor tirar ela logo daqui. Leve-a para sua casa. Nós ainda temos que resolver aquele probleminha.- Era Sam dando ordens de novo. Qual o problema desse garoto?

- Okay... okay. Vou levá-la para minha casa, encontro vocês mais tarde.- Jake me pegou mais uma vez no colo, o meu corpo todo estava adormecido...era como se todo ele estivesse congelado; mas com os braços de Jacob em minha volta a cobertura de gelo que petrificou o meu corpo foi reduzindo gradativamente, só então percebi que estava com calafrios.

Jacob estava sem camisa, pude perceber a quantidade de músculos que ele escondia por baixo dos casacos. Por que Jake estava seminu? O clima estava frio...ainda mais para quem tinha acabado de sair de uma água tremendamente gelada como aquela. Seu peito era macio, seus músculos eram proeminentes e bem divididos, sua pele era um bronze enfeitiçante, a cor de sua pele ficava ainda mais linda com os raios de sol.

Jake me colocou no banco do carona, me cobriu com a manta e assumiu a direção. Meu corpo tremia como se estivesse com espasmos, Jake me olhou pelo canto dos olhos e então colocou seus braços ao redor do meu corpo “Seu corpo esquentara mais rápido assim”. Foi tudo o que disse e voltar a dirigir em silencio.

Ele tinha razão. O calor que vinha do corpo de Jake era aconchegante, pude sentir a temperatura do meu corpo se normalizar aos poucos.

Ficamos em silencio, Jacob parecia estar mergulhado em seus pensamentos, a única coisa que quebrava este tenebroso silencio era o ronco do motor da minha picape. Pude perceber o cansaço tomando conta de mim. Mal conseguia respirar... as pálpebras dos meus olhos foram ficando pesadas e aos poucos fui ficando inconsciente.

Quando acordei estava na cama de Jake e ele estava dormindo sentado no chão ao lado dos meus pés na cama. Ele dormindo me fazia lembrar o meu Jacob, aquele que tornava minha existência mais fácil e aceitável, o Jacob com quem o sorriso era fácil e descontraído, o Jake que me fazia sentir uma Bella diferente.

Levantei-me com cuidado, tentando não fazer muito barulho. Fui em direção a porta na ponta dos pés,mas acabei sendo traída pela minha coordenação motora impecável, tropecei nos meus próprios pés e cai em cima de Jake. Ele se assustou e rolamos pelo espaço pequeno que restava entre a cama enorme e a parede. Meu Deus como Jake era pesado! Seu corpo não ficou muito tempo em cima do meu, mas ficou tempo suficiente para me roubar a respiração.

- O que foi? O que foi? – Jake estava em posição de ataque, com os olhos concentrados como dois rastreadores – Ah Bella, è você? ... Meu Deus, Bells! Você estava bem? Como...

Jake saiu de cima de mim, me ajudou a levantar e me colocou sentada na cama.

- Estou bem, Jake. Só não queria que você acordasse.

- Hum. – Jake me olhava com um olhar indecifrável. – Você já se sente melhor?

- Sim, meu corpo só esta um pouco dolorido...

- Posso imaginar... Bella, o que você tinha na cabeça? Por que fez aquela loucura? Você não se deu conta do perigo que você correu? – Sua irritação era visível, sua voz foi aumentando e quando percebi Jake estava gritando... – SE EU NÃO TIVESSE CHEGADO NAQUELE INSTANTE NÃO SEI O QUE TERIA ACONTECIDO. Provavelmente você estaria morta3! – Sua voz vacilou com a última frase, seus olhos encheram de água e o seu corpo foi tomado com tremores assustadores.

- Jacob, eu não... afh,.. eu não pretendia fazer aquilo, foi um acidente... na verdade no inicio a minha intenção foi saltar, mas ai me arrependi, percebi a loucura que estava prestes a cometer e quando me virei desistindo... acabei escorregando – Pausei brevemente tentando ajudar a entrada de ar para os meus pulmões - E... e... bem.. você já sabe o resto – Comecei a chorar, finalmente invadida pelo desespero.

- Oh Bella, desculpa eu não queria gritar com você, è que estive preste a te perder...foi difícil te ver naquela água se debatendo... e afundando... pensei que seria o fim.

Ele levou as mãos ao rosto como se tentasse repreender aquele pensamento. Abracei Jacob enterrando meu rosto em seu peito, enquanto ele acariciava os meus cabelos ainda molhados.

- Oh Jake, senti tanta a sua falta.

- Eu também Bella... você não faz idéia do quanto. – A respiração de Jake ficou irregular.

Afastei de seu corpo tentando encontrar o seu olhar. - Jake, porque não me ligou? O que aconteceu com você? Porque fui proibida de visitá-lo pensei que não me queria mais por perto...- Comecei a metralhá-lo com perguntas. Jacob me devia uma explicação. Não devia?

- Bella, è complicado... eu não sei... não sei se... – Jake se afastou de mim, seu corpo estava tremendo e seu semblante foi tomado por uma fúria que nunca pertenceu aquele rosto. – Preciso de ar puro! E você precisa de roupas secas, vou levá-la para casa.

O segui pelo corredor, tentando entender o que estava acontecendo meu corpo ainda estava um pouco mole, senti minhas pernas vacilarem, mas antes de me chocar contra o chão, as mãos enormes e fortes de Jacob me seguraram, ele me pegou no colo e mais uma vez me colocou na picape.

- Você precisa de banho e roupas quentes. Vai se sentir melhor amanha...

Jake estava frio comigo. E eu não compreendia o porquê, eu è quem deveria estar magoada e com raiva, afinal fui eu quem esteve proibida de vê-lo, não participei da sua recuperação e passei dias esperando noticias e noites chorando de preocupação. Não era justo.

- Jacob, o que aconteceu? Porque você esta me tratando assim? Conta-me qual è o problema... porque não pude vê-lo o que esta acontecendo?

Ele agiu como se eu não tivesse dito nada, só acelerou mais a caminhonete a medida que prendia a respiração e tentava se acalmar. Seus olhos estavam vividamente furiosos, eram como chamas.

- Bella, è complicado... não me peça para explicar... eu não... não quero ter que brigar com você, você não esta muito bem e eu... – Sua voz estava torturada, ele forçava cada palavra sair.

- O que? O que e tão complicado assim aponto de não poder confiar na sua amiga? ... Se è que ainda somos amigos.

- Esse è o problema Bella. Não podemos mais ser amigos! Eu... eu não sou mais quem costumava ser...agora tudo esta diferente...

Jake estacionou o carro em frente a minha casa. Eu estava paralisada, as palavras de Jacob não faziam sentido e estavam cravando um punhal em meu peito. Desviei o olhar de seu rosto, respirei fundo e tentei imaginar que aquilo tudo não passava de um pesadelo. Mas não pude evitar, era real, todas aquelas palavras tinham saído da boca de Jacob Black o meu amigo, aquele que costumava ser gentil e sorridente.

As dores que suas palavras estavam me causando foram dando lugar à fúria. - O que você esta me dizendo? Como não podemos mais ser amigos? O que mudou? Quem disse que você não è mais quem costumava ser? JACOB, por favor... Você não pode me deixar... – Aquilo tudo não fazia sentido. Levei a mão no peito tentando fazer a dor parar. - Jacob não termina comigo... – Percebi que isto não fazia sentido, mas as palavras saíram da minha boca.

- Hram, isso é impossível. Não se pode terminar algo que nunca teve a chance de começar.

Ele me olhou respirou fundo e então saiu do carro, deu a volta e veio me retirar de lá. Empurrei suas mãos, se não podíamos mais ser amigos então não queria sua ajuda. Sai do carro forçando-me a ficar de pé, consegui dar alguns passos, mas logo me desequilibrei. Jake bateu a porta do carro e veio ao meu socorro.

- Vem, deixa que eu te ajude.

- Coloque-me no chão Jacob. – Sibilei com raiva, tentando forçá-lo a me por no chão.

- Ah, Por favor, Bells. Achas mesmo que vou deixá-la caída aqui no chão, neste frio? Você não consegue nem ficar em pé.

A luz da varanda ascendeu e Charlie apareceu na porta. – Jacob...Bella, o que houve?

- A tempestade pegou Bella de surpresa quando ela estava caminhando na praia... – Jacob disse entregando-me a Charlie.

- Hum. Mas hoje o tempo estava bom. Cheguei ainda pouco da pescaria, e como não encontrei Bella, já estava ficando preocupado...

- Charlie, não me leve a mal, mas Bella esta congelando...

- Oh sim! Claro... – Charlie me pegou dos braços de Jacob e me levou para dentro de casa.

Eu não consegui dizer nada... Meus olhos já estavam fechando e meu corpo estava muito pesado e dolorido. Para completar a raiva por tudo o que ouvi de Jacob estava ardendo dentro de mim, tudo o que eu queria era sair dali... Ficar sozinha e enfim desabar.

- Você não vai entrar Jacob? – Charlie perguntou ainda da porta.

- Jacob... af.. precisa ir pai, Bi ... Billy deve estar precisando dele. – Fiz um esforço para a voz sair normal, mas ela só pareceu mais sufocada. Não queria que Jake aceitasse o convite...

- Não, eu estou com pressa.

- Hum, tudo bem. Diga a Billy que lhe mandei lembranças. Ah... Fico feliz por saber que você já esta melhor, quer dizer... olhe sò para você!

- Obrigado! Pode deixar, darei a Billy o seu recado.

Charlie não pareceu acreditar muito na versão de Jacob, mas ao perceber o meu estado, limitou-se a me ajudar. Ele me colocou no sofá enquanto pegava um cobertor e um copo com água para mim.

- Bella, o que realmente aconteceu? Você e Jacob brigaram?

Não estava com cabeça para qualquer conversar... e este assunto?! Definitivamente eu não queria falar sobre isso. Não respondi nada, só tomei a água e com esforço levantei-me do sofá.

- O que você fez com o Jacob, pra ele ter ficado tão estranho assim?

Só pode ser brincadeira! O que?! Agora a culpa de o Jacob ser um idiota é minha?

- Ou o que ele fez para você... Vocês dois estão estranhos, tanto que nem consigo dizer quem é o vilão...

Charlie estava começando a me irritar com toda aquela tagarelice, meu pai nunca foi de muita conversa e logo agora que eu precisava de silencio e privacidade ele me vinha com essa.

- Não aconteceu nada entre Jacob e eu. Se não se importa vou para o meu quarto.

Desejava ardentemente que aquela conversa terminasse ali mesmo, me retirei da sala e Charlie não disse mais nada.

Subi as escadas bem devagar, desejando ficar ali mesmo. Fui direto tomar banho, fiquei lá por mais tempo que o necessário, a água estava tão quente e aconchegante que eu não queria ter que sair de lá. Fechei os olhos tentando me concentrar na água descendo pelo meu corpo e acabei lembrando a quantidade água que bebi... e o quanto o mar pode ser violento em um “mergulho”... Enrolei-me na toalha e fui para meu quarto, coloquei o pijama mais cumprido que encontrei e me arrastei para debaixo dos cobertores.

Minha cabeça estava uma verdadeira bagunça. Tinha flashes constantes dos momentos de pavor que tive na praia de La Push, mas nada se comparava com a lembrança das palavras de Jacob e de como ele estava diferente comigo. “Não podemos mais ser amigos Bella. Não sou mais quem eu costumava ser... agora tudo è diferente” NÃO PODEMOS MAIS SER AMIGOS!! Essa frase rodopiava em minha mente, a dor em meu peito se intensificou e não pude conter as lagrimas.

Não sei por quanto tempo fiquei desse jeito... Com o choro angustiante e sufocante impedindo minha respiração... as lagrimas molhando todo meu travesseiro...

Todo aquele choro... o penhasco, a voz de Edward... a briga com Jacob... tudo aquilo já estava me cansando. Estava esgotada fisicamente, não tinha como aquilo ser pior. Era impossível que ainda tivesse lágrimas para derramar.

Aos poucos fui me acalmando, o choro se transformou em leves soluços que me rasgavam a garganta. Tudo o que restou foi a dor física, minha cabeça latejava e eu não conseguia pensar em mais nada. Era como se um furacão tivesse passado em minha vida, deixando para trás rastros de uma intensa destruição e com ele muito sofrimento.

Escutei algo arranhando a janela do meu quarto. Meu corpo se retraiu e um frio per correu as minhas costas. A sensação de perigo me inundou, não conseguia me mexer... o barulho foi aumentando e pude ouvir uma voz.

Respirei fundo, tentei afastar o medo e me levantei da cama para me certificar de que era apenas o vento. Tinha que ser apenas o vento.  Quem mais seria? Edward? Ele ia dizer o quanto sentiu minha falta e tudo voltaria ao normal? Não. Não tinha como ser tão fácil assim. Seria a Vitória? A vampira sedenta por vingança?! Não haveria mais motivos para ele querer vingar-se de Edward, eu não representava mais nada para ele. Mas se realmente fosse ela, como eu explicaria isso tudo para ela? Ela não me daria chance de dizer nada.

Parei no meio do caminho, reavaliando as possibilidades. Desejando que fosse a mais tola de todas. Meu coração acelerou, as batidas eram tão intensas que era como se ele estivesse prestes a saltar pela minha boca.

Quando abri a janela, me deparei com Jake em cima da arvore que crescia no quintal minúsculo e sem graça de Charlie.

- Jacob? O que você pensa que esta fazendo?

Observei com espanto que o peso do corpo de Jacob estava envergando a árvore que embora aparentasse, neste momento ser, não era tão frágil assim.

- Saia da frente Bella, que já te explico.

Jake se balançava no topo para pegar impulso.

- Jacob Não!!!

Tarde demais... Mal tive tempo de me afastar da janela. Como um impulso, fechei os olhos esperando ouvir o barulho de Jacob se chocando contra o chão. Foi quando percebi que Jake estava ao meu lado.

- Seu imbecil, o que você pensa que esta fazendo? Vá embora.

- Bells, só vim me desculpar.

- Se desculpar? Não. Não aceito as suas desculpas, se era só isso o que tinha para fazer aqui, creio que já pode ir embora. - Tentei empurrá-lo para fora do meu quarto, mas não movi seu corpo nenhum milímetro. Pousei minhas mãos no peito de Jacob e acabei percebendo que Jacob ainda estava sem camisa.

Não conhecia este lado de Jacob, não sabia que ele era tão fútil aponto de andar por ai sem camisa só para mostrar seus músculos.

- É impossível usar camiseta Jacob Black?

- Me ver assim te incomoda? – Jacob olhou-me com um sorriso presunçoso e verdadeiramente seguro de que minha resposta seria a pretendida.

Não lhe respondi, apenas tirei minhas mãos de sua pele e me afastei. O que  fez com que seu sorriso ganhasse um tom de satisfação.

- Vá embora!

- Bells, me deixa tentar explicar. Sei que fui rude e me comportei como um completo idiota, e por isso sei que sou merecedor de toda essa hostilidade, mas Bella eu prometi que jamais a magoaria, e hoje quebrei minha promessa. – Ele levou suas mãos até meu rosto, me forçando a olhá-lo - Deixe-me concertar as coisas.

- Você não pode se comportar daquela forma, dizer tudo o que disse e depois vir aqui usar a nossa árvore como escada e entrar pela minha janela  para pedir desculpas. – Empurrei suas mãos com o máximo de força que pude.

- Ei, não estrague a minha entrada. Não è fácil se equilibrar em uma arvore e depois entrar pela sua janela minúscula, sem causar nenhum estrago. – Jacob fez uma cara de ofendido e depois deu um sorriso tentando amenizar o clima. 

Continuei fria e decidida a não continuar com toda essa conversa. Ele percebeu e logo seu sorriso transformou-se em uma careta.

- Deixe-me ao menos tentar.

- Jacob, eu não entendo. Você sofre um acidente e então “some”! Durante dias não tenho noticias suas e quando finalmente nos reencontramos você vem com aquele papo todo de que não podemos mais ser amigos...

- Bella, você já teve algum segredo que não pode dividir com mais ninguém?- Jacob sentou-se na minha cama e me puxou para que eu fizesse o mesmo.

Mordi os lábios. Sim! Havia um segredo, do qual tentei e desejei fazer parte. Segredo que vim guardando todo este tempo, sem poder ter alguém com quem compartilhá-lo. Os Cullens eram uma família de vampiros... os famosos frios de quem Jacob me falou e eu não disse a ninguém.

- Pela sua reação, vejo que a resposta è sim... Bella, o segredo não pertence somente a mim, não posso simplesmente revelá-lo a você sem considerar as conseqüências.

- Mas Jacob, você pode confiar em mim. Eu... eu não vou contar a ninguém.

- A questão não è se confio ou não eu você, porque eu confio!

– Talvez não seja tão difícil, talvez..

- Bella, receio que não seja tão fácil assim. – Jake fitava o chão, suas sobrancelhas se uniram e sua testa enrugou-se...ele tentava se concentrar. Como se estivesse tentando analisar melhor as possibilidades e encontrar alguma saída.

Seus olhos ganharam um brilho todo especial como o de uma criança ao conseguir remontar um brinquedo quebrado.

- Como não pensei nisso antes?! Bella, você já sabe do que se trata.

- Como è? – Estava começando a achar que Jake estava pirando.

- È Bella. Você já sabe... eu já contei a você antes mesmo de saber que tudo era verdade. – Sua voz falhou, como um lamento. - Você só precisa se concentrar e lembrar das lendas que te contei na praia a algum tempo atrás... Pense Bella!

Minha mente teve um leve lampejo, e pude me lembrar vagamente da conversa que tivemos naquela tarde.

- A historia da família Cullen?

- Tem haver. Mas posso entender porque você só se lembra de apenas uma parte.

Pude perceber o rancor em sua voz, ele então se levantou e foi em direção a janela.

- Jake espere, não vá. Fique aqui comigo.- Segurei seu braço tentando impedi-lo de sair.

- Bella! Eu não posso, tenho que ir para casa... eles não sabem que estou aqui... se souberem...

- Eles? Seus novos amigos agora dizem o que você pode ou não fazer?

- Não... è que... Bella o seu dia foi bem agitado hoje. Olhe para o seu estado, você precisa dormir. – Jake já estava próximo a janela.

Tentei protestar, fazê-lo ficar e me explicar melhor o que estava acontecendo, mas eu realmente estava cansada e o cansaço estava me golpeando como a correnteza do mar, me puxando cada vez mais para os braços da inconsciência.

- Você esta com uma atração irresistível pelo chão hoje heim!?

Jake me levantou no colo e me deitou na cama, colocou o cobertor em cima de mim; aproximou seu rosto mais perto do meu e então encostou seus lábios bem no canto da minha boca e os deixou ali, por alguns segundos. Pude sentir seu hálito, senti um desejo incontrolável de que seus lábios estivessem um pouco mais próximos aos meus. Isso é loucura! Jake e eu somos apenas amigos.

Fechei os olhos e travei dentro de mim uma breve batalha. Uma parte de mim queria virar o rosto, mas outra dizia que era loucura, resultado de uma carência momentânea. Respirei fundo... seja o que Deus quiser!

Ele então se afastou e me olhou. – Durma bem. E tente se lembrar, você é esperta, logo ligará os pontos. Assim que descobrir, me avisa ta? Mesmo que seja só pelo telefone.

Balancei a cabeça simplesmente, o cansaço dessa vez não deu trégua, tentei ficar com os olhos abertos, mas não consegui. 

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