Estavam os três na casa de 1985, Lotte, Liam e Jodie. Naquela altura, a gravidez de Jodie já tinha evoluído bastante. Mas ainda não estava na hora certa para que Marine (o nome que Jodie ia colocar na filha) tivesse a criança. Mas parece que a criança queria sair mesmo assim.

- Lotte? - disse Jodie, ofegante.

- O que?

- Acho que ela tá querendo sair... - disse ela, e logo depois, deu um grito de dor tão algo e longo que me parece impossível mostrar como ele foi em palavras.

- Certo, calma, vo pedir ajuda!

Lotte chamou a ambulância, e em poucos minutos, ela tinha chegado e eles já estavam indo para o hospital. Chegando lá, Jodie já estava até um pouco mais calma. Ou vai ver, já estava desmaiando de dor, sabe lá o que era. Os médicos a levaram para dentro e Lotte e Liam ficaram na sala de espera.

Algum tempo depois, apareceu o médico:

- E então, como foi? - perguntou Lotte

- Tenho 2 notícias. Primeiro, conseguimos realizar o parto, a menina já nasceu. Porém tanto ela quanto a mãe tiveram complicações durante o parto, então ela vão ter que ficar na UTI por algum tempo

- Mas ela vão ficar bem?

- A criança vai ficar, ela só precisa de tempo para se recuperar, acho que uma semana é suficiente. Já a mãe está em situação pior, não sabemos ao certo o que irá acontecer com ela. Eu espero que ela fique bem!

- Tomara!

Mas nem a confiança de todos, nem a força de vontade de Jodie surtiram efeito. Depois de 2 dias na UTI, o coração de Jodie parou de bater. Ainda tentaram reanima-lá, mas não deu certo. Ela nem ao menos pode ver a filha, já que ela foi mandada para a UTI assim que o parto acabou.

Lotte nunca tinha ficado tão triste. Nunca alguém tão próxima dela tinha morrido. Seu avô tinha morrido já, mas ela era muito pequena na época pra se lembrar. Mesmo ela tendo ficado perto de Jodie por apenas alguns meses, foi o suficiente pra criar um forte vínculo entre as duas. Jodie era praticamente a irmã ela nunca teve, então perde-lá foi muito difícil. Ninguém da família apareceu para arcar com os custos de um enterro, então Lotte e Liam juntaram o que ainda tinham pra que Jodie pudesse ser tratada bem, pelo menos após a morte.

No dia seguinte, ela já estava sendo enterrada. Apenas Lotte e Liam estavam lá pra ver. Lotte chorava muito e Liam, que nunca foi muito emotivo, agora se segurava pra não deixar uma lágrima escapar. Depois que o buraco foi fechado, Liam colocou em cima do túmulo um buquê de uma flor chamada Miosótis, que Jodie sempre dizia adorar e que tinha um significado que tinha a ver com o momento: "Não Me Esqueças". Lotte pegou a pulserinha que Jodie tinha lhe dado no dia em que se conheceram e colocou ao lado das flores que estavam lá. Fizeram uma última despedida e foram embora. Antes de saírem de lá, Lotte olhou pra trás e viu um homem indo em direção ao túmulo do Jodie. Devia ter a mesma idade que ela tinha tinha. Talvez fosse o namorado do qual Jodie sempre falava, mas que eles nunca chegaram a conhecer. Até pensou em voltar, mas Liam fez ela mudar de idéia, aquele cara tinha o direito de ficar um pouco sozinho lá.

Logo depois, voltaram para o hospital, para ver a criança. Após a morte de Jodie, a criança seria mandada para adoção.

- Lotte, eu tive uma idéia - disse Liam

- O que?

- Nós podíamos... adotar essa menina... não podíamos?

- Como é?

- Sabe... eu não queria ver essa criança por aí... acho que Jodie ia gostar que ficássemos com ela...

- Ahn... me parece loucura!

- Porque, só porque não somos velhos assim pra tomar conta de uma criança? Tem gente que começa bem mais cedo a fazer isso. Sem contar que agora estamos mais responsáveis.

- Me deixa terminar de falar... É loucura... mas nós somos loucos, não somos?

- Então isso é um "vamos adotar a criança"?

- Sim!!!

Pronto, estava decidido: a criança seria adotada por eles. Realmente, era um grande desafio, mas eles estavam prontos. Estavam decididos a fazer isso.

Voltaram pra casa e logo dormiram. Quando voltaram para o presente, só conseguiam pensar em nomes pra a criança, no que tinham que comprar, enfim, coisas do tipo. Mas duas coisas fizeram eles se distraírem um pouco sobre isso.