Charlotte tomou um susto. Seja lá o que fosse, parecia que tinha perturbado Liam bastante. Bom, pelo menos ela nunca tinha se lembrado dele gritando. Ela deu um pulo da cama e foi até a sala, onde estava Liam e toda sua família. Assim que chegou, perguntou:

- Que foi?

Liam apontou pra TV. Era um boletim urgente sobre alguma notícia.

- Você me acordou pra ver isso?

- Presta atenção!

"Durante esta madrugada, foi decretada a prisão preventiva de Matthew Jenkins e sua mulher Jodie Jenkins, por fraude, corrupção e uso indevido de verba pública. Eles foram acusados de desviar o dinheiro doado pelo governo para a administração de uma ONG pra fins pessoais." - Apareceram 3 fotos na tela: do pai de Charlotte, da mãe e dela própria! - "Pode ser que a filha, Charlotte Jenkins, tenha alguma pequena participação no crime. Se você vir um desses 3, denunciem"

Lotte estava totalmente perdida. Ela bem que estava desconfiada da fuga de seu pai, ninguém iria levar tantas roupas pra passar um final de semana fora. Sua mãe também estava agindo bem estranhamente nos últimos dias. Mas jamais iria passar pela cabeça dela que eles estivessem roubando. Agora, além de ser deixada sozinha, ainda era "foragida" da polícia.

- NÃO, ISSO É MENTIRA!!!! NÃO PODE! - Ela saiu correndo da casa pra voltar até a sua própria casa, seguida de perto por Liam. Teria certeza que chegando lá, encontraria sua mãe, brava como sempre, e talvez seu pai já tivesse voltado da viagem.

Chegando lá, teve uma outra surpresa, pior do que esperava: a casa estava cercada de viaturas.

- Ei, é ela! - alertou um dos policiais

Vários policiais cercaram tanto Lotte, quanto Liam, que não tinha nada a ver com a história, mas podia ser considerado "cúmplice" ou algo do tipo. Foram algemados, jogados em uma viatura e levados até a delegacia.

Chegando lá, foram levados até a sala do delegado. Por algum motivo, aquele lugar era familiar pra Lotte.

- Senhorita Jenkins, se eu fosse você teria corrido pra outro lado, não sabe que o primeiro lugar em que suspeitos são procurados é na própria casa deles?

- Mas eu não fiz nada...

- Bom, isso é o que vamos ver... mas por enquanto, pode nos contar o que você sabe.

- Sobre o que?

- Não se faça de besta... eu sei que você não quer se complicar, mas se você concordar em ajudar posso até te liberar agora. E esse seu amigo também.

- Seria bom - disse Liam - Se ela não sabe de nada, imagina eu que nem dessa família sou...

- Certo...então senhorita, podemos começar?

O delegado fez algumas perguntas sobre o pai e a mãe de Lotte: coisas sobre dinheiro, lugares que costumavam ir, enfim, o que pudesse ajudar na investigação.

- Tá, apenas mais uma pergunta: você faz idéia de onde eles podem ter ido?

- Não sei... tinha ouvido meu pai comentando alguma coisa sobre a Suécia, mas não lembro dele falando sobre ir pra lá...

- Entendo... certo, suas informações podem ajudar bastante. Bom, vocês estão liberados. Podem tirar as algemas deles.

- Até que enfim! - Liam se sentia aliviado agora

- Só uma última coisa, senhorita: todos os seus bens estão bloqueados pela justiça. Você não pode mais entrar na sua casa, muito menos tirar qualquer coisa de lá.

Assim que saíram da delegacia, Lotte se lembrou porque aquele lugar era familiar: era a mesma delegacia que ela tinha sonhado a alguns dias. Até o delegado era o mesmo, mais velho e sem cabelos agora, mas era a mesma pessoa, sem dúvidas.

Mas ela tinha coisas mais importantes pra pensar: não podia voltar para casa, e não tinha nenhum parente próximo para ajudar, ela nunca conheceu sua família muito bem.

- Bom Liam, posso ficar mais um tempo na sua casa? Até eu arranjar onde ficar...

- Se puder, claro que sim. Não sei se consigo convencer minha família, mas tentar não custa, né!

Chegando em casa, Liam pediu para que ela ficasse lá. A família ficou relutante por algum tempo, mas depois cedeu, ela poderia ficar uma semana.

Lotte foi para o quarto, tinha que descansar, era muita informação para um dia só. Liam entrou e disse:

- E agora, o que você vai fazer?

- Sinceramente, não faço idéia - disse Lotte, com algumas lágrimas quase escapando - eu tô completamente perdida.

- Bom, no que eu puder ajudar, eu ajudo!

- Brigada! mas acho que você não pode ajudar muito..

- Ah, sei lá...

- Liam... pelo menos por hoje, vamos fingir que isso não aconteceu?

- Tudo bem, se é melhor pra você assim... ah, eu vou dormir. Quero ver se consigo ter um sonho mais doido do que o de ontem.

- O que você sonhou? - Se tinha uma coisa pela qual Lotte era fascinada eram sonhos. Principalmente quando eram de outras pessoas: ela acreditava que podia ser mais da pessoa através deles.

- Ah, eu sonhei que agente tinha voltado no tempo, pra 1985 eu acho. Aí agente começou a andar e encontramos uma menina chorando. Trouxemos ela pra casa e deixamos ela ficar. Acho que ela se chamava Jodie, que nem sua mãe...

Tá, por essa Charlotte não esperava. Como era possível os dois terem exatamente o mesmo sonho?

- Ah, isso caiu do seu bolso - disse Liam, se abaixando pra pegar o que tinha caído - Nossa, que lindo! Quem te deu isso?

Era muita loucura para um dia só. Aquela coisa era a pulserinha que Jodie,a menina do sonho tinha dado pra ela.

- Foi Jodie que deu isso pra mim, depois que você foi dormir no sofá.

- AHN? Como assim?

- Liam, eu sonhei a mesma coisa que você. Aliás, eu sonho que volto no tempo nos últimos dois dias. Mas hoje quando eu entrei naquela delegacia, eu vi que parecia muito com a do meu sonho. E agora tem essa pulserinha que o Jodie tinha me dado...

- Então isso quer dizer que...

- Sim. Nós realmente voltamos no tempo. Não faço idéia de como, e nem se vamos fazer isso denovo.