Nico ficou quieto durante toda a viagem. Eu também. Pensei em tudo que havia desistido. Eu sabia que se tivesse ficado, não haveria profecia, vozes em minha cabeça, responsabilidades...

Mas toda vez que eu olhava para Nico, sabia que eu tinha tido a decisão certa.

Uma cena realmente triste me esperava no acampamento. Quando eu cheguei, todos estavam em volta de uma mortalha cor-de-rosa com uma pomba branca e corações vermelhos.

Corri dali. Eu não poderia ver aquilo. Sentei-me em frente ao chalé de Poseidon. Vi uma mulher de cabelos loiros não muito adiante. Seu rosto me lembrava muito alguém...

Corri até ela. Ela usava vestes brancas, quase cinzas. Dei uma leve reverencia a ela.

– Lady Atena.

Ela sorriu. Ela ficava tão parecida com Annabeth quando fazia isso que podíamos confundi-las.

– Selena.

Sorri para ela.

– Obrigada. – Eu disse. – Foi você que me ajudou lá na caverna, né?

– Sim, jovem criança. Apesar de ter o pai que você tem e a mesma cabeça quente, você é muito talentosa. Gostaria de ter uma criança igual a você entre as minhas. Você me lembra muito sua mãe.

Ela parecia bondosa e com pena. Mas notei que parecia ter mais pena de eu ser filha de Poseidon do que qualquer outra coisa.

– Você conheceu minha mãe?– Perguntei surpresa.

– Ah, foi há muitos anos. Ela era uma bruxa muita poderosa e fiz questão de ser sua patrona. Foi uma grande injustiça você tê-la perdido tão cedo.

Lembrei-me das histórias. Muitas vezes Atena foi retratada como deusa da justiça.

– Foi você que me deu os poderes?

Atena pareceu surpresa.

– Que poderes? Creio que não sei do que está falando.

Balancei a cabeça.

– N-nada. Devo ter batido a cabeça com muita força. Obrigada por tudo, Lady.

– Por nada. Saiba que daqui por diante você será minha protegida. Estarei de olho em você.–Ela deu uma piscadela.

Sorri mais.

– Obrigada.

– Só coloque algo na cabeça de Percy. Não aprovo a aproximação dele com minha filha.– Ela disse. E se foi numa cortina de fumaça.

Um pouco dramático. Pensei. Eu ouvi isso! Uma voz na minha cabeça respondeu. Desculpe. Respondi.

Agora eu tinha outras coisas a fazer. Coincidência ou não, Luna passou por mim naquele momento.

– Oi, Selena.– Ela disse, desanimada.

Não me dei o trabalho de responder. Olhei adiante e vi o que estava procurando. Uma filha de Afrodite nos observando estava em frente a seu chalé. Hannah Mcmillan. Assim que viu meu olhar ela escondeu algo na roupa e tentou correr mais meu feitiço chegou nela antes que pudesse fazer muita coisa.

– Levicorpus!

Ela se levantou no ar e corri até ela.

– Era você! Você estava possuindo Lunna

A garota riu. Ela tinha cabelos loiros e uma saia de babados dois palmos acima do joelho.

– Pelo que parece você não é tão burra quanto pensei, bruxa. Sim, eu estava.

– Por quê?

– Por que eu sou uma bruxa. Eu sou poderosa. Mas quem é que foi escolhida para ser a conselheira, a líder, do acampamento? Você, em seus oito anos foi designada para a função.– Ela disse olhando com olhos vermelhos para os meus olhos.– E isso me deu raiva. Aí, eu soube dos irmãos Riddle. Sim, os filhos de Lord Voldemort prontos para assumir seu lugar. Seu legado. Eles me ofereceram um cargo de poder. Quando eles receberem seu poder de herança, a nova tenente vai ser eu! Mas eles vão conquistar muito mais! Sim, eles vão reerguer usar os poderes dos titãs. Os titãs vão adorar ajudar a destruir os mortais, ah, vão.  E os irmãos Riddle jamais irão ter problema co esses deuses idiotas pondo o nariz em tudo!

– Mas... Eles são sua família! Afrodite é sua mãe, Hannah!

– E daí? Quer que eu me curve diante a presença de Afrodite? Sabia que ele só me reclamou verão passado? Eu fiquei dez anos naquele maldito chalé de Hermes! Dez anos como indeterminada! Sabe o que é isso? Claro que não sabe! Eu vejo seus laços! Você tem padrinhos, amigos, tem Poseidon, todos adoram! Só faltam babar a seus pés! Aí eu vi a chance! Lunna estava tão próxima a você. Enfeiticei-a e ela ficou em meu poder! Sabe o colar que você está usando nesse mesmo momento? É um rastreador! E você, a bruxa perfeita, nem ao menos notou isso.

É claro que eu havia notado a magia que ele carregava, pude notar que fora banhado por Felix Felicis, mas não notei que não fora o único feitiço que recebera...

– Você invocou a criatura venenosa! Foi assim que voe soube onde estávamos...

– Claro que sim! E não foi só isso! O problema nos motores, também! Enfeiticei um filho de Hefesto para fazer isso! E ele voltou ao normal sem nem notar o que tinha feito!

– Mas saiu errado não foi? Quer dizer, você nem se deu o trabalho de notar que o reino de Poseidon estava logo abaixo, não é? E você não sabia que eu tinha uma fênix para reparar tudo, não é?

– Um plano nunca é aprova de falhas! Mas não pense que me venceu! Você ouviu... Isso não acabou ainda... E eu vou voltar...

No final ela se dissolveu, deixando apenas a impressão de ter olhos vermelhos ainda me encarando.

Desfiz o feitiço de uma Lunna bem confusa e do meu colar.

  Suspirei.

Percy, Nico e Annabeth me alcaçaram.

Contei a eles o que aconteceu.

– Pelo visto, as coisas estão se agitando lá fora.

Annabeth e Percy se entreolharam.

– Era demais pedir algum descanso,né?

– Não quero pensar nisso,agora.– Respondi.– Venham, acho que tem sorvete na geladeira do chalé.

Desde aquela hora decidi que seja qual fosse a profecia, seja qual fosse a guerra, eu ia seguir o conselho de Mellanie e lutar.

Olhei para a mão de Nico na minha. Algo me dizia que eu não estaria sozinha nessa.

Não, você terá muita ajuda. Conte comigo. Ouvi a voz de Atena em minha cabeça. Acredite, eu já conto.